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terça-feira, março 03, 2020

Descalabro

Empatámos em casa ontem frente ao Moreirense (1-1) e perdemos a liderança do campeonato, estando agora um ponto atrás do CRAC (2-0 ao Santa Clara nos Açores). Foi há menos de um mês (8 Fevereiro) que fomos a Mordor com sete pontos de vantagem. Repito: s e t e  p o n t o s de vantagem! Quatro jogos depois, oito pontos foram ao ar, com a agravante de cinco deles terem sido na Luz! Foi um mês verdadeiramente horripilante, em que, para piorar ainda mais as coisas, fomos eliminados precocemente das competições europeias. E o único aspecto positivo, a qualificação para a final da Taça de Portugal, foi conseguida de uma maneira muito lisonjeira e graças a São Vlachodimos.

O Bruno Lage tinha dito que para este jogo era “Samaris e mais dez” e o grego correspondeu sendo um dos melhores em campo. O Moreirense defendeu muito na 1ª parte e nós tivemos bastantes dificuldades em conseguir superá-los, até porque o Taarabt fugia da zona de finalização e o Carlos Vinícius estava invariavelmente sozinho no meio de ‘n’ defesas contrários. Para (não) ajudar, nem sempre empregávamos a velocidade necessária e estávamos coxos do lado direito, porque o Tomás Tavares parecia que tinha uma corda a impedi-lo de progredir até à linha de fundo. Mesmo assim, ainda tivemos umas quantas boas oportunidades, com o C. Vinícius a ultrapassar o guarda-redes, mas a ficar com pouco ângulo, tendo o remate sido interceptado por um defesa, um remate do Pizzi na direita que o Pasinato defendeu para canto e, na melhor jogada da 1ª parte, com o Rúben Dias a iniciar e finalizar com um remate de carrinho, que passou rente ao poste. Quase em cima do intervalo, foi o Grimaldo a atirar ao poste num centro-remate, com a recarga do Rafa a ser cortada por um defesa. Do outro lado, houve dois jogadores do Moreirense que apareceram frente-a-frente com o Vlachodimos, mas da primeira vez este foi rapidíssimo e conseguiu sair aos pés do avançado contrário, e da segunda o cabeceamento passou por cima da barra.

Na 2ª parte, poderíamos ter simplificado muito as coisas logo no reinício. Aos 47’ o Tomás Tavares centrou da direita e um defesa cortou a bola com o cotovelo aberto. No penalty respectivo, o Pizzi atirou excepcionalmente para o lado direito da baliza, enganando o guarda-redes, mas a bola... saiu ao lado! Logo a seguir, entrou finalmente na baliza através do Rafa, todavia o lance foi invalidado pelo VAR, porque o Pizzi fez um carrinho em que atirou a bola ao poste, mas esta bateu-lhe na mão, antes de sobrar para o nº 27. A partida parecia enguiçada e por volta da hora de jogo o Bruno Lage fez sair o Weigl para entrar o Dyego Sousa. O Samaris já tinha amarelo, mas o que é facto é que estava a jogar melhor que o alemão e o Lage decidiu arriscar a sua continuidade. (Eventualmente poderia ter saído o Ferro, recuando o Weigl para o centro da defesa...) No entanto, o balde de água fria surgiu aos 67’ com o golo do Moreirense: jogada pelo lado esquerdo com centro para a área, o Ferro (lá está...) não cortou o lance (quiçá com medo de mais um autogolo) e o Fábio Abreu entrou de rompante nas suas costas, atirando sem hipóteses para o Vlachodimos. As coisas ficaram muito negras e o Bruno Lage não ajudou nada no banco (para variar...): fez entrar (e bem) o Cervi, mas tirou o Rafa que, apesar de não estar a fazer um jogo brilhante, é sempre imprevisível, e, pior ainda, colocou o Jota no lugar do... Taarabt! Saía o único jogador nosso que parte para cima dos adversários e arrisca a fintar e criar desequilíbrios... Quer dizer: em Mordor acabámos com os três pontas-de-lança em campo e o Pizzi a lateral-direito, ontem todos os defesas ficaram em campo até final...! Incompreensível! O C. Vinícius teve um remate por cima, depois de assistido pelo Grimaldo na esquerda, mas pouco mais perigo criámos, porque... não havia ninguém para desequilibrar a defesa! Num contra-ataque venenoso, o Moreirense só não fechou o jogo, porque o remate do Pedro Nuno isolado saiu ao lado. Em cima dos 90’, o Cervi antecipou-se a um defesa na área e foi pontapeado por trás. O Sr. Fábio Veríssimo assinalou o respectivo penalty, o C. Vinícius ainda pegou na bola, mas o Pizzi quis marcar novamente o penalty. Atirou, como de costume, para o lado esquerdo da baliza, muito pouco colocado, o guarda-redes defendeu, mas felizmente para a frente e o nº 21 fez o empate. Teve uma sorte enorme no ressalto! Até final, o Dyego Sousa e o Pizzi ainda remataram, mas o Pasinato defendeu sem muitas dificuldades. Acabou assim um jogo em que era fundamental ganharmos e só não perdemos por pouco...

Em termos individuais, gostei do Samaris, que é o jogador mais parecido com o Gabriel a variar o flanco com passes em profundidade. Continuo sem perceber, porque é que o Lage só agora se lembrou dele... O Taarabt não esteve tão bem como em jogos anteriores, mas neste momento é dos poucos que arrisca desequilibrar. Foi das pouquíssimas vezes que assobiei contra nós, mas não me consegui conter na altura da sua substituição! (Será que o Lage não vê o mesmo jogo que nós vemos...?!) E, por favor, alguém eu diga ao Tomás Tavares que pode (e deve) subir pelo flanco direito para criar desequilíbrios, especialmente em jogos como este...! Obrigado.

Claro que só estamos a um empate de voltar à liderança, mas sinceramente o panorama apresenta-se-nos muito negro. Perder oito pontos em menos de um mês e deixar de depender de si próprio para chegar ao título tem um enorme efeito negativo em nós e positivo nos outros. Não nos estou a ver com capacidade para inverter isto. O plantel parece descrente e joga sob brasas, e o treinador está a ter uma série de opções a partir do banco nos últimos jogos que só estragam a equipa. Não percebo como é que ninguém lá dentro vê isto... Conseguimos dar cabo de uma vantagem de sete pontos em apenas quatro jogos e maioritariamente em casa...! Vai custar muito perder um campeonato assim.

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