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sexta-feira, outubro 23, 2020

Instável

Vencemos o Lech Poznan na Polónia por 4-2 e começámos da melhor maneira a fase de grupo das Liga Europa. Somos claramente melhor equipa do que os polacos e a vitória é justa, apesar de os números não reflectirem as dificuldades por que passámos.
 
Especulava-se que iria haver algumas alterações na equipa, mas em relação a Vila do Conde acabou só por entrar o Taarabt, regressado de lesão, e sair o Rafa, tendo o Pizzi ido para a direita. Entrámos muito bem no jogo e inaugurámos o marcador logo aos 9’ num penalty do Pizzi a castigar mão na bola na área, depois de um centro do Waldschmidt. Pensei que íamos embalar para uma exibição semelhante à do Rio Ave, mas sofremos o empate pouco depois, aos 15’, através do Ishak numa jogada em que a nossa defesa foi apanhada em contrapé (e não seria a única vez...). Os polacos poderiam inclusive ter passado para a frente do marcador, mas o remate foi à barra depois de um canto. Nós tínhamos mais posse de bola, mas não criámos grandes oportunidades de golo, porque o último passe estava a custar a entrar. Também a nossa defesa estava longe de ser uma muralha e os polacos conseguiram ultrapassá-la com relativo à-vontade no nosso meio-campo. Perto do intervalo, aos 42’, passámos novamente para a frente na estreia do Darwin a marcar, com uma cabeçada portentosa a um bom centro do Gilberto na direita. Até ao intervalo, o Everton teve um lance em que ficaríamos em superioridade numérica, mas infelizmente adiantou muito a bola e o defesa interceptou-a.
 
A 2ª parte poderia ter começado com o nosso golo da tranquilidade, mas o remate do Waldschmidt foi salvo quase sobre a linha. Ao invés, foram os polacos a igualar outra vez a partida aos 48’, novamente pelo Ishak, numa recarga de cabeça a um remate defendido pelo Vlachodimos, noutro lance em que o adversário entrou sem dificuldades na nossa área. Felizmente, o Darwin estava com a corda toda e, numa excelente jogada individual, tirou um defesa do caminho e fez o 2-3 aos 60’, depois de assistência do Everton. O Jesus tentou solidificar a equipa e fez entrar o Weigl, o Pedrinho e, pouco depois, o Nuno Tavares (o Rafa já tinha entrado ao intervalo). Se, num primeiro momento, até conseguimos manter-nos por cima do jogo, com alguns remates interceptados, o que é certo é que por volta dos 70’ sentimos uma enorme pressão do Lech Poznan, de tal forma que o Jesus teve de fazer entrar o Jardel já perto do fim. Ainda apanhámos mais do que um susto, mas acabámos por selar a vitória já nos descontos (93’) no hat-trick do Darwin depois de uma boa combinação atacante na direita, que terminou num centro do Rafa para o uruguaio só ter de encostar de cabeça.
 
Em termos individuais, óbvio destaque para o Darwin que quebrou a malapata dos golos e logo em grande estilo a triplicar. Quanto aos outros, ninguém mais sobressaiu, com o Gilberto a evidenciar o que já tínhamos percebido (é muito melhor a atacar do que a defender), o Waldschmidt a estar uns furos abaixo de Vila do Conde, o Pizzi a continuar a muito fora dela e o Everton a não conseguir ainda fazer uma exibição de encher o olho, o que é pena, porque a qualidade é indiscutível.
 
O que fica para o futuro é o que interessa mais, o resultado, mas a maneira como (não) defendemos não pode deixar de nos preocupar, porque se dá para o campeonato português, na Europa torna-se manifestamente insuficiente. Mesmo perante equipas europeias de segunda linha como é o Lech Poznan.
 
P.S. – O Jorge Jesus pode ter lá as suas teorias todas sobre os capitães das suas equipas, mas no Sport Lisboa e Benfica um jogador não pode ser capitão no terceiro jogo feito no clube. NÃO pode ponto final! Seja ele quem for e tenha passado pelos clubes por que passou. A questão nem é essa (mas está longe de ajudar, claro). Com Vlachodimos, Rafa e Gabriel em campo, é incompreensível que a braçadeira tenha passado para o Otamendi aquando da saída do Pizzi ao intervalo. Isto é o Sport Lisboa e Benfica! Que já foi capitaneado por nomes como Coluna, Humberto Coelho, Nené e Bento. Um pouco de noção, por favor. Obrigado.

2 comentários:

joão carlos disse...

Defensivamente fomos um completo desastre especialmente do lado esquerdo que foi um buraco tão grande que até parecia uma cratera mas a culpa disso é a de quem achou que a posição que era mais deficitária o ano passado não merecia uma única contratação pese embora as muitas que se fizeram e o muito dinheiro gasto e basta ver que um qualquer clube identifica logo onde esta o nosso problema e o explora até mais não.
Valeu que ofensivamente fomos eficazes porque em termos de oportunidades tivemos muito menos que em jogos anteriores e mais uma vez se viu que quando as transições não entram, e neste jogo só entraram mais para o fim quando eles tentaram o tudo por tudo, que temos muitas dificuldades em produzir oportunidades em jogo posicional sobretudo contra equipas que se fecham muito bem e se repararmos as oportunidades em jogo posicional criadas foram praticamente as mesmas de jogos anteriores, poucas, a que se somou as poucas em transições que eram o que nos ia safando em jogo anteriores, pelo menos nos mais bem conseguidos.
Sempre achei que o treinador tem o direito a nomear os capitães mesmo indo contra a regra vigente no clube, agora não pode e vir com o argumento que ele sempre fez assim porque na sua primeira passagem nunca , em todas as seis épocas, a alterou e se eu não acho que para se ser jogador do plantel seja impeditivo um jogador ter feito parte dos planteis de clubes rivais já para se ser capitão a conversa muda de figura é que o capitão para além doutras coisas é o representante do clube em campo, da sua filosofia, dos seus ideais, da sua mística e da sua cultura e não pode ser um jogador que esteve num clube rival, com precisamente tudo oposto aquilo que representamos, que pode e deve ser o capitão muito menos quando acabou de chegar ao clube mas também é só mais uma decisão de quem não conhece minimamente a cultura do clube e se esta a marimbar, para não dizer outra coisa, para ela.

Artur Hermenegildo disse...

Pedir noção e respeito plea História à criatura que treina a nossa equipa é o mesmo que pedir a um arbusto que dê uvas. É uma besta e será sempre uma besta, independentemente da sua qualidade como treinador. E quem o foi buscar de novo deixou de me merecer respeito, precisamente por esse motivo.

Falando de futebol, não percebo como é possível irmos para a enésima época seguida sem alternativas sólidas para os defesas laterais titulares. Para que serve o scouting, afinal? Não aprendem com os erros passados?