quinta-feira, maio 16, 2013
INCOMENSURÁVEL ORGULHO!
Perdemos
com o Chelsea (1-2) na final da Liga Europa. Segundo alguém me disse, temos o
indesejável recorde de sermos a equipa com mais finais europeias perdidas
(sete). MAS (e as maiúsculas não são gralha) é uma terrível crueldade que seja
apenas o resultado que fique para a História. Porque a história do que se
passou no campo é completamente diferente: fomos melhores durante toda a
partida, mostrámos mais vontade de ganhar e MERECÍAMOS ter ganho. Toda a gente
reconhece isso. Desde o próprio Ramires, como amigos meus estrangeiros que me
enviaram inesperadamente mensagens no final do jogo. Quem for honesto
intelectualmente não pode deixar de o pensar (o que exclui imediatamente 95% de
adeptos de um certo clube…). MERECÍAMOS ter ganho, estava eu a dizer, tanto os
jogadores como os adeptos que, nas ruas de Amesterdão e nas bancadas do Amsterdam
ArenA, deram uma demonstração inesquecível de benfiquismo e do que é AMAR um
clube.
Se nós
partimos para esta final na ressaca de uma derrota no antro com requintes de
malvadez, o que dizer de, apenas quatro dias depois, perdermos novamente aos
92’?! Depois de uma 1ª parte completamente dominada por nós (somente com o
aspecto negativo de revelarmos muita parcimónia na altura de rematar à baliza),
o Chelsea adianta-se no marcador pelo Torres aos 60’, mas nós conseguimos
igualar através de um penalty do grande Cardozo aos 68’. Aos 92’, quando eu
vejo a bola em balão em câmara lenta na minha cabeça cabeceada pelo Ivanovic
fazer um arco para dentro da nossa baliza, tive a mesma reacção que se tem ao
ver um acontecimento inacreditável: fiquei estático, anestesiado, letárgico e
sem querer acreditar no que estava a ver! A sério, não é possível!!! Ainda
agora, 12 horas depois, custa-me a acreditar no que se passou: em somente
quatro dias, nós perdemos uma final europeia e (muitíssimo provavelmente) o
campeonato, de um modo mais do que injusto, através de golos no período de
desconto! Nem nos nossos piores pesadelos, pensámos que isto fosse possível,
muito menos em apenas quatro dias! Não me cansarei de repetir: QUATRO DIAS!!! (Por
contraponto, haverá certamente muita gente vil, rasteira, baixa, reles, cuja
inútil existência se alimenta somente do ódio a terceiros e que, no fundo, é um
desperdício de matéria orgânica que nunca na vida terá tido um orgasmo tão
bom.) Ninguém merece! NINGUÉM MERECE!!! Muito menos os bravos que estiveram em
campo e os enormes bravos na bancada. A reacção dos adeptos do Benfica no final
do jogo foi dos momentos em que mais orgulho tive de pertencer a esta família.
Revelou GRANDEZA! Que é muito diferente de ser grande. Há quem diga que o é (grande,
embora seja apenas regional), mas NUNCA na vida revelou Grandeza. E a sorte tem
bafejado esses, numa demonstração clara para mim da inexistência de Deus (ou
então, se Tu existes mesmo, podes ir para o raio que te parta, minha refinada besta!). E mesmo os (para aí) cinco adeptos desses clubes que se aproveitam, e não são ou
escumalha ou acriticamente acéfalos, não mereceriam uma coisa destas. Quanto
mais nós…!
Não tenho
vergonha nenhuma de dizer que chorei no final do jogo. Não foram umas lagrimazitas,
chorei mesmo. Não chorava com uma derrota do Benfica desde que os lagartos vieram ganhar à Luz na penúltima
jornada da época 1985/86 oferecendo o
campeonato ao CRAC. Tinha 10 anos. Mas ontem foi impossível conter-me por
variadíssimas razões:
- Chorei de
raiva por causa de duas injustiças seguidas do tamanho do mundo.
- Chorei,
porque até poderíamos ter jogado mal e merecido perder. Porque poderíamos ter
jogado assim-assim e o Chelsea ter sido mais eficaz. Mas não! Fomos melhores e
fomos derrotados novamente no período de compensação!
- Chorei,
porque depois de tudo o que fizemos esta época é inacreditável pensar que a
poderemos terminar sem nenhum troféu ganho. (Quero acreditar que não, que a
equipa vai dar a volta em termos psicológicos e derrotar o Guimarães na final
da Taça).
- Chorei,
por ter visto in loco o maravilhoso
povo benfiquista a chegar a Amesterdão aos magotes, de todas as formas e
feitios, para apoiar a equipa durante os 90’ como nunca me lembro de ter
acontecido (é que não só não deve ter havido um único momento de pausa, como eu
não me lembro de ter visto um jogo tantas vez de pé) e, não só a não ser
recompensado com a vitória, como voltar a perder da mesma maneira de Sábado…
(Já disse que ninguém merece isto?!)
- Chorei,
por ver que a reacção dos jogadores no relvado assim que o árbitro apitou era
igual à nossa.
- Chorei,
porque nem na porra do último lance do jogo, já depois do 1-2, tivemos sorte no
ressalto quando o Cardozo estava quase na cara do Cech.
- Chorei,
porque se aquela final Man. Utd – Bayern da Liga dos Campeões jamais
irá ser esquecida pelos adeptos do futebol, nós tivemos duas edições disso em
apenas 96 horas!
- Chorei,
porque sei que isto vai custar IMENSO a passar (nunca irá passar para mim…) e
porque, 12 horas depois, a escrever esta crónica no avião de regresso a Lisboa,
ainda tenho que fazer algumas pausas, porque o ecrã fica momentaneamente embaciado…
No entanto,
podem perguntar-me se, mesmo que soubesse previamente o resultado e a forma
como ele aconteceu, deixaria de fazer esta viagem? NUNCA na vida! Foi um
orgulho ter estado presente num evento que fez transbordar a minha alma de benfiquismo.
Para mim, o Benfica é isto! Onze jogadores em campo a dar esta vida e a outra
para tentar ganhar um jogo. Nas bancadas haver um apoio incansável e os adeptos,
apesar da derrota, tributarem a equipa do modo como o fizeram no final da
partida. Eu não sou do Benfica, porque temos ganho muito ao longo da nossa
história. Eu não quero ganhar sem olhar a meios (como outros…). A Grandeza de
um clube não se mede só por vitórias. Mede-se também, e muito, no modo como se
ganha e, sobretudo, como se perde. Ser magnânime é muito importante, porque
isso revela a nossa condição humana e ultrapassa a fronteira estritamente
desportiva (por exemplo, o facto de termos convidado para assistirem à final os
dirigentes das equipas que eliminámos nesta inesquecível caminhada foi algo que
me deixou tremendamente orgulhoso). O Benfica e os valores que o norteiam
tornam-me uma melhor pessoa. Não tenho dúvidas nenhumas acerca disso.
Neste longo
testamento, uma última palavra para os jogadores. Não vou destacar ninguém em
particular. Houve uns que jogaram melhor do que outros, o que é normal. Mas
estiveram TODOS à altura do acontecimento e todos honraram (e de que maneira!)
o manto sagrado. E eu nunca vos peço mais do que isso. MUITO OBRIGADO a todos
eles, na pessoa do grande capitão Luisão! É uma frase feita, da qual eu nem
gosto muito, mas que aqui se exige: vocês são uns campeões e nunca esquecerei o
quanto nos deram este ano! Pode não ser em títulos, mas em algo que, apesar de
não poder ser contabilizado, é muito mais importante para mim: o facto de terem
contribuído para o crescimento do (já ENORME) orgulho que eu tenho em ser
benfiquista!
VIVA O
BENFICA! Sempre.
P.S. – Este
obrigado aos jogadores é naturalmente extensível à equipa técnica e a todos os
dirigentes do Benfica que contribuíram para esta caminhada. E volto a repetir o
que já disse aqui: se, por algum motivo (e quer ganhemos ou não a Taça de Portugal), o Jesus não continuar no Benfica (apesar das palavras do presidente,
as declarações do próprio foram enigmáticas), será uma terrível perda para nós.
P.P.S. – Eu
sou um gajo democrático e, por norma, aprovo todos os comentários. Entre seis
milhões de adeptos, há espaço para muita gente. Mesmo para quem é idiota ou
cega. Depois daquela demonstração de querer, categoria e crença de ontem, quem vier
aqui dizer que estivemos mal, porque deveríamos ter feito isto ou aquilo, ou
que o Jesus errou seja porque colocou aquele e não outro, como por dever ter
optado pela táctica ‘x’ em vez da ‘y’, ou se insere na primeira categoria ou na
segunda. As simple as that. É
preferir olhar para um arbusto em vez de ser para a floresta inteira. Têm
direito a tempo de antena, mas não esperem resposta da minha parte. Tenho mais
que fazer e não quero ser batido em experiência…
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4 comentários:
Grande Sérgio!
Se te serve de consolo, acredita que nós aqui deste lado sentimos, pela TV, todo o apoio que deram aos nossos bravos.
Foi arrepiante ver aquele topo do estádio a empurrar a equipa para o empate, incansáveis do 1º ao último minuto.
Em jogo jogado, já disseste tudo. Injustiça injustiça injustiça.
O Deus em que não acreditas tem que ter algo grande reservado para nós, isto um dia tem que mudar... Eu vou-Lhe pedindo, por todos a quem o coração gelou duas vezes em 4 miseráveis dias.
Grande abraço.
Estou em transe desde o empate com o Estoril. Aqui no trabalho todos reclamam comigo por não dizer nada e não alinhar nas brincadeiras.
Esta semana está a ser provavelmente a mais dificil da minha vida (felizmente nunca perdi ninguém próximo de mim).
Chorei e muito. Não aguentei. Sinto uma carga em cima que não consigo explicar.
Domingo lá estarei.
Amigo fui um dos que lá estive , sofri e apoiei como nunca ! Ontem foi uma enorme lição que gostaria que todos tivessem aprendido. Não há, nem Nunca pode haver culpados entre os nossos ... foi tudo perfeito menos o resultado . Dirão uns que o que interessa é ganhar, para mim a atitude de ontem, a entrega e o apoio dado foi mesmo o mais importante e, se continuarmos assim havemos de ser felizes , muito felizes. Domingo lá estarei a apoiar e aplaudir do principio ao fim !
Nota : caro Sérgio vi-te no meio daquele mar vermelho aquando da entrada para o estádio e se não fosse toda aquela confusão de gente ainda te tinha ido cumprimentar e perguntar-te pessoalmente se já tens os resumos dos jogos nos DVD . Agora, mais do que nunca gostava de ter isso pois nasceu há 3 meses o meu Duarte, sócio 253.xxx , e quero começar a mostrar-lhe as grandes vitórias e golos do nosso querido BENFICA .
Talvez domingo se te vir na nossa MEO tenha a lata de te abordar.
Um forte abraço ! Somos Benfica !
Ainda não acabei isso... Mea culpa. Quando tiver terminado, anuncio aqui no blog.
Estás à vontade no Domingo. Não é preciso lata nenhuma! ;-)
Abraço.
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