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segunda-feira, novembro 29, 2021

Uma vergonha que só em Portugal...

Vencemos o Belenenses SAD no sábado no Estádio Nacional por 7-0. Seria motivo para regozijo se estivéssemos num país civilizado. Só que não estamos. Nunca estivemos. Portanto, o resultado é o que menos interessa num jogo que, obviamente, nunca se deveria ter realizado, porque o Belenenses SAD entrou em campo com nove jogadores (dois dos quais guarda-redes) e acabou no início da 2ª parte, quando só sete regressaram dos balneários e um simulou uma lesão.
 
O Darwin marcou três golos, o Seferovic outro dois, o Weigl um golão e houve um autogolo do Kau logo aos 25 segundos. Foi a primeira vez na vida que não festejei nenhum golo do Benfica e vamos ao que interessa:
 
1) Em primeiro lugar, se há entidade que não tem culpa de o jogo se ter realizado é o Sport Lisboa e Benfica. Portanto, quaisquer tentativas de lançar o ónus da questão para nós é pura desonestidade intelectual.
 
2) É óbvio que o Belenenses SAD deveria ter pedido o adiamento formal do jogo, logo que se conheceu o surto. E não ter o seu inefável presidente da SAD a declarar no próprio dia do jogo que tinha não-sei-quantos jogadores inscritos e que, portanto, não ia pedir o adiamento. Grande parte do plantel estava infectado ou de quarentena, portanto era evidente que não estariam nem na força mínima para disputar a partida.
 
3) Custa-me MUITO a perceber que a Liga não possa vir dizer: “sou eu que organizo esta competição, não estão garantidas as condições com o mínimo de igualdade entre os dois clubes, portanto mesmo que eles não tenham pedido, vamos obviamente adiar o jogo”. Se não está no regulamento, deveria estar. E mesmo não estando, como estamos a falar de um bem maior que é a integridade de uma competição de futebol, impunha-se o adiamento na mesma (era ver quem é que depois se atreveria a contestar nos tribunais essa decisão...).  Se a entidade que organiza uma competição não pode garantir essa integridade, então se calhar não tem razão de existir.
 
4) Quem devolve o dinheiro a alguns milhares de infelizes que foram assistir ao vivo a esta farsa? Como é que não se defende os adeptos que gastam o seu tempo e dinheiro para irem aos estádios?! Toda a gente gosta muito de falar que os jogos sem público não são a mesma coisa, mas depois é isto. Ainda pensei em ir ao estádio, mas felizmente resolvi em sentido contrário em tempo devido. Porque senão ainda estaria mais furioso!
 
5) A parte que mais me interessa: a nossa posição. Não temos culpa no que se passou, não fomos abordados para adiar o jogo, nem pelo clube visitado, nem pela Liga. No entanto, acho que poderíamos (e deveríamos) ter jogado em antecipação e alertado em devido tempo para o desastre, que já se estava a perspectivar. Por exemplo, publicando o seguinte comunicado na manhã do jogo:
 
“O Sport Lisboa e Benfica vê com muita preocupação o surto de covid-19 no plantel do Belenenses SAD. Por enquanto, não foi abordado por nenhuma entidade com vista a um possível adiamento, mas caso o seja a nossa resposta é desde já positiva, porque mesmo que se apresente com 11 jogadores em campo, o Belenenses SAD não estará nas melhores condições para o disputar. Acima de tudo, há que respeitar o futebol, a integridade de uma competição e os adeptos que pagaram bilhete para assistir. O Sport Lisboa e Benfica ainda se recorda do que aconteceu no ano passado no jogo frente ao Nacional e, apesar de estar agora do outro lado, não quer que a situação se repita. Caso não haja nenhum pedido para adiar o jogo, claro que se apresentará em campo, porque senão teria falta de comparência. No entanto, o Sport Lisboa e Benfica gostaria de saber quem se responsabilizará se, por acaso, houver algum contágio com os seus jogadores, a poucos dias de jogos tão importantes, incluindo uma possível qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
 
Pronto, era só isto. Chamar publicamente a atenção que o “rei iria estar nu”. Porque isso, acima de tudo, estaríamos a defender um bem superior: o próprio futebol. Além de que nos colocaria à parte desta confusão toda, porque teríamos avisado antes. Era obrigatório fazermos isto? Não. Mas tê-lo feito seria uma enorme chapada de luva branca a todos os responsáveis que não tomaram a decisão que se impunha. Porque jamais, em tempo algum, deveria ser possível que um jogo começasse com nove para 11. Era uma atitude que nos dignificaria e, se há coisa que eu espero sempre do Benfica, é que tenha este tipo de atitudes. Que pense sempre no bem maior, nem que seja o único a fazê-lo neste asco que é o futebol português. Deixámos passar em claro uma óptima oportunidade para isso.

quarta-feira, novembro 24, 2021

Choque

Empatámos ontem em Barcelona (0-0) e vamos para a última jornada da Champions a lutar pelo apuramento. Teremos de ganhar em casa frente ao Dínamo Kiev e esperar que o Barça não vá ganhar a Munique ao já apurado Bayern. Se alguém me tivesse perguntado antes do jogo se assinava este resultado, teria dito logo que sim. Só que, o que se passou no último minuto, mudou tudo...

 

O Jesus disse que íamos jogar para ganhar, mas a verdade é que não o fizemos. Fomos brilhantes em termos defensivos, especialmente o Otamendi, que fez uma exibição monstruosa, mas muito pouco acutilantes no ataque, sempre com medo do contra-ataque dos catalães. A 1ª parte ficou marcada por três momentos de perigo: uma cabeçada do Yaremchuk num canto que o Ter Stegen defendeu por instinto, o golo anulado ao Otamendi com o argumento de que a bola terá saído do campo no canto e o remate ao poste do austríaco Demir. Conseguimos quase sempre manietar o Barça, não lhes dando praticamente espaço nenhum. 

 

Na 2ª parte, especialmente a partir da entrada do Dembélé, sofremos muito mais. O Grimaldo já tinha um amarelo, não podia forçar e o Jesus esteve bem ao fazer entrar o Lazaro para fechar aquele lado. Já antes tinham entrado o Darwin e o Taarabt para os lugares do Yaremchuk e do apagado João Mário. O uruguaio veio agitar um pouco o nosso ataque, com algumas corridas, mas continua a revelar pouca inteligência na altura de soltar da bola. Do outro lado, o Vlachodimos lá ia resolvendo as coisas mais complicadas que lhe apareceram. O Pizzi já tinha entrado com o Lazaro e a menos de 10’ do fim o Seferovic substituiu o Grimaldo. O Barcelona ainda marcou um golo, mas o Ronald Araújo estava fora-de-jogo. Conseguimos contar os ataques contrários, com o Otamendi a fazer alguns cortes que entrarão certamente num compêndio de como bem defender. Até que, no último minuto da compensação, recuperámos uma bola e de repente temos o Darwin e Seferovic só com um defesa contrário pela frente a correr no meio-campo adversário. O uruguaio puxa o defesa e isola o suíço. O Seferovic, então, acrescenta mais uma página ao historial de golos feitos falhados em Camp Nou. O primeiro foi este, o segundo (e pior de todos, porque foi por egoísmo) este e, ontem, tivemos o mais escandaloso: o Seferovic conseguiu atirar ao lado quando só tinha a baliza pela frente e estava praticamente na pequena-área! Começou por acertar mal na bola quando a tentou picar por cima do guarda-redes, a bola bateu na cabeça deste e sobrou para ele, que atirou... ao lado! I N A C R E D I T Á V E L !!! Acho que todos nós falecemos um pouco ontem, ficaremos em choque durante umas quantas décadas e nunca mais nos esqueceremos deste lance...! Como é possível...?!?!

 

Em termos individuais, enorme destaque para o Otamendi, que fez uma das melhores exibições de um central que me lembro de ver na vida. O Vlachodimos esteve seguríssimo e o nulo também passou muito por ele. Aliás, toda a defesa esteve muito bem, com o André Almeida como terceiro central e o Gilberto na direita a não destoarem nada, ao contrário do que algumas más-línguas gostam de dizer. O João Mário esteve uns furos abaixo do que é habitual, mas convém não esquecer que veio de lesão. Em sentido contrário, o Weigl não parou quieto um minuto. Na frente, o Yaremchuk precisa de uns jogos no banco para colocar a cabeça em ordem, apesar de ter tido uma boa oportunidade naquele canto, e o Rafa e Everton quase não tiveram jogo, porque nós defendemos na maior parte do tempo. Quanto aos que entraram, o Seferovic nem sei bem o que diga...

 

Vamos lá a ver se o ‘falhanço do milénio’ não nos irá custar um lugar nos oitavos... Não será fácil o Barcelona ganhar em Munique, mas o Bayern só irá cumprir calendário. De qualquer modo, temos é de nos concentrar em ganhar o Dínamo Kiev na Luz. Porque se o tivéssemos feito fora (como deveríamos), aí já só dependeríamos de nós para a qualificação.

segunda-feira, novembro 22, 2021

Dissimulado

Vencemos o Paços de Ferreira na passada 6ª feira por 4-1 e qualificámo-nos para os oitavos-de-final da Taça de Portugal. Dito assim, parece que tudo foi fácil e sem espinhas. Era bom que assim tivesse sido. Como o futebol é um desporto maravilhoso, os resultados podem esconder bastante e estes 10-2 dos últimos dois jogos na Luz escondem-no.

Perante um adversário do nosso escalão, o Jesus não fez grandes poupanças, com excepção do Gedson no meio-campo no lugar do lesionado João Mário e do Radonjic na direita. A 1ª parte, para não variar, foi quase desperdiçada. Futebol bastante lento, mas mesmo assim com três grandes oportunidades, com o Darwin isolado a permitir a defesa do guarda-redes Vekic, o Rafa a atirar ao poste e o Everton a proporcionar uma grande defesa ao mesmo Vekic. Do outro lado, o Paços quase não incomodou o Helton Leite.

A 2ª parte começou praticamente com o golo do Paços de Ferreira, aos 51’, através do Nuno Santos que, como é nosso jogador (adoro esta coerência de os emprestados não poderem jogar contra os clubes de origem para o campeonato, mas poderem fazê-lo para a Taça...), não comemorou. Com o golo, o Jesus abandonou o esquema dos três centrais, ao mandar entrar o Pizzi e Taarabt para os lugares do André Almeida (que jogou a central) e Gedson. A equipa melhorou (com aqueles dois em campo, algum dia teria de ser...) e o Pizzi desmarcou o Darwin que atirou de cabeça em balão ao poste. O mesmo Darwin, pouco depois, não acertou em cheio na bola quando estava isolado e ela foi desviada para canto. O Lazaro já tinha substituído o Radonjic no início da 2ª parte e o Jesus arriscou tudo com o Seferovic e Gonçalo Ramos nos lugares do Darwin e Weigl a pouco mais de 15’ do fim. E foi aos 78’ que as coisas começaram a mudar, com um golão do Grimaldo de livre directo. Este golo desbloqueou completamente o jogo a nosso favor e aos 81’ demos a volta ao marcador com uma cabeçada do Seferovic a centro do Taarabt. O Paços de Ferreira desconjuntou-se e sofreu mais dois golos, aos 86’, num remate rasteiro de fora da área pelo Rafa e já na compensação (93’) pelo Everton, bem assistido pelo Seferovic.

Em termos individuais, o Seferovic ao estar presente em três dos golos (marcou um, assistiu noutro e a falta do livre do Grimaldo é sobre ele) foi o homem do jogo, apesar de só ter entrado a pouco mais de 10’ do fim. O Grimaldo também merece uma palavra, porque aquele golão foi o início da reviravolta. O Everton está em nítida subida de forma e, por causa disso, a sua confiança nota-se a olhos vistos. A mudança de sistema para o 4-4-2 foi fundamental para a melhoria exibicional na 2ª parte, com o Taarabt e o Pizzi, excepcionalmente, a entrarem bem no jogo. Quanto aos que deveriam ter aproveitado melhor a oportunidade e não o fizeram, está o Gedson, que apesar de um ou outro bom pormenor acusou bastante a falta de ritmo.

Durante boa parte do jogo, não conseguimos entrar na defesa do Paços. Dos quatro golos, um foi de bola parada e outros dois de transição rápida. Ou seja, quando o adversário se fecha lá atrás continuamos a revelar muitas dificuldades. Temos é valores individuais que vão disfarçando esta pouca qualidade colectiva do nosso futebol ofensivo. Só não se sabe quanto tempo é que isto irá durar, mas por esta altura da época já deveríamos estar bem mais consistentes e com um futebol mais assertivo. Iremos amanhã a Barcelona jogar uma cartada decisiva quanto ao apuramento na Champions. Veremos que resposta a equipa irá dar.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Impensável

A selecção nacional precisava de dois pontos em dois jogos para se qualificar directamente para o Mundial do Qatar e, ao empatar na Irlanda (0-0) na passada 5ª feira e perder ontem na Luz frente à Sérvia (1-2), não o conseguiu. É algo difícil de conceber que uma selecção com a qualidade da nossa arrisque a não estar presente num Mundial de futebol.
 
Frente à Irlanda, o Fernando Santos poupou vários titulares por causa dos amarelos e Portugal fez uma das piores exibições dos últimos anos, sem criar praticamente oportunidades de golo. A mentalidade do seleccionador (“o empate ou ganhar aqui por 5-0 era a mesma coisa. É um resultado muito positivo”) foi seguida na prática pelos jogadores e o pior é que se contagiou para o jogo seguinte. Como seria de prever.
 
Ontem até começámos bem, com o Renato Sanches a inaugurar o marcador logo aos 2’. Incompreensivelmente, este golo em vez de nos tranquilizar e lançar para uma exibição consistente teve um resultado contrário. Dito de modo simples: levámos um banho de bola dos sérvios, que mais do que mereceram a vitória, já que atiraram ao poste, empataram aos 33’ pelo Tadic e marcaram em cima dos 90’ pelo Mitrovic, num lance que é um resumo perfeito da desorganização colectiva de Portugal: num canto contra nós, em cima dos 90’, no momento do cruzamento para a área, estão cinco jogadores de Portugal e seis(!) da Sérvia! Conseguimos a proeza de estar em desvantagem numérica num canto contra nós...!
 
O apuramento agora será bastante complicado, porque teremos de defrontar dois adversários no play-off em Março e só temos a garantia de o primeiro jogo ser em casa. Independentemente de o conseguirmos ou não, é mais do que evidente que o caminho do Fernando Santos chegou ao fim. A miséria exibicional que sempre pautou o seu percurso está a ter repercussões nos resultados. Os milagres não acontecem sempre. E, como já várias pessoas disseram, uma selecção com tanta qualidade individual merece ter alguém que a ponha a jogar um futebol decente. Algo que já não fazemos há muitos anos.

terça-feira, novembro 09, 2021

Goleada enganadora

Vencemos no domingo o Braga por 6-1 e mantivemo-nos a um ponto dos rivais que também ganharam (o CRAC 3-0 nos Açores e a lagartada 2-0 em Paços de Ferreira). Quem olhar só para o resultado, ficará certamente com a impressão de que foi um encontro em que subjugámos o adversário. Nada mais errado.
 
Com o Everton no lugar do Yaremchuk, o jogo não poderia ter começado melhor para nós, dado que inaugurámos o marcador logo aos 2’, num cruzamento do Darwin que o Grimaldo concretizou de cabeça. No entanto, o Braga respondeu muito bem e restabeleceu a igualdade aos 12’ num remate cruzado do Ricardo Horta. Desde o nosso primeiro golo até aos 38’, basicamente levámos um banho de bola. Sim, o resultado final mascara (e bem) esse facto, mas durante este período o Braga foi claramente a melhor equipa, não nos deixando sequer sair a jogar de trás. Chegou a haver alturas em que a bola estava no Vlachodimos e os 11(!) jogadores adversários estavam no nosso meio-campo! Nesse período, tivemos de fazer duas substituições forçadas por causa das lesões do João Mário e do Lucas Veríssimo, esta particularmente grave que o vai afastar dos relvados durante pelo menos oito meses, tendo entrado o Morato e o Paulo Bernardo. Dominados pelo Braga e com duas lesões, o panorama não era prometedor, mas aos 38’ caiu-nos um golo do céu, numa recarga do Darwin a um remate do Grimaldo defendido pelo Matheus. Aliás, este final da 1ª parte foi de sonho, com três golos em três oportunidades: aos 42’, fizemos o 3-1 através do Rafa, numa transição rápida, em que assistido pelo Everton tirou um defesa do caminho e desviou a bola do guarda-redes. No tempo de compensação da 1ª parte, o Rafa bisou noutro contra-ataque, novamente com assistência do Everton, em que se isolou e bateu o Matheus. Ficámos com o jogo muito bem encaminhado, sem sabermos bem como.
 
Se o Braga tinha veleidades no marcador, dissipou-as logo no primeiro quarto-de-hora da 2ª parte. Aos 52’, fizemos o 5-1 através do Everton, que tirou brilhantemente o Paulo Oliveira do caminho e atirou cruzado sem hipóteses para o guarda-redes. Aos 59’, fechámos o marcador com novo bis do Everton, que rematou cruzado de pé direito depois de um centro largo do Darwin na esquerda. Com o jogo mais do que decidido, as equipas baixaram o ritmo, mas ainda assim tivemos uma grande oportunidade com o entretanto entrado Gonçalo Ramos a proporcionar ao Matheus uma grande defesa, num remate em voo a centro do Grimaldo. Infelizmente, ainda não foi desta que o Ramos conseguiu marcar este ano.
 
Em termos individuais, destaque para o Everton, que esteve em quatro dos nossos golos, com um bis e duas assistências. O Rafa também merece relevo, porque marca dois bons golos em frente ao guarda-redes. Aliás, o trio da frente esteve endiabrado com o Darwin a marcar um golo e fazer duas assistências. No meio-campo, o Weigl esteve em todo o lado e o Paulo Bernardo, a fazer a sua estreia no campeonato, deu óptima conta do recado e está milhas à frente do Taarabt (ok, eu sei que não é preciso muito, mas espero que com esta evidência o mercado de Janeiro leve o marroquino para bem longe do Estádio da Luz). Uma palavra de alento para o Lucas Veríssimo, que provavelmente só conseguirá voltar aos relvados daqui a praticamente um ano.
 
Ganhámos 6-1 ao Braga, mas não fizemos uma exibição de encher o olho. Muito pelo contrário. As bolas que não quiseram entrar frente ao Portimonense e Estoril entraram agora, mas continuamos com muitos problemas em ter um jogo fluído e vivemos muitos dos repelões que os homens da frente conseguem dar. Em equipas que se fecham mais do que o Braga, bem temos visto os problemas que isso tem causado.

quinta-feira, novembro 04, 2021

Expectável

Perdemos em Munique frente ao Bayern na 3ª feira por 2-5 e fomos relegados para o 3º lugar do nosso grupo da Champions, porque o Barça ganhou em Kiev por 1-0. Como o Jesus disse na antevisão, não era este jogo que iria definir o nosso destino, porque o poderio dos alemães é impressionante e muito estranho será se eles não conseguirem seis vitórias em seis jogos. Quanto a nós, um empate em Camp Nou e uma vitória frente ao Dinamo Kiev, possivelmente dar-nos-á a qualificação.
 
Consciente de que esta partida era de outro campeonato, o Jesus optou (e bem) por retirar alguns habituais titulares da equipa, até porque o Otamendi, Weigl e Rafa estavam tapados por amarelos e muito mais falta fariam nos dois próximos jogos. Entrámos bem na partida e nos primeiros minutos até rondámos mais vezes a área do Bayern. Chegámos a marcar pelo Lucas Veríssimo, mas infelizmente o Pizzi, que fez a assistência, estava milimetricamente fora-de-jogo. Ao invés o inevitável Lewandowski inaugurou o marcador de cabeça aos 26’, ao corresponder a um centro do endiabrado Coman, que voltou a dar cabo dos nossos laterais. Já se sabe que, assim que abre a torneira, o Bayern nunca descansa e aos 32’ aumentou a vantagem num calcanhar do Gnabry com assistência do Lewandowski. Antes e depois dos golos, já o Vlachodimos mostrava que era o melhor do Benfica, ao impedir que o resultado se avolumasse para números catastróficos. Um contra-ataque nosso foi egoisticamente resolvido pelo Yaremchuck com um remate ao lado, quando tinha um colega em melhor posição. Mas aos 38’ marcámos mesmo, através do Morato de cabeça, depois de um cruzamento do Grimaldo na esquerda. Foi o primeiro golo sofrido pelo Bayern na Champions. Em cima do intervalo, o Lucas Veríssimo foi imprevidente ao tentar um corte, abrindo muito os braços e fazendo com que a bola lhe embatesse na mão. O VAR assinalou penalty, mas o Vlachodimos não se deixou enganar pelo Lewandowski e defendeu o remate.
 
A 2ª parte iniciou-se praticamente com o terceiro golo do Bayern, através do Sané aos 49’, num remate à meia-volta. À passagem da hora de jogo, o Lewandowski bisou num lance de contra-ataque, em que passou pelo Meïté como se ele não estivesse lá. Nesta altura, temi o descalabro, mas alguma falta de pontaria dos alemães e o Vlachodimos impediram isso. Pelo contrário, fomos nós a reduzir para 2-4 aos 74’ pelo entretanto entrado Darwin na sequência de um contra-ataque bem conduzido pelo João Mário. Logo a seguir, destaque para a estreia do Paulo Bernardo na equipa principal e logo num jogo destes. Aos 84’, um alívio do Neuer isolou o Lewandowski, que fez um chapéu sobre o Vlachodimos, selando o hat-trick e o resultado final.
 
Em termos individuais, o Vlachodimos foi o melhor do Benfica, porque graças a ele não sofremos outros tantos golos. Também gostei bastante do Morato, muito personalizado e com a mais-valia de ter marcado um golo. Em sentido contrário, o Lucas Veríssimo continua a cometer erros infantis em jogos importantes. O mal-amado Gilberto foi outro que não esteve nada mal, nunca se escondendo do jogo e viu-se bem a diferença em relação ao Diogo Gonçalves, quando este foi para a lateral-direita. Para a maior parte dos jogos, o Diogo serve perfeitamente, mas perante estes adversários que atacam muito, precisamos de alguém que defenda melhor do que ele. Por outro lado, se calhar em Janeiro arranjaríamos outro lateral-esquerdo, porque é ridículo fazermos a Liga dos Campeões toda só com o Grimaldo. Viu-se bem o problema que causou a sua saída.
 
Se levássemos menos de cinco, eu já me daria por satisfeito. Perdemos  por três, o que não foi nada mau. A Liga dos Campeões só interessa mesmo pelo dinheiro que nos dá. Estas equipas são inultrapassáveis e o melhor que poderemos conseguir nos próximos anos são os quartos-de-final. Ora, isso não são títulos. Posto isto, o que é importante é o jog
o frente ao Braga no próximo domingo. Isso, sim, é (d)o nosso campeonato.

segunda-feira, novembro 01, 2021

Previsível

Empatámos no sábado no Estoril (1-1) e perdemos a liderança do campeonato, descendo para 3º lugar a um ponto dos primeiros, porque o CRAC ganhou 4-1 em casa ao Boavista e a lagartada 1-0 ao V. Guimarães. Foi um resultado muito desapontante, porque não soubemos matar o jogo e colocámo-nos a jeito de um lance fortuito que acabou mesmo por acontecer.
 
A partida não poderia ter começado melhor, dado que inaugurámos o marcador logo aos 2’ através da cabeça do Lucas Veríssimo na sequência de um canto do João Mário. Olha que coincidência...! Um canto marcado de forma directa, um golo! O que vale é que aprendemos a lição e raramente repetimos a graça durante o resto do jogo...! Voltámos aos cantos a dois toques, que repetimos ad nauseam desde o início da época, com os resultados brilhantes que conhecemos... A seguir ao golo, fomos diminuindo progressivamente o ritmo, mas conseguimos controlar o Estoril, que não teve grandes oportunidades. O que me foi tirando muito do sério foi a nossa extraordinária incapacidade para sermos inteligentes a conduzir um contra-ataque...! Ou o jogador que o conduzia não levantava a cabeça e via colegas muito bem posicionados (olá, Darwin...), ou o passe saía imperfeito, o que nos fazia perder o momentum (olá, Rafa...). Tivemos um bom par de oportunidade para colocar alguém isolado em frente ao guarda-redes, mas nunca o conseguimos.
 
Na 2ª parte, o Jesus tirou o inexistente Yaremchuk e colocou o Gonçalo Ramos. Melhorámos um pouco e tivemos melhores chances para marcar, mas o Darwin viu um defesa cortar uma bola que muito possivelmente lhe daria o golo, o Lucas Veríssimo fez um remate fraco quando estava em boa posição e o Grimaldo chegou adiantado(!) a um centro do Gonçalo Ramos depois de uma óptima jogada sua. O mesmo Gonçalo Ramos e o entretanto entrado Everton viram igualmente o guarda-redes Dani Figueira defender remates seus. Do outro lado, um centro-remate e um livre directo colocaram o Vlachodimos à prova. Nas mensagens trocadas com um grupo de amigos, a opinião entre nós era unânime: ainda nos arriscávamos a levar um golo...! E assim aconteceu no último minuto: o fiscal-de-linha inacreditavelmente não viu que o Pizzi não tocou na bola e deu lançamento ao Estoril, do qual resultou depois um canto. Nesse mesmo canto, o Gonçalo Ramos não chegou à bola e o Rosier antecipou-se ao Lucas Veríssimo, fazendo a igualdade de cabeça sem hipóteses para o Vlachodimos. Foi um enorme balde de água fria, mas que castiga a nossa ineficácia.
 
Em termos individuais, o Lucas Veríssimo estava a ser o melhor em campo, mas fica ligado ao golo do empate. No meio-campo, o Weigl não dá para tudo e não houve assim mais ninguém que se destacasse, sendo preocupante a forma de alguns dos jogadores que foram essenciais no início da época, especialmente o João Mário e o Yaremchuk. O Darwin e o Rafa têm velocidade a mais e lucidez a menos. O Radonijc foi uma aposta completamente falhada na lateral-direita e o Everton continua a não acrescentar muito quando entra.
 
Já amanhã iremos a Munique e o que eu espero é que não levemos mais do que cinco. O mais importante é o jogo do próximo domingo, em que receberemos o Braga, e veremos se este abaixamento de forma consegue ser estancado ou não.