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quinta-feira, outubro 01, 2015

Duas palavras: BRI-LHANTE!

Vencemos o Atlético de Madrid no Vicente Calderón por 2-1 e estamos destacados na frente do grupo C da Liga dos Campeões com seis pontos. Como o Galatasaray empatou no Cazaquistão (2-2), temos agora cinco pontos de vantagem para os terceiros classificados e estamos em óptima posição para finalmente nos qualificarmos para os oitavos-de-final da competição (seria a segunda vez nos últimos nove anos...).

Já aqui disse mais do que uma vez que o me interessa mais é o tricampeonato, sendo as competições europeias um bónus. Mas, de facto, desde a histórica vitória em Liverpool em 2006 que não tínhamos um resultado que nos orgulhasse tanto. Até ontem. Vencemos na sua própria casa a equipa que ainda há dois anos foi campeã de Espanha e esteve a dois minutos de conquistar a Champions no Estádio da Luz, que estava há 11 jogos sem perder no seu reduto para as competições europeias (desde Fevereiro de 2013 pelo Rubin Kazan), e que há sete jogos que não sofria sequer um golo em casa (o AC Milan foi o último a marcar a 11 de Março de 2014). Quanto a nós, só tínhamos ganho uma vez em Espanha, ao Bétis de Sevilha, na gloriosa campanha de 1982/83 que nos levou à final da Taça Uefa. Há 33 anos, portanto! Por outro lado, nos três jogos que tínhamos disputado esta temporada fora da Luz, averbámos três derrotas e sem nenhum golo marcado. Está bom de ver que por todas estas razões o meu estado de espírito era muito calmo, porque jamais me passou pela cabeça que pudéssemos ganhar esta partida. E o que eu gosto de me enganar nestes casos...!!!

O Rui Vitória só fez uma alteração em relação aos Paços de Ferreira, que foi colocar o Raul Jiménez no lugar do Mitroglou. Ao contrário do que era habitual no passado em jogos da Liga dos Campeões, não entrámos com medo, mas começámos a sofrer desde cedo uma pressão muito grande dos colchoneros. Mesmo assim, os primeiros lances de perigo foram nossos com uma grande jogada do Jonas, que passou por vários adversários, mas rematou ao lado, e uma tentativa de chapéu do Gonçalo Guedes que ficou curta. O Atlético de Madrid criava-nos problemas especialmente nas bolas paradas, mas acabou por inaugurar o marcador de lance corrido através do Correa aos 23’. A seguir ao golo, tivemos a nossa fase mais complicada, com o Jackson Martínez a ter duas situações para aumentar a vantagem, uma das quais foi ao poste. Mas aos 36’ um centro largo do Nélson Semedo foi desviado pela cabeça de um defesa na área e sobrou para o Gaitán de primeira na esquerda fuzilar o Oblak. Até ao intervalo nada mais de relevante se passou.

A 2ª parte não poderia ter começado melhor para nós, porque colocámo-nos em vantagem logo aos 51’ num contra-ataque perfeito do Gaitán que assistiu de pé direito o Gonçalo Guedes para este, quase sem ângulo, marcar um golão! Tínhamos uma eficácia de 100% nos remates à baliza! A partir daqui, já se sabia que teríamos de sofrer e contámos com um Júlio César em grande forma, ao defender dois remates consecutivos. No entanto, essa foi a grande e praticamente única oportunidade dos espanhóis, porque nós soubemos controlar muito bem o espaço à frente da nossa baliza. Uma das coisas que mais gosto me deu de ver foi que nunca abdicámos de tentar atacar, embora não tenhamos conseguido criar lances de verdadeiro perigo, porque por mais do que uma vez o último passe não saiu bem.

Em termos individuais, destaque para o mágico Gaitán, com um golo e uma assistência, e para o Gonçalo Guedes, não só pelo golo que marcou, mas porque está a crescer de jogo para jogo e não teve complexos nenhuns por estar a jogar onde estava. Outro que já é uma certeza é o Nélson Semedo, que revela uma personalidade invulgar para quem acabou de chegar à equipa. Grande exibição igualmente do Jardel, que está sempre superconcentrado nestas partidas importantes e da dupla do meio-campo (André Almeida e Samaris), porque se fartou de correr. O Júlio César dá uma confiança enorme à defesa e foi fundamental para esta grande vitória. Também apreciei bastante a capacidade de luta do Jiménez.

Uma última palavra para o Rui Vitória: este triunfo tem muito mérito dele, não só por apostar sempre na mesma equipa com os dois avançados onde quer que jogue, como por colocar o Benfica a jogar sem complexos independentemente do adversário que defronte. Já se tinha visto um pouco isso em Mordor e ontem foi por demais evidente. Não é novidade para ninguém que eu estava muito céptico quanto à sua contratação, mas é com a maior alegria que vejo que poderei ter-me enganado redondamente.

Mas, como eu disse, a Champions é muito bonita e tal, mas eu quero mesmo é ser tricampeão, pelo que o fundamental é uma vitória na Choupana no domingo frente ao União da Madeira. Até porque a seguir vem mais uma paragem do campeonato para as selecções e Taça de Portugal, e a jornada seguinte é já a recepção à lagartada, onde convém chegarmos com a possibilidade de os ultrapassar na classificação em caso de vitória.

P.S. – Espero que os energúmenos que atiraram tochas para as bancadas e o relvado aquando do nosso primeiro golo fiquem muito contentes se a Uefa nos interditar o estádio. Finalmente terão conseguido o seu objectivo...! Já temos um histórico com petardos das épocas anteriores, pelo que temo bem que a Uefa não se vá limitar a uma multa como das vezes anteriores. Neste sentido, gostei que o presidente Luís Filipe Vieira se tivesse antecipado e tivesse logo condenado esta situação, e pedido desculpa ao Atlético de Madrid. Mas o que é que aquelas bestas pretendem é que ultrapassa a minha capacidade de compreensão... Com tantas câmaras de segurança, não me parece muito complicado ver quem foram os responsáveis e interditá-los durante cinco anos de irem ao futebol. Pode ser que finalmente aprendam, mas como acéfalos que são é bem possível isso não aconteça, porque dentro do crânio daquelas criaturas só deve haver ar...

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