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terça-feira, março 12, 2019

Infantilidades

Empatámos ontem com o Belenenses SAD na Luz (2-2) e ficámos sem margem de manobra para o CRAC, que venceu domingo em Santa Maria da Feira por 2-1. Estão colados a nós com os mesmos pontos, embora percam no confronto directo. Eu pensei que já tinha visto tudo desde que o Luisão se estreou pelo Benfica a 14 de Setembro de 2003 no Estádio Nacional, onde até marcou um golo, mas não conseguiu evitar que o Belenenses marcasse dois depois dos 90’(!) e empatasse o jogo (3-3). Até ontem! Quando o Samaris fez o 2-0 aos 63’, não havia uma única alminha na Terra que perspectivasse o que viria a suceder: dois erros clamorosos e dignos dos infantis fizeram com que perdêssemos dois pontos contra o mesmo Belenenses de forma inglória. E até patética, há que acrescentar.

Com a lesão do Seferovic e o castigo ao Gabriel, entraram o Jonas e o Florentino na equipa. O que quer dizer que o Bruno Lage não gostou muito do Gedson em Zagreb. Compreende-se. Deveríamos ter entrado a ganhar, mas o Rafa, em boa posição, atirou ao lado depois de uma jogada de insistência do Samaris. Tal como se esperava, o Belenenses dificultou-nos muito a vida, porque é uma equipa que troca bem a bola e defende bem. De tal modo que as oportunidades escassearam na 1ª parte, só havendo outro remate do Rafa em excelente posição, que saiu muito por cima. Não estivemos tão dinâmicos como em partidas anteriores, com a equipa a ressentir-se (e muito) das ausências do Gabriel e Seferovic. Mesmo os que não estiveram na Croácia (André Almeida, Pizzi e Jonas) não conseguiram mostrar nenhuma frescura adicional.

Na 2ª parte, as coisas foram diferentes e conseguimos encostar mais o adversário às cordas. Depois de um remate de ressalto do Pizzi muito por cima, inaugurámos finalmente o marcador aos 56’, num grande golo do Jonas (que praticamente não se tinha visto até então): dominou muito bem uma bola centrada pelo André Almeida e rematou de pronto sem hipóteses para o Muriel. O mais difícil estava feito, mas era curto e convinha marcarmos um segundo golo para que pudéssemos descansar, dado que iremos ter mais dois jogos em sete dias. E conseguimo-lo através do Samaris ao tal minuto 63’, num remate de ressalto à entrada da área, que ainda tabelou num defesa. Numa fantástica publicidade ao anti-VAR, o Sr. João Capela esperou pela indicação do mesmo para ver se ninguém estava fora-de-jogo. Ou seja, não conseguimos festejar decentemente o golo num lance que não oferece a mais pequena dúvida! A partir daqui, o jogo estava ganho, certo? Pois... estaria se nós não nos tivéssemos lembrado de (literalmente) oferecer dois golos ao adversário aos 68’ e 71’! Num livre bombeado para a área, o Vlachodimos achou melhor perder tempo e deixar a bola seguir para fora em vez de a agarrar. O problema foi que perdeu a noção de onde estava o poste e a bola entrou na baliza com ele a abrir os braços para não lhe tocar. Demasiado patético para ser verdadeiro! Mas, se o nosso guarda-redes ainda tem muito crédito já que nos safou várias vezes, pouco depois o Rúben Dias teve o segundo erro clamoroso em jogos consecutivos, ao falhar completamente um atraso para o Vlachodimos, isolando um adversário que o bateu sem dificuldade. Inacreditavelmente, deixámos o Belenenses empatar com dois dos golos mais ridículos do campeonato! Claro que ficámos afectados por isso e até final procurámos o golo com muito menos discernimento do que é habitual. Só numa cabeçada do Jonas ao lado e num remate em arco do entretanto entrado Jota é que conseguimos criar perigo, mas em ambos os casos relativo dado que a bola nem sequer foi à baliza. O jogo chegou ao fim com um enorme sentimento de frustração em todos nós.

Em termos individuais, gostei bastante do Ferro, especialmente na 1ª parte e o Samaris fez igualmente uma exibição bem razoável. O André Almeida fez mais uma assistência e melhorou de produção na 2ª parte, o que também não era difícil dado o que (não) tinha mostrado na 1ª. Assim como o Pizzi, acrescente-se. O João Félix esteve relativamente apagado, dando a sensação de estar a acusar em termos físicos os jogos consecutivos que tem feito. Quanto ao Rúben Dias, é bom que volte a ter a cabeça no lugar. Já o lance no último minuto nas Aves, em que arriscou um segundo amarelo escusadíssimo com o jogo ganho (e com o Ferro já expulso) não augurou nada de bom, mas o que fez ontem juntamente com o penalty na Croácia tornam esta a semana mais negra da sua carreira até agora. É bom que se recomponha rapidamente.

Os próximos dois jogos (Dínamos Zagreb e Moreirense) serão fundamentais, mas temo bastante pela capacidade física da equipa. Teremos muito poucos dias de intervalo entre eles e já mostrámos estar mais fortes no aspecto físico do que agora. E serão dois jogos sem segundas oportunidades. Não gosto nada de ter de prescindir de uma competição, mas as fichas têm que estar todas no campeonato. A ida a Moreira de Cónegos irá ser especialmente difícil e, se jogarem muitos titulares na 5ª feira, não sei se nos conseguiremos apresentar nas melhores condições no domingo. Perder dois pontos desta maneira foi o pior que nos poderia ter acontecido nesta altura.

2 comentários:

Nau disse...

Imperdoáveis asneiras a custarem-nos dois pontos preciosos nesta altura.
O Rúben tem de saber que não tem um toque de bola primoroso. Para quê, então, arriscar como arriscou? É dos livros, numa situação daquelas, ainda longe do guarda-redes, despachar a bola pela linha lateral.
Quanto ao peru de Odisseias, foi mais um momento de desconcentração, o que nele não é raro. É outro que precisa de treinar o jogo com os pés, que é péssimo.
Profissionalismo, senhores, profissionalismo.
Apoiamos, acarinhamos, mas cobramos de vocês quando se impõe. E desta vez impõe-se a cobrança. Para que se não repitam as infantilidade.

José Rama disse...

É impressionante como na estatística do jogo, por parte do Benfica dos 23 remates só 2 foram à baliza...