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segunda-feira, maio 28, 2018

Balanço da época

Tal como tinha prometido, e antes que eu feche para obras durante um mês com o Mundial de futebol, cá vai o post sobre o rescaldo da temporada que agora findou. Pode resumir-se numa única palavra: desilusão! Depois de um tetra inédito, e quando tínhamos oportunidade de igualar o único recorde relevante do futebol português que ainda não nos pertence, achámos que conseguíamos ganhar o penta “sem mãos e sem pés” e acabámos naturalmente “sem dentes” como na anedota da bicicleta. Mais: tivemos a pior prestação de uma equipa portuguesa e de uma equipa vinda do pote 1 na Champions (seis jogos, seis derrotas, 1-14 golos!), a nossa pior participação de sempre na Taça da Liga (pela 1ª vez, desde que há fase de grupos, não chegámos às meias-finais, e não conseguimos sequer ganhar um jogo!) e fomos precocemente eliminados nos oitavos-de-final da Taça de Portugal em Vila do Conde. Ou seja, chegámos a Janeiro só a disputar o campeonato. Tínhamos de o ganhar para tornar esta época positiva. Não aconteceu. Logo, foi péssima!

Fazendo uma retrospectiva da temporada, é fácil ver que as coisas começaram mal logo na pré-época com derrotas humilhantes frente ao Young Boys e nova participação lamentável na Emirates Cup. Dir-me-ão: “claro que sim, só que no passado também fizemos péssimas pré-temporadas e depois fomos campeões”. Certo, porém... tínhamos um plantel melhor! Na altura dessas derrotas, estávamos um pouco apreensivos, mas com esta experiência passada muitos de nós pensámos que seria repetível. E a temporada oficial até começou bem com a vitória na Supertaça frente ao V. Guimarães e uma 1ª jornada com uma muito agradável exibição e triunfo contra o Braga. Todavia, a partir da 4ª jornada, com o empate em Vila do Conde, as coisas começaram a descambar em termos exibicionais e de resultados. Estamos a falar do início do Setembro e, nas provas todas, isto durou até... Janeiro! Não colmatámos devidamente as saídas do Ederson, Nélson Semedo e Mitroglou (só o Rúben Dias fez esquecer o Lindelof), havia jogadores-chave da época passada em muito má forma (o caso mais evidente foi o do Pizzi) e o Rui Vitória insistiu demasiado em evidentes erros de casting (Filipe Augusto acima de todos os outros, bem entendido). Como disse, este marasmo em termos globais durou até ao início de 2018, mas no campeonato as coisas começaram a melhorar a partir da vitória em Guimarães a 5 de Novembro, quando o Rui Vitória apostou na titularidade do Krovinovic e na mudança de sistema para 4-3-3, com o Jonas a ponta-de-lança. Fomos começando a ganhar jogos mais confortavelmente e isso deu confiança à equipa, que infelizmente não se reflectiu nas outras três provas.

O ano de 2018 começou com o inglório empate na Luz frente à lagartada e depois tivemos a nossa melhor fase que durou até à vitória em Santa Maria da Feira a 19 de Março. Sobrevivemos à lesão do Krovinovic frente ao Chaves a 21 de Janeiro, ainda empatámos no Restelo na jornada seguinte, mas depois o Zivkovic substituiu bem o colega croata e o nível exibicional manteve-se. No entanto, a pausa das selecções no final de Março fez-nos muito mal. As exibições caíram a pique e a lesão do Jonas na fase crucial da época foi a machadada final. Mesmo assim, vimo-nos numa posição privilegiada a seis jornadas do fim, com a derrota do CRAC em Belém que nos empurrou para o 1º lugar e a vantagem de os receber na Luz. Porém, a 2ª parte desse jogo vai ficar por muito tempo na nossa memória, quando simplesmente deixámos de jogar e esperámos ansiosamente pelo final da partida. Já se sabe o que acontece quando se joga para empatar e ganhou quem jogou para ganhar. Depois da inconcebível derrota em casa com o Tondela, ficámos obrigados a marcar um golo e não perder no WC sob pena de deixarmos de depender de nós para manter o importantíssimo (do ponto de vista financeiro) 2º lugar. Apesar de termos feito uma boa exibição, não conseguimos marcar e restou-nos esperar pela ajuda do Marítimo na última jornada. Que veio (a lagartada raramente nos desilude!), permitindo-nos assim a ida à 3ª pré-eliminatória da Champions. Serve isto para considerar esta uma boa época? Nem por sombras!

A grande questão é: deve ou não manter-se o Rui Vitória? Pelo que aconteceu esta época, a resposta será claramente não! Um único título e piores prestações de sempre em duas das outras competições parecem-me uma razão mais que justificada para não continuar. Por todo o percurso de três anos, ainda assim tenho dúvidas. O meu problema com o Rui Vitória é que se nota uma quebra de produção da equipa de ano para ano, sem que ele tenha conseguido dar a volta. Eu sei que a equipa tem sido progressivamente desfalcada dos melhores jogadores e isso não é culpa dele. No entanto, caber-lhe-ia a ele chamar a atenção dos responsáveis que, com um Bruno Varela a titular, as coisas seriam muito difíceis, que o André Almeida é bom que faça a carreira toda no Benfica, mas como 12º jogador, que o Gabriel Barbosa não tinha as características do Mitroglou, e que, por muito que ele se chame Jonas, não podemos estar tão dependentes de um jogador de 33 anos (não esqueçamos que, no tetra, o Gonçalo Guedes fez-nos esquecê-lo durante a primeira parte da época). E também lhe cabia a ele ter mexido com mais sagacidade na equipa em jogos importantes: a entrada do Seferovic naquelas condições em Vila do Conde para a Taça de Portugal foi uma enorme estupidez, assim como a substituição do Rafa e posterior entrada do Samaris na fatídica recepção ao CRAC. E isto só para dar dois exemplos.

Por mim, e dado que o Marco Silva está livre, apostaria nele, principalmente porque, em mais do que um clube, se notou uma enorme melhoria com a entrada dele. No entanto, já sabemos que o Luís Filipe Vieira quase de certeza que manterá o Rui Vitória. Resta-nos desejar a aposta na continuidade esteja certa, mas é bom que comecemos com o pé direito, porque muito do que será a nossa temporada ficará definido logo no início com as eliminatórias de apuramento para a Champions.

segunda-feira, maio 14, 2018

Segundo lugar

Vencemos o Moreirense por 1-0 e, com a derrota da lagartada no Marítimo (1-2), conseguimos ficar no 2º lugar e qualificarmo-nos para a 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões do próximo ano, competição que, se nos qualificamos (ainda teremos que passar igualmente um play-off), nos assegurará 40M€ só pela presença. Acabámos o campeonato a conseguir os mínimos, mas, Prof. Rui Vitória, esta época está MUITO longe de ter sido satisfatória!

Com o Jonas de regresso ao onze, esperava que melhorássemos em termos exibicionais, mas isso não aconteceu. O Salvio rendeu o lesionado Rafa, voltando o Cervi à ala esquerda, todavia continuámos sempre muito lentos a trocar a bola e com dificuldades em entrar na compacta defesa do Moreirense. Tanto assim foi, que não criámos muitas oportunidades de golo: um remate do Grimaldo passou ligeiramente ao lado, o Pizzi teve dois em boa posição, mas saíram ambos ao lado e, na nossa melhor jogada, um centro do Cervi proporcionou um desvio ao Jonas, mas a bola continuou a não atingir a baliza. Do lado oposto, ainda a lutar pela manutenção, o Moreirense jogava tudo no 0-0. Como estávamos dependentes do resultado na Madeira, o estádio festejou o primeiro golo do Marítimo, mas a lagartada empatou logo no minuto seguinte.

Na 2ª parte, era conveniente que aumentássemos o ritmo, até porque o resultado na Madeira só nos era conveniente se ganhássemos o nosso jogo. O recomeço demorou alguns minutos, porque os jogos tinham que se iniciar todos ao mesmo tempo (vá lá, uma medida acertada da Liga!). O Salvio com um toque de calcanhar em voo, na sequência de um centro do Zivkovic, fez a bola passar muito perto do poste (seria um golo épico, a fazer lembrar um do Gaitán na Amoreira) logo nos primeiros minutos, mas aos 52’ inaugurámos finalmente o marcador: penalty indiscutível por mão na bola de um adversário, depois de um centro do Grimaldo, e o Jonas não perdoou. Lá está, sem paradinha, a coisa resulta sempre muito melhor! A bola foi tão colocada no canto superior direito da baliza, que quase me deu a sensação de ir para fora, mas foi completamente indefensável. A partir daqui, com a inevitável subida em campo do Moreirense, pensei que teríamos mais espaço para aumentar a vantagem e nos tranquilizarmos de vez, mas isso não aconteceu. A nossa maior preocupação foi defender bem e não dar chances ao adversário, o que conseguimos fazer melhor, especialmente a partir da entrada do Samaris para o lugar do apagadíssimo Pizzi. Antes disso, o Moreirense tinha proporcionado ao Bruno Varela uma defesa para canto num livre e teve outro remate por cima, mas depois não conseguiu criar mais perigo. Quanto a nós, também não pusemos à prova o guarda-redes Jhonatan. A cereja no topo do bolo aconteceu já em tempo de compensação com o golo da vitória do Marítimo, celebrado efusivamente no estádio! Já o empate nos servia, mas assim o 2º lugar ficava seguro de vez, até porque o histórico da lagartada este ano em marcar em tempo de compensação era enorme.

Em termos individuais, destaque para o Jonas pelo golo e para o Zivkovic, que me pareceu dos mais inconformados. O Salvio esteve activo na direita, embora nem sempre tomando as melhores decisões, já o Cervi na esquerda voltou a estar discreto. Todos os outros estiveram muito medianos.

O balanço desta temporada far-se-á num próximo post, mas se o Benfica nos desilude de vez em quando, a lagartada raramente nos falha! Foram iguais a eles próprios e, valha a verdade, o Rui Vitória tem razão neste caso: já na semana passada deveríamos ter fechado esta questão do 2º lugar no WC e temo-lo conseguido agora foi mais do que justo.

segunda-feira, maio 07, 2018

Banho de bola inglório

Empatámos sábado no WC a 0-0 e ficámos em desvantagem no confronto directo com a lagartada pelo 2º lugar no campeonato. No entanto, isso só será visível na classificação depois da última jornada, porque, numa daquelas regras incompreensíveis do nosso futebol, até lá é a diferença de golos que determina a ordenação dos lugares e não o confronto directo. Com este resultado o CRAC foi campeão no sofá, porque só ontem jogou com o Feirense (2-1). Aliás, esta é outra coisa que deveria ser alterada, e rapidamente: uma equipa ser campeã em campo, junto aos adeptos, tem indiscutivelmente outro sabor. Portanto, é óbvio que os jogos que podem atribuir o título deveriam ser à mesma hora (como era antigamente com as três últimas jornadas). De certeza que esta modernice de permitir que se seja campeão no sofá, com jogos decisivos a horas desfasadas, veio de mentes que não são adeptas de futebol.

Fui ao WC com as expectativas muito baixas, fruto do descalabro tanto a nível pontual como exibicional das últimas semanas. No entanto, tenho que dizer que, se tivéssemos jogado o campeonato inteiro como jogámos as duas partidas frente a eles, teríamos ganho o penta com uma perna às costas. O Rui Vitória reforçou o meio-campo com o Samaris ao lado do Fejsa, saindo o Cervi do onze habitual dos últimos tempos. O Jonas esteve finalmente de volta, mas como seria de prever ficou no banco. Entrámos muitíssimo bem na partida, com o Rafa a atirar ao poste logo aos 8’, depois de um excelente passe em diagonal do Jiménez o ter desmarcado. O nosso nº 27 bateu em velocidade o Piccini e, à saída do Rui Patrício, desviou para o poste, com o guardião da lagartada a varrê-lo depois. É certo que ele vai à bola, mas o facto é que derruba o Rafa. Ou seja, penalty por marcar pelo Sr. Carlos Xistra. À passagem da meia-hora, o Douglas (que foi titular no lugar do lesionado André Almeida), na sequência de um ressalto, ficou em posição frontal fora da área, mas o remate de pé esquerdo foi desviado pelo Coates. Éramos a única equipa a criar perigo em campo e o Rafa atirou de novo ao poste, num remate de pé direito fora da área, ainda desviado pelo Patrício. Uma cabeçada ao lado do Coentrão foi o único perigo criado na nossa área em toda a 1ª parte. Uma óptima abertura do Douglas isolou o Samaris descaído pela direita, mas o remate cruzado foi desviado pelo Patrício, apesar de o Sr. Carlos Xistra não ter assinalado o respectivo canto. Já em cima do intervalo, jogada do Rafa pela esquerda, centro para remate de primeira do Pizzi para nova defesa do Patrício, que susteve igualmente a recarga do Jiménez, já de um ângulo muito desviado. Em cima do intervalo, o Bas Dost teve uma grande jogada individual, mas, em vez de rematar quando só tinha o Varela pela frente, tentou assistir o Gelson, tendo a bola sido cortada pelo Douglas.

A 2ª parte não teve tantas ocasiões como a primeira, porque a lagartada fechou-se melhor. Mesmo assim, pertenceu-nos a melhor delas todas numa jogada pela direita, com o Salvio, entretanto entrado para o lugar do Pizzi (vá lá, o Rui Vitória acertou nas substituições desta vez...!), a centrar para o Jiménez chegar ligeiramente atrasado. Uma cabeçada do Bryan Ruiz por cima num canto foi a única ocasião da lagartada. Entretanto, o Jonas entrou e, apesar da evidente falta de ritmo, o nosso jogo fluiu logo de outra maneira. O Bruno Fernandes deveria ter visto um vermelho por entrada às pernas do Cervi (que substituiu o Rafa nos instantes finais), mas o Sr. Carlos Xistra só lhe mostrou o amarelo. Na sequência dessa falta, atirámos a bola para a área, o Patrício agarrou, mas como chocou com um defesa largou a bola, que sobrou para um nosso jogador, tendo o Sr. Carlos Xistra assinalado... falta! Teria sido uma grande ocasião para nós, até porque o Jiménez atirou de letra lá para dentro (embora, valha a verdade, o Coates, que estava em cima da linha, não se tivesse feito ao lance). Foi o último lance de um encontro, que deveríamos ter ganho tranquilamente.

Em termos individuais, o Rafa merece destaque principalmente pela 1ª parte, mas os nossos centrais, Jardel e Rúben Dias, estiveram excelentes o jogo todo (a única falha do Jardel foi na marcação ao Bryan Ruiz naquele canto). Grande jogo igualmente do Fejsa e o Samaris esteve igualmente muito bem, só foi pena o falhanço isolado. Pelo Zivkovic passou grande parte do nosso jogo atacante, até porque quem jogou na direita foi o Pizzi, com o Rafa na esquerda. Outro que merece uma palavra é o Douglas que, ao contrário do que é habitual, nos permitiu jogar com onze. E até teve participação em algum do perigo que criámos!

Tal como na 1ª volta, empatámos um jogo em que merecíamos claramente ganhar. Resta-nos esperar uma escorregadela da lagartada no Marítimo na última semana para irmos à pré-eliminatória da Liga dos Campeões e arrecadarmos só com isso 40M€. Mas duvido muito que isso aconteça, até porque o Marítimo já não consegue ir ao 5º lugar. De qualquer maneira, temos que ganhar ao Moreirense para acabarmos com dignidade esta época. Que, no entanto, será sempre, com ou sem 2º lugar, péssima. Mas esse balanço far-se-á no final do campeonato.