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quinta-feira, agosto 05, 2004

Fahrenheit 9/11

Sim, o filme é assumidamente manipulativo; sim, o filme é bastante tendencioso; sim, o filme foi feito com um propósito muito específico; sim, o filme relata factos verídicos, mas escamoteia alguma informação relevante; sim, o filme (ab)usa visualmente de algo que critica amiúde, os sound bites.

E, no entanto, o filme confirma (como se tal fosse necessário) que: o Michael Moore é um dos grandes mestres actuais da montagem, nomeadamente pelo uso que faz de vários tipos de imagens recolhidas por diferentes meios, sem perder a unidade formal que o filme tem; o M.M. tem um sentido de humor bastante incisivo; o M.M. consegue fazer o espectador passar da gargalhada mais sonora ao silêncio mais profundo (e ver o filme numa sala lotada é bastante elucidativo) em poucos segundos.

Ao mesmo tempo, não deixa de ser triste que seja preciso um filme destes para ajudar à não-reeleição de um homem que, se as pessoas fossem inteligentes, nem sequer se deveria candidatar (as sondagens dever-lhe-iam ter tirado estas veleidades há muito tempo), quanto mais estar com hipóteses de ganhar. Desde o Hitler que, provavelmente, não existe alguém que represente um tão grande perigo à paz mundial, derivado ao facto de ser tão burro que o torna facilmente manipulável por um sem-número de interesses.

Tenho muito medo que este se torne, de facto, quase um perfeito annus horribilis: o FCP ganhou o campeonato; o FCP ganhou a Liga dos Campeões; Portugal perdeu a final do Euro; temos um governo que ninguém elegeu; o Bush é reeleito. Vá lá que ganhámos a Taça de Portugal...

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