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sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Desilusão

Empatámos na Luz frente ao Shakhtar Donetsk (3-3) e fomos eliminados nos dezasseis-avos de final da Liga Europa. Foi um tremendo revés, dado que tínhamos a esperança de poder chegar pelo menos aos quartos-de-final tal como na temporada passada. Foi-nos prometido um Benfica Europeu e ficámos muito aquém disso, portanto este falhanço deverá servir para tirar ilações para o futuro.

Relativamente a Barcelos, o Bruno Lage fez entrar o Dyego Sousa e o Chiquinho, saindo o Carlos Vinícius (tocado) e o Samaris. Entrámos muito bem e logo aos 9’ num remate rasteiro muito colocado do Pizzi. Ficámos em vantagem na eliminatória, mas não por muito tempo. O Shakhtar igualou aos 12’ num autogolo do Rúben Dias depois de uma desmarcação na direita do ataque, que apanhou a nossa defesa em contrapé, e um cruzamento para área em que o Ferro e o Rúben Dias tentaram evitar que a bola chegasse ao avançado, mas este último acabou por inadvertidamente colocá-la na nossa baliza. Pouco depois, as coisas poder-se-iam ter complicado muito, mas o Vlachodimos desviou para o poste um remate já com pouco ângulo do Ismaily. Aos 36’, igualámos a eliminatória, ao fazer o 2-1 através de uma óptima cabeçada do Rúben Dias depois de um canto do Pizzi na direita. Até ao intervalo, o Dyego Sousa poder-se-ia ter estreado a marcar por nós, mas o remate rasteiro foi defendido pelo Pyatov.

A 2ª parte não poderia ter começado melhor: fizemos o 3-1 logo aos 47’ através do Rafa, depois de um disparate tremendo de um defesa ucraniano, que colocou a bola nos pés do Dyego Sousa, que assistiu o nº 27. À semelhança da primeira parte, nem tivemos para saborear a vantagem, dado que o Shakhtar empatou logo dois minutos depois através de uma forte cabeçada do Stepanenko na sequência de um canto. Este golo abanou-nos, como seria expectável e o Bruno Lage fez entrar o Seferovic a pouco mais de 20’ do fim saindo o Chiquinho. O suíço teve uma óptima ocasião para marcar de cabeça depois de um livre do Pizzi, mas a bola saiu ao lado. Aos 71’, a eliminatória praticamente acabou com o 3-3 do Alan Patrick no enésimo contra-ataque rápido dos ucranianos (aquilo que nós nunca fizemos no jogo da 1ª mão, em que saímos sempre muito devagarinho para o ataque). Até final, ainda entraram o C. Vinícius e o Jota, mas já nada conseguiram fazer para mudar a eliminatória. Ao menos que tivéssemos ganho o jogo, mas nem isso lográmos fazer.

Em termos individuais, o Taarabt foi o que apresentou rendimento mais constante e o Vlachodimos salvou-nos da derrota por duas ou três vezes. O Pizzi também não esteve mal, com um golo e uma assistência. Quanto ao Rafa acabou por ter um rendimento em crescendo, principalmente na 2ª parte, com o golo e, perto do final, em que fez um par de sprints perigosos. Todavia (e já não é deste jogo) o último passe não lhe está a sair nada bem. Quanto ao Seferovic, não se percebe a insistência do Lage em fazê-lo entrar logo em primeiro lugar. É que há uma série de jogos que não acrescenta nada à equipa.

À semelhança das demais equipas portuguesas, fomos eliminados numa altura muito precoce (parece que há 21 anos que não ficávamos todos de fora tão cedo). No entanto, temos de ter consciência do seguinte: a nossa história só é grande pelo que fizemos em termos europeus, portanto não podemos de todo relegar para segundo plano este aspecto. Sejamos honestos: fora do próprio país, ninguém liga nenhuma a algum campeonato tirando os principais (Inglaterra, Alemanha, Espanha e Itália). Quem é que vê regularmente o campeonato belga, holandês ou russo? Claro que o tetra foi histórico e quantos mais campeonatos ganharmos melhor, obviamente. Não troco as idas ao Marquês por nada. Mas a dimensão europeia não pode ser descurada, como tem sido nos últimos anos, sob pena de ficarmos restringidos ao nosso pequeno quintal. E de assim não honrarmos a nossa história.

terça-feira, fevereiro 25, 2020

Importante

Vencemos ontem o Gil Vicente em Barcelos (1-0) e mantivemo-nos na liderança do campeonato com um ponto de vantagem sobre o CRAC, que marcou aos 87’ frente o Portimonense em casa (1-0). Foi uma vitória fundamental num campo onde os outros dois tinham perdido e para mais no meio de uma jornada europeia na Liga Europa.

O Bruno Lage mexeu na equipa e colocou o Samaris no meio, avançando o Taarabt para trás do Carlos Vinícius, com o Rafa na esquerda. E o que se pode dizer é que fizemos uma boa 1ª parte, com o Samaris em destaque no meio-campo com duas ou três variações de flanco muito boas. Tivemos uma boa oportunidade logo nos minutos iniciais, mas o Pizzi atirou à malha lateral quando já tinha pouco ângulo. Fizemos o único golo da partida aos 15’ num livre, em que a bola sobrou para a esquerda, o Taarabt centrou e o C. Vinícius de cabeça não deu hipóteses ao Denis. O Gil Vicente reagiu bem e logo a seguir poderia ter chegado ao empate, mas o desvio do avançado depois de uma bola metida na área saiu ligeiramente ao lado. Até ao intervalo, o Vlachodimos fez mais um par de boas defesas que permitiram manter as nossas redes invioladas. Quanto a nós, também tivemos ocasiões, mas geralmente falhávamos no último passe.

Fruto do jogo na 5ª feira, esperava alguma quebra física da nossa parte no segundo tempo. Felizmente isso não se verificou muito, embora o Gil Vicente como seria expectável tenha atacado mais. Todavia acabámos por estar mais seguros a defender do que em partidas anteriores e o Vlachodimos foi dando conta do recado como tem sido hábito. O jogo poderia ter sido mais tranquilo se tivéssemos marcado logo no reinício, mas um defesa desviou para canto um remate do C. Vinícius que ia com boa direcção. Contra-atacámos algumas vezes, mas o último passe voltou a não estar perfeito (o Rafa teve pelo menos duas ocasiões em que falhou redondamente passes que não eram nada difíceis). A nossa melhor ocasião foi um disparo do Taarabt à trave, depois de passar a bola por cima de um adversário naquilo que seria um golão! Para os minutos finais, o Bruno Lage fez entrar o Dyego Sousa, Cervi e Chiquinho, que ajudaram a conter o último fôlego do Gil Vicente.

Em termos individuais, destaque pelo C. Vinícius pelo golo e pela outra ocasião em que só não marcou, porque o defesa desviou a bola, para o Samaris pela consistência que emprestou ao meio-campo e pela participação nas acções ofensivas (aliás, gostaria que o Bruno Lage me explicasse porque é que um jogador que foi fundamental para o título no ano passado tem tido tão poucas oportunidades esta época), para o Taarabt, embora ache que o marroquino esteja mais à vontade como nº 8 do que como 10, e claro para o Vlachodimos, que terá uma enorme quota de responsabilidade em tudo o que de bom conseguirmos esta temporada. O Pizzi esteve melhor do que em partidas anteriores, assim como o Ferro. Também gostei muito da entrada do Dyego Sousa, bastante mais activo do que o Seferovic, e naturalmente do Cervi, pese embora o seu falhanço só com o guarda-redes pela frente já na compensação. Não tão bem esteve o Rúben Dias, que perdeu pelo menos por duas vezes a bola em sítio proibido.

A meio da jornada europeia, estes jogos são ainda mais difíceis do que é normal. Demos uma resposta melhor do que nos últimos tempos e isso é bastante positivo. Teremos agora o Shakhtar na 5ª feira e o tempo de descanso entre os jogos vai ser muito curto. Espero que a equipa consiga dar a volta à eliminatória, porque seria muito frustrante se saíssemos já da Europa.

sexta-feira, fevereiro 21, 2020

Sem chama

Perdemos na Ucrânia frente ao Shakhtar Donetsk por 1-2 e partimos em desvantagem para o encontro da 2ª mão na Luz. Foi um jogo que infelizmente confirmou a tendência dos últimos (exceptuando talvez o do Braga), ou seja, não estamos de todo a passar por uma boa fase.

Perante a indisponibilidade por castigo do Weigl, o Bruno Lage fez entrar o Florentino, tendo igualmente trocado a dupla atacante (Chiquinho e Seferovic em vez do Rafa e Carlos Vinícius). Contra um adversário que está há dois meses na pausa de Inverno, voltámos a demonstrar a pobreza franciscana das exibições fora nas competições europeias: velocidade zero, vontade para marcar golos zero, limitamo-nos a tentar não sofrer enquanto o jogo está empatado. Muito, muito pouco para uma equipa como nós que tem um estatuto a defender na Europa do futebol. A meio da 1ª parte, tivemos uma decisão do VAR a nosso favor, anulando um golo por fora-de-jogo milimétrico, depois de uma transição ofensiva do Shakhtar na sequência de um péssimo passe do Florentino na nossa em zona de ataque. Mantenho a coerência em relação ao VAR: estes lances que a olho nu não se percebe se são fora-de-jogo ou não são para deixar seguir. No entanto, não posso deixar de notar a rapidez com que a decisão foi tomada. Fosse no campeonato português e ainda estaríamos lá agora à espera da decisão. O Pizzi jogou atrás do Seferovic, com o Chiquinho a fechar o lado direito, mas só chegámos à baliza contrária perto do intervalo, com um remate ao lado do mesmo Pizzi depois de uma jogada do Cervi na esquerda.

Se a 1ª parte não tinha sido nada de especial, os primeiros minutos da 2ª foram bastante piores. Os ucranianos aceleraram um pouco e nós fomos encostados às cordas. Já na 1ª parte, o Vlachodimos tinha feito um par de boas intervenções, que aumentaram substancialmente na 2ª. No entanto, nada conseguiu fazer aos 56’ com um remate de fora da área do Alan Patrick a inaugurar o marcador. O Shakhtar estava a ameaçar há algum tempo pelo que isto não foi surpresa para ninguém. Tivemos uma boa reacção (porque é que não jogámos assim desde o início...?!) e empatámos aos 66’ num penalty do Pizzi (bem marcado) a castigar falta sobre o Cervi. Todavia, esta infracção só foi sinalizada pelo VAR ao árbitro, porque tínhamos marcado golo pelo Tomás Tavares e ficámos todos na dúvida se havia ou não fora-de-jogo do Cervi, que lhe fez a assistência. Aposto que ninguém se apercebeu do penalty. O meu ponto é este: deveria ter sido golo do Tomás Tavares! A falta sobre o Cervi é menos de um segundo antes do golo, pelo que se o árbitro a tivesse visto só teria apitado depois de a bola ter entrado na baliza. Imaginemos que o Pizzi falhava o penalty. Como seria?! Quando se esperava que, a seguir a um golo caído do céu, conseguíssemos finalmente jogar algum futebol, o Rúben Dias resolveu comer uma série de erros na mesma jogada e o Kovalenko fez o 1-2 aos 72’. Até final, os ucranianos fecharam-se bem e só num remate de pé direito do Grimaldo colocámos o Pyatov à prova. Ainda sofremos uns quantos contra-ataques, mas felizmente sem consequências.

Em termos individuais, destaque absoluto e exclusivo para o Vlachodimos. Há uma série de partidas que tem sido o nosso melhor jogador, o que quer dizer muito da maneira como (não) estamos a jogar. O Taarabt foi dos poucos a tentar levar a equipa para a frente, mas desceu muito na 2ª parte e o Chiquinho também não foi dos piores, especialmente na ajuda defensiva que deu. Do outro lado, o Pizzi está pouco mais que inenarrável (não consegue criar um desequilíbrio, nem fazer um passe de ruptura), o Ferro voltou a ser um passador, o Seferovic é um a menos e o Florentino demonstrou novamente a necessidade termos contratado alguém como o Weigl (joga invariavelmente para o lado e para trás, para além de ter perdido uma ou duas bolas incríveis que deram origem a contra-ataques perigosos).

Não irá ser fácil eliminar os ucranianos, ainda para mais com o pouco tempo de descanso antes da 2ª mão. Todavia, antes disso teremos a difícil deslocação a Barcelos frente ao Gil Vicente. Era nesta altura que os sete pontos de vantagem seriam muito importantes. Uma coisa parece certa neste momento: ou mudamos radicalmente a qualidade das nossas exibições, ou isto irá ser muito penoso até final da época.

segunda-feira, fevereiro 17, 2020

Inglório

Perdemos no sábado frente ao Braga na Luz (0-1) e, com a vitória do CRAC em Guimarães no dia seguinte (2-1), temos agora somente um ponto de vantagem sobre eles. Em pelo menos 75% dos jogos desta época fizemos exibições piores, mas ganhámos, o que torna este desaire particularmente doloroso. Não só isto, como o facto de numa semana vermos esfumar-se uma vantagem confortável de sete pontos.

Entrámos muito bem na partida e o Rafa aproveitou um erro de um central para se isolar logo nos primeiros minutos, mas o remate saiu ligeiramente ao lado. Aliás, na 1ª parte demos um show de golos falhados, com o Cervi também a ganhar a bola a um defesa e a rematar ao lado e o Carlos Vinícius a cabecear por cima depois de um bom centro do Pizzi (a única coisa de jeito que fez na etapa inicial). Em cima do intervalo, o Braga criou perigo pela primeira vez, mas o Vlachodimos fez bem a mancha a um adversário que de repente lhe surgiu isolado pela frente numa bola parada (não se percebe como é que a nossa defesa permite lances destes em todos os jogos). Na sequência do canto, um enorme balde de água fria caiu sobre as nossas cabeças com o golo de cabeça do João Palhinha, que deixou o Ferro nas covas.

Tentámos inverter a injustiça do marcador na 2ª parte e o C. Vinícius atirou ao poste, depois de uma boa iniciativa individual a passe do Grimaldo. O Braga defendeu-se bem durante grande parte do segundo tempo e só numa grande jogada individual do Pizzi (a única coisa de jeito que fez nos segundos 45’) voltámos a criar perigo, mas o Matheus defendeu para canto. Com o passar do tempo, o Braga começou a fazer contra-ataques perigosos e por mais de uma vez foi o Vlachodimos a permitir-nos continuar na discussão do resultado. À semelhança de Mordor, quando o Bruno Lage começou a mexer na equipa ficou tudo estragado. Deve ter um fetiche qualquer com o Seferovic, que tem que ser o primeiro a entrar. Ainda por cima, com o Pizzi a arrastar-se e o Rafa a quebrar fisicamente, foi o Cervi a sair aos 62’ o que lhe valeu uma enorme assobiadela. Para piorar as coisas, aos 79’ fez sair o Weigl para entrar o Chiquinho. O alemão tinha acabado de fazer um passe longo que isolou o Pizzi e era dos que mais fazia a bola rolar, e com esta substituição o Taarabt, que era o único a quebrar linhas e levar a bola para a frente, recuou para trinco e ficou longíssimo da baliza. Resultado? Deixámos de criar perigo. Na fase do desespero aos 86’ saiu o Tomás Tavares para entrar o Dyego Sousa. Novamente três ponta-de-lança em campo, novamente sem uma única bola a chegar à frente. Porquê? Porque não havia ninguém para a pôr lá! Esta táctica pode parecer excelente em termos teóricos e o Lage explicou-a mais uma vez na conferência de imprensa, mas o que é facto é que na prática não resulta. Viu-se em Mordor e comprovou-se outra vez no sábado. Por favor, alguém que diga ao nosso treinador que três pontas-de-lança, com o Seferovic a descair para a extrema-esquerda, o Pizzi a defesa-direito e o Taarabt a trinco é obviamente uma confusão de todo o tamanho e um enorme favor que fazemos aos adversários. Se estamos rotinados para jogar de determinada maneira, e até nem o fizemos mal durante grande parte do jogo, para quê isto...?!

Em termos individuais, destaque mais uma vez para o Vlachodimos que só não defendeu o indefensável. O Taarabt foi dos mais esclarecidos e deveria ter ficado a jogar mais perto da baliza até final do jogo. O Cervi lutou muito como de costume e, quando saiu, deixámos de jogar pelo corredor esquerdo. Quanto aos menos, o Rafa parece cansado e o Pizzi continua a decair a olhos vistos.

Confesso que cheguei a sonhar com a possibilidade de fazermos alguma gestão no campeonato em favor da Liga Europa. Afinal, tínhamos sete pontos de vantagem. Em apenas duas jornadas, tudo se esfumou e o panorama está muito negro. A lesão do Gabriel veio complicar muito as nossas contas pelo equilíbrio que dava ao meio-campo. Ainda por cima, as competições europeias regressam já esta semana e o plantel parece muito curto para a carga de jogos que vamos ter.

P.S. – Foi obviamente NOJENTO o que se passou em Guimarães com o Marega. Qualquer pessoa que tenha neurónios percebe isso. Mas não foi caso único e, naquele mesmo estádio, o Nélson Semedo sofreu algo semelhante (em menor proporção) há uns anos. Espero que agora haja finalmente coragem para se pôr cobro a isto em definitivo e irradiar permanentemente dos estádios os energúmenos desta estirpe.

quarta-feira, fevereiro 12, 2020

Passámos

Empatámos em Famalicão (1-1) e passados três anos vamos voltar ao Jamor para a final da Taça. E, pronto, o positivo acerca do jogo de ontem resume-se a isto. Três dias depois da derrota em Mordor, fizemos uma exibição muito pobre com uma 2ª parte do pior que já foi visto esta época. E acho bem que acendamos todos uma velinha a São Vlachodimos, porque se vamos à final da Taça a ele o devemos.

O Bruno Lage promoveu duas alterações em relação à partida de sábado, com as entradas do Florentino e Cervi para os lugares do Weigl e Chiquinho, tendo o Rafa passado novamente para as costas do Carlos Vinícius. O encontro começou mais ou menos equilibrado e conseguimos colocar-nos em vantagem aos 24’: perda de bola do Famalicão em zona proibida, recuperação do Pizzi, abertura na esquerda no C. Vinícius, centro para a pequena-área, toque do Cervi de calcanhar para trás, que tirou o guarda-redes do caminho e o Pizzi atirou com sucesso para a baliza deserta. Logo a seguir ao golo, tivemos uma boa jogada em que poderíamos ter feito o xeque-mate à eliminatória, mas um defesa do Famalicão cortou o lance. A partir daí, foi o Vlachodimos a entrar a acção: tirou dois autênticos golos ao Toni Martínez e Diogo Gonçalves que lhe apareceram isolados pela frente, em ambos os casos (mas especialmente no primeiro) com grandes culpas do Ferro e em cima do intervalo defendeu outro remate de fora da área novamente do Toni Martínez. O Famalicão ainda marcou um golo, num livre para a área em que há um jogador que não só empurra o Rúben Dias(!) como abalroa o Vlachodimos(!), mas como foi fora da pequena-área o Sr. Jorge Sousa deixou passar, tendo-nos valido que estava em fora-de-jogo por 31 cm. Inacreditável como não se marca aquela falta sobre o nosso guarda-redes!

Para a 2ª parte, esperava-se alguma reacção da nossa parte, mas estivemos ainda pior. Não só não conseguimos ligar dois passes seguidos em zona de ataque, como começámos a defender muito atrás e deixámos que o Famalicão nos encostasse às cordas durante praticamente todo o tempo. Voltou a valer-nos o Vlachodimos que lá foi resolvendo como pôde, mas aos 78’ sofremos mesmo o empate através do Toni Martínez: variação de flanco para a direita, centro do Diogo Gonçalves e o avançado a antecipar-se à tentativa de corte em carrinho do Rúben Dias. Mais um golo deles e estaríamos fora do Jamor. Sofremos um bom bocado ainda, com alguns remates de fora da área, mas que passaram por cima, e tivemos a segunda(!) oportunidade de golo já nos descontos, quando o entretanto entrado Seferovic conseguiu atirar ao lado só com o guarda-redes pela frente, depois de uma boa jogada individual do Chiquinho que o isolou. Quando se ouviu o apito final, foi um enorme alívio!

Em termos individuais, só o Vlachodimos merece destaque. E que destaque! Devemos-lhe o Jamor. Sem exagero nenhum. O Taarabt ainda tentou construir alguma coisa, especialmente na 1ª parte, mas não teve parceria à altura. O Pizzi marcou o golo da vitória, mas como vem sendo habitual passou ao lado do jogo, e esse golo tem o carimbo do Cervi, que voltou à titularidade e foi novamente o combativo do costume. O Rafa também ainda está muito longe da sua condição habitual e, com os desequilibradores ausentes, é muito difícil construirmos algo de jeito. Muito preocupante é a forma do Ferro! Está um autêntico passador e o pior de tudo é que teremos de adaptar um jogador para o seu lugar, quando ele for para o banco. E ou melhora muito rapidamente, ou vai mesmo ter que ir! Já se sabe que o Grimaldo não é um muro a defender e com o Ferro nesta forma temos ali um buraco que urge resolver rapidamente.

Daqui a uns tempos ninguém se irá lembrar de mais nada deste jogo sem ser o resultado. E ainda bem, porque ele significou mais uma final da Taça (tal como este que foi horrível e sofrido, mas que também valeu a ida ao Jamor). No entanto, temos que melhor a qualidade exibicional muito rapidamente, porque a jogar desta maneira não vamos estar a sorrir no final da época.

domingo, fevereiro 09, 2020

Frustrante

Perdemos com o CRAC em Mordor (2-3) e vimos a nossa vantagem reduzida a quatro pontos (que na realidade são três, porque eles têm vantagem no confronto directo). Foi um resultado inglório, porque deu sempre a sensação de que fornecemos oxigénio a um adversário que estava quase a ficar sem ele.

Com o impedimento do Gabriel, o Bruno Lage colocou a esperada dupla Weigl e Taarabt no meio-campo, mas inovou ao tirar o Cervi e dar a titularidade ao Chiquinho, desviando o Rafa para a esquerda. E começámos a perder o jogo logo aí: o argentino tem sido dos nossos melhores jogadores, dá uma ajuda tremenda ao Grimaldo e, curiosamente ou talvez não, os três golos do CRAC surgiram todos pelo nosso lado esquerdo. Não entrámos nada bem na partida e cedo fomos encostados às cordas. Deixámos o caceteiro do Pepe surgir isolado na sequência de um livre e o que valeu foi a sua má pontaria de cabeça, mas logo aos 10’ ficámos em desvantagem através de um golo do Sérgio Oliveira depois de o Otávio ter trocado os olhos ao Grimaldo e centrado para a área. Reagimos bem e igualámos aos 18’ pelo inevitável Carlos Vinícius numa recarga a um bom cabeceamento do Chiquinho defendido para cima pelo Marchesín na sequência de um centro do Rafa na direita. Na televisão vê-se o nosso avançado mais do que em linha, mas o inefável VAR validou o golo por 5 cm! Não acabem com esta bosta que não é preciso...! O jogo equilibrou-se, mas o Sr. Artur Soares Dias começou a condicionar-nos no meio-campo com amarelos, nomeadamente ao Taarabt e Weigl. Se não percebo como é que ninguém responsável do Benfica instruiu o marroquino sobre as provocações que ia ter e para se afastar dela a sete pés, porque seria sempre um candidato natural a ver cartões, o alemão nem sequer tocou no adversário (acho muita piada o VAR servir para ver 5 cm de foras-de-jogo, mas para corrigir um amarelo claramente mal mostrado, que pode resultar num segundo amarelo e expulsão, já não serve...!). Claro que a nossa pressão no meio-campo baixou logo e o CRAC chegou novamente perto da nossa baliza, com um remate do Sérgio Oliveira ao lado. Aos 38’, num livre para o CRAC do lado direito a bola foi centrada para a área, o Soares empurrou o Ferro, cabeceou, o nosso jogador abriu os braços com o empurrão e, de costas para a bola, toca nela. O Sr. Tiago Martins no VAR (lembramo-nos muito bem dele, certo...?!) chamou o Sr. Artur Soares Dias e eles assinalaram o óbvio em Mordor: penalty para o CRAC! I N A C R E D I T Á V E L!!! O Alex Teles não deu hipóteses ao Vlachodimos. A um minuto do intervalo, novamente pelo lado esquerdo(!) da nossa defesa, o Marega bateu o Ferro em velocidade, cruzou para o meio e o Rúben Dias interceptou a bola para... dentro da nossa baliza. Chegávamos ao intervalo com uma desvantagem muito complicada.

No entanto, a 2ª parte começou bastante bem e reduzimos logo aos 50’ novamente pelo C. Vinícius, com um remate cruzado de pé esquerdo já dentro da área, depois de assistido pelo Rafa, que foi desmarcado num passe longo do Rúben Dias. O CRAC abanou claramente com o nosso golo e só através de contra-ataques conseguiu criar perigo, apanhando-nos em contrapé. Em contra-ataques e nas bolas paradas, claro, em que mais uma vez deixámos o Pepe sozinho na área, mas o remate saiu muito torto. O Taarabt estava a arriscar muito o segundo amarelo, tinha que sair, mas o Bruno Lago apostou na entrada do Seferovic. O suíço está claramente fora de forma e demonstrou-o mais uma vez, colocando-se em fora-de-jogo numa boa jogada do Rafa e não conseguindo chegar a tempo a um centro do C. Vinícius, o qual, se fosse ao contrário, teria certamente feito o empate (para além disto, no último minuto de compensação, deixou a bola ir para canto, arriscando-se a que o árbitro acabasse com a partida, em vez de rematar...!). Noutra ocasião, foi um remate do Chiquinho à entrada a área a dever ter tido melhor destino. Do outro lado, valeu-nos o Vlachodimos num remate do Luis Díaz e o Ferro a interceptar outro remate deste mesmo jogador já perto do final. O Bruno Lage fez ainda entrar o Samaris para o lugar do amarelado Weigl, mas já não percebi a entrada do Dyego Sousa aos 85’ em vez do lesionado André Almeida. Com três pontas-de-lança(!) em campo e o Chiquinho a defesa-direito, fizemos hara-kiri nos minutos finais. O jogo teve seis minutos de compensação e, caso conseguíssemos milagrosamente o empate, queria ver como conseguiríamos manter o resultado nesse tempo todo. Isto para além de, como é evidente, a bola não ter chegado em condições lá à frente, não só porque não havia ninguém para a pôr lá, como os avançados chocavam uns com os outros.

Em termos individuais, destaque somente para o C. Vinícius. Dois golos em Mordor não é para todos e só é pena que não tenham servido para nada. O meio-campo foi condicionado muito cedo, mas o Taarabt foi enquanto jogou o único que conseguia transportar a bola para a frente. O Chiquinho também subiu de produção quando recuou para lá na 2ª parte. Quanto aos menos, há uma série deles: Grimaldo fez das piores exibições defensivas de sempre, o Ferro foi um passador, o Pizzi continua a passar despercebido em 2020 e o Seferovic não acrescenta nada.

Tínhamos uma oportunidade de outro de dar quase xeque-mate no campeonato, mas ao invés permitimos o ressuscitar de uma equipa quase moribunda. No entanto, essa equipa só nos ultrapassará se nós deixarmos e deslizarmos não uma, mas duas vezes. Está tudo nas nossas mãos, mas antes de voltarmos ao campeonato teremos um jogo importantíssimo já esta 3ª feira em Famalicão. Uma não-ida ao Jamor especialmente depois do resultado deste encontro seria um revés enorme e poderia ter consequências muito negativas no resto da época.

quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Complicado

Vencemos ontem o Famalicão na Luz por 3-2 na 1ª mão das meias-finais da Taça de Portugal. Tal como o resultado indica, foi uma partida extremamente complicada em que, para mais, aos 78’ estávamos a perder por 1-2.

Felizmente em relação aos jogos anteriores da Taça, o Bruno Lage lá considerou que tínhamos de jogar com guarda-redes e o Vlachodimos estreou-se a titular nesta competição. Para além disso, entraram também o Jardel, Chiquinho e Seferovic, tendo a dupla de meio-campo sido Gabriel e Taarabt por via do impedimento do Weigl. O Famalicão mostrou desde cedo que não estava na Luz para o empate e o jogo foi muito repartido praticamente desde o início. Nós voltámos a evidenciar grandes dificuldades para ter um jogo escorreito, nomeadamente pela falta de velocidade no último terço do campo. A 1ª parte foi por isso algo sensaborona apenas com duas grandes oportunidades para cada lado, mas tanto o Chiquinho como o Pedro Gonçalves atiraram ao lado, quando estavam em muito boa posição. Nós ainda tivemos outro lance de perigo, mas o Seferovic chegou atrasado a um centro-remate do Pizzi.

Na 2ª parte, as coisas alteraram-se com muito mais velocidade de ambas as equipas. Inaugurámos o marcador aos 53’através do Pizzi, na marcação de um penalty indiscutível por braço de um defesa. Quando se esperava que fôssemos capazes de controlar a partida e tentar aumentar a vantagem sem sofrermos golos, aconteceu exactamente o contrário. O Pedro Gonçalves passou por vários dos nossos jogadores aos 60’, abriu na direita no Diogo Gonçalves, que lhe devolveu a bola para ele desfeitear o Vlachodimos. Pouco depois, poderíamo-nos ter colocado novamente na posição de vencedor, mas o Chiquinho preferiu cair na área em vez de marcar, tendo depois sido assinalado um fora-de-jogo ao Cervi. Aos 73’, vimos o Jamor por um canudo com o 1-2 do Toni Martínez numa jogada de contra-ataque finalizada com um remate rasteiro sem hipóteses para o Vlachodimos. Pouco antes disso, já tinham entrado o Carlos Vinícius e o Rafa para os lugares do Chiquinho e Rafa, e foram eles os dois a fabricar o golo do empate aos 78’: remate na área do C. Vinícius que o Vaná não conseguiu agarrar e recarga vitoriosa do Rafa. Logo a seguir, valeu-nos o Vlachodimos que impediu novo golo do Famalicão numa defesa de recurso, depois de um remate contrário ter sido desviado por um defesa nosso. Como já nos estávamos a dever há algum tempo, conseguimos fazer o golo da vitória no último minuto de compensação (95’) num canto do Grimaldo na esquerda e entrada de rompante do Gabriel. Foi um triunfo precioso mesmo ao cair do pano, porque a 2ª mão seria totalmente diferente se tivéssemos que ir atrás do resultado.

Em termos individuais, o Taarabt voltou a ser o melhor do Benfica e o único que fez algum transporte de bola para a frente com qualidade. O Vlachodimos mostrou novamente como é importante jogar com guarda-redes. De resto, ninguém mais se destacou por aí além, com o Gabriel a ter uma lentidão por vezes exasperante no meio-campo, mas quem marca o golo da vitória está automaticamente perdoado, e o Pizzi a demonstrar que está completamente fora de forma (meu rico Salvio, por onde andas...?!). Quanto ao Seferovic, a crise de confiança é enorme e notou-se logo a diferença quando entrou o C. Vinícius.

A 2ª mão disputar-se-á na próxima 3ª feira, apenas três dias depois da ida a Mordor. Vai ser extremamente difícil dado que o Famalicão foi provavelmente a melhor equipa que vimos este ano na Luz. Bela ocupação do espaço, manietação da nossa saída de bola e velocidade e qualidade na frente. Veremos como será, mas tendo sempre presente que uma não-ida ao Jamor seria um falhanço enorme.

domingo, fevereiro 02, 2020

Stressante

Vencemos o Belenenses SAD na 6ª feira por 3-2 e, com o habitual passeio do CRAC em Setúbal (4-0), iremos a Mordor no próximo sábado com sete pontos de vantagem. Foi uma partida em que não soubemos gerir a vantagem que obtivemos antes do intervalo e que se tornou bastante complicada.

Não entrámos muito bem na 1ª parte, parecendo algo amorfos. De tal maneira que na primeira meia-hora, só um livre do Grimaldo pôs à prova o André Moreira. Também num livre, o Silvestre Varela obrigou o Vlachodimos a uma óptima defesa. Aos 31’ adiantámo-nos no marcador depois de um slalom fantástico do Taarabt, que passou por entre cinco jogadores adversários, abriu na esquerda, o Cervi colocou a bola na cabeça do Carlos Vinícius que atirou à barra, mas teve o grande mérito de ir atrás da recarga e rematar cruzado, sem hipóteses para o guardião contrário. Um golão! Pouco depois, foi o Rafa a obrigar o André Moreira a uma das melhores defesas do encontro. Aos 38’, alargámos a vantagem na sequência de um canto do Pizzi na esquerda, cabeça do André Almeida no segundo poste para o meio e o Taarabt a fuzilar o guarda-redes. Chegávamos ao intervalo com o jogo bem encaminhado.

No entanto, na 2ª parte assistimos a uma cópia do que se passou em Paços de Ferreira, ou seja, desacelerámos bastante com dois golos de vantagem. Com a diferença que o Beleneses SAD mostrou ser mais perigoso que os pacenses e poderia ter reduzido logo dez minutos depois do recomeço, mas o desvio ao segundo poste do Licá saiu felizmente ao lado. O Vlachodimos foi importantíssimo para manter as nossas redes invioladas por mais do que uma vez, mas nada pode fazer aos 70’ num centro da esquerda do Varela e autogolo do Ferro a meias com o Licá. Um pouco antes já o Chiquinho tinha entrado para o lugar do Pizzi e foi o mesmo Chiquinho a dar-nos alguma tranquilidade aos 78’, ao fazer o 3-1, depois de um passe do Rúben Dias para o meio, toque primoroso do C. Vinícius a isolar o nº 19, que contornou o guarda-redes e não se desconcentrou com a presença de um defesa, atirando para a baliza deserta. Parecia que podíamos respirar até final, mas aos 87’ o Rafa fez aparentemente falta na área sobre o Varela e o Licá reduziu para 3-2. Até ao último apito do árbitro, ainda permitimos que o Belenenses SAD se acercasse da nossa baliza com algum perigo, tendo-nos valido a saída da área de cabeça do Vlachodimos numa das vezes.

Em termos individuais, destaque para o Taarabt por ter enchido o campo, especialmente na 1ª parte, valorizada com um golo e a participação fundamental noutro. Também o C. Vinícius foi essencial, pois fez um golo e uma assistência. Gostei igualmente do Weigl, mais na 1ª do que na 2ª parte, porque deu imensa fluidez ao nosso jogo, libertando sempre a bola jogável para a frente. O Vlachodimos continua a ser dos jogadores mais fundamentais do plantel e é bom que rezemos a Eusébio para que nada lhe aconteça até final da época... Muito menos exuberante do que o costume esteve o Pizzi e o Rafa também já fez jogos melhores.

Antes da ida a Mordor, teremos a 1ª mão das meias-finais da Taça de Portugal frente ao Famalicão na Luz nesta 3ª feira. Escusado será dizer que temos obrigação de estar no Jamor em Maio. Assim sendo, e dado que a 2ª mão é já para a semana, apenas três dias depois de ir a casa do CRAC, seria de todo conveniente que fizéssemos um resultado que nos desse alguma tranquilidade (para tal, ajudaria muito que o Bruno Lage resolvesse jogar com um guarda-redes na Taça...).