origem

quinta-feira, dezembro 14, 2023

Milagre justo

Vencemos em Salzburgo por 3-1 na 3ª feira e qualificámo-nos para o play-off da Liga Europa. Com o golo da qualificação a ser marcado já em tempo de descontos, percebe-se bem que foi um apuramento tirado a ferros. De um modo bem escusado, frise-se, dado que a nossa superioridade foi evidente durante praticamente toda a partida e só uma extrema aselhice na concretização (Rafa outra vez...) nos impediu de ter um jogo descansado. 

Com o António Silva castigado, o Roger Schmidt lançou o Tomás Araújo no lugar dele, mantendo o Aursnes na direita e o Morato na esquerda. A ter de vencer por dois golos de diferença, não começámos muito bem a partida e foi o Salzburgo a circundar primeiro a nossa baliza, porém sem criar grande perigo para o Trubin. Foi até nossa a primeira grande oportunidade, com o Rafa isolado pelo Tengstedt a rematar por cima, quando só tinha o guarda-redes pela frente. Assumimos o domínio do jogo e inaugurámos o marcador aos 32’ num canto directo do Di María. O árbitro ainda demorou um pouco a validar o golo e confesso que não percebi a razão. Faltava um golo para ficarmos em posição de apuramento e ele surgiu em cima do intervalo (46’) pelo Rafa, depois de uma bola recuperada pelo João Neves ter ido para o Di María e este ter assistido brilhantemente o nº 27 que, desta vez, não perdoou, com um remate cruzado de pé direito. Para a 2ª parte, o Schmidt trocou o inoperante Tengstedt pelo Musa e viu-se logo a diferença. Ao invés da 1ª parte, entrámos muito bem na 2ª e poderíamos (deveríamos!) ter fechado a eliminatória logo nos minutos iniciais. Houve um remate relativamente perigoso do Kökçü, outro do Di María, mas foi o Rafa a ter a perdida mais escandalosa com um remate a meio da pequena-área(!) que acertou no guarda-redes! Inacreditável! Como geralmente acontece nestes casos, não fechámos o jogo e sofremos o 1-2 aos 57’ num remate de fora da área do Susic, que ainda desviou na perna do Tomás Araújo e não deu hipóteses ao Trubin. Tentámos reagir e lá tivemos a sacramental bola no poste, novamente do Otamendi (tal como frente ao Farense), com o Salzburgo em definitivo remetido ao seu meio-campo e a tentar sair em contra-ataque. Aos 68’, o Schmidt lá tomou consciência que, se calhar, era melhor fazer algo a partir do banco e colocou o Gonçalo Guedes. O meu coração parou durante uns segundo até ver que quem saía... não era o João Neves (estava a ser dos melhores, para variar...), mas sim o Kökçü. Logo a seguir à substituição, o Di María veio da direita para o meio, rematou em arco, mas outra vez bola no poste! O Rafa voltou a estar na cara do guarda-redes, mas permitiu a defesa do Schlager para canto, quando já tinha tido um remate de pé esquerdo de primeira, à vontade na área, que saiu por cima, depois de um centro do Morato (possivelmente o único de jeito que fez). O Salzburgo ainda ia assustando no contra-ataque, mas o Schmidt continuava com substituições para fazer... e nada! Tinha o Jurásek no banco que poderia ter entrado para o lugar do Morato para dar mais profundidade na esquerda e o sempre esquecido Tiago Gouveia, mas nada...! Até que em cima dos 90’ colocou o Arthur Cabral no lugar do João Mário e foi este o herói improvável do jogo. Foi aos 92’ que o João Neves fez uma abertura brilhante na direita para o Aursnes, que fez um cruzamento rasteiro para a área, onde o Arthur Cabral, de calcanhar(!), atirou para o fundo das redes. Depois de tentar de rabo frente ao Moreirense, e de bicicleta contra o Farense, foi de calcanhar que conseguiu marcar. Foi o delírio e a reposição da justiça no marcador. Depois do golo, o Schmidt colocou logo (e bem) o Florentino para fechar o meio-campo e até final ainda tivemos o Di María a proporcionar nova defesa ao guarda-redes. 

Em termos individuais, destaque claro para o Di María, que esteve em dois dos nossos golos e ainda atirou uma bola ao poste. Jogo monstruoso também do João Neves, que, vá lá, desta vez conseguiu fazer os 90’...! O Rafa marcou um golo, mas falhou outros quatro, portanto à semelhança do Farense não pode ter nota muito positiva. Na defesa, o Tomás Araújo cumpriu bem e não se notou muito a falta do António Silva. Quanto aos menos, o João Mário tem, como habitualmente, lugar cativo nesta categoria, o Morato terá feito dos jogos mais desastrados pelo Benfica e o Tengstedt também passou muito ao lado do jogo. Aliás, não percebo qual é a dúvida do Schmidt quanto ao avançado: dos três, o Musa é claramente o menos mau! Em relação ao Arthur Cabral, espero sinceramente que isto seja o wake-up call dele.

Livrámo-nos da vergonha que seria assistir à Europa no sofá em 2024. Voltámos a fazer uma boa exibição, mas esta pouca eficácia na concretização tem de melhorar rapidamente, porque nos ia novamente saindo muito cara...! Veremos quem nos calha em sorteio na 2ª feira, mas estando na Liga Europa é óbvio que temos de ter como objectivo chegar à final.

1 comentário:

joão carlos disse...

Neste momento já nem é a quantidade de oportunidades desperdiçadas, como se isso já não fosse por si só suficientemente grave, mas a forma escandalosa como se desperdiçam muitas delas lances caricatos todos os jogadores tem um ou outro na sua carreira agora ter esses lances jogo após jogo começa a ser ridículo até parece que em vez de treinarem acertar na baliza o fazem tentando acertar no boneco.
Sobre as substituições já nem vale a pena falar de tantas vezes que se tem falado delas jogo após jogo isto já ultrapassa tudo teimosia, incapacidade para perceber o erro sistemático e então estas nos últimos minutos do jogo inacreditáveis e mesmo que resultem, como esta resultou elas têm tudo para não resultar como não resultam a vasta maioria das vezes.
Existem jogadores com lugar cativo e joguem bem ou mal ficam sempre até ao fim o que até é contraproducente para os próprios jogadores porque jogando mal e ficando em campo por cada ação que não resulta ainda menos confiantes ficam e entram num ciclo vicioso de erro que provoca erro isto para não falar que nem descansam depois quando tiverem em forma de tanto jogarem ela rapidamente se vai embora devido ao desgaste acumulado.