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quinta-feira, março 06, 2025

Desperdício

Perdemos ontem na Luz com o Barcelona (0-1) e irá ser preciso um milagre para nos qualificarmos para os quartos-de-final da Champions. Até porque esse milagre aconteceu nesse jogo, com a expulsão do central Cubarsí logo aos 22’, que nos deixou em superioridade numérica durante grande parte do encontro e permitiu que o nivelássemos, porque enquanto estivemos 11 para 11, o domínio dos catalães foi enorme. Infelizmente, não soubemos aproveitar essa vantagem e não só não conseguimos marcar, como ainda nos demos ao luxode sofrer, estabelecendo um recorde negativo (nunca uma equipa da casa tinha perdido um jogo na Champions estando tanto tempo a jogar com mais um...).

O Bruno Lage não inventou e colocou a equipa expectável, com o regresso do Leandro Barreiro ao meio-campo e o Dahl no banco. Logo aos 20 segundos(!), tivemos uma óptima ocasião através do Aktürkoğlu, que viu o seu remate ser defendido pelas pontas dos dedos(!) do Szczesny para canto. O Leandro Barreiro também teve uma chance nos minutos iniciais, mas não acertou com a baliza, enquanto do outro lado foi o Dani Olmo a atirar a rasar o nosso poste. A partir daí e até à expulsão, o Barça dominou completamente, com o Trubin a efectuar uma magnífica defesa a três tempos(!), provavelmente, a melhor desde que chegou à Luz. Até que se deu aquele lance em que o Pavlidis furou brilhantemente no meio da defesa contrária e sacou a expulsão ao Cubarsí. No livre, o Szczesny defendeu o remate do Kökçü e o domínio do jogo passou a ser naturalmente nosso a partir daí. No entanto, só numa cabeçada do Aktürkoğlu perto do intervalo é que estivemos perto do golo, com nova defesa do guarda-redes polaco. Logo depois da expulsão, o Hansi Flick tirou o Dani Olmo e colocou outro central, o Ronald Araújo, e conseguiu fechar bem os caminhos para a sua baliza durante a maior parte do tempo.

Na 2ª parte, aumentámos o ritmo e consequentemente criámos mais perigo. Mas, nessa altura, entrou em grande o factor desperdício. Começou logo pelo Pavlidis a desviar por cima um centro da esquerda, para logo a seguir ser o Aursnes a rematar fraco quando estava em óptima posição, depois de nova jogada na esquerda do Schjelderup. As nossas jogadas de ataque eram todas predominantemente por este lado e o Schjelderup teve outra oportunidade, com um remate mal enquadrado. Até que aos 60’, aconteceu o balde de água fria com um mau passe do António Silva (que até estava a fazer um bom jogo...) numa saída para o ataque a ser interceptado pelo Raphinha, que rematou de fora da área, com a bola ainda a ser ligeiramente desviada pelo Otamendi e caprichosamente a entrar no canto inferior direito da baliza do Trubin. Deu a sensação que, sem esse desvio, iria ao lado. Sentimos bastante o golo sofrido e nunca mais tivemos a preponderância desses primeiros 15’ da segunda parte, embora, logo a seguir ao golo, o Kökçü tenha tido um remate de pé esquerdo à entrada da área, que saiu ao lado, quando poderia ter feito bem melhor. Para a nossa baixa de produção, muito contribuiu o Bruno Lage na altura das substituições. O Tomás Araújo já tinha saído antes do golo por problemas físicos para a entrada do Dahl, mas aos 70’ o Lage resolveu tirar o Schjelderup, que estava a ser de longe o nosso jogador mais perigoso, e o Leandro Barreiro para entrarem o João Rêgo e Belotti. E isto com o Aktürkoğlu a estar completamente fora dela desde o início da 2ª parte...! É incompreensível que o Bruno Lage vá para o campo já com ideias definidas sobre a saída do Schjelderup, independentemente do modo como ele esteja a jogar... É que só pode ser isso, não há outra explicação! Por isso, pela segunda vez na vida, assobiei veementemente uma substituição de um treinador do Benfica (só comparável à saída do João Neves contra o Farense no ano passado, feita pelo Schmidt)! Como se isso já não bastasse, nunca até hoje jogámos grande coisa com dois pontas-de-lança em campo, mas havia mesmo de ser contra o Barça que o iríamos fazer... Enfim...! Mas lá fomos tendo mais algumas oportunidades, nomeadamente com um remate do Aktürkoğlu já na área (que tirou a bola ao Aursnes que vinha embalado de trás!) a ser defendido sem grande dificuldade pelo Szczesny, e, já no final, com outro do regressado Renato Sanches a ser defendido com mais dificuldade pelo polaco. Pouco antes disso, houve um penalty sobre o Belotti, mas que foi revertido pelo VAR, por milimétrico fora-de-jogo do italiano.

Em termos individuais, o Schjelderup foi dos melhores, especialmente na 2ª parte, mas infelizmente, o Bruno Lage nunca o deixa jogar até aos 90’. O Pavlidis também esteve muito bem, exceptuando no que se refere à finalização, mas é indiscutível que atravessa uma fase de grande confiança. O Carreras levou um amarelo e irá fazer muita falta em Barcelona. O Trubin teve aquelas três defesas no mesmo lance e, só por isso, merece igualmente uma menção. O António Silva acaba por estar ligado ao resultado, o que é pena, porque nem tinha estado nada mal até então. Já o Otamendi fez o seu 100º jogo na Champions com uma boa exibição.

Graças a esta norma da UEFA que nunca ninguém me conseguiu explicar (porque é que umas equipas têm oito dias entre jogos e outras seis...!), não vamos ter descanso quase nenhum com a partida frente ao Nacional no sábado e a ida a Barcelona na 3ª feira. Dito isto, é bom que não nos desconcentremos frente aos madeirenses, principalmente depois deste resultado que nos coloca praticamente fora da Liga dos Campeões.

P.S. – Andaram a tentar durante vários anos e finalmente parece que vão conseguir...! Por volta dos 35’, os No Name não se lembraram de melhor do que reeditar o que fizeram no jogo frente ao CRAC e que, na altura, desconcentrou a equipa a ponto de sofrer o golo do empate: acenderam uma quantidade inacreditável de pirotecnia e fizeram com que o jogo tivesse de ser interrompido durante uns minutos! Como estávamos com uma pena suspensa da UEFA por causa disto mesmo, agora é que eles devem mesmo conseguir interditar o Estádio da Luz! Espero é que tenhamos sorte e que seja só o sector onde eles estão, tal com o aconteceu com as claques da lagartada. Eu gostava muito de perceber o que vai na cabeça desta cambada de acéfalos para, depois de todos os avisos que tivemos da UEFA, continuar a fazer isto! Ou melhor, se calhar até, sei: não vai nada na cabeça deles, porque simplesmente não há nada lá dentro! Só isso explica este comportamento infame!

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