terça-feira, fevereiro 02, 2021
Finito
Perdemos ontem no WC por 0-1 e dissemos adeus ao título. Sim, ainda nem chegámos ao final da 1ª volta, sim, “ainda falta muito campeonato”, mas recuperar 14 pontos aos rivais (nove à lagartada e cinco ao CRAC, que venceu o Rio Ave em casa por 2-0) é uma tarefa praticamente impossível. Até porque, sejamos francos, da maneira como (não) estamos a jogar, só por milagre é que isso poderia acontecer.
Com o Jesus infectado com Covid-19, resolvemos inventar e entrámos em campo com três centrais (Jardel, Otamendi e Vertonghen). Sim, eu sei, que já contra o Braga na Taça da Liga, o Weigl jogou muito tempo ali, mas uma coisa é o Weigl e outra é o Jardel. Claro que aos 10’ aconteceu o previsível: a enésima lesão muscular do Jardel, que o obrigou a sair para entrar o Gabriel, recuando o Weigl para central. E, apesar de o Gabriel não ter estado tão mal quanto em jogos passados, uma coisa é jogar com o alemão à frente da defesa, outra é jogar com ele. Até porque, outra diferença significativa em relação à Taça da Liga, é que o Darwin estava sozinho na frente, o que o torna uma presa demasiado fácil para os defesas, dado que o uruguaio aparenta ser um forte concorrente do Mantorras na arte de ainda não ter percebido o conceito de fora-de-jogo... Como é que, num jogo tão decisivo, se muda assim uma táctica que desde o Manuel José em 1997/98 não é utilizada no Benfica, ainda por cima com o treinador impossibilitado de estar no banco, é algo que nunca irei perceber. Sem surpresa, andámos completamente aos papéis na 1ª parte e só um remate do Pizzi ao lado criou relativo perigo. Do outro lado, a lagartada mostrava muito mais ganas e falhou uma clamorosa oportunidade já perto do intervalo, com um cabeceamento do Neto ao lado, estando o Vlachodimos batido.
Na 2ª parte, entrámos melhor e nos primeiros cinco minutos já tínhamos feito mais do que nos 45’ da primeira. No seu único lance de jeito, o Darwin recepcionou uma bola e peito e rematou de pé esquerdo para defesa do Adán. O jogo prosseguiu dividido com oportunidades (relativas) de parte a parte. No entanto, e à semelhança de alguns jogos desta época, as substituições não vieram ajudar nada, antes pelo contrário. O Cervi não estava de todo a fazer uma exibição brilhante, mas o Taarabt é sempre aquele camião de areia despejado numa engrenagem. Aliás, Gabriel e Taarabt no meio-campo é dos sistemas de travagem hidráulica mais perfeitos que tenho visto... Fluidez de jogo, soltar a bola rapidamente e jogar para a frente são algo que não lhes assiste de todo. A sensivelmente 10’ do fim, o nosso banco deu a estocada final nas nossas poucas hipóteses ao resolver trocar o Grimaldo pelo Nuno Tavares, o que cortou de vez o desenvolvimento do ataque pela esquerda. O Seferovic também entrou para o lugar do apagado Darwin, que passou finalmente a estar fora do jogo sem estragar as nossas jogadas de ataque. E ficou uma quinta substituição por fazer, quando eventualmente a velocidade do Diogo Gonçalves ou Pedrinho pudesse ter acrescentado alguma coisa à equipa. Retomando uma maldição que está na história do Benfica, aos 92’ sofremos o golo que nos derrotou: o Weigl teve a única má abordagem a um lance ao longo do jogo todo, não impediu o contra-ataque contrário, o Nuno Tavares deu todo o espaço do mundo a um adversário para que este pudesse centrar à vontade, o Vlachodimos afastou a bola, mas infelizmente para a frente e o Matheus Nunes atirou de cabeça para a baliza deserta. Depois do golo, ainda tivemos tempo para fazer o único centro de jeito no jogo inteiro(!) (todos os outros foram para as mãos do Adán), mas o Neto não deixou a bola chegar ao Seferovic, que, até ele, teria dificuldade em não marcar.
Em termos individuais, o Otamendi e Vertonghen foram dos únicos a safar-se a uma nota negativa, com o Weigl logo atrás, penalizado por estar indirectamente ligado ao golo sofrido. O Rafa também fez uma exibição em esforço, até porque esteve algo limitado graças a uma pantufada que o Sr. Artur Soares Dias nem falta considerou... Todos os outros estiveram bem abaixo do que podem fazer.
Estamos em Fevereiro e já falhámos o acesso à fase de grupos da Champions, já perdemos a Supertaça, não conseguimos sequer chegar à final da Taça da Liga e o campeonato só por inexplicável fé é que não se pode considerar já perdido. Resta-nos a Taça de Portugal e a Liga Europa. Só ganhando ambas, repito, AMBAS, é que poderá tornar esta época (ainda) positiva. Eu continuo na minha a esperar que alguém de direito me explique o que raio se passou na época transacta: como é que passámos da melhor 1ª volta de sempre para uma das piores de todos os tempos...? É que dá toda a sensação que aí está a chave da explicação para o que se está a passar agora. O que quer que fosse o problema não foi de todo resolvido e está a conseguir trucidar um treinador titulado e 100M€ de reforços. Como já trucidou o Bruno Lage. Portanto, o problema é gravíssimo e objectivamente estrutural. E, tal como o nome indica, cabe à ‘estrutura’ resolvê-lo. Nem que seja, no limite, assumir que não o consegue fazer e dar o lugar a outros. Porque, o que é evidente para todos os benfiquistas, é assim é que não podemos continuar.
P.S. – Eu bem tinha avisado os amigos do Benfica Independente que era muito arriscado convidarem-me para um pós-jogo, dado o meu lamentável histórico. Não me ouviram e deu no que deu... Enfim... a catarse pode ser vista aqui.
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5 comentários:
A chegar ao final da 1ª volta, é este o panorama do nosso descontentamento:
a 9 pontos do líder / a 5 do Porco / a competir com o Braga pelo 3º lugar (7 pontos perdidos nos últimos 3 jogos).
Haverá algum benfiquista sério, com a cabeça equilibrada e os pés bem assentes na terra, que não tivesse antevisto esta miséria? Era mais do que previsível que o desequilíbrio do plantel, que vinha desde o tetra, poderia dar nisto.
O som das contratações e as carradas de milhões que se dão por elas, não equilibram plantéis. O que equilibra um plantel é a escolha criteriosa, responsável e cirúrgica de atletas escolhidos a dedo para suprir as necessidades e constituir uma equipa desportivamente competitiva e produtiva nos resultados. Gastaram-se 100 milhões, e a equipa piorou. Porque se sobrevalorizaram jogadores que tardam em demonstrar (alguma vez demonstrarão?) a valia correspondente ao que custaram. E são legítimas as suspeitas dos adeptos e dos sócios (que são o sangue e a alma do clube) de que haverá quem tenha lambido os dedos no mel e arrecadado lautos proveitos com estes negócios falhados, e tanto mais quanto têm sido recorrentes nas últimas épocas. Deixou de se contratar no mercado nacional (mania de novo-rico, alucinação de quem vê luzes, ou algo muito mais grave e em que eu não quero acreditar?), bem mais acessível, e assim deixámos que os rivais levassem Taremi, Zaidu, Manafá, Nuno Santos, Pedro Gonçalves... Mandámos Vinícius embora e não temos melhor que ele. A prospeção deve ser cega (se se estão a marimbar para ela, peço desculpa), se não vê jogadores como Bruno Fernandes e Trincão e Matheus Nunes e Porro e Luís Diaz e Marchesin... Os melhores produtos da formação são mandados embora ou não jogam. Asneirada atrás de asneirada. Parece que a nossa direção quis dar uma mãozinha aos rivais «falidos». Pode ser suposição minha, mas que parece evidente, parece.
Continuaçâo:
«O próximo mandato será o da afirmação desportiva», prometeu LFV (senhor de um rol infame de incumprimento de promessas feitas aos benfiquistas). Mas o que fez? Trouxe de volta JJ, contra a vontade de larga faixa da família benfiquista (que tem memória e não esqueceu o comportamento do treinador quando foi para o rival, e que sabe no que deram os regressos de outros treinadores ao clube), e desatou a contratar na casa dos 20 milhões, sem o critério de reforçar os setores e posições deficitários aos olhos do mundo, até do adepto comum, que não é treinador, mas que também não é burro e sabe ver futebol. Não se aproveitou a última janela do mercado para reforçar a equipa onde ela necessita de equilíbrio e de qualidade. Estaremos assim tão bem nas laterais e no meio-campo (para já não falar na frente de ataque)? Não estamos, qualquer adepto sabe que não estamos nada bem nesses setores, e a vida demonstra-o à saciedade.
Ontem perdemos e perdemos bem, contra uma equipa de tostões que mereceu ganhar. Jogámos contra uma equipa, formada e treinada com inteligência por um treinador jovem sem peneiras, que não é cagão, mas que não anda cá por ver andar os outros. Ganharam no último minuto? E se fôssemos nós que tivéssemos ganho dessa maneira (como já tem acontecido), senhores comentadores da BTV? Já seria de grande equipa e de campeões?
É isto o atual Benfica – entregue aos «sabemos o que estamos a fazer», «vamos melhorar», «ainda há muito para ganhar», «ainda é possível». E não só no futebol, as modalidades também andam ao Deus-dará, com plantéis pouco competitivos e/ou desequilibrados, plantéis para perderem títulos. O aventureirismo a irresponsabilidade e o desnorte imperam na estrutura «10 anos à frente» e no clube como um todo. A grande instituição Sport Lisboa e Benfica é atualmente uma embarcação sem rumo e com rombos graves que o capitão e os seus tenentes (quantos serão adeptos dos rivais/inimigos?) não querem admitir e negam, e que os acólitos (os Guerras e quejandos da BTV) não têm a coragem nem a honestidade intelectual para denunciar, porque mamam e não querem perder a gamela. A massa dos adeptos e dos sócios conta apenas como fregueses tolos, acéfalos e refilões, e vê a sua inteligência e o seu amor ao clube diariamente insultados. Eu sinto-me insultado.
Para finalizar e pra que não restem dúvidas, não, eu não sou daqueles que desistem por estar a ver o meu clube do coração tão maltratado. O clube é o clube e é eterno. Quem o gere, a meu ver irresponsavelmente e com dolo, passará. Continuarei a pagar a BTV e as minhas quotas de sócio, na esperança de dias menos sombrios.
Tenham vergonha e vão-se embora, coveiros do meu Benfica!
Inacreditável como não tivemos uma única oportunidade clara em todo o jogo coisa que sinceramente se não é inédita nos últimos quarenta anos, os que acompanho como deve ser, também não deve ter muitas mais replicas para mais quando esta se soma ao outro jogo que tivemos esta época, a supertaça, em que tínhamos tido uma única oportunidade é simplesmente vergonhoso.
Até á nossa segunda substituição eles tinham tido apenas uma oportunidade clara no jogo, e unicamente de bola parada, a partir daí tiveram três oportunidades todas de bola corrida na segunda parte até a essa tal substituição ainda tivemos dois lances de relativo perigo, muito pouco e escassos, mas a partir dai nem um remate fizemos, quanto mais de perigo muito menos oportunidades de marcar, e agora pergunta para queijinho quem é que entrou na equipa e depois ainda muito vem com a historia de que mais vale cair em graça que ser engraçado realmente são capaz de ter razão.
Pois só que essa maldição dos descontos é mais deste treinador do que nossa e foi ele que a trouxe para cá já que antes muito poucas vezes aconteceu, alias mesmo depois de ele se ter ido embora também terá acontecido muito poucas vezes, bastou ele voltar e trazer com ele a nuvem atrás, já agora bastou ele ter feito um jogo de jeito, que até só deu empate, para vir logo com a bazofia dele depois disso foi corrido três vezes como se diz na minha terra burro velho não aprende línguas.
Caro Sérgio,
O teu último parágrafo diz tudo. Ando a dizer há meses que ficou a faltar uma explicação para a segunda volta da época passada com Bruno Lage. E, como tu, também acho que estará aí a explicação.
Precisamos de uma limpeza de balneário. Das grandes.
Abraço
Luís Fialho
A minha dúvida, Luís, é se é só o balneário que precisa de ser limpo...
Grande abraço!
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