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segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Inesquecível

Vencemos ontem o V. Guimarães na Luz (3-0) e, com os empates dos rivais (a lagartada 1-1 no Marítimo e o CRAC pelo mesmo resultado em Mordor frente ao Gil Vicente, que teve uma expulsão aos 2’!), reduzimos a diferença para eles para quatro e 10 pontos, respectivamente. No entanto, este jogo vai ficar na memória de todos nós por outro aspecto bastante mais importante: o que aconteceu depois da entrada do Yaremchuk em campo. Mas já lá vamos.
 
Depois da boa exibição frente ao Ajax para a Champions, confesso que estava curioso para saber se esta teria continuidade no campeonato ou não. E, se ela não foi tão boa quanto a de 4ª feira, foi bastante melhor do que nos últimos jogos domésticos, pelo que isso é de saudar. Com o Otamendi e Weigl castigados, entraram o Morato e Meïté para os seus lugares, e até foi nossa a primeira oportunidade num remate em arco de pé esquerdo do Gilberto, que ressaltou num defesa e passou rente ao poste. No entanto, foi o V. Guimarães a ter duas soberanas ocasiões, com o Estupiñán a aparecer duas vezes(!) isolado frente ao Vlachodimos e o grego a salvo-nos de enormes dissabores. Respondemos aos 23’ com o primeiro golo na sequência de um óptimo centro do Gilberto e uma finalização brilhante do Gonçalo Ramos de primeira. Que golão! O V. Guimarães conseguia ter algum espaço no nosso meio-campo e foi tentando responder, mas aos 37’ fizemos o 2-0 com novo centro do Gilberto e cabeçada perfeita do Darwin.
 
Na 2ª parte, resolvemos a partida muito cedo com um penalty sobre o Gonçalo Ramos aos 52’ e o Darwin a bisar, enganando o Bruno Varela. Ao contrário dos últimos jogos, não abrandámos e poderíamos ter aumentado a vantagem, mas o Rafa não acertou bem na bola num carrinho, permitindo a defesa do guarda-redes, e o Gonçalo Ramos viu o seu segundo golo anulado por fora-de-jogo do Morato. No entanto, o grande momento do jogo e, arrisco-me a dizer, um dos melhores momentos da nova Luz aconteceu aos 62’. Até vou deixar aqui o vídeo para memória futura.
 
O criminoso acto de guerra de um ditador autocrata russo sobre o povo ucraniano tem tido uma veemente reacção, praticamente unânime, da opinião pública mundial e esta manifestação de quem esteve ontem na Luz já foi difundida por esse mundo fora. Que momento! Até final do jogo, foi o V. Guimarães a ter mais duas ocasiões, mas o entretanto entrado Quaresma (assobiado, e bem, pelo estádio, porque há rivalidades que nunca se esquecem e o futebol sem elas não é nada) e o Jorge Fernandes já na compensação viram mais uma vez o Vlachodimos negar-lhes o golo. Quanto a nós, só numa cabeçada do Everton estivemos outra vez perto de marcar, já que as substituições que se seguiram tiraram-nos um pouco de gás.
 
Em termos individuais, vou destacar o Vlachodimos, porque fez quatro(!) defesas de golo, duas das quais quando ainda estava 0-0. Um bis merece sempre destaque e, com ele, o Darwin chegou aos 20 golos no campeonato (tem seis de vantagem sobre o segundo) e o Gilberto com duas assistências em três golos também não pode ser esquecido. Aliás, quando a defesa-direito espero que o assunto tenha ficado definitivamente arrumado até final da época. O Taarabt continua a sentir os efeitos da sua lobotomia e até parece outro jogador, enquanto o João Mário, que o substituiu, vai ter de pedalar muito para voltar a ter o lugar, já que está numa péssima forma e o tribunal da Luz não lhe perdoou.
 
Teremos agora uma semana sem jogos até irmos a Portimão no próximo sábado. Esperemos que esta tendência de subida de forma seja para manter.

sábado, fevereiro 26, 2022

Resposta

Empatámos na passada 4ª feira contra o Ajax (2-2) na 1ª mão dos oitavos-de-final da Champions. Depois da miséria franciscana dos últimos jogos, estava à espera de um amasso dos holandeses, mas os jogadores do Benfica conseguiram mostrar que afinal ainda lhes resta um bocadinho de dignidade.
 
Uma semana cheia de trabalho e a estupefacção por um ditador lunático ter invadido outro país soberano em plena Europa do séc. XXI (e ainda haver uns quantos que dizem “mas”...) não me permitiram escrever mais cedo sobre o jogo. O Ajax foi superior a nós na 1ª parte e aproveitou um erro do Grimaldo aos 18’ para fazer o 0-1 pelo Tadic. A nossa recção foi boa, com o empate a surgir aos 26’ num autogolo do Haller depois de um centro-remate forte do Vertonghen na sequência de um canto. No entanto, nem tivemos tempo de saborear o empate, porque o mesmo Haller marcou novamente, três minutos depois, mas desta vez na baliza certa num lance em que recargou uma defesa incompleta do Vlachodimos.
 
Na 2ª parte, especialmente depois da entrada do Yaremchuk por volta da hora de jogo para o lugar do Everton, a balança começou a tombar para o nosso lado. Confesso que tive dúvidas acerca desta substituição, porque iríamos estar com três pontas-de-lança em campo, mas o que é facto é que conseguimos ir empurrando o Ajax para o seu meio-campo. O Vlachodimos defendeu a única oportunidade que os holandeses tiveram no jogo, mas aos 72’ fomos nós a marcar num contra-ataque rápido do Rafa, que passou para o Gonçalo Ramos, este rematou de pé esquerdo de fora da área, o guarda-redes não conseguiu agarrar e o Yaremchuk muito rápido de cabeça atirou para o fundo das redes. Até final, o resultado não se alterou, apesar de o ritmo do jogo continuar sempre bastante elevado.
 
Em termos individuais, o Taarabt esteve novamente em destaque e parece que a lobotomia que terá feito resultou, porque ao fim de quatro(!) anos finalmente produz exibições de jeito... O Rafa melhorou muito na 2ª parte e as suas acelerações foram fundamentais para conseguirmos empatar, apreciação que encaixa igualmente no Darwin. Aliás, a velocidade dos homens da frente, juntamente com o poderio físico do Yaremchuk, pode ser uma das chaves da eliminatória, saibamos nós defender a máquina atacante do Ajax. Outra boa notícia desta noite europeia foi o facto de nenhum dos cinco(!) jogadores que temos tapados com amarelos ter visto cartão.
 
Veremos amanhã frente ao V. Guimarães se esta melhoria na Liga dos Campeões tem repercussões no campeonato. É que, parecendo que não, ainda falta muito tempo para a época acabar e seria inconcebível fazermos só mais um jogo decente até final.

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Apagão

Empatámos no Bessa no passado sábado (2-2) e, com as vitórias dos rivais (a lagartada 3-0 em casa frente ao Estoril e o CRAC 1-0 em Moreira de Cónegos), voltámos a alargar a distância para seis e 12 pontos, respectivamente.
 
Esta época está a ser penosa de uma maneira que sinceramente já não achava possível. É que não são só os maus resultados, é a inércia, o amorfismo e a total falta de alegria a jogar à bola que percorre toda a equipa do Benfica. Claro que tudo isto se reflecte no campo e, depois de uma 1ª parte do menos mauzinho que temos visto ultimamente, demos totalmente o berro na segunda e até nos podemos sentir lisonjeados com o empate. Ou seja, depois de chegarmos ao intervalo a ganhar por 2-0, fruto dos golos do Taarabt aos 21’ e Grimaldo aos 30’, e de termos metido mais duas vezes a bola na baliza, em lances invalidados pelo VAR, deixámos que o Boavista controlasse completamente o segundo tempo, marcasse dois golos em seis minutos (Sauer aos 74’ e Makouta aos 80’) e ainda atirasse uma bola ao poste entre os dois!
 
Os jogadores têm muitas culpas no modo como não saíram dos balneários depois do intervalo, mas o Nelson Veríssimo também não está isento das mesmas. O que dá a sensação é que o nosso treinador pensa nas substituições antes do jogo começar e, aconteça o que acontecer em campo, mantém-nas quando chega a altura de as fazer. Eu serei a pessoa mais insuspeita do mundo para dizer isto, mas o Taarabt estava a ser o melhor jogador do Benfica e foi o primeiro a sair a pouco mais de 15’ do fim. Há quem diga que o eventual aparecimento de Jesus Cristo à face da Terra há 2022 anos foi o maior milagre visto até hoje, mas eu acho que o Taarabt ter feito uma boa exibição supera largamente isso! Ao fim de quatro anos na equipa principal, o marroquino marcou o seu... [deixem-me fazer as contas]... [noves fora nada]... segundo golo oficial! Depois deste há dois anos, voltou a fazer o gosto ao pé! Seria apenas ridículo se ele jogasse... sei lá... a nº 8 ou médio-ofensivo, por exemplo, mas felizmente que a posição dele não é essa...
 
Estou sem vontade de escrever muito mais e só lamento o facto de ainda termos de aturar mais três meses ‘disto’. Amanhã iremos receber o Ajax para os oitavos-de-final da Champions e, se formos eliminados com o mínimo de dignidade, já me dou por satisfeito. Os holandeses deram 9-3 à lagartada nos dois jogos da fase de grupos. Lagartada, essa, que nos ganhou duas vezes da maneira categórica que ganhou. Portanto, é esse o resultado que temos de tentar não superar. Não vai ser fácil, mas pode ser que aconteça outro milagre e não sejamos goleados. Não será um milagre tão grande quanto o Taarabt fazer uma boa exibição, claro está, mas ainda assim um milagre.

segunda-feira, fevereiro 14, 2022

Inconstância

Vencemos o Santa Clara (2-1) no sábado passado e reduzimos a distância para ambos os rivais, que tinham empatado (2-2) em Mordor no dia anterior. Estamos agora a quatro pontos da lagartada e a dez do CRAC. Como se costuma dizer, “o que fica para a história é o resultado” e, neste caso, é bom que assim seja, porque a exibição continuou a ser bastante sofrível.
 
Com o mesmo onze de Tondela, até nem entrámos mal, com uns razoáveis 20’ iniciais, altura em que tivemos duas excelentes ocasiões para marcar, mas o Darwin atirou ao lado quando estava isolado frente ao guarda-redes e o Vertonghen viu um remate seu, ligeiramente desviado por um defesa, embater no poste. No entanto, precisamente aos 20’, o Santa Clara inaugurou o marcador pelo Mohebi num lance bem validado pelo VAR, que corrigiu o fora-de-jogo mal assinalado. E pronto, ficou tudo estragado até ao intervalo: caímos a pique a nível exibicional, continuámos sem acertar uma única(!) bola na baliza (o guarda-redes Marco Rocha chegou ao intervalo com zero defesas!), e até foram os açorianos a ter as melhores oportunidades, numa cabeçada ao lado completamente à vontade num canto, e noutro remate defendido com segurança pelo Vlachodimos.
 
Apesar de termos deixado de jogar a seguir ao golo adversário, o Nelson Veríssimo não fez alterações ao intervalo, só tendo feito as primeiras pouco antes da hora de jogo, com o Taarabt e o Yaremchuk a entrarem para os lugares do Paulo Bernardo (jogo muito fraco) e Everton. E o marroquino deve ter feito uma lobotomia temporária, porque foi muito importante para a reviravolta da partida! Pelas minhas contas, é a segunda vez em quatro temporadas (média de respeito...!) que faz pender a balança a nosso favor num jogo (a outra foi já este ano em Famalicão). Uma excelente abertura na direita para o Rafa resultou numa iniciativa deste, que terminou com um penalty tão desnecessário quanto evidente cometido pelo central Villanueva. O Darwin não tremeu e restabeleceu a igualdade aos 60’. Dois minutos depois, a reviravolta consumou-se novamente com a participação do Taarabt que, com um passe de primeira, desmarcou outra vez o Rafa na direita, este flectiu para o centro e a bola sobrou já na área para o Yaremchuk, que cruzou para o Darwin atirar para a baliza deserta (teve alguma sorte, porque a bola ainda bateu na barra e entrou perto da malha lateral...). Em vantagem no marcador, baixámos o ritmo, mas o Gonçalo Ramos deveria ter acabado com o jogo a cerca de 20’ do fim, quando rematou para defesa do guarda-redes, num lance em que deveria ter feito melhor, porque estava praticamente sozinho. Até final, não permitimos muitos veleidades ao Santa Clara e um remate de longe do Lazaro foi bem defendido pelo guarda-redes.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin pelos dois golos. Tem neste momento 18 e é o melhor marcador do campeonato, o único troféu a que podemos estar ligados esta época... Como acontece com uma regularidade semelhante à passagem do cometa Halley pela Terra, menção para o Taarabt que foi igualmente decisivo para a vitória. (Vamos deixar de lado o facto de, depois daqueles dois passes a rasgar, ter retomado o seu nível habitual de jogar para o lado e para trás o resto do tempo...). O Rafa, apesar de não ter deslumbrado, acabou por estar ligado aos dois golos e isso merece sempre realce. O Yaremchuk também entrou bem, a dar mais poderio à frente de ataque e ao ter permitido que o Darwin não ficasse tão preso entre os centrais. Quanto aos menos, o Paulo Bernardo passou muito ao lado do jogo (quando chegou, era dos poucos a dar fluidez ao jogar para a frente, agora aparentemente já está mais entrosado com a equipa e deixou-se disso...) e o Gonçalo Ramos falhou o golo da tranquilidade, o que é um ponto a desfavor para a titularidade nos próximos encontros. O Lazaro é um erro de casting e o lugar tem de voltar rapidamente ao Gilberto, cuja agressividade e rotação não tem rival neste momento na lateral direita.
 
Reduzimos a diferença para os outros dois, mas este jogo não deixou ninguém descansado. Acusámos imenso o golo sofrido, o que com uma equipa de um nível superior nos teria certamente custado a vitória. Iremos agora ao Bessa antes da recepção ao Ajax. Se mantivermos o nível deste jogo, teme-se o pior...

quarta-feira, fevereiro 09, 2022

Vitória

Vencemos em Tondela na passada 2ª feira (3-1) e mantivemos as distâncias de seis e 12 pontos para os dois primeiros, que já tinham ganho (a lagartada 2-0 em casa ao Famalicão e o CRAC pelo mesmo resultado em Arouca). Nos dias que correm, sendo tão raro, é sempre de salientar quando ganhamos e não jogamos terrivelmente mal, como foi o caso deste encontro.
 
O Nelson Veríssimo continua à pesca e voltou ao 4-4-2. O Darwin juntou-se ao Gonçalo Guedes na frente, com o Paulo Bernardo no lugar do João Mário (com covid-19) e o Lazaro na direita em vez do André Almeida. O jogo começou muito repartido com oportunidades para ambos os lados, com destaque para um falhanço do Darwin isolado pelo Gonçalo Guedes Ramos e para um golo bem anulado ao Tondela por fora-de-jogo. Aos 23’, na melhor jogada que fizemos desde há uma série de jogos para cá, inaugurámos o marcador através do Everton, depois de uma boa tabela com o Grimaldo. Logo a seguir, o mesmo Everton atirou à barra num grande remate de fora da área. Mas o segundo golo não tardou muito mais, porque aos 34’ o Darwin foi desmarcado na esquerda pelo Everton, flectiu para o meio e já dentro da quina da área marcou um golão! Golão, esse, que esteve à beira de repetir já perto do intervalo com um livre directo de fora da área, que embateu com estrondo no poste. Já no tempo de compensação, o Salvador Agra apareceu isolado frente ao Vlachodimos, mas foi importunado pelo Lazaro na altura do remate, que saiu ao lado. Ainda bem, porque nos livrámos de uma grande injustiça.
 
A 2ª parte começou praticamente com a dissipação de todas as dúvidas: aos 53’, o Gonçalo fez o 3-0 com um trabalho individual na área, numa jogada que teve novamente a participação do Everton. A equipa até estava a praticar um futebol razoável, mas, à semelhança de outros jogos, quando o Nelson Veríssimo resolveu mexer, estragou tudo. Por volta da hora de jogo, entrou o Diogo Gonçalves e saiu o Everton, e a nossa exibição começou em decrescendo. Pouco depois, o Tondela selou definitivamente o destino da partida com o segundo amarelo do Neto Borges. Poderíamos ter marcado pelo menos mais um golo, mas o Gonçalo Ramos teve um falhanço incrível de pé esquerdo, sozinho na área, depois de uma assistência do Darwin e esse foi praticamente o nosso último lance de perigo. A cerca de 15’ do fim, entraram o Meïté e o Taarabt, e então aí mais valia o Sr. João Pinheiro ter apitado logo para o final. Até porque isso teria impedido de passarmos pela vergonha de sofrer um golo num canto(!) contra 10 jogadores, algo que aconteceu pelo Eduardo Quaresma (ainda por cima, tinha de ser um lagarto...!) aos 88’.
 
O destaque vai inteirinho para o Everton, que esteve nos nossos três golos. Aliás, desde que o Jesus saiu que ele se modificou completamente, muito mais solto e confiante. O Darwin falhou um golo isolado, mas só não marcou dois porque o poste não deixou. Tenho-o elogiado muito, mas o Weigl não esteve nada feliz nesta partida, nomeadamente no capítulo do passe. O Paulo Bernardo também desaproveitou a oportunidade, o que é uma chatice, porque assim o Taarabt fica mais próximo de entrar... O Rafa também passou muito ao lado do jogo. O Gonçalo Ramos é um pouco trapalhão, mas lá marcou mais um golito (e deveria mesmo ter sido dois...).

segunda-feira, fevereiro 07, 2022

A ler obrigatoriamente

Todos vocês já terão certamente lido, mas não queria deixar de registar aqui para a posterioridade este fantástico texto do meu amigo Bakero. Reproduzo integralmente o quinto parágrafo, que deveria ser emoldurado e colocado em cada canto do estádio para lembrar a todos nós, mas principalmente a quem de direito, porque é que estamos nesta situação.

 

"Se o Vietname dos anos 90 teve a seguinte evolução: Crise financeira - crise desportiva - crise de valores; este está a ser de forma inversa: Crise de valores - crise desportiva - e talvez venha aí ainda a crise financeira. Porque ninguém duvide que o Benfica caiu neste buraco devido à falência dos seus valores. O clube do povo, da mística, do Inferno da Luz e do terceiro anel passou a ser o clube do Red Pass, dos descontos na bomba de gasolina, das vendas milionárias e da fábrica do Seixal. As bandeiras com uma história pessoal deram lugar às cartolinas pré-formatadas; a fome de vitórias deu lugar aos recordes nas vendas; os 15 minutos à Benfica deram lugar a sair do estádio mais cedo porque o carro está mal estacionado; a democracia Benfiquista deu lugar ao "apoia garotão, que os outros são todos uns abutres e querem tacho"; o querer fazer a carreira toda no Benfica deu lugar ao "brilho 6 meses e não me cortem as pernas para ir lá para fora"; o Benfiquismo ser um fator óbvio e indispensável para todos que estão lá dentro deu lugar a até o Presidente pode não ser necessariamente benfiquista; o "sirvam o Benfica, não se sirvam dele" deu lugar ao "se calhar até rouba, mas faz", as músicas do Benfica nas colunas de som deram lugar à música techno e reggaeton, a mística deu lugar ao profissionalismo, o foco no desporto e nos títulos deu lugar a obras e projetos."

quinta-feira, fevereiro 03, 2022

Fim da linha

Perdemos ontem em casa frente ao Gil Vicente (1-2) e ficámos a 12 pontos do CRAC (2-1 ao Marítimo) e a seis da lagartada (4-1 no Jamor ao Belenenses SAD). Por outro lado, o Braga reduziu a diferença em relação a nós também para seis pontos. Ou seja, faltam três meses para a época acabar e o nosso fundo continua a descer cada vez que batemos nele...
 
Entrámos em campo com dois(!) trincos (Weigl e Meïté) e o Paulo Bernardo em vez do João Mário, que ficou no banco. Na defesa, regressou o André Almeida à direita e o Otmandi, enquanto na frente o Gonçalo Ramos substituiu o lesionado Yaremchuk, o que fez com que no banco só estivesse o Henrique Araújo como opção para ponta-de-lança. Logo aos 7’, o Sr. Artur Soares Dias espoliou-nos de um golo limpo, ao apitar uma pseudo-falta do Vertonghen sobre um adversário que só ele viu, quando o Grimaldo cruzou para a área num livre e o Otamendi desviou para a baliza. Como apitou antes de a bola entrar, o lance nem foi ao VAR. Uma vergonha sem nome! Aos 11’, as coisas ficaram ainda pior com o golo do Gil Vicente, através do Samuel Lino: jogada fácil, tabela e desmarcação, e a bola a passar por entre as pernas do Vertonghen e enganar o Vlachodimos que, no entanto, acho que se poderia ter lançado e não ficado de pé. Ainda estávamos muito no início do jogo, mas até ao intervalo tivemos apenas duas jogadas em que o golo esteve perto, numa desmarcação do Gonçalo Ramos com a bola picada sobre o guarda-redes a sair por cima, e numa boa iniciativa do Vertonghen culminada com um remate de pé direito defendido para canto. Do lado contrário, e na sequência de um livre, com a nossa equipa toda dentro da área, um adversário conseguiu aparecer isolado(!) frente ao Vlachodimos, que mais uma vez nos salvou.
 
Para a 2ª parte, entraram o Rafa e João Mário para os lugares dos inexistentes Meïté e Diogo Gonçalves. Mas o Gil Vicente era muito mais equipa do que nós, circulava bastante melhor a bola, encontrava sempre um jogador para a receber no espaço vazio e chegava de uma maneira simples à nossa área. Aos 64’, num canto fez o 0-2 pelo Aburjania, com as costas(!), num lance em que o Vertonghen esteve muito mal na marcação. Logo a seguir, o Nelson Veríssimo teve mais um momento típico ao tirar aquele que estava a ser o menos mau (Everton) e colocar o Henrique Araújo. Portanto, saía um extremo e entrava um ponta-de-lança que, como se sabe, não precisa de ser alimentado por extremos...! Enfim, sem comentários! Também saiu o André Almeida para entrar o Lazaro, mas o lado direito continuou inoperante. A última substituição foi já no desespero, com o Radonjic no lugar do Vertonghen. Tivemos um par de remates pelo Rafa muito por cima e só aos 89’ conseguimos marcar, numa assistência do mesmo Rafa para um bom cabeceamento do Gonçalo Ramos. Era tarde demais e, quando o jogo acabou, o estádio veio abaixo com assobios. Foi a primeira vez na vida que eu assobiei o Benfica, mas ontem já não deu para aguentar mais! Foi das piores exibições que eu vi em muito, muito tempo.
 
Não vou fazer destaques individuais, como se calcula. Estamos sem rumo, completamente à deriva e o Nelson Veríssimo claramente não dá para isto, mas aparentemente vai continuar. O Rui Costa veio falar no final do jogo, assumiu responsabilidades e atirou-se à arbitragem. Sim, foi um escândalo o golo que-não-chegou-a-ser-anulado-porque-o-árbitro-apitou-antes, mas depois dele tivemos 84’(!) para dar a volta e foi o que se viu: uma exibição confrangedora, provavelmente das piores da nossa história. Ou seja, foi tudo péssimo, mas aparentemente o presidente Rui Costa acha que basta apenas palavras para as coisas mudarem. Não, não basta! Continuamos a perder tempo na preparação da próxima época e deveríamos um buscar já um treinador a sério. Porque senão antevê-se uma catástrofe bíblica na eliminatória frente ao Ajax daqui a 20 dias.