sexta-feira, novembro 27, 2020
Recuperação – parte II
Empatámos em Glasgow (2-2) frente ao Rangers e mantemo-nos em igualdade pontual com eles na frente do grupo da Liga Europa, embora com desvantagem no confronto directo por via dos golos marcados fora nos dois jogos. Por outro lado, aumentámos a vantagem para cinco pontos perante o Lech Poznan e o Standard Liège. Dado que aos 77’ estávamos a perder por 0-2, o resultado acaba por ser positivo, à semelhança do jogo na Luz.
O Jesus surpreendeu ao dar a titularidade ao Helton Leite na baliza e ao Chiquinho no meio-campo, mas o facto de estarmos com o Weigl, Taarabt e Darwin com covid-19 cria naturalmente dificuldades adicionais na constituição da equipa. À semelhança das partidas anteriores, fizemos uma exibição paupérrima na maior parte do tempo. Sofremos um golo logo aos 7’ pelo Scott Artfield na recarga a uma excelente defesa do Helton Leite e uma bola à barra! Tivemos sempre imensas dificuldades em criar perigo, ou porque o Everton rematava muito por cima em boa posição, ou porque o Seferovic não chegava de cabeça a um bom centro, ou porque uma boa movimentação do Rafa acabava com um remate interceptado por um defesa.
A 2ª parte até começou com uma boa oportunidade pelo Waldschmidt, mas a bola saiu ao lado, só que depois continuámos com o enorme problema em entrar na área contrária. E, como não temos ninguém que saiba rematar decentemente de fora da área, a questão era saber quando é que o Rangers marcava o segundo, mesmo sem ter também muitas oportunidades. Fê-lo aos 69’ pelo Roofe num remate de fora da área (lá está, dá jeito ter alguém que o saiba fazer...), depois de ter tido muito pouca oposição da nossa parte (o Vertonghen encolheu-se inclusive na altura do remate!). Caso houvesse VAR nesta competição arriscávamo-nos mesmo a estar já a perder por 0-3, dado que o Vertonghen desviou com a mão um centro da direita. O Jesus foi fazendo alterações e foi o Gonçalo Ramos a ter intervenção directa no 1-2 aos 78’, um autogolo do Tavernier, depois de um remate do nº 88 ter sido defendido pelo guarda-redes e ter ressaltado nele para dentro da baliza. Esse remate do Gonçalo Ramos foi uma recarga a um falhanço enorme do Seferovic, que se encontrava em boa posição. Estávamos por cima dos escoceses, mas mesmo assim poderíamos ter sofrido a machadada final pouco depois, quando um remate defendido pelo Helton Leite subiu na vertical e bateu na barra na descida. Mas lá fizemos a igualdade aos 81’, na nossa melhor jogada entre o Rafa, Gonçalo Ramos e Pizzi, com este a rematar forte de pé esquerdo já na área. Até final, ainda deu para um remate de recarga do Gabriel que saiu ligeiramente por cima.
Em termos individuais, não é fácil destacar muita gente, dado que durante a maior parte do tempo jogámos muito pouco. Só com as substituições as coisas melhoraram um pouco e, por isso, mérito para o Pizzi e Gonçalo Ramos, principalmente. Quanto aos ‘menos’, há muitos candidatos, com o Gabriel à cabeça (perdi a conta aos passes errados e perdas de bola), o Waldschmidt esteve igualmente muito longe dos seus dias e o Vertonghen está em ambos os lances de golo sofridos (salta mal na bola à barra no primeiro) e encolhe-se no segundo. O Helton Leite fez duas boas defesas, mas tem de aprender a não as fazer para cima, porque assim a bola vai cair na mesma posição da qual saiu.
Só um cataclismo fará com que não consigamos pelo menos um ponto nos dois jogos que faltam. No entanto, seria muito importante ficarmos em primeiro lugar, por causa da vantagem no sorteio dos 1/16 avos de final, mas para isso já dependemos de outros para tirarem pontos ao Rangers.
quarta-feira, novembro 25, 2020
Diego Armando Maradona (1960-2020)
Hoje morreu uma (boa) parte do futebol. Numa altura em que não havia YouTubes e afins, tínhamos esperas de quatro anos para poder ver meia-dúzia de 90 minutos deste génio com regularidade. Lembro-me vagamente da desilusão de 82, com a expulsão frente ao Brasil, e tinha dez anos quando o vi ganhar o Mundial 86 sozinho. Marcou-me profundamente a infância e era impossível não achar que estávamos perante alguém de outro mundo, porque efectivamente ele tornava a bola uma extensão do seu próprio corpo. Vi-o fintar adversários com um simples domínio de bola (Argentina - URSS no Mundial 90: aqui aos 1'15'')! A sua vida plena de excessos tornava este momento infelizmente previsível, mas o que vai ficar para a eternidade é o facto de ele ter ajudado a tornar o futebol uma obra de arte. Obrigado, Maradona!
segunda-feira, novembro 23, 2020
Samaris
Vencemos em Paredes (1-0) no sábado e qualificámo-nos para a próxima eliminatória da Taça de Portugal. Num jogo paupérrimo da nossa parte, salvou-se o mais importante.
O Jorge Jesus arriscou bastante ao deixar grande parte dos titulares fora da convocatória e colocar no banco exclusivamente jogadores da equipa B, para além de ter recuperado o Ferreyra para fazer dupla de ataque com o Gonçalo Ramos. Perante uma equipa do campeonato de Portugal, dominámos completamente como seria de esperar, mas não tivemos assim tantas oportunidades de golo. Só marcámos de bola parada, aos 26’ num livre do Cervi e bom cabeceamento do Samaris. O mesmo Cervi e o Ferreyra de cabeça tiveram igualmente boas oportunidades, mas pouco mais de realce conseguimos fazer até ao intervalo.
quarta-feira, novembro 18, 2020
Afastamento da Final Four
Perdemos no sábado (0-1) no Estádio da Luz frente à França e não estaremos na final four da Liga das Nações para defender o nosso título. Foi uma derrota justa perante os campeões do mundo, que se mostraram sempre muito mais perigosos do que nós. O Rui Patrício foi adiando o inevitável na 1ª parte, com umas quantas defesas fantásticas, mas teve alguma culpa o golo do Kanté aos 53', ao largar para a frente um remate. O José Fonte ainda atirou uma bola ao poste, mas não conseguimos bater o Lloris.
Ontem, numa partida sem interesse competitivo para nós, fomos vencer a Croácia em Split por 3-2. Destaque óbvio para o bis do Rúben Dias, com o golo da vitória a ser obtido já na compensação e depois de estarmos a jogar contra dez durante quase toda a 2ª parte. Chegámos ao intervalo a perder por 0-1, com golo do Kovacic aos 29', empatámos pelo Rúben Dias aos 52' na sequência do lance que valeu o segundo amarelo a um defesa contrário, demos a volta ao marcador pouco depois (60') pelo João Félix, numa jogada em que o Diogo Jota ajeitou a bola com a mão (mas não há VAR na Liga das Nações...), porém permitimos a igualdade a uma equipa a jogar com dez aos 64' num bis do Kovacic. Tivemos sorte ao marcar já depois dos 90', num frango do guarda-redes num canto, com a bola a sobrar para o Rúben Dias fazer o segundo golo.
Em termos exibicionais, poderíamos e deveríamos ter feito melhor nestas duas partidas. Contra a França, alinhámos muito a medo e oferecemos praticamente a 1ª parte. Quando quisemos reagir, já fomos um pouco tarde. Contra os croatas, a selecção esteve algo desconcentrada e é incompreensível que tenha sofrido um golo com um remate à vontade de fora da área de uma equipa que estava em desigualdade numérica.
Haverá agora um enorme hiato em termos de selecções e só voltaremos a jogar em Março, com as eliminatórias do Mundial.
terça-feira, novembro 10, 2020
Queda
Perdemos no domingo na Luz frente ao Braga (2-3) e estamos no terceiro jogo consecutivo sem vencer, com duas derrotas seguidas para o campeonato. Com tudo isto, ficámos com quatro pontos de desvantagem para a lagartada no 1º lugar (goleou em Guimarães por 4-0) e apenas dois de vantagem para o CRAC (3-1 ao Portimonense). Ou seja, depois do melhor início de campeonato de há quase 40 anos, com seis vitórias consecutivas, estamos nitidamente a perder gás. Parece a época passada, só que muito mais cedo...
O Jorge Jesus surpreendeu ao estrear o Samaris a titular no meio-campo e até nem entrámos mal no jogo. O problema foi que isso só durou 10’ e tivemos apenas uma oportunidade de golo, com um remate acrobático do Vertonghen num canto, mas o guarda-redes Matheus defendeu. O Braga, muito bem comandado pelo Carvalhal, foi muito eficaz a fechar todos os espaços para a baliza e inaugurou o marcador aos 38’, depois de um passe inacreditável do Otamendi, na sequência de um pontapé de baliza, permitir que o Braga recuperasse a bola e o Iuri Medeiros rematasse em arco sem hipóteses para o Vlachodimos.
Na 2ª parte, entraram o Seferovic e Gabriel para os lugares do Everton e Samaris, mas o reinício foi desastroso: sofremos o 0-2 aos 50’ pelo Francisco Moura, numa jogada em que a nossa defesa esteve completamente a dormir e permitiu que ele se isolasse, e o 0-3 aos 63’ num erro inacreditável do Vlachodimos, que ficou indeciso entre cabecear e rematar a bola, e acabou por perdê-la para o bis do Francisco Moura. Pouco antes deste golo, foi o Seferovic a cabecear para onde estava virado, quando tinha a baliza completamente à mercê.... Mas foi o suíço a reduzir para 1-3 aos 68’ num bom desvio com o pé direito a um centro do Rafa na direita. Entretanto, o Jesus já tinha feito entrar o Taarabt e Grimaldo para os lugares do Pizzi e Nuno Tavares, e depois à semelhança de 5ª feira substituiu o outro lateral, entrando o Diogo Gonçalves e saindo o Gilberto. Foi o nosso melhor período, com o Seferovic, com uma defesa por instinto do Matheus, e o Waldschmidt, com um falhanço inacreditável na pequena-área, a terem óptimas ocasiões para igualarem o encontro. Do outro lado, o Galeano permitiu um desvio precioso do Vlachodimos e aos 86’ reduzimos mesmo para a diferença mínima, num bis do Seferovic, depois de uma assistência de cabeça do Grimaldo. Fizemos um pressing final e o suíço ainda colocou a bola na baliza nos descontos, mas infelizmente estava em fora-de-jogo.
Em termos individuais, o Seferovic, com um bis, tem obviamente destaque e o Rafa terá sido dos mais constantes durante a partida. Tudo o resto esteve muito sofrível, com referência negativa para a defesa com nove golos sofridos em três jogos.
De recordar que na temporada passada também fizemos a melhor 1ª volta de sempre e depois o balãoestoirou de uma maneira ensurdecedora. Estes últimos três jogos deixaram-me extremamente preocupado. A equipa demonstra imensas dificuldades em defender e a conseguir dar a volta a resultados negativos. Com o investimento que se fez, é incompreensível que estejamos a assistir a um filme parecido ao do ano passado. Ainda não defrontámos o CRAC e já estamos a quatro pontos de distância da lagartada. Seria bom que os levássemos a sério, porque não só têm um bom treinador como, não estando nas competições europeias, têm muito mais tempo para preparar os jogos caseiros. Corremos o risco de estar a assistir a um Leicester no campeonato português.
sexta-feira, novembro 06, 2020
Recuperação
Empatámos ontem com o Rangers na Luz (3-3) e mantivemos o 1º lugar do nosso grupo na Liga Europa, ex-aequo com eles. Dado que tivemos um jogador expulso aos 19’ e que aos 76’ estávamos a perder por 1-3, foi um excelente resultado.
Depois do descalabro do Bessa, o Jesus fez descansar os dois da frente, fazendo entrar o Seferovic e deslocando o Pizzi para as suas costas, com o Rafa a entrar na equipa do lado direito. No meio-campo, também alinhou o Weigl em vez do Gabriel, com o Diogo Gonçalves a repetir a lateral-direita. Não podíamos ter tido melhor entrada, com o primeiro golo a acontecer logo no minuto inicial, numa arrancada do Rafa na direita e centro para a pequena-área, onde o central Goldson fez autogolo. Estávamos a demonstrar alguma dinâmica para afastar os fantasmas do Bessa, quando o Otamendi foi expulso aos 19’, por pretensa falta sobre um jogador isolado. Na repetição, não dá para ver o toque, mas o lance foi muito rápido e tudo bem. Entrou o Jardel, saindo o Pizzi, mas desconcentrámo-nos completamente nos minutos seguintes, com o Rangers a virar o resultado em apenas dois minutos: autogolo do Diogo Gonçalves, que colocou pessimamente o pé à bola (24’), e um remate de fora da área sem oposição do Kamara (25’). Até ao intervalo, conseguimos minimizar mais danos, apesar do Rangers ter estado muito perto do terceiro golo.
Não marcou mais golos na primeira, mas marcou logo no início da 2ª parte. O Jesus substituiu os laterais, entrando o Gilberto e Grimaldo (bem-vindo de volta!), mas de nada resultou, porque o Rangers fez o 1-3 aos 51’, numa jogada em que a nossa defesa esteve completamente a dormir e o Morelos só teve de encostar num centro da direita. A perder por dois e com menos um, o jogo estava perdido, certo? Por isso mesmo, não percebi a lógica da entrada do Waldschmidt e Darwin. Ir-se-ia cansá-los para quê? Demonstrando que eu percebo muito disto, o uruguaio foi absolutamente decisivo, ao fazer uma excelente jogada de insistência aos 77’ e oferecer o golo ao Rafa. De repente, nascia uma réstia de esperança, que se efetivou no primeiro minuto de compensação, numa abertura fenomenal do Waldschmidt a isolar o Darwin e este a desfeitear o guarda-redes. O estádio viria abaixo, certamente, se não estivéssemos em tempos de pandemia. Que pena!
O destaque individual vai obviamente para o Darwin. Confesso que estranhei o valor que pagámos por ele, mas já não há dúvidas que temos ali uma pérola. Que espero que valha vários títulos antes de valer milhões. O Waldschmidt foi igualmente decisivo na reviravolta e o Rafa terá sido o jogador mais consistente nos 90’. Quanto aos outros, estiveram sofríveis, com destaque negativo para a forma como (não) defendemos, ao deixar o Rangers entrar com relativo à-vontade na nossa defesa durante grande parte do jogo.
Estamos numa boa posição na Liga Europa, mas domingo teremos um jogo muito difícil frente ao Braga na Luz, em que a condição física de ambas as equipa não será a melhor. Espero obviamente uma vitória, mas lamento profundamente que esta pandemia não nos deixe dar um enorme aplaudo ao Gaitán, quando ele for substituído ou entrar a substituir alguém. Seria um momento muito merecido a um dos grandes nomes que tivemos o privilégio de ver vestido com nossa camisola nos últimos anos.
terça-feira, novembro 03, 2020
Hecatombe
Caímos com estrondo ontem no Bessa, perdendo inapelavelmente por 0-3 com o Boavista, e não aproveitámos para alargar a vantagem para o CRAC (mantém-se nos cinco pontos), que tinha sido derrotado em Paços de Ferreira (2-3). Para cúmulo, quando toda a gente pensava que este ano iria ser único por causa da pandemia, temos outro facto ainda mais raro: a lagartada está isolada no 1º lugar, com mais um ponto do que nós...!
Não há muito a dizer sobre o jogo de ontem. O Jorge Jesus veio dizer no final que se calhar deveria ter feito mais alterações nos titulares (só entrou o Gilberto em vez do Diogo Gonçalves em relação ao Standard Liège), o que me parece óbvio, dado que a equipa simplesmente não esteve em campo. Com tão pouco tempo de recuperação entre jogos e com um plantel tão vasto, não se percebe esta opção de jogar praticamente sempre com os mesmos. Tivemos um golo anulado ao Darwin por fora-de-jogo (já não é o primeiro nem o segundo, definitivamente o uruguaio tem de melhorar neste aspecto), mas no resto da 1ª parte (e a bem da verdade em praticamente todo o jogo) levámos um banho de bola. O Boavista marcou aos 18’ e 38’, respectivamente pelo Angel Gomes (num penalty escusado do Everton) e Alberth Elis, e as estatísticas dizem tudo: a 1ª parte terminou com 11-1(!) em remates a favor dos axadrezados...
Depois do intervalo, entraram o Weigl, Seferovic e Rafa, mas só este mostrou algum inconformismo. O Darwin teve um livre directo a rasar o poste logo no início e ficámos por aí. O Jesus esgotou as substituições à passagem da hora de jogo (com o Diogo Gonçalves e Cervi), mas nunca conseguimos criar verdadeiro perigo, perante um adversário que fez pressão à nossa saída de bola até aos 90’! Aos 76’, tudo ficou definitivamente selado com o terceiro golo através do Hamache.
Desde este jogo, curiosamente no mesmo local com o mesmo adversário, que não se assistia a um desastre destes para o campeonato contra uma equipa que não os outros dois rivais. Vou naturalmente abster-me de nomear individualmente algum jogador e apenas desejo que este jogo fique recordado por todos como exemplo a não repetir. Temos obrigação de fazer MUITO mais!
P.S. – Independentemente do resultado, não se pode deixar passar em claro o odorzinho inconfundível aos anos 90 no Paços de Ferreira – CRAC, cortesia do Sr. João Pinheiro Nuno Almeida e do Sr. André Narciso no VAR: golo inacreditável anulado ao Paços (seria o 2-0 na altura) e penalty fantasma por pretensa mão na bola para o CRAC (que lhe deu o 1-2 antes do intervalo). O Sr. Donato Ramos ou o Sr. Fortunato Azevedo não desdenhariam uma arbitragem destas.
P.S. 2 – Quando a fantástica Madga me convidou para fazer o rescaldo na Bancada Independente, eu tinha-lhe dito que se calhar era melhor não, dado que as últimas vezes em que tinha participado no Benfica FM tinham sido antes do jogo do Herrera, depois da vergonha na meia-final da Taça da Liga e a seguir ao último jogo ao vivo antes do confinamento. Não ouviu o que eu disse e o resultado está à vista...! Enfim, para quem queira ter companhia na ingestão de álcool para esquecer o que se passou ontem, pode sempre ver esta catarse colectiva aqui.
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