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sexta-feira, dezembro 19, 2014

Besta negra

E pronto, já me estragaram o Natal! Perdemos em casa (1-2) com o Braga e já não vamos ao Jamor esta época. Independentemente das vicissitudes do jogo, o que ficará para a história é que a primeira vitória do Braga na Luz (só nos tinha ganho em casa uma vez nos anos 50, mas tinha sido no Estádio Nacional) fez com que perdêssemos a oportunidade de fazer um bis na Taça de Portugal e quiçá uma inédita a nível nacional bi-dobradinha. Dois jogos com o Braga, duas derrotas. Incrível!

Estava com bastante receio desta partida por causa da vitória no Dragão. Dito assim, pode parecer contraditório, mas na ressaca de um grande triunfo daqueles pode tender a haver alguma descompressão, tanto da parte dos jogadores como dos adeptos. Só que essa descompressão, neste jogo, significaria sermos eliminados da segunda prova mais importante do calendário nacional. Não acho que tenha havido essa descompressão, até jogámos razoavelmente bem, mas o que importa é que perdemos. Outra razão para a minha apreensão é que já se sabia que iríamos jogar sem o Salvio e o Luisão, situação agravada com o impedimento do Samaris e, principalmente, a saída forçada do Enzo Pérez ao intervalo. A baixa de quatro titulares indiscutíveis foi demais para nós e nomeadamente na 2ª parte foi bastante notória. Claro está que poderíamos ter chegado ao intervalo com o jogo decidido, mas só marcámos um golo numa excelente cabeçada do Jonas depois de um dos poucos centros que o Maxi Pereira acerta ao longo do ano. Estávamos no minuto 33 e já antes o Júlio César tinha feito uma enorme defesa a um remate do Pardo. Pardo esse que deveria ter sido expulso logo aos 11’, por ter derrubado o Jonas quando este estava isolado. Aliás, o sr. Artur Soares Dias teve uma 1ª parte para esquecer, porque pouco antes desse lance deveria ter havido um penalty contra nós por mão do Jardel num livre para a área (não sei porque raio de carga de água é que o 33 resolveu dar uma palmada na bola!!). A partida decorria com ataques para ambos os lados, mas já perto do intervalo o Jonas rematou muito fraco na sequência de uma das melhores jogadas do encontro, quando estava em excelente posição para resolver a eliminatória.

Não sei porquê, mas senti este falhanço do Jonas como um mau prenúncio para o que aí vinha. Mau prenúncio esse que se avolumou com a saída forçada do Enzo. Entrámos completamente desconcentrados na 2ª parte. O nosso meio-campo, com Cristante e Pizzi, está a léguas de ser Samaris–Enzo Pérez e o Braga passou a explorar isso muito bem. Empatou logo aos 48’ através de um canto, em que o André Almeida falhou clamorosamente o corte ao primeiro poste e depois nenhum defesa reagiu permitindo que o Santos marcasse de recarga ao seu próprio remate. Até nem demos uma má resposta ao golo sofrido, o problema foi que o Braga este ano parece que contratou guarda-redes especialistas em defenderem (quase) tudo o que venha das nossas bandas. Já tínhamos levado com o Matheus para o campeonato, agora apareceu um tal de Kritsyuk que defendeu tudo e mais alguma coisa. Logo a seguir a uma excelente defesa a um remate do Lima e uma recarga do Jonas que iria para a baliza se não fosse desviada para canto por um defesa, o Braga colocou-se em vantagem aos 58’. O Pardo (o tal que já não devia estar em campo…) arrancou desde o seu meio-campo(!), foi acompanhado generosamente pelo Pizzi (só faltou estender-lhe uma passadeira vermelha), perto da área o Cristante quase que se desviou para o deixar passar e rematou perante a fraca oposição do César para o lado contrário do Júlio César. Outro golo inacreditável, que jamais aconteceria com Samaris e Enzo. Naturalmente, um deles ter-lhe-ia dado uma pantufada e não o permitiria andar a passear-se por metade do nosso relvado. Ainda havia mais 30’ para jogar, mas também havia o Kritsyuk na baliza. Jonas por mais que uma vez, Lima e Talisca tornaram o russo o melhor em campo. Houve um lance na área em que pareceu que o Lima foi claramente derrubado pelas costas, mas o sr. Artur Soares Dias também teve um critério largo e nunca permitiu a entrada da maca quando os bracarenses simulavam lesões.

Em termos individuais, o Ola John foi um substituto à altura para o Salvio e o nosso melhor jogador. O Jonas fica com um registo excelente de golos na Taça de Portugal, mas hoje ficou a dever-nos pelo menos mais dois. O Enzo também esteve muito bem até ao intervalo. Ao invés, o André Almeida fez uma exibição para esquecer (aquele falhanço no canto é inacreditável) e o Gaitán pareceu que não recuperou fisicamente de Mordor. O Pizzi, que tão bem tinha jogado frente ao Leverkusen, mostrou ontem que ainda não é opção válida para a titularidade no lugar do Enzo.

Se há jogo que mais me custa perder todas as épocas é o que nos elimina da Taça de Portugal. Por várias razões: adoro ir ao Jamor; temos um registo de Taças conquistadas que é importante manter; é o último jogo da época e quem a ganha faz a última festa antes do defeso; o CRAC farta-se de mandar vir contra o Estádio Nacional e a minha ética republicana obriga-me a gostar de tudo o que eles não gostam; e é uma derrota que não tem hipótese de redenção. Ainda por cima, esta época seria a oportunidade de tentarmos a tal inédita bi-dobradinha. Por tudo isto, estou mesmo FURIOSO! Não contra a equipa, porque como já disse até jogámos bem, mas com o facto de termos sido eliminados.

P.S. – Espero SINCERAMENTE que esta derrota faça os nossos responsáveis abrirem os olhos para as deficiências do nosso plantel, nomeadamente para o facto de haver jogadores para os quais não há substitutos à altura. Luisão, como já se sabia, e, principalmente, Enzo Pérez. Viu-se bem a falta que ele fez na 2ª parte, porque não tivemos nenhum médio rompedor quando estávamos a pressionar o Braga. Uma saída dele em Janeiro seria uma baixa enorme a meio da época e peço aos nossos responsáveis que, se a saída for mesmo inevitável, pelo menos negoceiem a sua permanência até final da época, mesmo que se faça um desconto valente no preço a pagar. Tipo Garay. É que, pelo que se viu ontem, a sua ausência fará com que os seis pontos de avanço comecem a parecer muito pouco…

P.P.S. – O Rúben Micael é possivelmente o jogador mais asqueroso que alguma vez pisou um relvado de futebol. Cão!

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