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terça-feira, outubro 04, 2005

Jogos que decidem campeonatos

Ganhámos ao V. Guimarães por 2-1, reduzindo desta maneira a diferença pontual para os primeiros classificados para apenas quatro pontos. Se quisermos ter pretensões de chegar ao bicampeonato temos forçosamente de aproveitar as abébias dos adversários e quando elas são a dobrar a ocasião é única. Felizmente tudo correu pelo melhor e apesar de não termos feito um jogo muito bem conseguido ganhámos, e isso era o mais importante. São estes jogos que geralmente decidem os títulos. Ao contrário de outras teorias muito em voga nos últimos tempos, especialmente em equipas às riscas, prefiro ganhar a jogar bem, embora a conjugação dos dois seja o ideal. Se não for possível, prefiro ser campeão nacional do que ter o fantástico título de “melhor futebol praticado”. A patinagem artística é outro desporto...

Quanto ao jogo de ontem, depois de uma 1ª parte equilibrada, na 2ª fomos manifestamente superiores pelo que a vitória é mais que justa. Não entrámos bem no jogo, algo lentos e com pouco intensidade atacante, mas acabámos por chegar ao golo num lance com alguma sorte na sequência de um livre. Como é possível o Nuno Gomes ter cabeceado à vontade na área e a bola ter ido na direcção da linha lateral?! Felizmente, estava lá o Miccoli para aproveitar a jogada, mas não é admissível que um ponta-de-lança do Benfica cabeceie a bola daquela maneira. Surpreendentemente, depois do golo deixámos o V. Guimarães jogar à vontade, sem o pressionar nem contra-atacar com perigo, pelo que depois de uma excelente defesa do Moreira e de um remate à trave foi natural que eles tivessem empatado. Na 2ª parte, o gás do V. Guimarães acabou-se (possivelmente consequências de Cracóvia) e nós tivemos três oportunidades de baliza aberta que não se podem desperdiçar: Simão por cima da trave, Nuno Gomes para defesa do guarda-redes e Mantorras ao lado. No lance do 2º golo também tivemos sorte, com o remate do Simão a ser desviado por um defesa e a trair o guarda-redes (agora tirem importância aos golos marcados assim, só o Deco é que marcou uns oito golos no ano passado pelo Barça em remates desviados e foram sempre considerados grandes golos...). No último lance da partida ainda apanhei um susto, com um livre perigoso à entrada da nossa área, mas felizmente sem consequências. O V. Guimarães surpreendeu-me pela pouca cacetada que deu, mas com as declarações finais do Jaime Pacheco percebi porquê: o homem não estava no seu estado normal, disse que ficou muito triste e frustrado com o resultado! Jogou meia-parte e achava que merecia ter empatado. Enfim...

Em relação às exibições individuais, já não é a 1ª vez que acontece os médios-centro fazerem uma 1ª parte muito má e subirem exponencialmente na 2ª. Não sei se é propositado (gestão do esforço?), ou se é apenas coincidência. O que é certo é que o nosso jogo fica muito perro por causa do Petit e Manuel Fernandes, que demoram eternidades a soltar a bola como aconteceu durante toda a 1ª parte. O Simão também teve uma 1ª parte fraca, mas melhorou imenso na 2ª. O Moreira está estranhamente pior nas saídas aos cruzamentos do que antes de vir o Quim, não sei o que se passa, mas continua seguríssimo nas bolas de longe, não as largando de maneira nenhuma. O Nélson não fez um jogo tão vistoso como outros, mas é definitivamente um bom jogador e parece que já joga no Benfica há muito tempo. O Léo é importantíssimo no apoio que dá ao ataque e foi dos melhores em campo. O Geovanni continua desaparecido e com o restabelecimento do Karagounis (que classe!) vai perder o lugar na equipa. Todavia, parece temos um problema táctico porque o Karagounis não é extremo-direito. Ontem foi jogar para o centro, descaindo o Nuno Gomes para a direita, num 4-3-3 típico. Mas o Nuno Gomes a extremo-direito... A entrada do grego foi fundamental para a vitória, porque equilibrou o meio-campo e tem um controle de bola que não engana. Os centrais estiveram bem, apesar de no golo do V. Guimarães terem os dois marcado o mesmo jogador deixando o outro livre, e os pontas-de-lança menos mal. Gostei da declaração espontânea do Miccoli no fim do jogo a insurgir-se contra a notícia que saiu ontem num certo jornal, especializado neste tipo de mentiras, de que o João Pereira tinha sido castigado pelo Koeman e que por isso é que não tinha sido convocado, quando não o foi por pura opção técnica (confirmado pelo treinador na conferência de imprensa). O bom balneário do Benfica não é um mito.

Por fim, gostaria de chamar a atenção para um assunto que me vem atormentando há cinco anos, o tempo em que o Mantorras está no Benfica. Já passou por cinco treinadores (Toni, Jesualdo Ferreira, Camacho, Trapattoni e Koeman), mas tudo continua na mesma. Ontem, quando ele entrou aos 84 min., o meu entretenimento até ao fim do jogo foi contar as vezes que ele ia ser apanhado em fora-de-jogo. Foram três, o que em nove minutos não se pode considerar mau. Como é possível que nunca ninguém lhe tenha chamado a atenção para isso?! Cada contra-ataque nosso cuja bola lhe é passada é geralmente um contra-ataque perdido. Será que é tão difícil ter em consideração o movimento dos defesas para não cair sistematicamente em fora-de-jogo? Porque é que ninguém o obriga a treinar este tipo de lances?

P.S. – O meu amigo J.M. deu ontem um passo importante para dar cabo da malapata que trazia ao Benfica. Foi ao Estádio da Luz e ganhámos (mesmo assim numa prova de grande benfiquismo enviou-me uma sms a considerar a possibilidade de ir embora ao intervalo), só que com uma pequena variante: foi pela 1ª vez ver um jogo sozinho. Resta saber se o mau karma se manteria se tivesse ido acompanhado...

1 comentário:

tma disse...

Também atribui (ou pelo menos gostaria de pensar que assim é) algum sub-rendimento do meio campo do Benfica, sobretudo na recuperação de bolas e na introdução de velocidade no jogo, se deve a gestão de esforço.
A gestão do esforço parece-me um dos aspectos fundamental no futebol actual, já que todas as equipas, mesmo as com menos ambições, são bastante equilibradas a nível de preparação física.
No entanto, a gestão de esforço também tem a sua ciência (na qual o Mourinho é especialista).
No caso do Benfica, é claramente um aspecto a amadurecer, de tal forma que, se há alguma coisa em que o Benfica pode agradecer a sorte é ter chegado ao intervalo sem ser a perder.

De resto, os golos com ressaltos também fazem parte do jogo. O Simão teve uma excelente iniciativa, como há muito já não via, e pela mérito de todo o lance o golo foi bastante merecido (para além de que o Benfica já era assumidamente a equipa que dominava o jogo).

Qto ao Mantorras, eu também me questiono como é que é possível que ele não faça trabalho específico para evitar os off-sides. Ou se o faz, como raio é que ele ainda não consegue dominar esse aspecto. Quantas oportunidades o Benfica não terá desperdiçado só por causa do mau posicionamento do Mantorras...