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domingo, março 08, 2015

Sofrimento

Vencemos em Arouca (3-1) e mantivemos a distância de quatro pontos para o CRAC que venceu no amigável em Braga por 1-0. A diferença de dois golos não deixa transparecer o quão complicado foi este jogo, em que pela quarta vez consecutiva fora de casa sofremos um golo primeiro e em que, à semelhança de Moreira de Cónegos, chegámos ao intervalo a perder.

Fico sempre nervoso quando joga o Benfica, mas principalmente neste dia, especial para mim (refiro-me obviamente ao facto de fazer nove anos desde que conseguimos um dos nossos melhores resultados europeus… :-), ainda estava mais. Confesso que não gosto nada de fazer anos em dias em que joga o Benfica, porque como sou pessimista tenho sempre medo que corra mal e me estrague o dia. E a 1ª parte de ontem ia-me deixando à beira de um ataque de nervos. Entrámos pessimamente e o Arouca marcou logo aos 7’ num grande golo do Iuri Medeiros, cedido pela lagartada, mas em que o Eliseu andou completamente aos papéis. Até aos 15’ estivemos a vê-las passar, mas depois lá estabilizámos e demos um arzinho da nossa graça, mas sempre perante uma oposição muito forte, que parecia que estava a jogar a final da Champions. O empenho e a vontade era tão grande quanto a do Braga frente ao CRAC… Já sabemos o que a casa gasta e só é pena que estas equipas não sejam sempre assim nos jogos contra um determinado adversário, e que não haja um crescimento súbito da relva e tempestades de areia sobre o terreno de jogo nessas alturas… Apesar de termos melhorado, ainda estávamos muito longe do exigível, mas mesmo assim o Salvio teve duas boas hipóteses para marcar, entre as quais a habitual bola à barra, o Lima também, mas o intervalo lá chegou e o meu nível de ansiedade a bater no vermelho.

Na 2ª parte, o Jesus colocou o Talisca, mas em vez do Pizzi (uma nulidade na 1ª parte) tirou o Samaris. O brasileiro entrou bem na partida, começámos a pressionar mais o adversário e aproveitámos da melhor maneira um erro num pontapé para a frente do guarda-redes Goicoechea, que atirou a bola contra o Lima, sobrando esta para o Jonas ainda de fora da área ter feito um remate muito colocado para dentro da baliza. Estávamos no minuto 51’ e deu logo a sensação que o Arouca dificilmente nos poderia conter. E assim aconteceu logo quatro minutos depois, com um centro em esforço do Gaitán, um bom lance do Jonas a tirar um adversário do caminho e quase sem ângulo a proporcionar uma boa defesa ao guarda-redes, com a bola a sobrar para o Lima praticamente em cima da linha rematar para um defesa em carrinho desviar para o poste e a bola ressaltar já para dentro da baliza! O guarda-redes ainda a agarrou, mas a bola claramente transpôs a linha. Foi um golo demasiado confuso para o que deveria ter sido, porque o Lima estava de facto muito perto da baliza e tinha obrigação de fazer a bola entrar directamente (aliás, logo a seguir ao primeiro golo, o Lima em excelente posição atirou por cima da barra, quando só tinha o guarda-redes pela frente). O que interessa é que entrou mesmo e pouco depois o Sr. Vasco Santos não assinalou um penalty clamoroso por braço de um defesa depois de uma finta do Jonas (logo no início da 2ª parte, ainda com 0-0, julgo que há falta sobre o Gaitán na área, porque o defesa se atirou completamente para cima dele e não para jogar a bola). Aos 62’, o Lima fez a bola passar por cima de um defesa e ia isolar-se quando foi agarrado. Só gente profundamente desonesta em termos intelectuais é que pode achar que não era lance para expulsão. Parecia que o jogo se poderia tornar mais fácil, mas era imperativo não abrandar o ritmo para nos colocarmos a salvo de qualquer lance fortuito, até porque o Arouca era perigoso nas bolas paradas. E foi só quando o Lima bisou aos 75’, depois de uma boa desmarcação do entretanto entrado Ola John, que pudemos finalmente descansar. Até final, referência para uma cabeçada por cima do Lima, que lhe poderia ter dado o hat-trick, e para o amarelo (algo forçado) ao Talisca que o vai tirar do difícil jogo frente ao Braga.

Em termos individuais, realce óbvio para o Lima: dois golos, intervenção decisiva no primeiro e a expulsão provocada fazem dele o homem do jogo. O Jonas também esteve bem, principalmente na 2ª parte. O Gaitán, mesmo ainda longe dos 100%, continua a ser o nosso jogador mais decisivo. Em menor destaque, estivram o Salvio, que passou ao lado do jogo apesar da bola ao poste e o Pizzi, que baixou imenso em relação à partida anterior. O Júlio César voltou à baliza, mas praticamente não tocou na bola.

Já se percebeu que isto vai ser assim até ao fim: contra nós, é como se a vida deles dependesse disso, atitude que não se reflecte quando defrontam outra equipa. Aliás, vai ser curioso observar no próximo fim-de-semana como é que o Braga e o Arouca vão jogar. Aposto que vão inverter posições! Temos que nos manter muito concentrados até final e não podemos de todo perder pontos antes do CRAC nos visitar.

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