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quarta-feira, maio 25, 2005

11 anos depois...

É, de facto, uma pena estarmos limitados por algo tão redutor como as palavras. Há coisas que não se conseguem explicar, só sentir. Todavia, aqui e aqui estão excelentes descrições da miscelânea de sentimentos que nos une, a nós que temos a benção, o orgulho e o privilégio de ser benfiquistas. Sentir a alegria de um campeonato ganho com enorme sofrimento e depois de tão longo jejum é algo inexplicável. Mais do que palavras, um pequeno sintoma de tudo o que nos vai na alma pode ser encontrado nas expressões faciais. Quem olhe para mim por estes dias consegue perfeitamente perceber que estou em êxtase, a levitar. Não toco no chão desde Domingo às 21h! E o melhor de tudo é que percebo que não sou o único. Sempre que vejo alguém contente na rua, sei que está ali outro benfiquista!

Tudo começou na noite de Domingo. Num tal estado de excitação é difícil conseguir raciocinar e dei por mim a amaldiçoar o facto de não ser omnipresente para poder estar a festejar em todo o lado. Tive pena de não ter ido ao Bessa, queria ter lá estado com os jogadores e testemunhar a sua alegria tão incontrolada como a nossa (as imagens televisivas no final do jogo, que vi a posteriori depois de secar as lágrimas, são bem elucidativas), mas por outro lado terá sido melhor porque provavelmente não conseguiria ter o discernimento para conduzir de volta. Mas se lá estivesse estado não teria podido dar logo um grande abraço ao meu avô de 88 anos, que tem o privilégio de ter visto todos os 31 campeonatos que ganhámos! Fui por volta das 22h30 para o Marquês, que estava com uma onda humana semelhante à do Euro, mas com uma alegria maior. Durante o Euro, a festa foi permanente, porque era um campeonato organizado por nós, mas como o nosso país nunca foi nem é uma potência do futebol mundial, as vitórias de Portugal eram celebradas como algo de bom que vinha por acréscimo e não como algo esperado. No Domingo foi diferente, celebrou-se a reconquista de algo que nunca deveria ter deixado de ser do Sport Lisboa e Benfica durante tanto tempo. O maior clube português esteve tempo demais sem ganhar o campeonato e quem mais sofreu com isto foram os adeptos. Daí que a emoção tenha sido muito maior.

Não estive muito tempo no Marquês, porque as notícias que o Estádio da Luz estava a encher rapidamente inquietaram-me: era impensável não haver lugar para mim! Tinha que me despachar. Quando cheguei ao Estádio por volta da meia-noite, ele já estava completamente cheio. Mesmo assim consegui arranjar um lugar muito perto do meu, no piso 0. Depois foram quatro horas à espera (nunca esperar tanto tempo me deu tanto prazer) do regresso da equipa. Muito se cantou, muito se gritou, muito se festejou durante esse tempo todo. A nossa grandeza foi bem visível no facto de não ter havido um único (!) cântico a ofender os nossos rivais. O importante era celebrarmos a nossa conquista, queríamos lá saber dos outros. Infelizmente, os jogadores só estiveram em campo durante meia-hora, porque a invasão (apesar dos vários apelos em contrário) foi inevitável. Foi pena, porque soube a pouco. De qualquer maneira, nada poderia ter estragado aquela maravilhosa noite de 22 de Maio. Só dormi 3,5 horas nesse dia, mas deitei-me e acordei com o mesmo pensamento: SOMOS CAMPEÕES!

P.S. – Em relação ao que se passou na Av. dos Aliados, nada tenho a acrescentar a este post. Gostaria de saber se, depois de tudo a que assistimos, ainda há algum benfiquista que vá ficar contente com as vitórias do clube regional seja em que competição for. Prefiro que Portugal não seja representado de vez do que o seja por seres tão abjectos como estes.

P.S. 2 – Em relação a pessoas como o Dias Ferreira e o João Braga e aos lagartos que preferiam que um clube cujo presidente é arguido num caso de corrupção de árbitros ganhasse o campeonato, só tenho um conselho: Rennie.

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