Perdemos na Luz frente ao Braga (1-2) no passado sábado e desperdiçámos uma óptima oportunidade para igualarmos os lagartos no 1º lugar, dado que eles tinham empatado em Guimarães (4-4) na véspera. Assim sendo, não só perdemos um ponto para eles, estando agora a três, como nos arriscamos a ver o CRAC passar para cinco pontos à nossa frente, se ganhar na Choupana (em mais um jogo adiado por causa do nevoeiro...!). Ou seja, não poderíamos ter começado pior o ano!
Há um histórico de mais de 20 anos de posts neste blog que comprovam que eu detesto ter razão se isso significa derrotas do Benfica, mas de facto não vi nada com bons olhos este regresso do Bruno Lage, pelas razões que escrevi aqui. Depois de um impacto inicial bastante positivo, em que fiquei feliz por aparentemente me ter enganado, as coisas estão a mudar rapidamente para pior nos últimos tempos. Oito pontos perdidos nos últimos quatro jogos do campeonato são razões mais do que suficientes para fazer soar os alarmes. Esperava-se que o empate dos lagartos nos tivesse motivado para entrar com tudo frente ao Braga, mas voltámos a fazer uma 1ª parte absolutamente de fugir! Com o Florentino e Amdouni de volta ao banco, por troca com o Leandro Barreiro e Pavlidis, até foi nossa a primeira grande oportunidade, com o grego a contornar o guarda-redes Matheus, mas a atirar ao poste com a baliza deserta. Tem a desculpa de o ângulo não ser o melhor, mas espera-se que um ponta-de-lança do Benfica consiga marcar golo naquela situação. Isto aconteceu ainda durante os primeiros 10’, mas o resto da 1ª parte foi toda do Braga, que inaugurou o marcador aos 17’ pelo Fran Navaro, a aproveitar uma cratera no centro da nossa defesa, e fez o 0-2 num canto aos 40’, com o Robson Bambu a cabecear completamente sozinho(!!!) na nossa área. Em cima do intervalo, tivemos uma boa ocasião para reduzir, também num canto, mas nem o Pavlidis, nem o Otamendi conseguiram acertar bem na bola.
A 2ª parte foi toda nossa, mas sem grandes ocasiões de golo, verdade seja dita. Um remate de fora da área do Bah, defendido pelo Matheus, foi o lance mais perigoso antes do 1-2 só aos 77’ num bom movimento do entrado ao intervalo Arthur Cabral, culminado com um remate de fora da área com o pé esquerdo. Houve outras situações como um remate do Kökçü de longe, um cabeceamento do Arthur Cabral ao lado, um remate do Di María, que o Pavlidis não conseguiu desviar, e outro do Amdouni que o guarda-redes defendeu bem, mas não tivemos nem arte nem engenho para evitar a derrota, mesmo com uma pressão muito intensa durante todos os segundos 45’.
Em vez de fazer destaques individuais, vou justificar o título deste post, que para mim foi a causa da derrota:
1) A táctica da 1ª parte originou a colocação do Kökçü na posição seis e o Leandro Barreiro no lugar do turco na meia-esquerda. É certo que o Florentino fez um jogo muito mau na lagartada e que a substituição que foi feita nessa altura implicou esse posicionamento, mas o jogo era completamente diferente! A lagartada estava a ganhar, mas estava absolutamente de rastos em termos físicos. No sábado, era o início do jogo e o Braga estava todo fresquinho! Colocar o Kökçü a trinco foi um disparte atroz, porque assim que o adversário passava a nossa primeira fase de pressão, tinha uma autêntica via verde até à nossa área, dado que o turco não é de todo um médio defensivo! A situação foi corrigida ao intervalo e viu-se bem a diferença.
2) Na 2ª parte, entrou o Arthur Cabral e saiu o Aursnes. Estávamos a perder por 2-0 e alguma coisa teria de ser feita, mas ter um segundo avançado com o Amdouni no banco, ele que até tem entrado bem durante os jogos e marcado golos, e preferir alinhar com Pavlidis e Cabral na frente é algo que eu não consigo de todo perceber! A falta de entrosamento entre os dois pontas-de-lança foi bem reveladora da estupidez desta substituição.
3) O Aktürkoğlu está sem fazer nada há uma série de jogos e não só continuou a ser titular, como ficou em campo até aos 67’...!
4) Colocar o Renato Sanches, sem ritmo de jogo, numa partida em que estávamos a pressionar fortemente e num ritmo alto foi outra decisão que carece de explicação. Ainda por cima, porque isso implicou voltar a tirar o Barreiro do meio, ele que até estava a ser dos menos maus.
5) Finalmente, a pièce de résistence foi, depois do 1-2, o Lage ter tido a brilhante ideia de tirar o Di María, um dos poucos que consegue ser decisivo num único lance para colocar o... Beste!!! Com o Rollheiser no banco, acrescente-se! Beste que, recordo, foi o nosso pior jogador na última vez que fez os 90’, frente ao Estoril, e que inexplicavelmente tem sempre prioridade em relação aos outros extremos do plantel. O resultado desta fantástica substituição foi não termos criado uma única(!) oportunidade de golo até final do jogo...!
Iremos voltar a defrontar o Braga na meia-final da Taça da Liga já nesta 4ª feira. Há um troféu em disputa, que já não ganhamos há uma série de anos, e é para voltar a ganhar já esta temporada. Até porque isso daria um boost de confiança ao plantel muito necessário nesta altura. Mas não só temos de dar uma volta de 180º em relação ao que temos visto nos últimos tempos, como convinha muito que o Lage não voltasse a inventar...!