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segunda-feira, janeiro 26, 2015

Desperdício de ouro

Perdemos em Paços de Ferreira (0-1) e não conseguimos aproveitar a vitória do Marítimo ontem frente ao CRAC. Mais: perdemos uma oportunidade soberba de possivelmente dar o xeque-mate ao campeonato, porque nove pontos de vantagem só muito dificilmente seriam ultrapassáveis. Quando nada levava a crer, escolhemos o pior timing possível para fazer uma exibição muito distante das que vínhamos fazendo e para quebrar a nossa série de jogos sempre a marcar para o campeonato. Foi uma machadada muito grande na nossa moral.

É por estas e por outras que eu prefiro jogar primeiro que os rivais: já não é a primeira vez que desperdiçamos maus resultados alheios. Parece que os jogadores acusam a pressão e se desconcentram quando têm hipóteses de alargar distâncias. Até entrámos bem na partida, com uma soberana oportunidade do Jonas logo a abrir. Praticamente não deixávamos o Paços respirar e aos 18’ o sr. Bruno Paixão apitou penalty a nosso favor por pretensa mão na bola na área. A minha opinião é muito simples: eu não marcaria penalty, mas já vi lances ainda menos evidentes que este serem considerados falta. Depende muito do critério do árbitro, mas para mim não é penalty. Infelizmente, o Lima atirou ao poste e desperdiçou uma chance óptima de nos colocar em vantagem. Pior do que isso, a equipa desconcentrou-se e a partir daqui nunca mais foi a mesma. Pouco depois, uma boa combinação atacante fez o Salvio atirar ao poste, numa bola ainda desviada por um defesa, mas foi o nosso canto do cisne em termos de jogadas bem conseguidas. O Paços galvanizou-se com o falhanço do penalty e começou a criar-nos perigo através principalmente de bolas paradas.

Ao intervalo, em trocas de mensagens com alguns benfiquistas, a apreensão não era um exclusivo meu. Infelizmente, a 2ª parte veio dar-nos razão: fomos uma sombra do que temos sido até aqui. O Paços fechou-se muito bem e nós não tínhamos ninguém para furar, porque o Salvio esteve abaixo do que é habitual e é nestas alturas em que mais se sente a falta de um Gaitán (e de um Enzo, já agora). O Jonas bem tentava, mas poucas coisas lhe saíam bem, o Talisca mal de viu e o Lima é como se nem estivesse em campo. O Ola John, que nem estava a ser dos piores na 1ª parte, baixou na 2ª e foi o primeiro a ser substituído (eu não o teria tirado, porque a entrada do Pizzi implicou o desvio do Talisca para o flanco, lugar em que manifestamente não rende). Mesmo estando a léguas do que já mostrámos neste Janeiro, ainda atirámos mais uma bola ao poste pelo Lima, o Derley, entretanto entrado, falhou uma recarga facílima depois de uma defesa do guarda-redes e com este batido (daquelas que o Tacuara metia nas calmas e depois muita gente dizia “ah ok, mas era só encostar”… Pois era!), e o Talisca demonstrou que em termos cerebrais lhe falta também qualquer peça, porque estando em excelente posição para dominar a bola e rematar, quando só tinha o guarda-redes pela frente, resolveu rematar de primeira, falhando completamente a bola. No último minuto, aconteceu o impensável: o idiota do Eliseu não acompanhou o movimento do adversário e resolveu fazer um carrinho. Claro que tocou nele e foi penalty. O Sérgio Oliveira não fez como o Lima e marcou. Com a assistência ao guarda-redes adversário por duas vezes, o sr. Bruno Paixão deu oito minutos de compensação e ainda tivemos uma óptima ocasião, em que o Salvio isolado sobre a direita depois de um livre, centrou para a área, mas ninguém chegou a tempo do desvio. Pareceu-me que o argentino poderia ter tentado o remate directo.

Em termos individuais, não vou destacar ninguém. A equipa esteve inexplicavelmente muitos furos abaixo do habitual e sinceramente não entendi o porquê daquela desconcentração com o penalty falhado. Deu a impressão que nos esquecemos de como jogar à bola e mostrávamos uma exasperante lentidão de processos, tornando tudo mais fácil para quem defendia.

Tínhamos tudo a nosso favor: o Paços não ganhava há uma série de jogos, tinha os dois centrais lesionados, o estádio estava lotado e jogávamos praticamente em casa, e o CRAC tinha perdido. NÃO SE PODE desperdiçar oportunidades destas! NÃO SE PODE! Se não formos campeões, este jogo será a razão principal desse fracasso. Demos um balão de oxigénio a quem já estava praticamente morto e deixámos escapar a oportunidade de poder perder no WC daqui a duas jornadas e mesmo assim ficar com a concorrência a seis pontos. Depois da eliminação na Taça de Portugal em casa frente ao Braga, esta é a segunda grande desilusão da época (ok, há a Europa, mas essa doeu menos e foi muito sui generis). É bom que não tenhamos muitas mais até final da época. (Nove pontos, PORRA! Seriam nove pontos de distância!!!)

P.S. – O Jesus veio dizer no final, à la Trapattoni, que “se não ganhas, não podes perder”. É bom que diga isso ao idiota do Eliseu que NÃO pode disputar um lance daquela maneira quando está na nossa área. Se falha a bola, é imediatamente penalty. Já não é a primeira vez que faz isto. Duvido que o André Almeida fizesse o mesmo.

1 comentário:

Frank disse...

Em relação ao último parágrafo, deve-se dizer que se o JJ achava isso não devia ter tirado o Samaris e deixado o meio campo entregue apenas ao Talisca (que aliás estava a fazer uma exibição desastrosa).