sexta-feira, março 15, 2013
Oscar Tacuara Cardozo
Vencemos em Bordéus por 3-2 e estamos pelo quarto ano consecutivo nos
quartos-de-final de uma competição europeia. Já li por aí que é a primeira vez
que tal feito é atingido por uma equipa portuguesa, o que a ser verdade
constitui mais uma brilhante página no nosso palmarés. A nossa superioridade já
tinha ficado evidente no encontro da 1ª mão e confirmou-se plenamente neste 2º
jogo, até porque o Jesus, sem os dois centrais titulares, resolveu (e bem) não
fazer mais poupanças e, tirando os pontas-de-lança, jogou com a artilharia pesada.
Com Luisão e Garay lesionados, jogámos com Jardel e Roderick (pronto, o
Jesus deve ter alguma coisa contra o Miguel Vítor, o que é que se há-de
fazer…?) e por isso mesmo estava um pouco apreensivo (“um pouco”, não,
bastante!). Como já tinha escrito aquando da partida na Luz, seria muito mau
para a nossa história se fôssemos eliminados por uma equipa que nos é
claramente inferior, mas a verdade é que o Bordéus mostrou ontem bem mais do
que tinha feito em Lisboa. No entanto, aos 30’ demos uma grande machadada nas
aspirações dos franceses, ao fazer o 0-1 num canto do Ola John e saída em falso
do Carrasso, que permitiu ao Jardel cabecear para a baliza deserta. Até ao
intervalo, o Artur lá fez uma ou outra defesa que nos permitiu sair para o
descanso com a importante vantagem.
Na 2ª parte, o Bordéus entrou muito forte e nós praticamente não passámos
do meio-campo nos primeiros 10’. Depois soubemos acalmar o jogo e nunca deixar
de tentar criar perigo. Aos 66’, o Jesus decidiu tirar o inoperante Rodrigo e
colocar o Cardozo. “Para ajudar a defender nas bolas paradas”, pensei eu na
minha ingenuidade futebolística, até porque o Roderick a saltar à bola…
valha-me Eusébio! O Artur continuava a conservar a nossa baliza intacta, mas
não pôde fazer nada aos 74’ quando numa bola bombeada para a frente, o Jardel
se preocupou mais com o avançado do que com o esférico, o que fez com que este
batesse nas suas costas assistindo o Diabaté para o empate. Estávamos com
dois golos de vantagem, mas, pessimista como sou, não estava muito confortável
para os quinze minutos finais, porque se sofrêssemos mais um ficaríamos com a corda na garganta. Só que, grande falha
minha(!), não me lembrei que o Tacuara
estava em campo! Logo no minuto seguinte, uma boa combinação atacante e uma
óptima assistência do Gaitán colocaram o paraguaio em boa posição, este sentou
o defesa e o guarda-redes ao puxar a bola para o pé esquerdo, e atirou rasteiro
para o lado direito da baliza. Um golão!
Como um jogo do Benfica é (quase) sempre stressante para mim, agora, que a eliminatória estava decidida, o
meu objectivo era que ganhássemos o jogo, por todos os motivos e mais algum
(pontos para o ranking, o Bordéus não
perdia jogos europeus em casa desde 1 de Outubro de 2008, motivação extra para
Guimarães, etc.). Esse desejo parecia não se concretizar quando o Jardel, na
sequência de um canto e uma magnífica defesa do Artur, marcou o segundo
autogolo europeu do ano ao tentar aliviar a bola. Estava a começar a crescer a
minha fúria quando o Cardozo entrou novamente em acção e, aproveitando a falha
de um defesa numa bola bombeada para a frente, fintou-o e subtilmente, com
imensa classe, desviou a bola do guarda-redes. Foi o delírio!
Em termos individuais, ÓBVIO destaque para aquele que “não corre”, “não
luta”, não se esforça”, mas que agora olha para cima e só vê o Eusébio à sua
frente como melhor marcador do Glorioso na Europa! Ouviram bem?! De TODOS os
jogadores que passaram pelo Benfica, só o Eusébio tem mais golos europeus que o
Cardozo! Grande jogo igualmente do Gaitán, que sabe bem quando tem a atenção da
Europa do futebol… Referência igualmente para o Artur, claro, que felizmente
parece que já ultrapassou a sua fase Roberto do início de 2013. Também gostei
do André Almeida, que se constitui uma alternativa muito válida para o descanso
do Maxi Pereira. O Ola John deu um arzinho da sua graça e a dupla de meio-campo
(Matic e Enzo Pérez) esteve muito consistente, embora menos exuberante que em
jogos passados.
As 10.000 pessoas(!) que foram apoiar o Benfica num estádio no estrangeiro
mais que mereciam esta vitória! Se é verdade que somos o maior clube português
pelos campeonatos que vencemos, é bom que não esqueçamos que somos respeitados
no mundo pelas conquistas na Europa. Por isso mesmo, é urgente que voltemos o
quanto antes a uma final europeia! Como na Champions
isso é muito difícil (duvido que alguma vez na vida tenhamos a sorte de clubes
assumidamente corruptos de defrontar um Corunha numas meias-finais e um Mónaco
numa final, o que constituiu, para mim, a prova mais insofismável da
inexistência de Deus), esta época temos uma excelente oportunidade para isso na
Liga Europa (e nenhum de nós ainda digeriu a eliminação nas meias-finais de há
dois anos frente ao… Braga!).
P.S. – Basileia, Fenerbahçe, Rubin Kazan, Newcastle, Lazio, Tottenham e
Chelsea são os nossos possíveis adversários. Se pudesse escolher, seria
claramente o Basileia e, se entre os três últimos, dois deles se defrontassem
seria perfeito! De qualquer modo, contra qualquer das quatro primeiras equipas,
acho que somos favoritos. Vamos lá, Benfica, Amesterdão começa a desenhar-se no
horizonte…!
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