segunda-feira, outubro 30, 2023
Descalabro
Empatámos no sábado frente ao Casa Pia (1-1) na Luz e deixamos fugir a lagartada na frente (2-0 no Bessa), estando agora a três pontos deles, tendo sido igualados pelo CRAC (2-0 em Vizela). Ou seja, perdemos pontos em todos os campos nesta jornada. Depois do desaire europeu a meio da semana, esperava-se uma resposta veemente da nossa parte, mas nada disso aconteceu.
O Schmidt mexeu muito na equipa por via das lesões do Bah, Kökçü e Musa, tendo entrado o Florentino, Arthur Cabral, com o Aursnes a passar do meio para a lateral direita. A fase lamentável que estamos a atravessar é bem exemplificada pelo facto de praticamente não termos criado oportunidades de golo na 1ª parte, fruto de uma lentidão exasperante de processos. Um remate do David Neres defendido pelo Ricardo Baptista foi a única ocasião antes de marcarmos um golo autenticamente vindo do céu: aos 44’ o João Mário fuzilou o guarda-redes, depois de assistência do Aursnes na direita, e livrou-se assim de uma substituição certa ao intervalo.
A 2ª parte foi bastante diferente e, infelizmente para nós, com o Casa Pia a mostrar-se muito mais em termos atacantes. Aos 52’, o Florentino tentou um corte na área, mas atingiu um adversário e fez penalty. Perante o Felippe Cardoso, o Trubin fez uma grande defesa e manteve-nos na frente do marcador. Depois deste golpe de sorte, era bom que acordássemos e tentássemos marcar mais um golo para colocar o resultado a salvo, mas foi o Casa Pia a continuar a criar oportunidades, tendo o Trubin cortado com o pé um centro muito perigoso. Entretanto, o Di María já tinha substituído o David Neres e teve uma grande ocasião num remate em arco, em que o Ricardo Baptista fez a defesa do encontro. Mas era o Casa Pia quem ameaçava mais e, depois de nova incursão pela direita em que não teve ninguém a desviar no centro da área, chegou mesmo à igualdade aos 81’ num lance caricato em que o entretanto entrado Jurásek foi novamente batido pelo Larrazabal, que ficou quase sem ângulo, mas ainda rematou para o Trubin deixar passar a bola por entre as pernas. Com aquele ângulo, a bola não pode simplesmente entrar! O lance foi tão inacreditável que houve um enorme silêncio no estádio e mesmo os adeptos do Casa Pia demoraram a celebrar. No pressing final nos últimos dez minutos, não fomos bafejados pela sorte, porque ainda atirámos duas bolas de cabeça aos ferros pelo Florentino e António Silva, uma cabeçada do Rafa foi defendida pelo guarda-redes e há um lance muito duvidoso de eventual empurrão ao entretanto entrado Tengstedt, que não foi assinalado pelo Sr. Cláudio Pereira.
Em termos individuais, ninguém se destacou por aí além, tal como frente à Real Sociedad. O Florentino regressou ao onze e, apesar de não estar na forma que o notabilizou na temporada passada e de ter feito um penalty imprevidente, é o único jogador de meio-campo com capacidade para roubar a bola ao adversário. O João Neves voltou a ser dos mais inconformados, mas não consegue fazer tudo sozinho. O Arthur Cabral roça cada vez mais o patético e é completamente um peixe fora de água. O João Mário fez o golo e foi só, e os laterais-esquerdos estiveram muito fracos, com o Jurásek a perder incontáveis bolas e a ser o responsável por deixar o pior acontecer sempre pelo seu lado. Quanto ao Trubin, eu prefiro guarda-redes que não defendam tantos penalties, mas que não deixem bolas quase sem ângulo passar por entre as pernas...
Defrontaremos amanhã o Arouca para a Taça da Liga e, para não ajudar nada à estamos com muitos problemas com lesões. Mas mais do que isso, é preciso que o Roger Schmidt perceba o que se passa e como nos deixámos chegar a esta situação. Há uma diferença abissal para o ano passado e o marasmo que vemos do banco é um sinal nada prometedor.
quinta-feira, outubro 26, 2023
Equívocos
Perdemos na 3ª feira frente à Real Sociedad na Luz (0-1) e só um milagre nos fará passar à próxima fase da Champions. Aliás, sinceramente, neste momento estou mais preocupado em mantermo-nos nas competições europeias do que propriamente irmos aos oitavos da Liga dos Campeões. Depois de duas épocas consecutivas em que chegámos aos quartos-de-final da maior prova de clubes do mundo, a perspectiva de sairmos da Europa em Dezembro é uma enorme desilusão.
Há jogos em que ganhamos e não merecemos, há jogos em que perdemos e devíamos ter ganho, e depois há jogos como este em que perdemos e bem. Para colocar as coisas em modo muito simples: sim, levámos um banho de bola dos bascos! Com o Kökçü recuperado de lesão, mas no banco, o Schmidt apostou no Aursnes e João Neves no meio-campo, com o João Mário na esquerda e o David Neres na direita (o Di María também estava lesionado). Na frente, esteve o Musa com o Rafa. Ou seja, o problema começou logo na constituição inicial: o Aursnes não joga a seis há séculos e, para não variar, não tínhamos ninguém para correr atrás do adversário e tentar roubar bolas. A Real Sociedad manobrou sempre muito à vontade no nosso meio-campo e não se percebe esta não-utilização do Florentino em jogos como este. Florentino, esse, que recordemos liderou as intercepções de bola na Champions do ano passado (sim, eu sei, não jogou nada bem no Estoril, mas também quem é que jogou bem nesse jogo? Além de que esta era uma partida com características muito diferentes das da Amoreira). E era tão fácil resolver isto: Florentino no meio e Aursnes no lugar onde mais se salientou na temporada passada, o lado esquerdo do meio-campo, que teria tido igualmente a enorme vantagem de não termos de levar com a lesma do João Mário. Praticamente não conseguimos criar perigo na 1ª parte, excepção a um golo anulado por fora-de-jogo do Rafa. Do outro lado, também houve um golo anulado, mas a Real Sociedad esteve sempre muito mais perto da nossa baliza.
Para a 2ª parte, era obrigatório uma melhoria do nosso lado. É certo que o Schmidt fez mudanças, mas colocou o Kökçü no lugar do João Mário e o Arthur Cabral no do Musa. Passámos a jogar num 4-3-3 com o turco na posição seis, ladeado pelo Aursnes e João Neves, e a inutilidade ambulante do Arthur Cabral na frente, quando o Musa até estava a dar luta aos defesas, ganhando algumas bolas de cabeça, mas sem ter praticamente jogo nenhum a chegar-lhe em condições. Ou seja, não se justificava de todo que fosse substituído! Ora bem, foi pior a emenda do que o soneto: o Kökçü era um passador a meio-campo, porque não só não tem características para jogar naquela posição, como também me pareceu estar longe dos 100% em termos físicos. O inevitável golo da Real Socidad surgiu aos 63’, num lance em que o Bah não fez tudo o que estava ao seu alcance e depois o Brais Méndez só teve de encostar. Pouco depois, ainda vimos uma bola rematada pelo japonês Kubo embater na nossa barra e só com a entrada do Tiago Gouveia a vinte minutos do fim agitámos um pouco as águas, mas sem nunca conseguirmos remeter os espanhóis à sua área, nem criar lances de golo iminente.
Ninguém merece um destaque individual, porque foi tudo demasiado mau. Mesmo assim, foram os miúdos da formação (António Silva, João Neves e Tiago Gouveia) quem se mostrou mais informado. Sinceramente, não percebo algumas das opções do Schmidt, que me parecem perfeitamente injustificadas com aquilo que vamos vendo em campo: já não é só a ausência do Florentino, é a insistência em fazer o Aursnes saltar entre várias posições no mesmo jogo (acabou este a defesa-direito!) e a nunca sair mesmo se estiver a jogar mal, esta entrada do Arthur Cabral não lembrou ao diabo, o Gonçalo Guedes no banco o tempo todo é inexplicável, enfim, toda uma série de equívocos que terão de ser corrigidos rapidamente, sob pena de termos aqui uma reedição da segunda temporada do Bruno Lage: depois de uma primeira brilhante, espalhámo-nos ao comprido com estrondo.
É que não são só os zero pontos ao fim da 3ª jornada. Temos igualmente zero golos marcados em 270’ de futebol! Ou arrepiamos caminho rapidamente ou arriscamo-nos a igualar aquela temporada ignóbil do Rui Vitória das seis derrotas na Champions.
segunda-feira, outubro 23, 2023
Em frente na Taça
Vencemos o Lusitânia nos Açores por 4-1 na passada 6ª feira e apurámo-nos para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal. Ao contrário da época passada, encarámos esta partida com outro nível de concentração e não passámos por sobressaltos. Claro que também ajudou o facto de o Roger Schmidt só ter deixado de fora os jogadores que estiveram nas selecções nacionais.
Inaugurámos o marcado logo aos 9’ através do João Mário, de calcanhar, depois de assistência do Aursnes. O mais complicado foi feito relativamente cedo, o que me tranquilizou até porque não parava de chover nos Açores e perspectivava-se que o relvado começasse a ficar pesado, o que teoricamente não nos favoreceria. Aos 36’, aumentámos a vantagem através do Rafa, a corresponder muito bem à assistência do Chiquinho, que o isolou. Como nesta eliminatória ainda não há VAR, pudemos festejar os golos à vontade e não tivemos de esperar pela confirmação de que o Rafa estava mais do que em jogo. Em cima do intervalo e na sequência de um canto, o Aursnes teve uma paragem cerebral e saltou à bola com os braços esticados, tendo atingido um adversário. O óbvio penalty foi convertido pelo Ferrara e fomos para o descanso com a vantagem mínima, quando tudo já deveria estar decidido.
Na 2ª parte, entraram o Gonçalo Guedes e o Jurásek para os lugares do apagado Tengstedt e do Bernat. O Lusitânia começou a acusar o facto de estar num campeonato inferior ao nosso e as pernas foram cedendo, não lhes permitindo quase passar do meio-campo. Nós fomos pressionado mais, tivemos algumas oportunidades e acabámos por fazer o 3-1 aos 68’ na estreia do Arthur Cabral a marcar pelo Benfica: assistência do Gonçalo Guedes e o avançado brasileiro picou a bola por cima do guarda-redes, tendo esta ainda batido no poste antes de entrar. O Guedes ainda viu dois golos seus invalidados (um por fora-de-jogo e outro por falta sobre o defesa), mas fechámos a contagem aos 87’ num óptimo golo do Tiago Gouveia, entretanto entrado, que correu desde o meio-campo, bateu um defesa e também picou a bola sobre o guarda-redes.
Em termos individuais, o João Neves encheu o campo todo. O Guedes entrou muito bem na 2ª parte e deu um dinamismo que o Tengstedt não conseguiu. Também o Jurásek me parece com melhor pedalada neste momento do que o Bernat, mas nenhum deles nos vai deixar de ter saudades do Grimaldo... O Arthur Cabral lá marcou finalmente, mas não acho de todo que esteja em condições de assumir a titularidade, até porque o Musa é muito mais dinâmico do que ele, especialmente quando se trata de dar luta aos defesas.
O nosso histórico na Taça de Portugal no último quarto de século é algo que não pode deixar de nos envergonhar enquanto benfiquistas. Gosto muito que o nosso treinador tenha percebido isso (especialmente depois da estreia miserável com o Caldas na época passada) e tenha dito que quer ir ao Jamor em Maio. Eu também!
sexta-feira, outubro 20, 2023
No Euro 2024
E ao 7º e 8º jogo da era Martínez, finalmente começámos a jogar algum futebol de jeito. Vencemos a Eslováquia em casa por 3-2 na passada 6ª feira e selámos logo ali a qualificação para o Euro 2024, até porque o Luxemburgo empatou na Islândia (1-1), e, não contentes com isso, fomos golear (5-0) à Bósnia na 3ª feira, num resultado algo surpreendente.
Para a recepção à Eslováquia, o Roberto Martínez inovou ao colocar o Gonçalo Ramos ao lado do Cristiano Ronaldo. Dado que este bisou e aquele inaugurou o marcador, pode dizer-se que a experiência foi bem-sucedida. A 1ª parte do jogo foi do melhor que se tem visto até agora e a vantagem de 2-0 ao intervalo pecava bastante por escassa, tal o volume de jogo e oportunidades que tivemos. Na 2ª parte, desconcentrámo-nos, permitimos que os eslovacos reduzissem, ainda aumentámos para 3-1 pouco depois, mas voltámos a permitir novo golo do adversário. Sofremos os dois primeiros golos desta fase de qualificação, mas a nossa vitória nunca esteve em causa.
Sinceramente esperava que, estando a qualificação garantida e com o histórico sempre complicado da visita à Bósnia, tirássemos um pouco o pé de acelerador e passássemos por dificuldades. Ao invés, chegámos ao intervalo a ganhar por 5-0! Dois golos do C. Ronaldo com os outros a serem apontados por Bruno Fernandes, João Cancelo e João Félix foram uma demonstração inequívoca da boa forma actual da nossa selecção. Na 2ª parte, abrandámos, o que é natural, mas este jogo permitiu ainda na parte final a 1ª internacionalização do João Neves.
Com quatro golos em dois jogos e um total de nove nesta fase de qualificação, o C. Ronaldo merece obviamente destaque. Com duas assistências no primeiro jogo e um golo no segundo, o Bruno Fernandes é outros dos imprescindíveis desta selecção. O João Félix entrou muito bem contra os eslovacos e deu um verdadeiro show na Bósnia. Dá gosto ver a alegria com que está novamente a jogar, depois de alguns anos perdidos numa equipa que não é de todo para ele. O Rafael Leão é que esteve um pouco discreto nestes dois jogos, mas é sempre alguém que pode partir o jogo na esquerda. No meio-campo, o João Palhinha e o Danilo deram consistência, cada um fazendo um dos jogos, e na defesa parece que abandonámos de vez os três centrais, com o Rúben Dias a fazer dupla com o António Silva no primeiro e com o Gonçalo Inácio no segundo.
Conseguimos inéditas oito vitórias consecutivas o que só por si já dá um lugar na história ao Roberto Martínez. Sim, o grupo era bastante acessível, mas já os tivemos no passado e sem este rendimento. Vejamos o que nos traz a preparação para o Euro 2024 e, principalmente, a nossa performance no torneio. Mas, de facto, já fazia falta alguém que soubesse potenciar deviamente a qualidade ofensiva dos nossos jogadores.
domingo, outubro 08, 2023
Preocupante
Numa das piores exibições desde que o Roger Schmidt é nosso
treinador, vencemos ontem no Estoril por 1-0 e aguardamos hoje pelos jogos dos
rivais para ver se a nossa liderança deixa de ser provisória. Depois da derrota
em Milão, exigia-se uma resposta à altura, até porque o campeonato vai parar para
as selecções e convinha não perder a vantagem adquirida sobre o CRAC na jornada
passada. No entanto, nada disto aconteceu e a nossa exibição foi inenarrável,
com o golo da vitória a surgir só aos 93’...!
O Roger Schmidt promoveu uma autêntica revolução no onze e as coisas não correram nada bem. O meio-campo foi novo com o Florentino e Chiquinho nos lugares do João Neves e Kökçü (lesionado), o Jurásek alinhou na lateral esquerda com o bombeiro Aursnes a substituir o lesionado Bah na direita, o João Mário no lugar do também lesionado Di María e a maior surpresa foi o Tengstedt na frente. A 1ª parte foi de fugir com raríssimas ocasiões de golo da nossa parte, uma percentagem pornográfica de perdas de bolas nas transições, velocidade de execução era algo que não nos assistia e incapacidade inesperada de conter os contra-ataques dos canarinhos. O Tengstedt fez dois bons movimentos de desmarcação, mas estragou tudo com os remates, quando até estava em boa posição, o David Neres proporcionou ao guarda-redes Marcelo Carné a melhor defesa da partida, com o Jurásek na recarga a atirar para as nuvens, e do outro lado o Estoril chegou a assustar o Trubin mais do que uma vez. É certo que a nossa exibição estava a ser paupérrima, mas isso não invalida que nem o árbitro, Sr. André Narciso, nem o VAR, sr. Rui Gomes Costa, tenham feito vista grossa a um penalty sobre o Tengstedt por empurrão evidente, depois de o dinamarquês cabecear a bola. É indiferente se foi antes ou depois do toque na bola, é empurrão na área, é penalty. Ponto.
Na 2ª parte, conseguimos o feito de jogar ainda pior do que na 1ª! Até foi o Estoril a criar as melhores oportunidades, com destaque para um remate ao poste do Heriberto. Perante este cenário, tornou-se absolutamente incompreensível como é que o Roger Schmidt demorou 70’(!) a começar a fazer substituições...! Mais: o João Mário, que se arrastou a partida inteira, só saiu aos 85’! Um remate um pouco à figura, mas com força, do Otamendi terá sido das poucas oportunidades que tivemos, mas o guarda-redes voltou a defender, Otamendi, esse, que já em cima dos 90’ falhou incrivelmente o remate na sequência de um canto, quando tinha a baliza a mercê. Até que aos 93’, o milagre aconteceu também num canto, com amortecimento do Musa e cabeçada muito oportuna do António Silva, quase deitado, a fazer o 1-0. Mesmo assim, ainda permitimos ao Estoril uma enorme ocasião, também num canto, com um remate que o António Silva defendeu com a cabeça(!), salvando o vitória mesmo sob o apitou final. Em termos individuais, o destaque vai inteirinho para o António Silva. Um golo e a defesa de cabeça que permitiu manter o empate justificam-no completamente. De resto, poucos mais se safaram de uma avaliação muito negativa. O Florentino e o Chiquinho perderam imensas bolas a meio-campo, o Tengstedt está a anos-luz do Musa, o João Mário precisa de ir para a bancada durante uns tempos, enfim, foi tudo mau demais para ser verdade.
Mas quem mais me preocupa é o Roger Schmidt. Aquele marasmo desde o banco não é normal. É impossível que não tenha visto ontem que uma série de jogadores simplesmente não estavam em campo. E, mesmo assim, demorou séculos a mexer na equipa! Não sei o que quis provar, mas peço-lhe encarecidamente que não volte a fazer o mesmo. Infelizmente, esta temporada está a assemelhar-se demasiado à segunda do Bruno Lage. Depois de arrasarmos na primeira, parece que desaprendemos de jogar. As consequências disso toda a gente ainda se lembra. Esperemos que, desta feita, o filme tenha um final diferente.
O Roger Schmidt promoveu uma autêntica revolução no onze e as coisas não correram nada bem. O meio-campo foi novo com o Florentino e Chiquinho nos lugares do João Neves e Kökçü (lesionado), o Jurásek alinhou na lateral esquerda com o bombeiro Aursnes a substituir o lesionado Bah na direita, o João Mário no lugar do também lesionado Di María e a maior surpresa foi o Tengstedt na frente. A 1ª parte foi de fugir com raríssimas ocasiões de golo da nossa parte, uma percentagem pornográfica de perdas de bolas nas transições, velocidade de execução era algo que não nos assistia e incapacidade inesperada de conter os contra-ataques dos canarinhos. O Tengstedt fez dois bons movimentos de desmarcação, mas estragou tudo com os remates, quando até estava em boa posição, o David Neres proporcionou ao guarda-redes Marcelo Carné a melhor defesa da partida, com o Jurásek na recarga a atirar para as nuvens, e do outro lado o Estoril chegou a assustar o Trubin mais do que uma vez. É certo que a nossa exibição estava a ser paupérrima, mas isso não invalida que nem o árbitro, Sr. André Narciso, nem o VAR, sr. Rui Gomes Costa, tenham feito vista grossa a um penalty sobre o Tengstedt por empurrão evidente, depois de o dinamarquês cabecear a bola. É indiferente se foi antes ou depois do toque na bola, é empurrão na área, é penalty. Ponto.
Na 2ª parte, conseguimos o feito de jogar ainda pior do que na 1ª! Até foi o Estoril a criar as melhores oportunidades, com destaque para um remate ao poste do Heriberto. Perante este cenário, tornou-se absolutamente incompreensível como é que o Roger Schmidt demorou 70’(!) a começar a fazer substituições...! Mais: o João Mário, que se arrastou a partida inteira, só saiu aos 85’! Um remate um pouco à figura, mas com força, do Otamendi terá sido das poucas oportunidades que tivemos, mas o guarda-redes voltou a defender, Otamendi, esse, que já em cima dos 90’ falhou incrivelmente o remate na sequência de um canto, quando tinha a baliza a mercê. Até que aos 93’, o milagre aconteceu também num canto, com amortecimento do Musa e cabeçada muito oportuna do António Silva, quase deitado, a fazer o 1-0. Mesmo assim, ainda permitimos ao Estoril uma enorme ocasião, também num canto, com um remate que o António Silva defendeu com a cabeça(!), salvando o vitória mesmo sob o apitou final. Em termos individuais, o destaque vai inteirinho para o António Silva. Um golo e a defesa de cabeça que permitiu manter o empate justificam-no completamente. De resto, poucos mais se safaram de uma avaliação muito negativa. O Florentino e o Chiquinho perderam imensas bolas a meio-campo, o Tengstedt está a anos-luz do Musa, o João Mário precisa de ir para a bancada durante uns tempos, enfim, foi tudo mau demais para ser verdade.
Mas quem mais me preocupa é o Roger Schmidt. Aquele marasmo desde o banco não é normal. É impossível que não tenha visto ontem que uma série de jogadores simplesmente não estavam em campo. E, mesmo assim, demorou séculos a mexer na equipa! Não sei o que quis provar, mas peço-lhe encarecidamente que não volte a fazer o mesmo. Infelizmente, esta temporada está a assemelhar-se demasiado à segunda do Bruno Lage. Depois de arrasarmos na primeira, parece que desaprendemos de jogar. As consequências disso toda a gente ainda se lembra. Esperemos que, desta feita, o filme tenha um final diferente.
quinta-feira, outubro 05, 2023
Justo
Perdemos na 3ª feira em Milão (0-1) frente ao Inter e continuamos com zero pontos na Liga dos Campeões desta temporada. Depois de uma 1ª parte, em que tivemos algum domínio, embora sem criar grandes oportunidades de golo, fomos completamente arrasados na 2ª e o resultado só peca por escasso.
O Schmidt surpreendeu na equipa inicial, com a estreia absoluta do Bernat na lateral esquerda e a subida do Aursnes para o meio-campo em detrimento do Musa, tendo o ataque móvel sido entregue ao David Neres, Rafa e Di María. Esta táctica de não alinhar com um ponta-de-lança não resultou na 1ª parte na Supertaça (e eu estava muito céptico em relação a ela), mas não correu assim muito mal pelo menos nos primeiros 45’. Já a não-presença do Florentino no onze, numa partida com estas características, é algo que não compreendo. O Inter Milão jogou à italiana na 1ª parte, tendo-nos dado a bola, mas criado perigo em transições rápidas, com o Dumfries a falhar um par de oportunidades. Nós só tivemos uma verdadeira ocasião, pelo Aursnes depois de um lançamento lateral, em que aproveitámos a desconcentração deles, mas o Sommer defendeu bem para canto. Quase a meio da 1ª parte, tivemos o contratempo da lesão do Bah, que foi substituído na lateral direita pelo central Tomás Araújo (não se arranjou um concorrente directo para o dinamarquês e depois é isto...).
Na 2ª parte, fomos autenticamente massacrados pelos italianos. E devemos ao Trubin termos saído de Milão só com um golo sofrido, dado que só à sua conta deve ter salvado uns três golos certos, dois deles ao Lautaro Martínez, que não só viu também o Otamendi cortar um remate dele que ia entrar na baliza, como ainda atirou mais duas bolas aos ferros! Só aqui estaria uma meia-dúzia de golos na nossa baliza. Acabou por só entrar um, aos 62’, pelo Marcos Thuram a rematar de primeira depois de um centro atrasado do Dumfries na direita, num lance no limite do fora-de-jogo. Apesar de estarmos a ser completamente empurrados para trás desde o início da 2ª parte, o Schmidt só mexeu na equipa depois de sofrer o golo. E voltou a cometer o erro de não colocar o Florentino, mas sim o Chiquinho. Ou seja, continuámos sem conseguir parar a avalanche italiana, mas verdade seja dita nenhuma das outras substituições resolveu grande coisa, mesmo tendo nós terminado o encontro com dois pontas-de-lança (Musa e Arthur Cabral). Mesmo assim, o Arthur Cabral rematou ao lado num lance em que deveria ter feito melhor, depois de ser assistido pelo Neres.
Em termos individuais, o Trubin está no bom caminho no seu processo de des-robertização, tendo sido indiscutivelmente o nosso melhor jogador. O David Neres na 1ª parte ainda deu um ar de sua graça, mas tal como o resto da equipa afundou-se depois do intervalo. O Bernat é bom jogador, mas nota-se uma natural falta de ritmo. (Já agora, estando ele livre para que é que se foi gastar 14M€ no Jurásek...?) Outro que tem de jogar mais nestes jogos é o Kökçü, até pelo preço que custou. O João Neves tem uma capacidade de luta inacreditável, mas perante estas equipas mais possantes às vezes perde-se um pouco. O Rafa e o Di María já estiveram em melhor forma, mas quem me começa a preocupar verdadeiramente é o Arthur Cabral, que parece completamente um peixe fora de água...
O próximo encontro frente à Real Sociedad vai ser decisivo. Ou ganhamos ou estaremos fora da Champions. Aliás, nos dois jogos contra eles, teremos de conseguir pelo menos quatro pontos. Mas antes disso há que voltar a concentrar-nos no campeonato, com a ida ao Estoril já neste fim-de-semana.
ADENDA: alertado por um comentário, OBVIAMENTE que faço aqui um mea culpa por não ter referido o penalty sobre o David Neves na 1ª parte, quando ainda estava 0-0, num lance em que não se compreende como o VAR (Rob Dieperink) não alertou o árbitro (Danny Makkelie) de tão evidente que ele é nas imagens. Ficam aqui os respectivos nomes deste holandeses para memória futura. Aliás em três jogos frente ao Inter Milão, fazemos o pleno de três penalties que ficaram por assinalar, um em cada um deles. Inacreditável!
segunda-feira, outubro 02, 2023
Chouriço
Vencemos o CRAC na passada 6ª feira na Luz (1-0) e ultrapassámo-los na classificação, tendo agora dois pontos de vantagem perante eles e mantendo-nos a um da lagartada, que foi ganhar 3-2 a Faro (com o golo da vitória em cima dos 90’ num penalty muito duvidoso...).
O nosso histórico perante as forças do Mal na Nova Luz é uma desgraça, tendo conseguido agora apenas a 5ª vitória em 21 encontros para o campeonato (contra 9 do adversário). No entanto, para além do plantel actual deles estar a anos-luz do que já chegaram a ter, ainda se encontravam privados de ambos os centrais (Pepe e Marcano). Portanto, o CRAC apresentou-se na Luz com o Fábio Cardoso e David Carmo no eixo da defesa(!), e as coisas ainda ficaram piores com a (justa) expulsão daquele aos 19’ por derrubar o David Neres, que ia isolado para a baliza. Ou seja, estava tudo a nosso favor para uma vitória tranquila e quiçá dilatada para vingar tantos anos em que as coisas nos foram desfavoráveis, certo...? Errado! Porquê? Porque, para mim, o Roger Schmidt falhou na constituição inicial da equipa. Quer dizer, perante Vizela, E. Amadora e outros que tais, o Neres e o Di María não jogaram juntos, agora contra o CRAC já jogam? Por outro lado, o Florentino era muito importante nesta partida para que pudéssemos subir as linhas e fazer pressão mais à frente. Nada disto aconteceu e passámos pela vergonha de o CRAC ter sido a melhor equipa na 1ª parte, mesmo estando a jogar com 10. Aliás, foram deles as duas melhores oportunidades para marcar, com o Trubin a sair bem aos pés do Taremi e a defender igualmente bem um remate de fora da área. Com 10, o CRAC criou mais perigo do que nós, dado que só tivemos um remate por cima do Di María logo a abrir o jogo e um centro do Neres desviado por um defesa para a baliza, com o Diogo Costa a defender para canto. Muito, muito pouco.
Na 2ª parte, lá acordámos, pressionámos bem e o CRAC não teve tanto tempo para pensar e sair a jogar. O Musa atrapalhou-se num desvio depois de jogada do David Neres na esquerda, mas foi do Kökçü o lance mais perigoso, com uma bola ao poste depois de um alívio na área a seguir a um centro do Di María na direita. O David Neres também teve uma boa chance, porém o Diogo Costa fez bem a mancha, e o Otamendi falhou o alvo quando estava em boa posição, na sequência de um centro do João Neves a seguir a um canto. Até que aos 68’, finalmente inaugurámos o marcador num remate enrolado do Di María, que ainda tabelou num defesa e enganou o Diogo Costa, depois de jogada do David Neres na direita. Um autêntico chouriço! Até final, o Otamendi poderia ter fechado o jogo num remate já na área que saiu por cima, depois de um centro atrasado num canto, mas o CRAC também nunca revelou engenho para nos criar perigo.
Em relação aos destaques, referência para o David Neres, que voltou a ser o melhor do Benfica com a mais-valia de ter feito a assistência para o golo. Em mais uma prova de que o futebol é um desporto incrível, o Di María terá feito dos piores jogos desde que regressou, mas marcou o golo da vitória! Nada lhe saiu bem na 1ª parte e mesmo na 2ª esteve longe de deslumbrar, mas fica indelevelmente ligado ao resultado final. O João Neves subiu muito na etapa complementar, assim como o Rafa. O Trubin fez duas boas defesas, manteve as redes a zeros e pode ser que isso lhe dê a confiança que necessita para afastar o fantasma do Roberto que ainda paira sobre ele (sim, é a minha opinião pelo que vi até agora).
Devo dizer que, para mim, foi das vitórias menos saborosas perante o CRAC. Porquê? Porque, se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados. Não só os deixámos ser melhor do que nós na 1ª parte, como tirámos totalmente o pé do acelerador assim que nos vimos em vantagem. O que me chateia mais nisto é que tenho grandes dúvidas de que tivéssemos conseguido ganhar com igualdade numérica. Tal como aconteceu em Mordor no ano passado. Ou seja, temos três vitórias nos últimos quatro jogos, mas duas delas em superioridade numérica. As expulsões foram justas em ambos os jogos, sem dúvida nenhuma, mas o CRAC conseguiu equilibrar as coisas mesmo com 10. Algo que duvido muito que nós conseguíssemos fazer. E isso deve-se à maneira como eles continuam a encarar os jogos contra nós. Caramba, eles conseguiram equilibrar o jogo com David Carmos, Zé Pedros, Wendels e Eustáquios...! Quantos jogadores deles entrariam de caras na nossa equipa? Duvido que fossem mais do que dois. E mesmo assim nós perdemos mais uma oportunidade de lhes dar um grande rombo na moral com um resultado categórico. Aliás, não é por acaso que o Sérgio Conceição disse que podem ganhar mais neste jogo do que os pontos que perderam. Eusébio queira que esteja errado!
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