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quinta-feira, setembro 30, 2021

Épico

Derrotámos o Barcelona na Luz por 3-0 e estamos no 2º lugar do nosso grupo da Champions com quatro pontos. Foi o regresso de uma noite europeia que vai ficar na memória de todos nós, na senda desta e desta, porque se é certo que não deu nenhum título, também é verdade que não é todos os dias que se derrota um colosso europeu. Nem todos os dias, nem todos os anos e nem todas as décadas neste caso particular, porque só o tínhamos vencido uma vez na memorável final de Berna da Taça dos Campeões de 1961. Portanto, há 60 anos que não vencíamos o Barça, que também não perdia em Portugal há 34 anos, desde o golo do Mapuata do Belenenses em 1987...!
 
O Jesus apostou na mesma equipa de Guimarães e a ousadia pagou aos 3’ com o golo inaugural através do Darwin, que flectiu da esquerda para o meio, trocou as voltas ao Eric Garcia e rematou rasteiro para o poste mais próximo do Ter Stegen. A Luz explodiu! Pouco depois, um remate do Yaremchuk saiu à figura quando tinha tudo para ser mais bem colocado. O Barça reagiu, sempre comandando pelo fabuloso Pedri, e criou algumas situações de perigo, sem, no entanto, acertar na baliza. Os nossos três centrais estiveram muito bem, com destaque para um corte impossível do Lucas Veríssimo num lance que acabou por ser fora-de-jogo. Em termos atacantes, não conseguimos produzir muito mais neste período, mas deveríamos ter ido para o intervalo com mais um jogador, porque o Piqué foi vergonhosamente poupado ao segundo amarelo pelo italiano Sr. Daniele Orsato. Tanto assim deveria ter sido, que o Koeman o substituiu logo a seguir. Em cima dos 45’, o Lazaro lesionou-se e entrou o Gilberto para o seu lugar.
 
A 2ª parte foi bastante diferente, porque não só defendemos melhor, não dando tanto espaço ao Barça para manobrar no nosso meio-campo, como estivemos sempre de olho na baliza contrária. Pouco depois do reinício, numa saída extemporânea do Ter Stegen, o Darwin contornou-o, mas o remate ainda de longe e de ângulo complicado foi ao poste. O Barcelona também atirou ao poste num livre para a nossa área, mas o jogador que fez a assistência estava fora-de-jogo. Estávamos mais próximos de marcar e a nossa superioridade ficou ainda mais vincada com a saída do Pedri, que provavelmente não aguentaria os 90’, dado que acabou de vir de lesão. Aos 69’, houve resultados práticos dessa superioridade, com o 2-0 numa recarga de trivela do Rafa, depois de uma boa combinação entre o Yaremchuk e o João Mário, com este a ficar cara-a-cara com o Ter Stegen, mas a permitir a sua defesa, com a bola a ressaltar para o nº 27 não falhar. O Jesus fez entrar o Taarabt e o André Almeida para os lugares do Yaremchuk e do amarelado Grimaldo, e aos 77’ tudo ficou decidido com o Darwin a fazer o 3-0 de penalty a castigar uma mão na área depois de uma cabeçada do Gilberto. O Sr. Daniele Orsato, que, diga-se de passagem, teve uma arbitragem muito tendenciosa, foi ao VAR e não teve outra solução que não assinalar a evidente mão. Até final, nada de mais relevante se passou, com o jogo a terminar com o estádio em euforia. Bem justificada, diga-se.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin, com um bis e uma 2ª parte de óptimo nível, para o Rafa, que é um acelerador que destrói qualquer defesa, e para a dupla de meio-campo, Weigl e João Mário, na qual reside muita da explicação para a nossa enorme melhoria em relação à temporada passada. O facto de não perderem bolas e ela sair sempre redondinha dos pés de ambos contribui indelevelmente para isso. A defesa também esteve imperial, em especial na 2ª parte, com o Lucas Veríssimo a fazer a melhor exibição desde que chegou ao Benfica. O Vlachodimos acabou por não ter grande trabalho, mas sinceramente não gostei das suas não-saídas a muitos cruzamentos. O Yaremchuk não esteve em tão grande destaque como o seu colega avançado, mas não engana: é óptimo jogador. O Gilberto entrou muitíssimo bem e até ficámos a ganhar com a sua entrada em relação ao Lazaro.
 
Foi uma jornada memorável, mas agora há que descer à realidade para defrontar o Portimonense no próximo domingo, antes de nova paragem para as selecções. Quanto à Champions, o que parecia impossível no papel (a qualificação para os oitavos) torna-se agora um objectivo passível de ser atingido.

1 comentário:

joão carlos disse...

Mais uma vez ficou provado que não é preciso jogar bonito para se jogar bem e jogamos bem em todos os capítulos no defensivo, no atacante, no espirito de entrega e de luta e na vontade se este treinador já tem vários exemplos em que prepara bem os jogos, o que mais uma vez foi o caso deste, depois também tem como reverso a meio dos jogos com as alterações depois borrar a pintura desta vez até nisso esteve muito bem.
O mais importante tem sido o facto de a equipa na sua globalidade perde muito menos bolas, até porque no passado não era apenas nem um nem dois jogadores que o faziam eram mais, e com isso existe um muito menor desgaste, não só físico como psicológico, de todos os jogadores e como não são agora obrigados a tantas acelerações para recuperarem posições tem muito mais disponibilidade para fazerem coisas que no passado era impossível terem condições para as fazerem.
Sobre o nosso guarda redes esses problemas que apontas são, sempre foram, os maiores defeitos dele e se ele evoluiu, e muito, nas suas grandes virtudes, entre os postes, já nos seus defeitos as saídas dos postes, seja a cruzamentos seja em antecipação dos adversários, a evolução foi muito, mas mesmo muito, menor e continua a ter lacunas importantes mas a maioria das pessoas só porque ele é fortíssimo entre os postes acha que no resto também o é.