origem

sábado, março 09, 2024

Lei de Murphy

Empatámos com o Rangers na Luz na 5ª feira (2-2) na 1ª mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Depois da semana horribilis que tivemos, todos desejávamos uma vitória que pudesse amenizar o ambiente em torno da equipa, mas, apesar de ela não ter surgido, acho que demos uma resposta razoável e que, em relação à entrega da equipa, não podemos apontar nada.
 
Parece que foi preciso duas derrotas (uma das quais humilhantes) em casa dos rivais para o Roger Schmidt perceber três coisas: 1) o Florentino tem de ser titular; 2) o João Mário tem de ir para o banco; 3) temos de jogar com um ponta-de-lança (que não o Tengstedt). Não entrámos mal no jogo, mas sofremos um golo na primeira vez em que o Rangers se acercou da nossa área, logo aos 7’: dois-um na esquerda, centro para a área e cabeçada do Tom Lawrence à vontade para a baliza do Trubin. Reagimos bem e tentámos dar uma resposta tão rápida quanto possível, mas alguns elementos da frente (Di María e Rafa, nomedamente) não estiveram particularmente inspirados. Assim sendo, pertenceram ao David Neres os dois remates mais perigosos, ambos defendidos pelo guarda-redes Butland, sendo que num deles a recarga do Arthur Cabral foi parar... às mãos do guarda-redes! Num terceiro lance de perigo do Neres, este, em boa posição, atirou ao lado depois de um canto do Di María. O argentino e o Rafa também tiveram as suas chances de visar a baliza dos escoceses, mas, ou devido ao guarda-redes ou a intercepções da defesa, os remates nunca chegaram ao alvo. Até que, em cima do intervalo, o VAR assinalou uma mão na área a nosso favor depois de um canto e o Di María concretizou o respectivo penalty da sua maneira habitual, que tantos suores frios me causa... Felizmente, pensámos quase todos, íamos para os balneários sem estarmos em desvantagem, mas o Sr. Murphy tem razão e, quando as coisas têm a tendência para dar errado, certamente que darão. Num livre no período de compensação, o Trubin tem uma saída disparatada quase ao limite da área, não consegue socar bem a bola, o Neres também não alivia bem e o Rangers faz o 1-2 num centro do Fábio Silva, que foi desviado já na pequena-área pelo Dujon Sterling. Há outro jogador adversário que, em fora-de-jogo, tentou jogar a bola, mas o VAR considerou que não teve interferência no lance. Inacreditável, quanto a mim!
 
Na 2ª parte, o nosso domínio intensificou-se e, ao invés, os escoceses não se acercaram tanto da nossa área. O João Neves subiu imenso de produção e arrastou toda a equipa consigo, enquanto o Florentino construía, como é seu apanágio, o muro habitual no meio-campo, que nos permite pressionar melhor o adversário e jogar mais à frente no terreno. No entanto, continuávamos a evidenciar problemas na finalização, com o Neres a perder tempo de remate em boa posição, o Cabral a não conseguir fugir à marcação dos defesas, o Rafa sem pontaria, o Otamendi à vontade num canto a cabecear por cima e o Di María a falhar inacreditavelmente um desvio de pé esquerdo na área, depois de uma assistência do Rafa num contra-ataque. No meio deste desperdício todo, teve de ser um defesa (Goldson) a fazer o autogolo do 2-2 aos 67’, de cabeça num livre para a área do Di María. Curiosamente, já tinha sido este jogador a marcar um autogolo na Luz neste jogo. (Se calhar, é de contratá-lo para nosso ponta-de-lança...!) Entretanto, já tinha entrado o Marcos Leonardo para o lugar do Cabral, mas a tendência de desperdício não se alterou. Do lado contrário, só por uma vez o Fábio Silva colocou o Trubin à prova. Ainda entraram o Tiago Gouveia e o Álvaro Carreras para a faixa esquerda, mas, apesar de termos feito 22 cruzamentos e 14 remates, não conseguimos marcar mais nenhum golo...
 
Em termos individuais, destaque, como já referi, para a 2ª parte do João Neves, que encheu o campo, e para o Florentino que, apesar de não ter estado perfeito (provocou um desnecessário livre perigoso na 1ª parte), tem de ser titular do Benfica, porque a equipa rende muito mais em termos colectivos com ele em campo. De resto, apesar da entrega, não houve mais ninguém particularmente inspirado. O Trubin voltou a ter culpas num golo sofrido, o Aursnes começa a acusar o facto de estar a saltar sempre de posição e fez dos piores jogos que me lembro (desta feita a lateral-esquerdo), o Di María perdeu 40(!) bolas no jogo (se fosse o Jurásek, deixaria de contar para o Schmidt...) e o Rafa voltou a não acertar na baliza. O Cabral lutou, mas também não esteve feliz.
 
Se é óbvio que teoricamente seria melhor irmos em vantagem para a 2ª mão, não sei se na prática, pelo que vimos em Toulouse, não é preferível que tenhamos de jogar para ganhar em Glasgow. Eles estão longe de ser brilhantes na defesa e, com algum espaço, podemos criar-lhes mossa. É preciso é que os jogadores da frente estejam mais inspirados do que neste jogo...

Sem comentários: