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segunda-feira, maio 22, 2023

Bipolar

Empatámos ontem no WC (2-2) e desperdiçámos a oportunidade de nos sagrarmos já campeões nacionais. Temos agora apenas dois pontos de vantagem perante o CRAC, que ganhou na véspera em Famalicão por 4-2, numa partida em que o Sr. Fábio Veríssimo assinalou três penalties(!) a favor deles, o que deverá constituir certamente recorde mundial. É a terceira vez no meu tempo de vida em que podemos ser campeões em casa dos rivais e é a terceira vez que falhamos...
 
O Roger Schmidt só fez uma alteração na equipa em relação a Portimão, com o previsível regresso do capitão Otamendi, mas isso acabou por ser um erro evidente. Com o devido respeito, a lagartada não é o Portimonense e não era preciso ser um adivinho para prever que, continuar com o Aursnes a defesa-direito e sem o tampão Florentino no meio-campo, iria dar enormes problemas. Como deu durante a 1ª parte toda, em que voltámos a levar um banho de bola da lagartada. Só tivemos uma ocasião de golo, com uma cabeçada do Rafa por cima, quando só tinha o guarda-redes Franco Israel pela frente. Do outro lado, o Pedro Gonçalves encarnou o Bryan Ruiz e falhou inacreditavelmente um golo feito, o Vlachodimos defendeu bem um remate do Esgaio, e sofremos dois golos aos 39’ e 44’ pelo Trincão, num lance em que o António Silva falhou a intercepção e o Trincão ainda teve tempo de fazer a recarga ao seu próprio remate(!), e Diomande, num cabeceamento num canto. Fomos para o intervalo em muito maus lençóis.
 
Para a 2ª parte, o Schmidt tirou o inexistente (há já várias jornadas, acrescente-se...) João Mário e colocou o Bah, avançando o Aursnes para o meio-campo. Transformámo-nos da noite para o dia. Dominámos completamente os segundos 45’ e, com o passar do tempo, fomos remetendo a lagartada cada vez mais para o seu meio-campo. Um remate do Aursnes à entrada da área logo no reinício foi bem defendido pelo guarda-redes e o mesmo Aursnes não chegou por muito pouco a um centro largo do Grimaldo na esquerda. Entre estes dois lances, houve outro em que o Bah caiu na área depois de o Nuno Santos lhe tocar nas costas. Para mim, não é penalty, mas, se fosse a favor do CRAC, em cada 10 lances semelhantes, seriam marcados 11 penalties...! Estávamos por cima, mas sem grande poder de fogo na frente, razão pela qual o Schmdit trocou o Rafa e Gonçalo Ramos pelo Gonçalo Guedes e Musa, e o croata deve uma arrancada pouco depois de entrar, desde o meio-campo até à área, que culminou com um remate cruzado de pé esquerdo que o guarda-redes desviou com a ponta dos dedos. Aos 71’, reduzimos finalmente o marcador para 1-2 numa boa cabeçada do Aursnes a cruzamento do Grimaldo. A lagartada teve duas hipóteses em contra-ataque, mas o remate do Morita saiu por cima e o Vlachodimos defendeu perante o Paulino isolado. Até que, já em tempo de compensação, aos 93’, veio o desejado golo do empate: livre a nosso favor, bola bombeada para a área, cabeçada do Musa para trás, confusão, com o Florentino (que tinha substituído o Chiquinho) a ganhar bola, que sobrou para um primeiro remate do João Neves que foi interceptado, mas na recarga não perdoou! Foi o delírio na nossa bancada! Não dava para sermos já campeões, mas não perder este jogo era muito importante para o nosso ego e moral.
 
Em termos individuais, e baseando a análise essencialmente na 2ª parte, o Aursnes foi dos melhores e não só pelo golo que marcou, sendo incompreensível como é que o Schmidt ainda insiste no João Mário na sua actual forma. O João Neves, depois de uma 1ª parte muito apagada, subiu imenso na 2ª e o Grimaldo conduziu muito jogo pela esquerda, sendo dele o centro para o primeiro golo. O Chiquinho esteve mais discreto do que em jogos anteriores, assim como o David Neres, e não foi por acaso que, para o o nosso pressing final, a entrada do Florentino tenha contribuído de sobremaneira. Os dois da frente (Rafa e Ramos) participaram muito pouco do jogo e a equipa melhorou bastante com as substituições. Pode ser que o Roger Schmidt esteja a aprender finalmente a fazê-las...
 
Na última jornada, iremos receber o já despromovido Santa Clara na Luz e, apesar de termos 11 golos de vantagem no confronto directo com o CRAC, nunca se sabe quantos penalties serão marcados em Mordor frente ao V. Guimarães e, portanto, é mesmo melhor ganharmos o nosso. Além de que, perante o que fizemos em boa parte deste campeonato, seria inacreditável sermos campeões em igualdade pontual com o segundo classificado. De qualquer forma, nenhum jogo está ganho antes de ser jogado. No entanto, se porventura não formos campeões, isso fará com que o trauma Kelvin se torne uma brincadeira de crianças...

1 comentário:

joão carlos disse...

A já conhecida teimosia, ou conservadorismo, do nosso treinador de jogar sempre com os mesmos independentemente dos seus estados de forma, ou desgaste devido a uma utilização até mais não poderem, leva também a outras questões que se verificaram neste jogo é que mesmo que se efetue uma nuance na nossa maneira de jogar devido às características do adversário isso acaba por nunca resultar porque se joga com jogadores que não tem características para executar essas pretendidas nuances e isso só poderia ter algum efeito mudando além da maneira de jogar uma ou outra peça que tivesse as características adequadas a essa maneira diferente de jogar assim fica difícil surpreender quem quer que seja.
Desta vez esteve bem nas substituições no momento, muito mais cedo do que o usual, e nos jogadores a saírem ainda assim basta olhar para a composição do banco no inicio do jogo para perceber o condicionado que estamos logo à partida quando em nove jogadores possíveis seis, nada mais nada menos que dois terços, são defesas, incluindo aqui o guarda redes, é inacreditável é verdade que neste aspeto a culpa não é apenas do treinador mas de quem não lhe deu em alguma posições alternativas validas, mas mesmo assim ter seis defesas é incompreensível.
Valeu a boa condição física para a equipa conseguir acreditar até ao fim, mas a boa condição física só a tem os jogadores que não tem demasiados minutos de tempo de jogo acumulados e só é possível com jogadores mais frescos e tal como no jogo anterior não foi á toa que imediatamente a seguir a entrar gente fresca é que conseguimos marcar.