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sexta-feira, setembro 29, 2006

Relembrar VIII - No sítio certo

Como já se percebeu que muito dificilmente teremos alegrias europeias este ano, é altura de voltarmos a lembrar as antigas. E para fechar o capítulo “Filipovic”, deixo-vos aqui provavelmente o golo mais importante da sua carreira no Glorioso. Foi na segunda mão das meias-finais da Taça Uefa da tal época 82/83, em que defrontámos o Universitatea Craiova (crónica do TMA), equipa romena temível na altura (tinha ganho dois dos últimos três campeonatos), mas que agora anda pelos últimos lugares da classificação. Depois da dupla vitória frente à Roma, toda a gente estava à espera de passar o Craiova mais facilmente, mas o que é facto é que esta equipa tinha já eliminado a Fiorentina, o Bordéus e o Kaiserslautern. As dificuldades foram bastantes e o jogo da primeira mão na Luz ficou 0-0, apesar do autêntico massacre que impusemos aos romenos.

Na segunda mão, em Craiova, o Bento resolveu oferecer um golo na primeira parte. Antes do intervalo, o Filipovic ainda atirou uma bola ao poste, mas o golo decisivo aconteceu já durante a segunda. Foi uma jogada de insistência em que o jugoslavo apareceu solto na área na sequência de um ressalto e, à matador, não falhou. Estávamos pela primeira (e única) vez na nossa história na final da Taça Uefa. Infelizmente a derrota na final impediu-nos de fazer a tripla nesse ano.


quarta-feira, setembro 27, 2006

Incapacidade de reacção

Mais uma derrota frente ao Manchester United (0-1) num jogo em que pelo que fizemos na primeira parte e até sofrer o golo (aos 60 min.) não merecíamos perder, se bem que depois do golo o Manchester estivesse mais próximo do 2-0 do que nós da igualdade. Com esta derrota a nossa posição no grupo fica muito difícil e é imperioso que conquistemos no mínimo quatro pontos frente ao Celtic, apesar de eu achar que se não ganharmos os dois jogos será difícil seguirmos em frente, porque a última partida é em Old Trafford. Como eu previa ainda vamos chorar muito aquele jogo MISERÁVEL em Copenhaga…

A nossa primeira parte foi de grande nível, já que não deixámos o Manchester United fazer nada (só um remate do Cristiano Ronaldo que o Quim defendeu), apesar de não termos criado situações de golo iminente. Dominámos bastante, mas foi muito complicado ter oportunidades para rematar com perigo. A equipa inicial foi mais ou menos a prevista, já que com a saída do Fonseca dos convocados era de esperar que o Miccoli ficasse no banco, caso contrário só teríamos uma opção atacante (Mantorras) se as coisas corressem mal. Por outro lado, o Paulo Jorge foi o nosso melhor jogador em Paços de Ferreira pelo que a sua perda de titularidade seria uma grande injustiça, além de que ele defende, ao contrário do italiano. Confesso que não percebi a entrada inicial do Anderson em vez do Ricardo Rocha, a não ser que este ainda não estivesse nas melhores condições físicas. Mas mais uma vez cometemos o erro crasso de jogar com o Alcides em detrimento do Nélson. Um lateral direito tem que criar desequilíbrios atacantes, algo que o brasileiro é totalmente incapaz de fazer, como se viu outra vez durante este jogo. Mesmo assim, com um bocadinho de sorte poderíamos ter marcado um golo até ao intervalo, especialmente através de um remate do Nuno Gomes que saiu ao lado.

Na segunda parte, acusámos (e de que maneira!) o esforço físico da primeira e não estivemos tão pressionantes. O resultado foi que o Manchester United teve mais espaços e, na primeira ocasião de verdadeiro perigo que criou num contra-ataque, marcou através do Saha, num remate em que se o Anderson não tem tocado na bola o Quim teria defendido. Não foi um erro tão grave quanto os do Bessa e Paços de Ferreira, mas o defesa brasileiro ficou mais uma vez ligado a um golo sofrido. Neste caso, poderia ter pressionado mais o Saha antes de ele entrar na área com a bola dominada, mas enfim… A partir daqui e com as substituições que fizemos logo a seguir, morremos. O Fernando Santos resolveu tirar os dois jogadores que mais estavam a sobressair (Karagounis e Paulo Jorge) e fez entrar o Nuno Assis e Miccoli. Não conseguimos mais ligar uma jogada até ao fim da partida. Os jogadores ficaram perdidos e deixou de haver táctica. O Nuno Assis não sabia se ia para a esquerda ou para o meio e acabou na direita. O Miccoli nunca encontrou um lugar para jogar. Por outro lado, os centro-campistas rebentaram e não conseguimos fazer nenhuma pressão sobre os ingleses. As bolas nem sequer chegavam aos avançados. Acho que nessa altura o Fernando Santos deveria ter colocado o Nélson no lugar do Alcides, porque tem velocidade e estávamos a precisar disso nos flancos, já que o Simão praticamente não existiu e já não havia Paulo Jorge. Mas não, resolveu tirar o Anderson e colocar o Mantorras, aumentando ainda mais a confusão na área. Quando as bolas raramente lá chegam em condições, não vale a pena pôr avançados que ainda por cima não sabem jogar de cabeça. Até final, destaque apenas para três, repito, t-r-ê-s (!) defesas magistrais do Quim na mesma jogada (!), na sequência de um livre e duas recargas, em que o resto da defesa ficou a dormir.

Individualmente gostei novamente do Karagounis, o único com capacidade para transportar a bola para a frente, do Paulo Jorge, que não se atemorizou com o adversário e mostrou a raça do costume (mas tem que treinar melhor o remate; aquele livre “à Camacho”…!) e do Quim, pelas razões referidas. O Luisão e o resto da defesa também estiveram globalmente bem (até ao golo), mas os laterais têm que ser mais perigosos no ataque. O Simão necessita urgentemente de subir de forma e o Katsouranis de durar até ao fim do jogo. Tirando as substituições, não acho que a culpa tenha sido toda do Fernando Santos, apesar de a contestação começar a ser visível com os lenços brancos. Estamos com dificuldade em marcar golos e assim é impossível ganhar. Todavia, há um aspecto que infelizmente tem sido uma constante esta época e que é responsabilidade do treinador: quando sofremos um golo primeiro, não conseguimos reagir e há quase um baixar de braços. Ora, o técnico tem que incutir nos jogadores que os jogos duram 90 minutos e que até ao fim tudo é possível. E não me parece que o Fernando Santos saiba fazer isso…

Domingo frente ao Aves é imprescindível uma boa exibição e uma vitória clara, caso contrário as coisas começam a ficar muito negras e quase sem retorno para o treinador.

sábado, setembro 23, 2006

Furioso

Jogos destes deixam-me fora de mim! Empatámos em Paços de Ferreira (1-1) com o golo deles a ser marcado no segundo minuto de compensação. Custa-me mais perder pontos desta maneira, depois de duas (!) bolas ao poste e perante um adversário que não criou quase nenhum perigo, do que em jogos como o do Bessa. No entanto, a perda destes dois pontos tem um rosto: Léo. É INADMISSÍVEL que um jogador do Benfica se deixe expulsar daquela maneira (dois amarelos seguidos, o primeiro por protestos e o segundo por aplaudir esse mesmo amarelo)! Estávamos a ganhar por 1-0, já na segunda parte e com o jogo perfeitamente controlado.

Tal como na semana passada, entrámos bem na partida, com o meio-campo muito interventivo e o Paulo Jorge a dar nas vistas (foi de longe o nosso melhor jogador, mas também gostei do Karagounis e Katsouranis). A única jogada de perigo que o Paços criou foi aos 20’ num remate de longe em que o Quim fez uma grande defesa. Mas quem comandava o jogo éramos nós e numa bela jogada do Paulo Jorge concluída com um centro, o Katsouranis marcou de cabeça à ponta-de-lança em plena pequena-área. Infelizmente, e à semelhança da semana passada, desacelerámos a seguir ao golo. Para piorar as coisas, o Nuno Assis é atingido inadvertidamente com os pitons de um adversário e é substituído pelo Manú (que entrou pessimamente). O Simão derivou para o meio-campo, como nº 10, onde é muito menos perigoso do que nas linhas. Lá na frente o Miccoli continuava a tentar batalhar contra defesas muito mais altos do que ele.

Na 2ª parte, voltámos a pressionar e começámos a falhar golos certos. O primeiro foi um remate do Miccoli, sem oposição já dentro da grande-área, que passou ao lado. Quando parecia que estávamos balanceados para matar o jogo com o segundo golo, o Léo tem a tal paragem cerebral e ficámos a jogar com 10. Espero que tenha uma multa de pelo menos metade do ordenado, porque um jogador experiente como ele, já com 31 anos, NÃO pode fazer aquilo. Já se sabe que os árbitros estão condicionadíssimos, porque o “Apito Dourado” continua sem estar resolvido, e a arbitragem de hoje do Sr. Lucílio Baptista foi muito habilidosa. Os jogadores do Benfica foram encharcados de amarelos e deviam saber que têm que ser como anjinhos, porque à mais pequena coisa os árbitros punem-nos (queria ver um jogador do clube regional ser expulso como foi o Léo; mais depressa eu dormiria numa pocilga…). Apesar de termos menos um jogador conseguimos conter o Paços de Ferreira que não criou perigo nenhum, com excepção de um remate rasteiro que o Quim blocou muito bem. Numa jogada de contra-ataque de dois para um, o Simão não conseguiu meter a bola no Mantorras (que entretanto entrara para o lugar do Miccoli) e perdemos a segunda grande ocasião de golo. A 15’ do fim há um jogador do Paços já amarelado, que corta a bola com a mão (apesar dos portist…, perdão, jornalistas da Sport TV acharem que foi com o peito), e foi naturalmente expulso. As coisas voltavam a estar igualadas. Pouco depois, na sequência de um livre, o Luisão remata ao poste e a 5’ do fim é a vez do Katsouranis, completamente isolado e só com o guarda-redes pela frente (!), também acertar naquele mesmo poste. E no tal 2’ de compensação, o Miguelito (que entrara para o lugar do Manú depois da expulsão do Léo) dá todo o tempo de mundo para o extremo do Paço centrar e o ponta-de-lança antecipa-se ao Anderson (Bessa revisited) e marca o golo do empate. Maior balde de água fria não podia haver!

Não achei que globalmente tenhamos jogado mal, mas continuamos a padecer de dois grandes males: a indisciplina em campo e o fraco poder de concretização. O Benfica tem que se capacitar que é IMPERATIVO ter dois golos de vantagem, para ficar a salvo de lances fortuitos como o de hoje. Já na semana passada o Nacional teve uma boa oportunidade perto do fim e poderia ter empatado se não fosse o Quim. Hoje, lixámo-nos mesmo! Por outro lado, não sei o que se passa na equipa para tão grande indisciplina. Ainda por cima, o Fernando Santos veio dizer no final que já tinha alertado os jogadores depois do jogo no Bessa, e hoje voltámos a ser reincidentes. Ora, ou eles são surdos ou como os jogadores são maioritariamente os mesmos da época passada e isto não acontecia nessa altura, parece-me que só há um culpado para isto…

Com tudo isto e o jogo em atraso, já estamos a oito pontos do clube regional. Os nossos responsáveis dizem que “ainda é muito cedo”, mas ou muito me engano ou já tinha ouvido esta cantilena no ano passado e os resultados no fim da época foram o que foram. As perspectivas para a próxima 3ª feira não são nada boas…

quinta-feira, setembro 21, 2006

Relembrar VII - Decisivo

Na sequência da nossa paupérrima exibição em Copenhaga e seguindo a sugestão de alguns leitores do blog, deixo-vos aqui os golos de uma eliminatória memorável para nos animar um pouco: época 82/83, quartos-de-final da Taça Uefa, calha-nos a Roma. O jogo da 1ª mão na capital italiana, que ganhámos por 2-1, terá sido provavelmente a maior vitória europeia do Benfica que me lembro de ver até à fantástica noite de Anfield Road no ano passado. A Roma, para além de ser do país que se tinha sagrado campeão mundial no ano anterior em Espanha, contava com nomes como Bruno Conti, Falcão, Ancelotti, Vierchowod, o goleador Pruzzo e o capitão Di Bartolomei, e acabaria por ganhar o scudetto nessa mesma época. Na Luz empatámos 1-1, com o golo da Roma a surgir nos últimos cinco minutos depois de uma pressão intensa que sofremos na segunda parte. Está aqui um excelente relato desse jogo (alô, TMA, esta é a tua deixa; agora que já somos 14.000.003 podes talvez retomar as tuas magníficas memórias, não? :-)

Os três golos do Benfica foram todos marcados pelo mesmo senhor: Zoran Filipovic. Este ponta-de-lança jugoslavo esteve no Glorioso durante três épocas (81/82 a 83/84), mas foi nesta de 82/83 que mais se fez notar. Marcou oito dos 18 golos dessa campanha europeia e contribuiu decisivamente para a nossa qualificação para a final, que acabaríamos por perder com o Anderlecht. Era um típico jogador de área, muito felino e com uma técnica bastante razoável. Constituía com o Néné (reparem como este deixa passar a bola entre as pernas no golo em Lisboa) a dupla perfeita para aproveitar as jogadas dos Alves (o seu passe (!) para o primeiro golo em Roma), Chalanas (dois centros teleguiados para outros tantos golos), Strombergs, Carlos Manuéis e Diamantinos. Enjoy!


segunda-feira, setembro 18, 2006

Desperdício

Num jogo em que deveríamos ter ganho folgadamente, acabámos por sofrer um bocado no fim para ganhar ao Nacional apenas por 1-0. É certo que eles tiveram uma bola ao poste, mas nós desperdiçámos pelo menos meia dúzia de oportunidades flagrantes, incluindo algumas em superioridade numérica. Assim, tivemos que nos contentar somente com o golo do Luisão, na sequência de um canto muito bem marcado pelo Simão por volta da meia-hora de jogo.

O Fernando Santos surpreendeu-me ao colocar o Karagounis de início (até que enfim!), em vez do Beto, para colmatar a ausência do Petit. Provou-se mais uma vez (como se necessário fosse…) que seria um erro muito grande deixar sair o Karagounis, que foi juntamente com o Nuno Assis o melhor em campo. Recuperou muitas bolas, desmarcou companheiros de equipa e tentou marcar pelo menos por duas vezes. Devemos ter um plantel de luxo para achar que o Karagounis não fazia falta… Por seu lado, ficou também demonstrado que em jogos em casa, e contra equipas que vêm para a Luz contentar-se com o empate, não é justificável jogar com dois trincos, pelo que entre o Katsouranis e o Petit só um é que deve alinhar. O meio-campo de hoje, com o Nuno Assis e o Karagounis foi muito mais interventivo, perigoso e deu muito mais fluidez ao nosso jogo atacante do que em qualquer outro jogo esta época (sim, estou a pensar em todos os jogos que fizemos até agora). O Nuno Assis deve ter feito o melhor jogo desde que está no Benfica. Não só participou, e bem, nos lances de ataque, como ainda ajudou a defender no meio-campo, algo que não era muito habitual ver-se nele. Mereceu bem a ovação que recebeu quando foi substituído.

Com o regresso do Simão, mesmo a meio gás (que falhanço incrível no último minuto!), a equipa fica diferente para melhor. Está-se sempre à espera que saia qualquer lance de perigo pelo lado esquerdo. O Léo também jogou bem, ao contrário das duas últimas partidas. A defesa tremeu um bocado na parte final, mesmo com o Nacional somente com 10 jogadores, mas o Quim tem-se revelado fundamental. Hoje fez mais duas excelentes defesas, sendo a segunda num livre directo já no último quarto-de-hora. O Fonseca jogou pela primeira vez de início, mostrou bons pormenores (nomeadamente a ganhar lances de cabeça), mas nota-se que ainda não está bem entrosado com os companheiros. Quanto à equipa titular apenas não percebi a inclusão do Alcides em vez do Nélson. O Alcides é uma nulidade a criar desequilíbrios atacantes e raramente consegue ir à linha centrar. Frente a equipas contra as quais temos que atacar a maior parte do tempo, é incompreensível que jogue em vez do Nélson. A não ser que o Fernando Santos o esteja a treinar para defrontar o Cristiano Ronaldo…

A vitória, embora escassa, foi mais que justa. A primeira parte foi mais fraca do que a segunda e com a expulsão do jogador do Nacional, abriram-se mais espaços na defesa contrária que não soubemos aproveitar para aumentar o resultado. A qualidade do plantel é bem visível, num jogo em que quatro titulares não jogaram (Nuno Gomes, Petit, Rui Costa e Ricardo Rocha), conseguimos mesmo assim apresentar uma equipa cujos substitutos destes jogadores eram todos internacionais pelos seus países (Fonseca, Karagounis, Nuno Assis e Anderson). Será que vamos manter e aumentar o (bom) nível exibicional de hoje, de preferência com mais golos, ou este jogo vai ser um oásis no deserto, tal como o contra o Áustria de Viena foi? Na próxima sexta-feira já saberemos, mas uma coisa é certa: se com este plantel não conseguirmos fazer uma boa época, a culpa não é de certeza dos jogadores…

P.S. – Os lagartos perderam em casa contra o Paços de Ferreira com um golo marcado escandalosamente com a mão, num jogo arbitrado pelo Sr. João Ferreira. Vingou-se deste modo o golo que o Leiria marcou lá no ano passado e em que o fiscal-de-linha não viu. É bem feito! Continuem amiguinhos do presidente do clube regional e a achar que o Benfica é que é beneficiado que hão-de ir longe…

sexta-feira, setembro 15, 2006

Brilhante Leonor Pinhão

O link está sempre aí do lado esquerdo para ninguém se esquecer. Mas a crónica desta semana da grande Leonor Pinhão é absolutamente imperdível. O que ela escreve nesta 5ª feira é subscrito pela maioria dos adeptos de futebol, excepto provavelmente pelos do clube regional (caso contrário já se teriam organizado para correr com o seu presidente). Deixo aqui um pequeno excerto com o respectivo link:


A Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de clubes têm órgãos de justiça e de disciplina. Do que estão à espera para intervir, saneando o futebol da manipulação com cara e com nome?

O que mais será preciso para irradiar dirigentes, empresários, árbitros e outros figurões mais ou menos simpáticos?

A figura disciplinar da irradiação não existe na Lei de Bases do Sistema Desportivo?

Pode o Ministério Público arquivar tudo o que quiser. Mas quando o procurador escreve que «o modo de actuação» passa pela sugestão de nomes de árbitros, pelo conhecimento antecipado de nomes de árbitros, pela pressão directa ou indirecta sobre os mesmos árbitros e transcreve diálogos com frases como «o chefe da caixa», «bem roubadinho», «se quer umas viagens para o ano temos de atalhar caminho», «tu pediste, foi-te concedido», «é a malta que o pode fazer chegar onde ele quer», «queriam um penalty mas eu dei-lhe um amarelo», «dou-lhe uma beijoca», «ai se não fosse eu», «o senhor para mim é como um pai», «conceda-me essa graça», «trouxemos um carregamento que nem cabia na mala», «12 minutos que eu dei e nem assim», «o Serafim vai vacinado», «não pode fazer muito porque o jogo dá na televisão, percebe?», toda a gente percebe.

E porque temos nós, os que gostamos de futebol, de continuar a aturar estas pessoas todas nos seus postos de sempre, impunes, viciosas, trocando graçolas promíscuas com políticos em funções, em directo na televisão, ou recebendo honras de Estado em nome dos votos das «massas associativas»?

E não se pode irradiá-los?



A solução para mim seria muito simples: os dirigentes e árbitros arguidos no processo “Apito Dourado” seriam todos obviamente irradiados e até que os novos árbitros tivessem estaleca necessária, os campeonatos seriam apitados por árbitros estrangeiros (franceses, espanhóis ou ingleses, de preferência) durante os anos que fossem precisos.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Porque há coisas mais importantes que o futebol

Foi precisamente neste minuto há um mês atrás...



A. “Bigola”

Medo ridículo

Espero que o Sr. Fernando Santos se mentalize que está a dever 300.000€ ao Benfica, que é quanto deixámos de amealhar por não ganharmos o jogo frente ao FC Copenhaga, o Penafiel da Liga dos Campeões deste ano. Não tenhamos ilusões, o resultado é péssimo! Pior do que não termos ganho, é precisamente nada termos feito para tal. Limitámo-nos a jogar para o 0-0 e fomos um zero durante toda a partida. De outro modo, como se explica que tenhamos rematado três, é verdade, t-r-ê-s (!) vezes à baliza durante o jogo todo?! São dois pontos perdidos, porque acho quase impossível o Manchester United e o Celtic não ganharem lá. Ainda por cima, o goleador do Copenhaga, Allbäck, estava castigado e o melhor jogador, Grønkjær, lesionou-se no final da primeira parte. Tivemos uma oportunidade bestial para ganhar o jogo, já que eles na segunda parte foram praticamente inofensivos, mas nunca demonstrámos vontade para tal e terminámos a partida a trocar a bola entre os defesas sem progressão no campo. Lamentável…

E não me venham com histórias do trauma do Bessa. A equipa tem que saber recuperar das derrotas e mentalizar-se que perder pontos com o Penafiel, o do campeonato ou o da Champions, é sempre um mau resultado. Quando esperava que o Sr. Fernando Santos viesse dizer no final do jogo que o empate não era mau (foi o que ele disse na véspera), eis senão quando ele afirma que nos últimos 10 minutos mandou a equipa para a frente, mas ela retraiu-se. Ainda pior! Quer dizer que a equipa não cumpriu o que o treinador pediu, o que só demonstra que ele não a controla. E isto é muito grave!

Claro que a melhor oportunidade de golo foi nossa, com o remate do Paulo Jorge ao poste já nos 15 minutos finais, mas isto é muito pouco para 90 minutos. O Simão voltou à equipa, fazendo o primeiro jogo após o Mundial, mas naturalmente que ainda não tem o ritmo necessário. No entanto, é imperdoável o falhanço dele, isolado frente ao guarda-redes, apesar de o árbitro ter invalidado (mal) o lance por fora-de-jogo. Fez-me lembrar a cena de Barcelona no ano passado. São dos tais golos que não se podem perder. Apesar disto e de não estar a 100%, a bola fica mais redonda quando vai ter com ele. O destaque maior vai para a defesa (Quim incluído) que controlou sempre os (altos) dinamarqueses, não lhes permitindo ter grandes oportunidades de golo, apesar dos muitos remates que fizeram. No meio-campo esteve o problema, já que as transições para o ataque não existiram. O Katsouranis e o Nuno Assis devem ter feito 99% dos passes para o lado e para trás, ninguém imprimia velocidade ao nosso jogo, de tal maneira que o Nuno Gomes acabou por ser um espectador. O maestro fez muita falta, mas não percebo porque é que não se convoca o Karagounis (já que vai ficar cá até Janeiro), na sua ausência. Não será ele melhor e mais desequilibrador que o Nuno Assis? O Paulo Jorge voltou a mostrar a sua faceta de lutador e foi dele o tal remate ao poste. No resto, mantivemos a mediocridade dos últimos tempos.

No domingo espero que o Rui Costa e o Miccoli já estejam bons, porque já que vamos ter que levar com o Beto (e sem o Nuno Gomes), todos serão poucos para contrabalançar as ausências dos castigados do Bessa. E já agora pedia ao Miccoli para esperar o regresso do Nuno Gomes daqui a dois jogos para se poder lesionar outra vez…

P.S. – O Benfica está muito à frente de todos os outros… É a primeira vez que um duplo amarelado leva dois jogos de castigo! Era assim tão óbvio que o Nuno Gomes precisava de estar parado o maior número de jogos possível já que tem vindo a marcar muitos golos neste início de época?

domingo, setembro 10, 2006

Miséria

Um casamento de um familiar próximo impediu-me de ver o jogo em directo na televisão, mas ouvi o relato integral e já o vi em diferido. Ponto prévio: a nossa derrota no Bessa por 3-0 é justa e devemos ao Quim não ter sido mais dilatada, já que ele fez mais duas excelentes defesas. Agora, não me venham com coisas: antes do segundo amarelo ao Nuno Gomes há dois jogadores do Boavista (o Zé Manel, por falta sobre o Léo, e principalmente o Ricardo Silva, que agarrou e derrubou o Nuno Gomes que já o tinha batido) que deveriam ter visto igualmente o segundo amarelo. Estávamos nos primeiros 15 min. da segunda parte e ainda estava 1-0 no marcador. Assim se conduz um jogo e provou o Sr. João Ferreira que não favorece de modo nenhum o Benfica…

No entanto, o Glorioso tem que saber superar este tipo de arbitragens que, não sendo escandalosas com penalties e foras-de-jogo mal assinalados, quando os jogos são muito equilibrados, são determinantes no desenrolar da partida ao ter estes pequenos “equívocos”. E isto não soubemos fazer. Não tivemos uma única (!) clara oportunidade de golo. A equipa mostrou-se desgarrada e a cara dos jogadores após os golos sofridos dizia tudo: éramos uma equipa derrotada e sem força anímica para dar a volta ao resultado. O que não se percebe, quando estamos no início da época. Por outro lado, é gravíssimo o que se passou nos últimos minutos, com duas expulsões perfeitamente escusadas. Não se admite que os jogadores do Benfica percam a cabeça com aquela facilidade. É certo que o Manú não toca no jogador do Boavista, mas é uma entrada que deveria ter sido evitada e o Petit não tem o direito de protestar com o árbitro daquela maneira, a encostar a cabeça à testa dele. O jogo estava perdido e ficámos sem três (!) jogadores para a próxima jornada. E a culpa disto, meus senhores, é do treinador. Não estou a ver uma situação destas acontecer com o Camacho. A falta de pulso do Sr. Fernando Santos dá azo a situações destas.

A equipa esteve péssima e só o Quim se safou. Os centrais têm culpas nos três (!) golos, já que os jogadores do Boavista remataram à vontade. O meio-campo nunca conseguiu imprimir velocidade nas nossas acções ofensivas. O Rui Costa foi marcadíssimo e como já não é um jovem de 20 anos, não se consegue libertar da oposição em velocidade. No ataque, o Manú foi o menos mau, já que era o único com rapidez. É a quarta (!) vez este ano que sofremos três golos, o que se torna muito preocupante. Na próxima 4ª feira há um encontro importantíssimo para a Liga dos Campeões e temo o pior. Se sairmos derrotados nem quero pensar no que poderá acontecer, mas a margem de manobra do Sr. Fernando Santos começa a ficar muito curta. Pior que os resultados são as exibições e ninguém diria que estamos a treinar desde o início de Julho!

P.S. – Os lagartos lá ganharam no Nacional da Madeira com um golo que é precedido de falta do Nani (que o marcou). A vitória pode ter sido justa, mas assim torna-se mais fácil. Hoje tive que ir numa missão higiénica ao Estádio da Luz ver o Est. Amadora – clube regional. Sentei-me na minha cadeira unicamente para impedir que algum adepto daquele clube inominável a poluísse…

sexta-feira, setembro 08, 2006

Mesmo saco?

Apito Dourado: escutas apanharam Luís Filipe Vieira a escolher árbitros para o Benfica

Por um lado ainda bem que saiu esta notícia. Agora com o Benfica ao barulho pode ser que o processo “Apito Dourado” deixe de ficar em banho-maria. Algumas considerações:

- O título da notícia dá a entender que o LFV quis que fosse um determinado árbitro a apitar o SLB–Belenenses da meia-final da Taça de Portugal da época 2003/2004. Não foi bem isso: o Valentim Loureiro foi sugerindo vários nomes e o LFV não concordou com quatro deles por estarem conotados com o clube regional. Daí a pretender e sugerir um árbitro específico vai uma pequena diferença;
- Durante a conversa, LFV não pediu que o árbitro favorecesse o Benfica, ao contrário de outras transcrições que surgiram nos últimos dias;
- Não consta que o LFV tenha oferecido “fruta e rebuçadinhos” à equipa de arbitragem antes ou depois do jogo;
- Não parece que LFV tenha tentado influenciar a escolha do árbitro e o próprio árbitro para o Braga-clube regional, como este clube fez através do empresário António Araújo em relação ao Nacional-SLB e outros jogos dessa mesma época;
- Será que o LFV convidou o árbitro para sua casa na antevéspera do jogo para “tomar café” como foi feito noutras paragens?

- Então o LFV “escolhe árbitros” para o Benfica e não é chamado a depor como arguido?

Por tudo isto, colocar este caso no mesmo saco que os outros e tentar colar o LFV aos restantes arguidos no processo “Apito Dourado” (como muito boa gente tentará fazer) só pode acontecer por manifesta má fé. A diferença é visível, só não a vê quem quer.

Quer isto dizer que eu aprovo o comportamento do LFV? Claro que não! Preferia que este telefonema não tivesse acontecido e que ninguém responsável do Benfica se visse envolvido neste processo. No entanto, percebo o estado do espírito do presidente do Benfica naquela altura. O árbitro nomeado para o jogo (Paulo Paraty) foi substituído por pressão do clube regional. É natural que ele tenha ficado preocupado, até porque aquele jogo era o mais importante da época, já que nos poderia dar acesso à final da Taça e permitir-nos quebrar assim o jejum de troféus que tínhamos há alguns anos. Quantos de nós, adeptos de bancada, não temos ou tivemos objecções perante determinados árbitros? Entre um árbitro conotado com o clube regional (são quase todos, eu sei...) e outro mais isento, não é natural que prefiramos o mais isento? Volto a repetir: o LFV não se deveria ter envolvido nisto, mas este caso não é comparável aos outros.

Quantos anos teve o Bruno Paixão sem arbitrar jogos do clube regional depois da célebre partida de Campomaior, a única (!) nos últimos 20 anos em que o clube regional foi prejudicado e perdeu o jogo por causa disso? Alguém comentou este facto?! Foi normal?! Investigou-se o porquê?!


Não deixa de ser curioso que esta notícia sobre o LFV tenha surgido um dia depois de o presidente da Assembleia-Geral do Benfica, Tinoco Faria, ter ido à televisão dizer que ia entregar na procuradoria-geral da República um dossier anónimo que foi enviado ao LFV sobre diversos casos de corrupção do futebol português. Não há, de facto, coincidências...!

P.S. - Vai uma aposta em como o processo “Apito Dourado” só vai começar agora para os lagartos?

quinta-feira, setembro 07, 2006

Dez homens e um atrasado mental

Eu sei que é preciso não ter nenhumas noções de honradez, fair-play e decência, e ser mestre em cacetadas e jogo sujo, para se aceitar representar o clube regional, mas o Scolari poder-se-ia abster de convocar jogadores desse clube que ainda por cima têm Q.I. de símios. Graças ao Ricardo Costa, não conseguimos melhor que um empate (1-1) na casa da Finlândia no primeiro jogo de apuramento para o Euro 2008. Quando tudo se conjugava para que demonstrássemos na segunda parte a nossa superioridade, eis que o neurónio do Ricardo Costa não lhe transmite a informação que não estava a jogar pelo seu clube e aos 54 min. deixa-o fazer uma entrada por trás no meio-campo (!), quando já tinha um amarelo. Resultado: foi obviamente expulso e inviabilizou uma provável vitória no jogo. Fez-me lembrar não sei quem, que parece que também andou pelo mesmo clube, num jogo há não muito tempo. Deve ser contagioso…

Portugal entrou muito mal na partida e cada lance de bola parada era uma situação de perigo para a Finlândia. Foi sem surpresa que marcaram o primeiro golo logo aos 20 minutos, numa jogada em que a nossa defesa ficou a dormir, com o inefável Ricardo Costa a ser batido facilmente e a deixar o adversário centrar à vontade. No entanto, reagimos bem ao golo sofrido, principalmente através do Nani (estes jovens lagartos nascem como cogumelos, é impressionante…), já que o Cristiano Ronaldo era invariavelmente batido sempre que tentava driblar o terceiro (!) adversário. Quando o Deco despertou para o jogo, perto do final da primeira parte, construiu uma excelente jogada e desmarcou o Nuno Gomes que, isolado, fez um excelente golo, desviando a bola do guarda-redes. Mais uma vez mostrou ao Scolari que tivesse ele sido titular no Europeu e Mundial e possivelmente teríamos ido mais além, já que pelo menos jogaríamos com 11… Na segunda parte, e depois da expulsão, pouco podemos fazer, mas o que é certo é que os finlandeses também não criaram grande perigo. O Petit foi muito importante no meio-campo, ao cortar uma série de bolas, e o Deco e o Cristiano Ronaldo também seguraram muito jogo. O Ricardo fez duas boas defesas, mas lá largou a bola do costume a um cruzamento. Felizmente, o árbitro assinalou falta.

Também não acho que tenhamos jogado assim tão mal como disseram a maioria dos comentadores, mas o resultado poderia ter sido bem melhor. No entanto, quando não se joga com 11 jogadores desde o início é complicado ir mais além… Espero que isto sirva de lição ao Scolari. Ricardo Costa?! Por favor…

quarta-feira, setembro 06, 2006

Memória longa

Árbitros foram abordados para prejudicar Benfica na época 2003/2004

Sabe-se que foram referidos (por enquanto) três jogos em que interveio o Benfica no processo “Apito Dourado”: Nacional (fora), Boavista (casa) e U. Leiria (fora). Com o Nacional perdemos 3-2 e contra o U. Leiria empatámos 3-3, só ganhando frente ao Boavista (3-2). Só para relembrar do que é que se está a falar, e porque eu não tenho a memória curta, no jogo frente ao U. Leiria houve um penalty descarado a favor do Benfica logo no início do jogo, por carga do João Paulo ao Nuno Gomes, que o Sr. António Costa (olha quem...) a meia dúzia de metros de distância não assinalou. No jogo frente ao Nacional, a poucos minutos do fim e já com 3-2, o Tiago foi carregado na área e o Sr. Augusto Duarte também não marcou nada. E assim voaram três pontinhos...

Mas o que vale é que está tudo bem. O clube regional tem sido um justíssimo campeão ao longo destas últimas duas décadas e a única vez para os não-benfiquistas, especialmente os lagartos, em que houve escândalos nas arbitragens foi na época do “levados ao colo”... Isto tudo mete-me nojo!