quinta-feira, novembro 28, 2024
Sorte do jogo
Conseguimos ontem uma vitória muito importante no Mónaco
(3-2) na 5ª jornada da fase de liga da Champions.
Depois de dois desaires consecutivos, era fundamental somar pontos neste jogo e
na recepção ao Bolonha antes de irmos defrontar o Barcelona e a Juventus. Foi
um triunfo saboroso, até pela reviravolta nos minutos finais, mas convém
descermos à terra e termos noção de que tivemos muita sorte no modo como ele
foi obtido.
Com a equipa-tipo de volta, não entrámos nada bem e sofremos o 0-1 logo aos 13’ pelo Seghir num lance em que fomos apanhados em contrapé num contra-ataque rápido. A precisar de pontuar, tomámos as rédeas da partida e começámos a limpar a má imagem deixada em Munique. No entanto, na frente revelámos falta de inspiração, nomeadamente pelo Pavlidis, que parece dar sempre um toque a mais na bola, quando seria necessário ter mais espontaneidade de remate. Mas foi do Di María a melhor oportunidade até ao intervalo, quando o atraso de um defesa o deixou isolado frente ao guarda-redes Majecki, mas permitiu a defesa deste com o pé. Falhanço incrível! Na sequência desse canto, foi o Otamendi a antecipar-se de cabeça a um defesa e ao Majeck, mas a bola caprichosamente passou por cima da barra. Ou seja, deveríamos ter ido para o intervalo a ganhar e fomos a perder. Porém, há que salientar a enorme sorte que tivemos com o Sr. Rade Obrenovic, o árbitro esloveno. Esteve mal ao mostrar o amarelo ao Florentino logo aos 5’, mas depois poupou inacreditavelmente o segundo amarelo a este e, principalmente, ao Carreras, que entretanto também tinha visto um (que até poderia ter sido vermelho directo, fosse o VAR mais rigoroso...). Como sintoma do desnorte que teve, ainda encharcou três jogadores do Mónaco com amarelos por causa dos protestos, um dos quais revelar-se-ia fundamental no desfecho da partida. Muito pouca classe, a deste árbitro, neste caso a nosso favor (também temos direito a ser beneficiados nas provas europeias de vez em quando... Sim, porque eu lembro-me muito bem disto e disto, por exemplo...).
O Bruno Lage, apesar de o Florentino e o Carreras estarem bastante condicionados, arriscou e não mexeu na equipa ao intervalo. Logo no reatamento, tivemos mais uma dose de estrelinha, quando o Otamendi é mal batido pelo poderio físico do suíço Embolo, que depois atirou com estrondo ao poste do Trubin. Teria certamente sido xeque-mate no jogo, caso a bola tivesse entrado... Não entrou na nossa baliza, entrou na adversária aos 48’, noutro atraso muito mal calculado, desta feita pelo defesa-esquerdo Caio Henrique, que coincidiu com uma saída igualmente péssima do guarda-redes, que não conseguiu acertar na bola e permitiu que o Pavlidis fizesse um dos golos mais fáceis da sua carreira, logo para estreia a marcar na Champions. O mérito do grego foi ter percebido de imediato que o atraso iria acontecer e ter corrido logo na direcção do guarda-redes. O jogo estava um bocado partido e houve mais um golo para cada lado, anulado pelo VAR por fora-de-jogo em ambos os casos. Se o dos franceses foi logo evidente na jogada corrida, o nosso enganou-me bem, porque festejei quando o Bah meteu a bola na baliza na sequência de uma assistência do Di María, mas este estava com o rabo(!) fora-de-jogo. A olho nu parece estar em linha e é só lerem o que tenho escrito aqui ao longo dos tempos para perceberem que acho uma estupidez anularem-se golos por menos de 10 cm (como deve ter sido o caso). Parece em linha à primeira vista, dá-se a vantagem à equipa que ataca, como se fazia antigamente. Entre os dois golos anulados, o Pavlidis teve uma óptima cabeçada depois de um centro do Aktürkoğlu, que proporcionou uma excelente defesa do guarda-redes.
À passagem da hora de jogo, deu-se o acontecimento que desequilibrou a partida com o segundo amarelo (justo) mostrado ao central Singo, por atingir o Pavlidis na cabeça com o braço numa disputa aérea. Ora, este tinha sido um dos jogadores que tinha visto o amarelo nos protestos da 1ª parte. A jogar com mais um, o Bruno Lage arriscou e tirou o Florentino para colocar o Amdouni, para além de ter trocado os pontas-de-lança (Pavlidis pelo Cabral). Se, na teoria, isto parecia bem dado que estávamos em superioridade numérica, na prática foi um desastre, porque o Mónaco, mesmo com dez, tomou conta do meio-campo, porque deixámos de ter alguém para correr atrás dos adversários e recuperar bolas. Espero que o Lage tenha percebido isto de vez, até porque tinha o Leandro Barreiro no banco e, se queria poupar (e bem) o Florentino original de um possível segundo amarelo, tinha um clone do Florentino no banco. Também já aqui escrevi que não gosto nada de ver o Aursnes a seis, porque não é o tipo de jogador de andar atrás dos adversários, e como o Kökçü também não tem espírito nenhum defensivo, estendemos uma autêntica passadeira ao Mónaco. De tal forma, que fizeram o 2-1 praticamente a seguir às nossas substituições, num lance em que o marcador do golo, Magassa, surgiu completamente sozinho(!) já dentro da nossa área, depois de um centro atrasado na esquerda, que ainda desviou no Carreras, para rematar rasteiro sem hipóteses para o Trubin. Sem um Florentino em campo, ninguém foi marcar aquela zona central da área... Acusámos (e de que maneira!) o golo e durante 20’ até parecia que eram os franceses a jogarem com mais um, tal o à-vontade com que manobravam no nosso meio-campo. O Benfica parecia completamente perdido e sem capacidade de reacção. Eu estava a ver isto muito negro e a não querer acreditar que iríamos conseguir perder um desafio a jogar contra dez...!
No entanto, o facto de termos um génio no plantel tem as suas vantagens. Aos 84’, o Di María tira um autêntico coelho da cartola com um cruzamento perfeito do lado esquerdo para a área para o Arthur Cabral entrar de rompante de cabeça e restabelecer a igualdade. Grande golo! A cabeçada foi tão poderosa que o brasileiro até ficou um pouco abananado depois dela, também por ter disputado a bola com um defesa e ter tido a coragem de efectuar um remate de cabeça com aquela potência. A seguir a este golo, o Lage lá colocou o Leandro Barreiro no lugar do Aursnes e o Mónaco morreu de vez aí. A dois minutos do final, o Di María voltou a repetir a gracinha do centro teleguiado, desta feita da direita, e foi o até então muito apagado Amdouni a cabecear sem hipóteses para o guarda-redes. Como já vi por aí escrito, o Di María quase que obrigou os avançados a meterem a bola na baliza com aqueles dois centros magníficos! Até final, ainda deu para o Amdouni falhar o 4-2 isolado perante o guarda-redes, imitando o Di María na 1ª parte...
Em termos de destaques individuais, obviamente que o Di María tem de ter o maior de todos, com as duas assistências que permitiram a vitória. O Tomás Araújo esteve muito bem na defesa, muitas vezes compensando tanto o Bah, como o Otamendi, quando eram batidos. Tanto o Florentino como o Carreras deverão ter MUITO mais cuidado no futuro depois de verem amarelos, porque tiveram ambos muita sorte em não terem sido expulsos. O Bah teve algumas dificuldades defensivas na 1ª parte, mas subiu claramente de produção na 2ª. É sempre bom para a sua confiança quando são os substitutos a marcar golos e o Amdouni, em particular, deve ter o melhor rácio de golos marcados/minutos em campo, enquanto o Arthur Cabral deve este importantíssimo golo ao facto de o Lage o ter mantido em campo, depois dos quatro falhanços inacreditáveis frente ao E. Amadora, porque ainda lhe permitiu marcar dois e restabelecer a sua confiança.
Foi uma vitória essencial e especial pelo modo como ocorreu. Mas, repito, temos de ter noção das circunstâncias que levaram a este desfecho e não repetir os erros que cometemos, nomeadamente a nível disciplinar e, em relação ao Lage, na leitura que faz do nosso jogo sem um trinco de raiz. Se nas provas nacionais, perante adversários mais fracos, ainda se pode admitir, a este nível de Champions espero que tenha sido a última vez que tenhamos jogado sem o Florentino ou Leandro Barreiro naquela posição.
Com a equipa-tipo de volta, não entrámos nada bem e sofremos o 0-1 logo aos 13’ pelo Seghir num lance em que fomos apanhados em contrapé num contra-ataque rápido. A precisar de pontuar, tomámos as rédeas da partida e começámos a limpar a má imagem deixada em Munique. No entanto, na frente revelámos falta de inspiração, nomeadamente pelo Pavlidis, que parece dar sempre um toque a mais na bola, quando seria necessário ter mais espontaneidade de remate. Mas foi do Di María a melhor oportunidade até ao intervalo, quando o atraso de um defesa o deixou isolado frente ao guarda-redes Majecki, mas permitiu a defesa deste com o pé. Falhanço incrível! Na sequência desse canto, foi o Otamendi a antecipar-se de cabeça a um defesa e ao Majeck, mas a bola caprichosamente passou por cima da barra. Ou seja, deveríamos ter ido para o intervalo a ganhar e fomos a perder. Porém, há que salientar a enorme sorte que tivemos com o Sr. Rade Obrenovic, o árbitro esloveno. Esteve mal ao mostrar o amarelo ao Florentino logo aos 5’, mas depois poupou inacreditavelmente o segundo amarelo a este e, principalmente, ao Carreras, que entretanto também tinha visto um (que até poderia ter sido vermelho directo, fosse o VAR mais rigoroso...). Como sintoma do desnorte que teve, ainda encharcou três jogadores do Mónaco com amarelos por causa dos protestos, um dos quais revelar-se-ia fundamental no desfecho da partida. Muito pouca classe, a deste árbitro, neste caso a nosso favor (também temos direito a ser beneficiados nas provas europeias de vez em quando... Sim, porque eu lembro-me muito bem disto e disto, por exemplo...).
O Bruno Lage, apesar de o Florentino e o Carreras estarem bastante condicionados, arriscou e não mexeu na equipa ao intervalo. Logo no reatamento, tivemos mais uma dose de estrelinha, quando o Otamendi é mal batido pelo poderio físico do suíço Embolo, que depois atirou com estrondo ao poste do Trubin. Teria certamente sido xeque-mate no jogo, caso a bola tivesse entrado... Não entrou na nossa baliza, entrou na adversária aos 48’, noutro atraso muito mal calculado, desta feita pelo defesa-esquerdo Caio Henrique, que coincidiu com uma saída igualmente péssima do guarda-redes, que não conseguiu acertar na bola e permitiu que o Pavlidis fizesse um dos golos mais fáceis da sua carreira, logo para estreia a marcar na Champions. O mérito do grego foi ter percebido de imediato que o atraso iria acontecer e ter corrido logo na direcção do guarda-redes. O jogo estava um bocado partido e houve mais um golo para cada lado, anulado pelo VAR por fora-de-jogo em ambos os casos. Se o dos franceses foi logo evidente na jogada corrida, o nosso enganou-me bem, porque festejei quando o Bah meteu a bola na baliza na sequência de uma assistência do Di María, mas este estava com o rabo(!) fora-de-jogo. A olho nu parece estar em linha e é só lerem o que tenho escrito aqui ao longo dos tempos para perceberem que acho uma estupidez anularem-se golos por menos de 10 cm (como deve ter sido o caso). Parece em linha à primeira vista, dá-se a vantagem à equipa que ataca, como se fazia antigamente. Entre os dois golos anulados, o Pavlidis teve uma óptima cabeçada depois de um centro do Aktürkoğlu, que proporcionou uma excelente defesa do guarda-redes.
À passagem da hora de jogo, deu-se o acontecimento que desequilibrou a partida com o segundo amarelo (justo) mostrado ao central Singo, por atingir o Pavlidis na cabeça com o braço numa disputa aérea. Ora, este tinha sido um dos jogadores que tinha visto o amarelo nos protestos da 1ª parte. A jogar com mais um, o Bruno Lage arriscou e tirou o Florentino para colocar o Amdouni, para além de ter trocado os pontas-de-lança (Pavlidis pelo Cabral). Se, na teoria, isto parecia bem dado que estávamos em superioridade numérica, na prática foi um desastre, porque o Mónaco, mesmo com dez, tomou conta do meio-campo, porque deixámos de ter alguém para correr atrás dos adversários e recuperar bolas. Espero que o Lage tenha percebido isto de vez, até porque tinha o Leandro Barreiro no banco e, se queria poupar (e bem) o Florentino original de um possível segundo amarelo, tinha um clone do Florentino no banco. Também já aqui escrevi que não gosto nada de ver o Aursnes a seis, porque não é o tipo de jogador de andar atrás dos adversários, e como o Kökçü também não tem espírito nenhum defensivo, estendemos uma autêntica passadeira ao Mónaco. De tal forma, que fizeram o 2-1 praticamente a seguir às nossas substituições, num lance em que o marcador do golo, Magassa, surgiu completamente sozinho(!) já dentro da nossa área, depois de um centro atrasado na esquerda, que ainda desviou no Carreras, para rematar rasteiro sem hipóteses para o Trubin. Sem um Florentino em campo, ninguém foi marcar aquela zona central da área... Acusámos (e de que maneira!) o golo e durante 20’ até parecia que eram os franceses a jogarem com mais um, tal o à-vontade com que manobravam no nosso meio-campo. O Benfica parecia completamente perdido e sem capacidade de reacção. Eu estava a ver isto muito negro e a não querer acreditar que iríamos conseguir perder um desafio a jogar contra dez...!
No entanto, o facto de termos um génio no plantel tem as suas vantagens. Aos 84’, o Di María tira um autêntico coelho da cartola com um cruzamento perfeito do lado esquerdo para a área para o Arthur Cabral entrar de rompante de cabeça e restabelecer a igualdade. Grande golo! A cabeçada foi tão poderosa que o brasileiro até ficou um pouco abananado depois dela, também por ter disputado a bola com um defesa e ter tido a coragem de efectuar um remate de cabeça com aquela potência. A seguir a este golo, o Lage lá colocou o Leandro Barreiro no lugar do Aursnes e o Mónaco morreu de vez aí. A dois minutos do final, o Di María voltou a repetir a gracinha do centro teleguiado, desta feita da direita, e foi o até então muito apagado Amdouni a cabecear sem hipóteses para o guarda-redes. Como já vi por aí escrito, o Di María quase que obrigou os avançados a meterem a bola na baliza com aqueles dois centros magníficos! Até final, ainda deu para o Amdouni falhar o 4-2 isolado perante o guarda-redes, imitando o Di María na 1ª parte...
Em termos de destaques individuais, obviamente que o Di María tem de ter o maior de todos, com as duas assistências que permitiram a vitória. O Tomás Araújo esteve muito bem na defesa, muitas vezes compensando tanto o Bah, como o Otamendi, quando eram batidos. Tanto o Florentino como o Carreras deverão ter MUITO mais cuidado no futuro depois de verem amarelos, porque tiveram ambos muita sorte em não terem sido expulsos. O Bah teve algumas dificuldades defensivas na 1ª parte, mas subiu claramente de produção na 2ª. É sempre bom para a sua confiança quando são os substitutos a marcar golos e o Amdouni, em particular, deve ter o melhor rácio de golos marcados/minutos em campo, enquanto o Arthur Cabral deve este importantíssimo golo ao facto de o Lage o ter mantido em campo, depois dos quatro falhanços inacreditáveis frente ao E. Amadora, porque ainda lhe permitiu marcar dois e restabelecer a sua confiança.
Foi uma vitória essencial e especial pelo modo como ocorreu. Mas, repito, temos de ter noção das circunstâncias que levaram a este desfecho e não repetir os erros que cometemos, nomeadamente a nível disciplinar e, em relação ao Lage, na leitura que faz do nosso jogo sem um trinco de raiz. Se nas provas nacionais, perante adversários mais fracos, ainda se pode admitir, a este nível de Champions espero que tenha sido a última vez que tenhamos jogado sem o Florentino ou Leandro Barreiro naquela posição.
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