origem

quarta-feira, outubro 12, 2022

Personalidade

Empatámos ontem em Paris 1-1 frente ao PSG e mantemo-nos colados a eles na liderança do grupo na Champions, agora com oito pontos. Se me tivessem proposto, aquando do sorteio, fazer dois pontos frente aos galácticos franceses, eu assinaria até só um, mas o que é facto é que até acabámos por sofrer menos ontem do que na Luz na semana passada. E alturas houve em que, com um pouco mais de rapidez nas transições, se calhar até conseguiríamos ser mais felizes.
 
Perante a indisponibilidade do David Neres, o Roger Schmidt não alterou o esquema táctico, mas colocou o Aursnes sobre a esquerda, tendo desviado o João Mário para a direita. Do outro lado, a maior baixa era o Messi e notou-se bem a falta que o argentino faz no campeão francês. Mesmo assim, com uma equipa recheada de craques, confesso que fiquei surpreendido pelo facto de o PSG ter jogado tão pouco e, principalmente, com tão pouca velocidade (Mbappé à parte, claro está). Têm um estilo de jogo muito burguês, confiantes de que mais tarde ou mais cedo as coisas resolver-se-ão a seu favor. Só que nós fechámos bem o caminho da nossa baliza, porém não esticámos tanto o jogo na frente como é habitual, fazendo com que as oportunidades de golo fossem um bem escasso e a partida muito menos interessante do que a da Luz. O único lance em que criámos perigo, ainda que relativo, foi num remate do Rafa, que embora estivesse em boa posição rematou bastante por alto. Quanto ao PSG, num lance pela esquerda aos 39’, o António Silva derrubou claramente o Bernat e o Mbappé atirou para o lado contrário do Vlachodimos inaugurando o marcador. Foi um pouco um balde de água fria, porque até aí nenhuma equipa tinha justificado ficar em vantagem. Outro aspecto que não nos estava a correr bem foi o facto de começarmos a ficar muito carregados de cartões.
 
A 2ª parte principiou com um remate em arco muito perigoso do Mbappé, mas felizmente a bola saiu a rasar o poste, porque o Vlachodimos estava batido. No entanto, aos 62’ alcançávamos a igualdade também de penalty, a castigar pisão evidente do Verratti ao Rafa: o João Mário atirou para o meio da baliza e enganou o Donnarumma. Esperava-se uma reacção forte dos parisienses, mas isso acabou por não acontecer. O PSG nunca nos conseguiu empurrar para a nossa área e o Vlachodimos acabou por não ter grande trabalho. O único que criava desequilíbrios era o Mbappé, mas a entreajuda dos nossos jogadores funcionou sempre e com maior ou menor dificuldade acabámos por resolver as coisas. Em termos atacantes, retraímo-nos mais e só num lance do entretanto entrado Draxler, já perto do fim, conseguimos rematar à baliza, mas a bola foi desviada por um defesa.
 
Em termos individuais, o Florentino terá sido dos melhores, sempre em jogo e com alguns cortes providenciais. O João Mário merece uma palavra por ter aguentado a pressão do penalty e tema vantagem de não se esconder nestes grandes jogos. O António Silva teve a infelicidade do penalty, mas tirando isso esteve quase irrepreensível. No geral, toda a equipa esteve muito coesa e concentrada, embora em termos atacantes tenhamos feito um jogo pouco exuberante.
 
Quando, ao ver como o jogo se estava a desenrolar, eu dou por mim a pensar que talvez devêssemos arriscar um pouco mais, isto diz muito acerca do patamar actual do Glorioso. Fizemos 180 minutos contra um claro candidato a vencer a Champions e não perdemos. Demonstrámos muita personalidade, qualidade e vontade de disputar o resultado contra qualquer equipa que nos surja à frente. E só isso já é uma enorme evolução em relação às épocas anteriores.

1 comentário:

joão carlos disse...

Ficou evidente que não é por se jogar com mais um médio defensivo e menos um ofensivo que por isso se deixa de ter a mesma identidade ou se joga encolhido por isso como alguns acham a única coisa a apontar é atendendo às características dos três médios defensivos talvez devesse ser outro a jogar pelo lado esquerdo, se não o jogo todo pelo menos a espaços, e aí talvez conseguíssemos criar mais perigo no ataque.
Temos conseguido até aqui ser uma verdadeira equipa na aceção da palavra e não um conjunto de jogadores que jogam juntos como acontecia nos últimos anos, tirando um ou outro momento durante períodos das épocas anteriores que por norma até era períodos curtos, e isso tem feito toda a diferença.
Ficou a sensação de que poderíamos ter arriscado mais, mas para isso era preciso um maior esforço físico de todos os jogadores que depois teria custos na parte final, como teve no jogo em casa, e penso que terá sido para evitar a quebra física do jogo em casa que se viu esta postura menos atrevida é que depois é evidente que não temos alternativas à altura para refrescar a equipa quando está esgotada.