quinta-feira, outubro 19, 2017
Erro
Perdemos com o Manchester United na Luz (0-1) e, não só
reduzimos as hipóteses de qualificação para os oitavos da Champions a uma questão matemática (do género: é matematicamente
possível que o Tondela ainda seja campeão), como também corremos o enorme risco
de voltar a passar pela vergonha de ficarmos fora da Europa no novo ano. Nós,
que viemos do pote 1, recordemo-nos...! Os mais optimistas dirão que ganhámos o
bicampeonato no ano em que também ficámos fora da Europa, mas entre as fezadas e
o que vemos em campo, eu tendo a seguir mais o que vemos em campo.
Por motivos profissionais, tive que me ausentar do país, o
que fez com que tenha perdido ao vivo o terceiro jogo do Benfica nos 371 que
houve desde que o novo Estádio da Luz foi inaugurado. Depois de uma vitória e
um empate, a minha terceira ausência saldou-se por uma derrota. No entanto, graças
às novas tecnologias, consegui ver o jogo em diferido sem saber o resultado.
Comecei logo por ficar surpreendido pelo onze inicial: o Rui Vitória manteve a
aposta no Svilar (tornou-se no mais jovem guarda-redes de sempre a ser titular
na Champions), o Douglas tinha mesmo
que jogar (o André Almeida está castigado), mas o que foi verdadeiramente novo
foi que jogámos em 4-3-3, com o Filipe Augusto no meio-campo e o Diogo
Gonçalves na primeira titularidade em jogo oficiais (e logo numa partida destas!)
na esquerda, a acompanhar o Salvio e o Jiménez. O nosso começo foi muito bom,
com a equipa junta a não permitir muitas veleidades atacantes ao Man. United e
a tentar atacar com rapidez. Porém, quando chegámos ao capítulo ‘rematar à
baliza’ é que estava tudo estragado. Tivemos uma boa oportunidade numa grande
jogada do Grimaldo, com intervenção do Diogo Gonçalves e remate do Salvio ao
lado, mas a partir da meia-hora os ingleses assumiram o jogo e criaram-nos
algumas dificuldades. Apesar disso, acabámos por estar bem na defesa, com
realce para o Rúben Dias a demonstrar que foi um erro enorme não ter sido
titular em Basileia.
A 2ª parte foi diferente, dado que já não tivemos capacidade
física para pressionar o United. O jogo ia decorrendo com os ingleses a
controlarem-no sem grandes oportunidades, até que aos 64’ o Rashford cobra um
livre directamente para a nossa área e o Svilar, mal colocado, vai recuando e,
em vez de socar a bola, agarra-a e entra com ela pela baliza adentro. Erro de
principiante que nos custou muito caro. O Zivkovic já tinha entrado para o
lugar do Pizzi (continua numa forma lamentável), entraram igualmente o Jonas e
o Cervi, mas não tivemos capacidade para chegar sequer à grande-área contrária.
Só num canto é que o Rúben Dias em boa posição atirou por cima, mas a bola
também não era fácil. Para tornar as coisas piores, o Luisão viu o segundo cartão
amarelo e vai falhar o jogo em Old Trafford (uma defesa com o Lisandro ou com o Jardel na sua forma actual, vai ser lindo...!).
Em termos individuais, gostei do Rúben Dias, que perante o tanque Lukaku não se atemorizou (volto a
repetir: a ausência em Basileia é injustificável), e das primeiras partes do
Diogo Gonçalves, que demonstra algum potencial (pelo menos mais do que o corredor
de 100 m que já nem convocado foi...), e do Salvio. O Jiménez teve pouco jogo e
poucos companheiros com quem combinar, o Filipe Augusto não destoou
completamente, mas ainda falhou um ou outro passe comprometedor, no entanto, neste
capítulo o óscar vai indiscutivelmente para o Douglas, que confirmou tudo o que
vimos em Olhão: alguma criatividade a atacar, mas defender não é com ele, com a
agravante de ter lançado uns quantos contra-ataques... do adversário! Ora, dado
que joga a defesa-direito, temos aqui um problema pelo menos para as partidas
teoricamente mais complicadas... O Svilar teve um jogo histórico no bom e mau
sentido da palavra, mas percebe-se que há ali potencial indiscutível. O
problema é que a nossa margem de manobra é diminuta e, depois do Bruno Varela
no Bessa, é o segundo jogo que perdemos por causa de um frango... Aliás, esta época do Benfica resume-se muito facilmente:
três jogos na Liga dos Campeões, três guarda-redes utilizados. Acho que não é
preciso acrescentar mais nada.
Já se sabe que os encontros pós-Champions são sempre muito complicados e este ano calham-nos todos
fora. Iremos à Vila das Aves no domingo e aí, sim, teremos de mostrar que
conseguimos mais do que o ‘futebol sem balizas’ que apresentámos ontem. A ver a
Europa por um canudo, temos ainda mais que apostar as fichas todas no
campeonato. Até porque, convém sempre relembrar, que, quanto mais não seja, o
terceiro lugar deixou de dar acesso à Champions...
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