segunda-feira, dezembro 15, 2014
Lima no Olimpo
Nove anos depois voltámos a ganhar em Mordor para o campeonato, com o
resultado fetiche sempre que triunfamos no antro do Mal: 2-0. Foi uma vitória
justa que sinceramente não esperava, não só porque o CRAC tem um plantel
superior ao nosso, como pelo facto de a partida ser arbitrada pelo sr. Jorge
Sousa. No entanto, revelámos imensa personalidade e manietámos tacticamente o
CRAC, que só conseguiu criar perigo com a lesão do Luisão nos últimos 15
minutos.
As forças do Mal entraram mais velozes e logo aos 2’ o Tello sacou um
amarelo ao André Almeida. Fiquei imediatamente preocupado, porque estava mesmo
a ver o filme de ficarmos a jogar com 10 na próxima falta do nosso improvisado
defesa-esquerdo. O CRAC criou perigo num remate cruzado do Herrera ainda na
fase inicial e teve uma excelente oportunidade pelo Jackson Martinez numa boa
jogada atacante, em que o Júlio César fez uma defesa assombrosa. Nós íamos tentando
responder, com remates do Gaitán e Talisca, e abrimos o marcador aos 36’ através
do Lima. Lançamento lateral do Maxi Pereira (podem repeti-lo ad nauseam na Sport TV para ver se
descobrem que ele pisou o terreno de jogo na altura do lançamento, mas não vão
ter sorte nenhuma…) e o Lima antecipou-se ao Danilo, marcando com a anca! Até
ao intervalo, era fundamental manter a vantagem, o que foi conseguido.
O início da 2ª parte trouxe uns quantos livres para o CRAC, mas sem nunca
criar perigo, enquanto nós alargámos a vantagem aos 56’: remate de fora da área
do Talisca, o Fabiano defende para o lado e o Lima só teve que encostar. Logo a
seguir, o Lima não conseguiu fazer o seu centro para o Talisca, que estava em
boa posição para fazer o terceiro golo. Seria o golpe de misericórdia! Uma boa iniciativa
do recém-entrado Quaresma criou-nos perigo, mas foi só depois da lesão do Luisão
aos 76’ que o CRAC teve as melhores oportunidades: duas bola de cabeça do
Jackson à barra, em lances em que o César não teve bem. Nós poderíamos ter
aumentado a vantagem num contra-ataque em que o Lima centrou para o Salvio, mas
um defesa antecipou-se e quase ia fazendo autogolo. E já perto do final, o
molengão do Ola John não conseguiu colocar a bola no Gaitán, que ficaria numa
situação de 2x1.
Em termos individuais, ÓBVIO destaque para o Lima. O futebol tem destas
coisas muito engraçadas: o Lima não estava a jogar nada desde o inicio da época,
discutiu-se muito sobre se seria de utilizar o Jonas e depois entra e qual César
Brito ou Nuno Gomes decide a partida. Pode já não fazer nada no resto do seu
percurso no Benfica, que o lugarzinho na história (e nos nossos corações) já ninguém
lhe tira. Também gostei bastante dos suspeitos
do costume, Gaitán e Enzo Pérez, que emprestam um toque de classe a tudo o
que fazem. Grande exibição do Samaris, que só levou um amarelo perto do final e
foi essencial para contar a avalanche atacante do CRAC. O Maxi Pereira foi uma máquina a parar o Brahimi e não sei por
que esperam os nossos responsáveis para renovar com ele… Regra geral a equipa
esteve toda bem, muito concentrada e entrando sem medo no campo. O Júlio César traz
muita confiança a todo o sector defensivo e resta-nos esperar que a lesão do
Luisão não seja grave, porque se viu bem a falta que ele faz (as duas bolas aos
poste foram na zona do César).
Com o CRAC a seis pontos e a lagartada (empatou com Moreirense já nos
descontos) a dez, temos uma tarefa muito importante no futuro próximo que é não
perder a concentração e achar que o campeonato já está ganho. Aliás, essa
concentração pode ser testada no jogo frente ao Braga para a Taça de Portugal. Os
minhotos estão a subir de forma e tenho medo que entremos em excesso de
euforias… E melhor que o bicampeonato era uma bidobradinha…
P.S. – Como tem sido habitual em casos semelhantes, aguardo com especial
entusiasmo a renovação de contrato do Lopetegui! Mas, se calhar, faziam-lhe uma
cura de desintoxicação antes, não? É que aquelas declarações não lembram ao
careca… (depois deste jogo ainda está mais confiante que vai ser campeão…?!)
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