Vencemos em Mordor no sábado (2-1) e assumimos a liderança
do campeonato com dois pontos de vantagem sobre o CRAC. No dia 2 de Janeiro,
quando perdemos em Portimão, ficámos a sete pontos deles e, dois meses depois,
conseguimos recuperar nove pontos! É verdadeiramente impressionante o que
conseguimos em tão pouco tempo, tanto em termos de resultados como principalmente
em termos de qualidade futebolística. Mérito total (apesar de ele ter a
humildade dos grandes e passar a responsabilidade para os jogadores) para o
Bruno Lage.
Entrámos em Mordor com a mesma personalidade dos jogos
anteriores e isso foi logo um óptimo início. Ou seja, não exibimos aquele temor
habitual sempre que visitávamos a casa do CRAC e que, muitas vezes conjugado com
a inclinação que existe sempre naquele campo, nos fazia começar o jogo já a
perder. Com a equipa-tipo e à semelhança da meia-final da Taça da Liga em
Braga, a primeira oportunidade foi deles, num remate fora da área do Alex
Telles que o Vlachodimos defendeu para a linha lateral. Nos primeiros minutos,
estiveram eles mais próximos da nossa área, mas sem conseguirem mais pôr à prova
o nosso guarda-redes. Respondemos por volta do quarto de hora, num lance em que
o Pizzi é puxado pelo Manafá na área. Voltamos à questão da intensidade, mas de
uma coisa tenho certeza: se fosse ao contrário, o Sr. Jorge Sousa teria
assinalado penalty. Aos 20’, o CRAC colocou-se em vantagem: livre directo do
Adrián López, a bola bate na barreira, ressalta para ele que remata mais devagar
(pareceu que quis assistir um colega na área), a bola desvia no peito do
Marega, o Pepe baixa-se e o Vlachodimos não consegue chegar-lhe. É muito duvidoso
que o Pepe esteja em linha com o Rúben Dias na altura do remate do Adrián López,
mas o que não é nada duvidoso é que, quando a bola desvia no peito do Marega, o
Pepe está claramente fora-de-jogo e a sua acção influencia o Vlachodimos. O VAR
Sr. Tiago Martins achou que não e o Sr. Jorge Sousa nem sequer foi consultar as
imagens! Típico (quando é contra nós)...! Não poderíamos ter reagido mais
rapidamente, com o Pizzi a ficar frente-a-frente com o Casillas, mas o remate
saiu à figura e o espanhol conseguiu defender com as pernas. Aos 26’,
conseguimos a igualdade, numa bola ganha a meio-campo pelo incansável Gabriel
ao Adrián López, sobrou para o Manafá que perdeu no corpo-a-corpo com o
Seferovic e o suíço assistiu o João Félix que, na marca de penalty, fuzilou o
Casillas. O CRAC sentiu muito o golo e, até ao intervalo, só através do
Brahimi, num remate que acabou muito bem interceptado pelo André Almeida criou
perigo e mesmo assim relativo. Quanto a nós, tivemos mais uma oportunidade
flagrante em cima do intervalo pelo Seferovic, isolado pelo Pizzi, que rematou à
figura do Casillas.
Na 2ª parte, mantivemos a tendência do final da 1ª e colocámo-nos
em vantagem aos 52’ numa excelente combinação atacante, com o Pizzi a reter a
bola na área e a soltá-la na altura exacta para o Rafa que, com um remate rasteiro
e colocado já dentro da área, desfeiteou o guardião espanhol. O CRAC naturalmente
reagiu e começou a colocar mais gente na frente, mas nós estivemos bastante bem
a defender. Remates do Brahimi por cima e do Marega à figura do Vlachodimos não
deram a sensação de golo. Em termos atacantes, acabámos por não conseguir ter
grande produção, porque o CRAC pressionava, mas mesmo assim o Seferovic isolou
o Rafa pouco depois da hora de jogo, sendo o lance anulado por pretensa mão do
suíço. Só houve uma repetição e não vi falta nenhuma! O Pizzi na direita não
estava a conseguir suster o Alex Telles e o Gedson entrou aos 71’ para o seu
lugar. Pouco depois, o Samaris safou um golo certo ao cortar a bola no último
momento, quando o Herrera já tinha armado o remate. Conseguimos reagir a seguir,
com o Rafa a ter uma ocasião parecida com a do golo, mas o remate saiu infelizmente
ao lado. Aos 78’, o Gabriel viu dois amarelos no mesmo lance(!) e foi expulso.
O Sr. Jorge Sousa até pode ter a lei do seu lado (o nosso nº 8 agarrou o Otávio
e depois reagiu mal ao facto de este lhe ter batido nas costas), mas não me
lembro de muitas vezes em que um jogador visse dois amarelos no mesmo lance.
Mais: tenho a certeza absoluta que, se fosse ao contrário, isto jamais teria sucedido.
A partir daqui, a pressão dos de Mordor intensificou-se e o Felipe teve duas ocasiões
num cabeceamento que bateu na parte superior da barra, depois de um canto
inexistente, e num grande remate de fora da área, em que o Vlachodimos fez
outra fantástica defesa. Perto do fim, nova boa defesa do guardião grego a
desvio do Marega na pequena área, mas se entrasse o lance teria de ser (espero
eu) invalidado por fora-de-jogo. O Corchia e o Cervi também entraram para
ajudar a defender e o final do jogo surgiu finalmente com um enorme suspiro de
alívio da nossa parte.
Em termos individuais, destaque para o Gabriel, que teria sido
o melhor em campo, não fosse a expulsão. Independentemente de eu achar que foi
exagerada, o nosso nº 8 não tinha nada que reagir daquela maneira à palmada que
levou. Tem que ter a consciência de contra quem está a jogar e em que campo.
Todo o cuidado é pouco e as desculpas para se expulsar jogadores nossos são
muito pequenas. O Rafa foi decisivo no golo da vitória, assim como o Pizzi,
apesar de este nem ter feito um jogo por aí além. Palavra também para a nossa
defesa, em especial a dupla de centrais (Rúben Dias e Ferro), que esteve intratável.
O Vlachodimos foi novamente essencial a garantir os três pontos, assim como o
Samaris naquele corte providencial. O Seferovic desta feita ficou em branco, mas
somou mais uma assistência ao currículo.
Faltam dez jogos para o final do campeonato. Conseguimos o
mais difícil e que era impensável há meia dúzia de jornadas. Ganhámos no WC e
em Mordor na mesma época pela primeira vez deste 1990/91! Há que manter o foco
para conseguirmos um feito histórico. Estamos a jogar um futebol maravilhoso,
como há muito não se via, e seria uma injustiça se não conseguíssemos títulos.
Mas a história do futebol está cheia de injustiças...
P.S. – O Pepe continua uma criatura execrável. O modo como
ele se virou ao João Félix, num lance em que nem sequer foi tocado diz tudo
acerca do seu “carácter”. Grande “carácter” tem também o Sérgio Conceição, que
deixou o João Félix de mão estendida no final do jogo. Estão ambos MUITO bem no
clube onde estão.