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quinta-feira, maio 23, 2024

Roger Schmidt – o erro iminente

O Presidente Rui Costa irá fazer o balanço da época hoje à noite e, aparentemente, prepara-se para anunciar a pior decisão do seu mandato e aquela que o irá marcar indelevelmente: a continuidade do Roger Schmidt. Estou perfeitamente à vontade para falar de um assunto como este, porque a vantagem de já andar nisto dos blogs há mais de duas décadas é que já acertei no passado (contra todas as probabilidades e a opinião da maioria dos benfiquistas), como também (felizmente!) já errei clamorosamente. No entanto, neste caso, temo bem que não vá errar e, se o fizer, será com ENORME alegria que virei aqui no final da próxima época fazer o mea culpa.
 
Posto isto, vamos às razões pelas quais a continuidade do actual treinador será um erro colossal:
 
1) Ao contrário de 2013, a equipa esteve longe de jogar bom futebol, ser a melhor do ano e comandar o campeonato quase até ao fim. Também não chegou a uma final europeia, cometendo a proeza de ser eliminada pelo 9º classificado do campeonato francês, depois de uma miserável e vergonhosa exibição na 2ª mão. E também não chegou a uma final da Taça de Portugal.
 
2) Não se nota evolução nenhuma (bem pelo contrário!) no desempenho da equipa em relação ao ano passado. Sendo mais claro: é evidente que regredimos. Sim, ficámos sem dois titulares que não tiveram substitutos à altura (Grimaldo e Gonçalo Ramos), mas na globalidade o plantel tinha mais opções do que no ano passado. Se não houve tanta rotação, foi porque o treinador não quis. (Por exemplo, pagámos 1M€ a mais para o Rollheiser vir já em Janeiro. Para quê...?!)
 
3) O Roger Schmidt não tem plano B. E mesmo o A, sem Grimaldo e Gonçalo Ramos, deixou de funcionar como no ano passado. Basta só pegar nos jogos contra os adversários directos e ver como levámos banhos tácticos na maior parte deles:
    a) Na Supertaça, sem ponta-de-lança, poderíamos ter chegado ao intervalo com o troféu perdido. Isso só não aconteceu graças à aselhice do pior CRAC dos últimos 40 anos.
    b) Na Luz, frente ao CRAC, vimo-nos e desejámo-nos para derrotá-los por 1-0, apesar de termos jogado 70’(!) em superioridade numérica. (Escrevi na altura: “se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados”. Parecia que estava a adivinhar a 2ª volta...).
    c) Frente à lagartada na Luz, estávamos a levar um banho de bola, até acontecer aquele milagre na compensação, mas duvido que ele tivesse sucedido se eles não estivessem também com 10 jogadores...
    d) Em Mordor, cometemos a enorme façanha de conseguir levar 5 do pior CRAC nos últimos 40 anos... Sem comentários.
 
4) O nosso treinador achou que seria boa ideia jogar na mesma semana no WC (para a Taça) e em Mordor com o... João Mário no meio-campo! E o Florentino no banco. Porque, claro, contra equipa menores e em jogos fáceis, não era preciso ter o único jogador do plantel que corre atrás dos adversários e não os deixa respirar até recuperar a bola, certo...?! (Sim, o João Neves também faz um pouco isso, mas não é a mesma coisa, além de que é um desperdício não o ter mais à frente).
 
5) Jogámos 120’ em Marselha e fazemos... duas substituições (eles fizeram as seis, como é óbvio). A terceira foi no final da 1ª parte do prolongamento e quase pode ser considerada de recurso. A isto, junta-se a rábula das substituições aos 88’, repetidas n vezes ao longo da época, para tentar mudar os acontecimentos. Ou as também inúmeras vezes em que as coisas não correram bem e não se esgotámos as substituições. E isto tudo, repito, com um plantel melhor do que no ano passado.
 
6) O Arthur Cabral está longe de ser um Gonçalo Ramos, teve um início tenebroso no Benfica, mas, quando começou a marcar golos com regularidade, o Roger Schmidt achou que era boa ideia ir a Guimarães, num dia de temporal, jogar com o Rafa e Di María na frente, e ele no banco... Quando o meteu na 2ª parte, salvou-nos da derrota, mas nunca mais recuperou aquele momentum. Ora, se há uma regra básica de bom-senso no futebol, é que não se tira da equipa um avançado que está numa senda positiva a marcar golos...
 
7) A campanha europeia foi uma vergonha e desonrou o prestígio do clube. Na da Champions, é melhor até nem falar, dado que nos safámos do último lugar com um golo de calcanhar na compensação do último jogo. Na Liga Europa, tínhamos uma oportunidade de ouro para chegar pelo menos até às meias-finais, mas deitámo-la pela janela daquele modo vergonhoso em Marselha.
 
8) É só ver o histórico do Roger Schmidt como treinador. Nunca conseguiu terminar a terceira época num clube. Das duas vezes que a iniciou (Leverkusen e Beijing Guan) foi despedido durante o decorrer da mesma. Tem tudo para ser diferente desta vez, sem dúvida...!
 
9) Um treinador do Benfica não pode levar 5 na casa de um rival e dizer no fim que não tem de pedir desculpa aos adeptos. Um treinador do Benfica não pode dizer aos adeptos para ficarem em casa e não irem aos jogos (por muito acéfalos que sejam alguns deles). Um treinador do Benfica não pode chegar ao fim de uma época em que só ganhou a Supertaça, foi eliminado da Taça da Liga pelo Estoril, fez a campanha europeia que fez, terminou a 10 pontos do 1º lugar no campeonato e dizer que... foi uma boa época! Isto é não perceber nada do que é o Benfica. Eventualmente, tudo isto também é culpa da comunicação (ou falta dela) do clube, mas para quem já cá está há dois anos, esperar-se-ia que já tivesse percebido um pouco melhor o que é o clube.
 
10) Termino com um exemplo singelo, que poderá ser considerado menor, mas bastante representativo na minha opinião da razão pela qual o Roger Schmidt não deveria continuar no Benfica. É principalmente por causa de decisões totalmente incompreensíveis e eivadas de falta de lógica como esta: Benfica – Vizela, jogo no meio da eliminatória europeia com o Toulouse, em que tínhamos ganho 2-1 na 1ª mão (portanto, não estava obviamente decidida); sete meses de época já decorridos; 5-0 ao intervalo; Rollheiser e Prestianni no banco; para a 2ª parte, sai Rafa e entra... Di María! Duas palavras: POR-QUÊ?!?!
 
Em conclusão: o ideal é ter um treinador que veja mais à frente, que perceba as coisas ainda antes de elas acontecerem, que consiga tirar coelhos da cartola que a maioria das pessoas (porque não está “lá dentro” e não “trabalha todos os dias com os jogadores”) não vê logo, que consiga encontrar estratégias diferentes perante adversários diferentes, mas eu até nem vou por aí. Acho que o mínimo dos mínimos é ter um treinador que veja o que todos vêem. E infelizmente temos um tipo de treinador que é o total oposto disso: é o único a não ver o que todos vêem! Junte-se a isso ao facto de ter uma grande parte dos adeptos contra ele e estão criadas as condições para uma temporada que só muito dificilmente não correrá terrivelmente mal, caso ele infelizmente continue. OXALÁ me engane!

* Publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.

segunda-feira, maio 20, 2024

Despedida triste

Empatámos (1-1) em Vila do Conde frente ao Rio Ave no último jogo do campeonato na passada 6ª feira e terminámo-lo a dez pontos do 1º lugar da lagartada. Com esta distância pontual, é difícil argumentar que demos luta até ao final, especialmente porque quando somos nós a ganhar, em geral, é só na última jornada.
 
Com o Rafa e o Di María de fora, o Roger Schmidt apresentou uma equipa cheia de alterações. Mesmo assim, dominámos grande parte da partida, fizemos o 1-0 aos 32’ pelo Kökçü, depois de uma assistência do Tengstedt, que acabou por receber o prémio de “homem do jogo”... É justo desde que consideremos que um avançado deve saber fazer tudo, menos... rematar à baliza! É que, sempre que teve ocasião para isso, a bola acertou invariavelmente no peito do guarda-redes... Tivemos outras ocasiões, mas revelámos a inépcia habitual nesta temporada, quando se tratou de meter a bola dentro da baliza. E aconteceu o que é normal nestes casos, ou seja, sofrermos o golo do empate, num penalty bem escusado do Florentino (mão na bola numa disputa de cabeça num canto) em cima dos 90’. O jogo ficou igualmente marcado pelas estreias absolutas do Gustavo Varela e Prestianni, e o argentino teve um remate perigoso já depois do empate, que o guarda-redes foi buscar ao canto da baliza.
 
Há muito para dizer sobre esta temporada, mas sinceramente a vontade não é muita. Aliás, a perspectiva de inacreditavelmente continuarmos com o Roger Schmidt para o ano é deveras assustadora. Não só isto correu como correu este ano, como na carreira dele foi sempre despedido na terceira época no mesmo clube... Teme-se o pior!

quarta-feira, maio 15, 2024

Despedida do Rafa

Goleámos o Arouca no domingo por 5-0 no último jogo do Rafa na Luz. Com a classificação fechada, o interesse do jogo cingia-se a esse facto e, com um bis, acabou por ser uma boa despedida do nº 27. O Arouca fez um bom campeonato, mas não confirmou neste jogo o mérito de ir terminar em 7º lugar.

Com o Arthur Cabral e o Marcos Leonardo lesionados, o Rafa jogou na frente apoiado pelo Kökçü. O próprio teve duas boas ocasiões logo no início, mas atirou por cima numa delas e permitiu um desvio importante ao Arruabarrena na segunda. O João Mário, assistido pelo Rafa, desviou uma bola ao poste, antes de o Di María fazer o 1-0 de penalty aos 25’ a castigar mão na bola de um adversário, depois de um cruzamento do João Mário. O argentino ainda tentou oferecer o penalty ao Rafa, mas este tem, de facto, um feitio muito especial e recusou... Aos 27’, todo o público da Luz se levantou para aplaudir o Rafa, mas este nem esboçou reacção... Aos 32’, aumentámos para 2-0 com novo penalty, desta feita por derrube do guarda-redes ao Kökçü, que o próprio turco marcou com sucesso. Em cima do intervalo, surgiu o tão desejado golo do Rafa apareceu, num bom remate já dentro da área ao ângulo da baliza. Grande festa no estádio, mas o Rafa fez um festejo normal...

Com o jogo ganho ao intervalo, não poderíamos ter entrado melhor na 2ª parte, com o bis do Rafa aos 46’, a rodar bem sobre um defesa, manter o equilíbrio e picar a bola sobre o guarda-redes à sua saída, fazendo o 4-0. Ao igualar o Pizzi na lista dos melhores marcadores do Benfica, festejou fazendo a continência característica do seu amigo. Por volta a hora de jogo, o Di María fez um golo absolutamente genial, num chapéu ao guarda-redes, mas foi anulado por fora-de-jogo do Rafa no início da jogada... O jogo já estava decidido, eu acho que, a bem do futebol, deveria ter sido deixado passar...! O Schmidt começou a fazer substituições e foi o Tengstedt, acabadinho de entrar, a fechar o resultado aos 77’, contornando bem o guarda-redes, depois de ter sido isolado pelo Rafa. Aos 86’, saída do Rafa para a grande ovação final, retribuída por este por um bater de palmas ao público. Qualquer outro jogador provavelmente emocionar-se-ia, mas não o Rafa... No último minuto, ainda deu para o Rollheiser falhar um golo feito, atirando ao lado à saída do guarda-redes, depois de ter sido isolado pelo também entretanto entrado Tiago Gouveia.

Destaque individual óbvio para o Rafa, com dois golos e uma assistência. Iremos ter saudades dele, nomeadamente da sua velocidade. Mas aquele feitio está muito longe de ser típico de um jogador de futebol... O resto da equipa exibiu-se a um nível aceitável, mas o adversário deu menos luta do que se esperava.

Fecharemos esta temporada triste em Vila do Conde na última jornada, ainda sem sabermos se irá ser o último jogo do Roger Schmidt enquanto treinador do Benfica. Será bastante arriscado se ele continuar e, se as coisas começarem a correr mal (e o histórico do treinador nas terceiras épocas nos clubes não é nada famoso...), a própria continuidade do Rui Costa estará certamente em causa. Para mim, a decisão seria óbvia, mas esse balanço far-se-á no final do campeonato.

segunda-feira, maio 06, 2024

Humilhante

Perdemos ontem em Famalicão por 0-2 e entregámos o título à lagartada, que estava confortavelmente a ver o jogo no sofá. Ou seja, foi como que a cereja no topo do bolo de uma época hedionda, em que nem sequer tivemos capacidade para obrigar o rival a ganhar o campeonato dentro do campo...
 
Depois de a equipa ter estabilizado nos últimos jogos, muito fruto da entrada do Florentino no onze, o Sr. Roger Schmidt resolveu inovar e voltar a colocar o João Mário no meio-campo, deixando o Florentino no banco...! Decisão, essa, que tão bons resultados trouxe como, por exemplo, em Mordor...! Claro que os jogadores contrários agradeceram a falta da muralha no nosso meio-campo e na 1ª parte conseguiram chegar imensas vezes à nossa baliza. Houve dois golos anulados por fora-de-jogo, um para cada lado, e algumas oportunidades para as duas equipas, mas ninguém conseguiu desfazer o nulo antes do intervalo.
 
Para a 2ª parte, exigia-se a entrada do Florentino e mais nada. Mas o nosso treinador substituiu o David Neres (soube-se hoje que lesionado), o Kökçü e o Marcos Leonardo para as entradas do Rafa, Arthur Cabral e Florentino. O Sr. Roger Schmidt tem esta fixação com os pontas-de-lança, em que se um não dá uma resposta positiva imediata, sai logo da equipa... O Marcos Leonardo nem estava a jogar mal, assim como o Neres (como a nossa comunicação não funciona, pensámos todos que tinha sido por opção táctica e não por lesão, o que convenhamos tornaria a substituição incompreensível...) e a verdade é que nem, o Rafa, nem o Arthur Cabral trouxeram grande coisa ao jogo. Pressionámos bem mais (vantagem de ter o Florentino em campo...) e atirámos uma bola ao poste pelo Di María, numa resposta à também bola ao poste do Famalicão na 1ª parte. Parecia que o golo estava para vir para o nosso lado, mas aconteceu na nossa baliza: aos 71’, o Puma Rodríguez flectiu da direita para o centro e rematou sem que o Trubin se tenha feito à bola.... Incompreensível, porque, ainda por cima, a bola entrou no ângulo mais próximo... O golo deitou-nos completamente abaixo, porque não podíamos sequer empatar para impedir a festa dos outros. Que ficou selada aos 85’ num erro clamoroso do Florentino na saída de bola, que a entregou a um adversário e depois, na jogada, o Zaydou Youssouf atirou sem hipóteses para o Trubin.
 
Não vou fazer destaques individuais, só dizer o seguinte: TÍNHAMOS de ganhar este jogo. Ponto! Sabíamos que uma não-vitória lançaria a festa do outro lado da 2ª circular, sabíamos que eles se tinham reunido para verem o jogo em conjunto à espera do nosso deslize, como é possível termos facilitado isso...?! É absolutamente imperdoável! Ao intervalo, já deveria estar 3-0 a nosso favor, para ao menos mostrarmos alguma dignidade e obrigarmos os outros a serem campeões no relvado. Mas não...! Depois de uma Champions miserável, depois de termos levado cinco em Mordor contra o pior CRAC dos últimos 40 anos, depois de sermos eliminados pelo 9º classificado do campeonato francês, ainda tivemos o desplante de oferecer esta benesse à lagartada...! É mau demais para ser verdade e urge fazer uma retrospectiva muito séria para que todos percebam como foi possível ganharmos apenas uma Supertaça num ano em que apostámos tanto. E em que, apesar de algumas limitações, ainda assim tínhamos de longe o melhor plantel do campeonato. Houvesse alguém que tivesse tirado proveito dele...