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quinta-feira, outubro 03, 2024

De gala

Goleámos o Atlético de Madrid por 4-0 e estamos no grupo da frente da fase da liga da Champions com seis pontos. Foi um verdadeiro recital o que assistimos ontem, com um cheirinho das grandes noites europeias do passado na velha Luz. Perante uma equipa que é conhecida por defender bem, conseguimos desbaratá-la por completo especialmente na 2ª parte.

Com o regresso do Bah, houve alguma surpresa no facto de o Bruno Lage ter preterido o António Silva em favor do Tomás Araújo, que assim fez companhia ao Otamendi no centro da defesa. Entrámos a todo o gás, com o Di María a desmarcar o Pavlidis, que rematou para intercepção de um defesa para canto. Na sequência do mesmo, o grego proporcionou ao Oblak a melhor defesa do encontro numa cabeçada quase à queima-roupa. Não tirávamos o pé do acelerador e inaugurámos o marcador aos 13’ através do inevitável Aktürkoğlu, assistido pelo Aursnes, depois de uma boa recuperação nossa em zona atacante. O Atlético de Madrid tentou reagir e nós tivemos de recuar as linhas quase até ao intervalo, mas os espanhóis só tiveram uma verdadeira oportunidade num centro-remate do Samuel Lino que bateu na barra (pareceu-me sem querer, mas deu para assustar...). Em cima do intervalo, tivemos nova grande oportunidade num lançamento lateral do Bah que isolou(!) o Di María, cujo remate desviou num defesa e encontrou o Pavlidis em boa posição, só com o Oblak pela frente, mas o desvio do grego bateu caprichosamente no poste...

Na 2ª parte, o Simeone tirou os principais jogadores do Atlético (Griezmann, De Paul e Koke), o que muito me espantou, e, coincidência (ou talvez não...), os espanhóis deixaram praticamente de existir. Claro que, para isso, também contribuiu o nosso segundo golo logo aos 52’, num penalty do Di María a castigar duplo pisão ao Pavlidis. Apesar de fazer aquela corridinha que me irrita tanto, o nosso nº 11 colocou muito bem a bola, não dando hipóteses ao Oblak. Pouco depois, o mesmo Di María conseguiu isolar-se, mas ao invés de dar para o lado, onde estavam tanto o Pavlidis e o Aktürkoğlu sozinhos (só tinham de encostar), resolveu rematar para defesa do Oblak... Imperdoável! O Atlético ia tentando empurrar-nos para trás, mas o Florentino a meio-campo fez um sem-número de intercepções e os centrais também deram conta do recado, nunca permitindo colocar a baliza do Trubin em verdadeiro perigo. O Bruno Lage começou a refrescar a equipa e as entradas do Amdouni, primeiro, e Beste e Rollheiser, depois, para os lugares do Pavlidis, Di María e Aktürkoğlu surtiram o efeito desejado, porque imprimiram uma nova dinâmica à equipa e arrumaram de vez com as pretensões do adversário. Aos 75’ aumentámos para 3-0 noutra bola parada, desta feita um canto, apontada pelo Beste e com cabeçada do Bah no meio de uma série de jogadores de tal maneira que, num primeiro momento, nem percebi quem é que tinha marcado o golo. E aos 84’ fizemos o resultado final de 4-0 com novo penalty, desta vez a castigar rasteira ao Amdouni, que se isolou bem, mas que eventualmente poderia ter rematado antes de ser derrubado. O Kökçü foi encarregue da marcação e bateu o penalty como eu gosto: tiraço indefensável com a bola a entrar e sair da baliza! Até final, ainda deu para o Oblak salvar uma humilhação maior, ao defender um remate bem colocado do Beste de pé direito, e para o Amdouni atirar de pé esquerdo ao lado, quando estava em boa posição.

Em termos individuais, o Carreras foi dos melhores, cada vez com mais confiança, a defender bem e sair a jogar ainda melhor. O Florentino foi o muro habitual no meio-campo e é um dos imprescindíveis da equipa. O Bah regressou em grande estilo, imprimindo uma aceleração na direita que nos faz sempre muita falta. Mas em geral toda a equipa esteve em altíssimo plano, incluindo os que entraram que não destoaram em nada, ao invés, fizeram subir o nível da equipa. E é isso que se pretende nos suplentes. O Bruno Lage também esteve bem nas substituições, esgotando-as e permitindo assim ao Barreiro e ao António Silva também participarem nesta grande vitória. É assim que se ganha um balneário, fazendo todos sentirem-se úteis.

Iremos agora à Choupana antes da interrupção para as selecções. Não temos margem de manobra no campeonato e espera-se naturalmente que esta boa fase seja para continuar. Viva o BENFICA!

P.S.  Há coisas que eu não consigo mesmo perceber! Nós estamos sob o olhar da Uefa por causa do comportamento dos adeptos, especialmente nos jogos fora, a correr o risco de ter o estádio interditado mais dia, menos dia, e há quem continue a insistir em deflagrar tochas nos jogos europeus... Só me questiono se essas pessoas deixam o cérebro em casa antes de irem para o jogo...!

terça-feira, outubro 01, 2024

Desnivelado

Goleámos o Gil Vicente na Luz no passado sábado por 5-1 e manteve-se tudo igual na frente, porque os outros dois também ganharam (a lagartada 3-0 no Estoril e o CRAC 4-0 em casa ao Arouca, num jogo em que mais uma vez ficou a jogar contra dez quando ainda estava tudo empatado...). O resultado foi bastante mais desequilibrado em relação ao que se viu em campo, embora a nossa vitória não sofra contestação.
 
À semelhança da partida frente ao Santa Clara, entrámos a perder logo aos 8’ num golo do Félix Correia, que aproveitou o facto de a nossa defesa estar completamente a dormir... A grande vantagem agora em relação à altura do Schmidt é que não nos desconcentramos com os golos sofridos e continuamos a tentar fazer o nosso futebol. E revelámos grande eficácia nesta partida com a viragem do resultado ainda na 1ª parte através de golos de cabeça do Otamendi (17’), depois de um centro do Di María num canto, e do Aktürkoğlu (25’), na sequência de um centro do Aursnes. Ou seja, marcámos nas duas primeiras verdadeiras oportunidades que tivemos. Na terceira oportunidade, o mesmo Aktürkoğlu atirou por cima de pé esquerdo quando estava em boa posição.
 
Na 2ª parte, desacelerámos consideravelmente a ponto de me fazer chegar a pensar que, só com a vantagem mínima, iríamos sofrer na parte final como tantas vezes aconteceu no passado. No entanto, o Gil Vicente não foi tão acutilante no segundo tempo como no primeiro e raramente se aproximou da nossa baliza. O Lage fez uma tripla substituição a cerca de 20’ do final e dois desses substitutos foram essenciais para nos tranquilizar, dado que marcaram dois golos. Aos 78’, o suíço Amdouni, depois de dois estouros no poste em partidas passadas, estreou-se finalmente a marcar com o manto sagrado num óptimo remate de pé esquerdo de fora da área. Em cima dos 90’, foi a vez do Florentino voltar a marcar num canto depois de desvio ao primeiro poste do Otamendi. Cinco depois de ter marcado, já vai com dois golos nesta época...! E quatro minutos depois da hora, foi a vez de outro substituto, o Rollheiser, também se estrear a marcar esta temporada, aproveitando uma enorme fífia do guarda-redes Andrew.
 
Em termos individuais, com um golo e uma assistência, o Otamendi merece obviamente destaque, o Aktürkoğlu está a ter uma entrada triunfal no Benfica, o Florentino cimenta a sua posição de indiscutível, ainda por cima agora com uma certa veia goleadora, e o Carreras solidifica-se na lateral-esquerda. O Amdouni também promete não dar descanso aos titulares para se imiscuir na luta e ainda temos neste momento o Rollheiser, Prestianni e Schjelderup como suplentes...! É de longe o melhor plantel da liga portuguesa e é quase um crime lesa-pátria que já tenhamos uma desvantagem de cinco pontos para o 1º lugar...
 
Amanhã voltará a Champions, com a recepção ao Atlético de Madrid. Será um óptimo teste para ver se esta subida de forma da equipa tem continuidade perante um adversário de um nível superior.

quinta-feira, setembro 26, 2024

Melhoria

Vencemos o Boavista no Bessa na passada 2ª feira (3-0) e mantivemos a distância de dois pontos para o CRAC (3-0 em Guimarães) e cinco para a lagartada (também 3-0 ao Aves). Ao fim de três jogos do Bruno Lage, parece-me que já podemos tirar algumas ilações, sendo a mais evidente de todas, de facto, a melhoria substancial do nosso futebol em relação ao que vimos no último ano e meio do Schmidt.

Com o Aursnes no lugar do Rollheiser e o Tomás Araújo em vez do lesionado Bah, voltámos a entrar muito fortes na partida e o Aktürkoğlu deveria ter conseguido desviar a bola do guarda-redes nos primeiros minutos. No entanto, antes disso, houve um contra-ataque perigoso do Boavista, mas felizmente o Salvador Agra atirou ao lado, quando estava em boa posição. Aos 11’, colocámo-nos na frente numa óptima jogada do Aktürkoğlu pela esquerda, que assistiu o Pavlidis para um desvio à ponta-de-lança. O Trubin defendeu bem um remate de fora da área e, à passagem da meia-hora, elevámos a contagem para 2-0 através do Kökçü num remate de fora da área, depois de receber um passe do Aktürkoğlu. Pouco antes do intervalo, o mesmo Aktürkoğlu teve um perigoso remate igualmente de fora da área, mas a bola saiu a rasar o poste.

Nos segundos 45’ a tendência do jogo não se alterou, porque o Boavista não conseguia criar situações de golo e nós ficámo-nos a dever mais uns quantos. Logo no reinício, o guarda-redes Tomé Sousa defendeu dois remates seguidos, uma cabeçada do Tomás Araújo e a recarga do Otamendi, quase em cima da linha de golo, na sequência de um canto. Por volta da hora de jogo, teve-se a certeza de que não era dia do Aktürkoğlu marcar, quando este se isolou, aproveitando um mau passe de um defesa, mas fez um chapéu por cima do guarda-redes. A única ocasião em que o Boavista esteve relativamente perto de colocar a bola na nossa baliza aconteceu já nos últimos cinco minutos, com uma cabeçada num canto que o Trubin blocou bem (não se percebe é como é que um adversário cabeceia tão à-vontade na nossa área num canto...). Já em tempo de compensação, o entretanto entrado Artur Cabral fez o resultado final ao ganhar bem a bola a um defesa, que foi bastante anjinho (diga-se de passagem...), e rematar com a parte exterior do pé direito para um golo muito saudado por todos os colegas.

Em termos individuais, apesar de não ter estado feliz na concretização, o Aktürkoğlu esteve presente nos dois primeiros golos e merece destaque. Fiquei bastante contente com o golo do Pavlidis, porque precisava dele como ponta-de-lança que é, apesar de não ter estado nada mal nos últimos jogos. Mas o jogador que é um exemplo perfeito da melhoria que estamos a revelar é o Kökçü: parece outro, muito mais solto, alegre, decisivo, rematador, toda uma série de vantagens que não se percebe porque é que estiveram tanto tempo escondidas. Mas toda a equipa parece que saiu do espartilho em que estava presa, o que se nota particularmente na (muito mais rápida) circulação de bola, na variação de flancos e na velocidade com que saímos para o ataque.

Temos motivos para estarmos muito mais satisfeitos do que há umas semanas e, pessoalmente, estou a adorar o facto de o Bruno Lage estar a dar cabo do meu pessimismo acerca do seu regresso. Iremos receber o Gil Vicente e depois o Atlético de Madrid, e deseja-se que esta subida em termos exibicionais se mantenha constante.

sexta-feira, setembro 20, 2024

Dupla face

Entrámos muito bem no novo formato da Liga do Campeões, ao ganhar 2-1 ao Estrela Vermelha em Belgrado. Com oito jogos para disputar, a Uefa considera que duas vitórias e dois empates (8 pontos) serão suficientes para se ir ao play-off de acesso aos oitavos-de-final e, portanto, um triunfo fora é sempre fantástico.
 
Perante um estádio em efervescência, entrámos muitíssimo personalizados no jogo. Algo que não se via na Europa há dois anos! Controlámos perfeitamente os minutos iniciais, o Aktürkoğlu atirou a rasar ao poste pouco depois do apito inicial e inaugurou o marcador aos 9’ num desvio ao segundo poste, depois de um centro do Bah na sequência de uma jogada envolvente com o Di María. Melhor início não poderíamos desejar! O Estrela Vermelha reagiu, mas conseguimo-los conter, apesar de terem chegado uma ou outra vez à nossa baliza e aos 29’ elevámos para 2-0 num livre directo superiormente executado pelo Kökçü. Que golão! No entanto, cinco minutos depois tivemos o contratempo da lesão do Bah, que proporcionou a estreia (nada feliz, diga-se de passagem) do Kaboré. Até ao intervalo, conseguimos controlar os ímpetos dos sérvios, que só num remate de fora da área é que criaram algum perigo.
 
A 2ª parte foi bastante diferente, porque entrámos completamente a dormir, o que fez um contraste abissal com o que se passou no primeiro tempo. O Estrela Vermelha instalou-se no nosso meio-campo, atacando principalmente pela nossa direita (claro está...), onde o Kaboré estava aos papéis e o Di María não defende. Só que o Bruno Lage tem a vantagem de ser mais rápido a perceber as coisas do que o Schmidt e a reagir em conformidade, e fez entrar o Aursnes, vindo de lesão, logo aos 56’ para o lugar do apagado Rollheiser, trocando depois os extremos. Vindo o Aktürkoğlu para a direita, o Estrela Vermelha deixou de estar tão à-vontade e nós pudemos respirar um bocado. Tivemos uma boa oportunidade de resolver de vez a partida, mas o Kökçü não conseguiu centrar em condições para o Pavlidis, que só tinha de encostar. Os sérvios voltaram a insistir, mas o Otamendi e o António Silva estiveram irrepreensíveis no centro da defesa, principalmente nas bolas aéreas. O Lage hesitava no momento das últimas substituições e um dos candidatos a sair, o Di María, ainda teve um bom remate de fora da área, que passou a rasar a barra. Aos 86’, os nossos centrais tiveram a única falha da partida e o Milson reduziu para 1-2. O estádio voltou a acordar, o Lage lá meteu o Barreiro, Beste e Amdouni no lugar dos três da frente e o suíço ainda teve tempo para um fantástico remate de pé esquerdo, de ângulo complicado, ao poste! Dois jogos, pouquíssimos minutos em campo, e duas bolas no barrote! Os últimos momentos da partida foram um sufoco, com bolas bombeadas para a nossa área, mas a nossa defesa revelou-se à altura e conseguimos sair de Belgrado com uma importante vitória.
 
Destaque individual para ambos os turcos e não só pelos golos que marcaram. O Aktürkoğlu definitivamente não engana ninguém, tendo, ainda por cima, uma óptima relação com a baliza. Quanto ao Kökçü, parece outro em relação à temporada passada e constitui-se cada vez mais como o patrão da equipa. O Florentino foi outro a fazer uma boa exibição e a equipa é sempre melhor com ele em campo, já que consegue defender muito mais à frente, graças ao tampão que ele é. Já falei do bom jogo dos centrais e o Carreras também esteve em bom plano. Quanto aos menos, o Rollheiser passou muito ao lado do jogo e não colaborou nas marcações a meio-campo, como era suposto. Quanto ao Kaboré, assustou-me bastante em termos defensivos, sendo consecutivamente batido pelos adversários. E estamos a falar, com o devido respeito, do Estrela Vermelha...! Esperemos que a lesão do Bah não seja grave, porque o internacional do Burkina Fase até pode dar para a maioria dos jogos nacionais, mas os internacionais são outra coisa...
 
Iremos agora ao Bessa na 2ª feira e espera-se que a equipa continue na sua senda de crescimento, alimentada por estas duas importantes vitórias. Uma coisa é certa: deu bastante gozo ver aquela nossa 1ª parte. Foi um cheirinho do Benfica que todos nós desejamos: entrar sem medo, para ganhar, em qualquer campo.

quinta-feira, setembro 19, 2024

Charme

Vencemos no passado sábado o Santa Clara na Luz por 4-1 no primeiro jogo do Bruno Lage neste seu regresso ao Benfica. Quando aos 21 segundos(!) de jogo, a bola entrou na nossa baliza, cheguei a temer o pior, mas conseguimos reequilibrar-nos a meio da 1ª parte e o mérito do triunfo é indiscutível.

O meu cepticismo acerca da vinda novamente do Bruno Lage está bem plasmado no post anterior, mas nada me dará mais prazer do que eu vir aqui daqui a uns tempos dizer que estava completamente errado, ao contrário do que sucedeu com o Roger Schmidt. Como seria de esperar, apesar do pouco tempo de treino, o Bruno Lage fez algumas alterações, nomeadamente do esquema táctico, ao passar para um 4-3-3, com o Kökçü e o Rollheiser no meio-campo, e a estreia absoluta do Aktürkoglu (vindo de um hat-trick pela Turquia) na esquerda. O tal golo madrugador pelo Vinícius, depois de uma tentativa de corte do Otamendi clamorosamente falhada, lançou a dúvida, mas depois houve uma reedição da anterior estreia do Bruno Lage, com uma reviravolta goleadora. Ainda nos demorámos um pouco a recompor, mas aos 27’ chegámos ao empate na estreia do Aktürkoglu, com um desvio fabuloso depois de uma abertura do Kökçü. Era fundamental não chegarmos ao intervalo a perder, mas até chegámos a vencer, porque aos 34’ o Florentino marcou o seu segundo golo como profissional, de cabeça, depois de uma assistência também de cabeça do Otamendi na sequência de um centro largo do Di María num canto curto. Mesmo em cima do apito do árbitro, ainda apanhámos um grande susto com um remate ao poste, estando o Trubin completamente batido.
 
A 2ª parte começou optimamente com o 3-1 logo aos 47’, noutro golo de cabeça, desta feita do António Silva num canto do Kökçü, que fez a segunda assistência do jogo. Aos 58’ assistimos ao melhor momento da partida, com um chapéu magnífico do Di María, muito bem lançado desde a defesa pelo Bah, que selou o resultado final. Que até poderia (e deveria) ter sido mais volumoso, porque os suplentes que depois entraram tiveram grandes oportunidades: o suíço Amdouni, também em estreia, e o Schjelderup ainda agora devem estar para saber como é que falharam um golo feito cada um, o suíço ainda atirou um livre directo à barra e o Cabral proporcionou uma defesa com os pés ao guarda-redes. Quanto ao Santa Clara, não criou oportunidades no segundo tempo.
 
Em termos individuais, não preciso de ver mais nada do Aktürkoglu: é craque! Não deve ainda saber de cor o nome de todos os companheiros de equipa, mas tem um perfume nos pés que não engana. O Kökçü foi fundamental com duas assistências, o Di María não estava a fazer um jogo particularmente bem conseguido, mas depois faz uma obra-prima daquelas, e o Pavlidis não marcou, mas não deu descanso à defesa contrária. O Carreras na lateral-esquerda foi dos melhores em campo e o Beste vai ter de pedalar bastante para chegar à titularidade. Quanto aos que entraram (especialmente, Amdouni, Schjelderup, Cabral e Prestianni), numa boa rotação do Bruno Lage, fizeram com que a equipa melhorasse, apesar de o resultado já estar feito, o que diz muito a favor deles.
 
Não irei embandeirar em arco (obviamente), mas fiquei agradado com o que vi. Não só pela reacção da equipa a um golo logo a abrir, como pela dinâmica atacante que durou o jogo todo. Nota-se mais alegria dos jogadores a jogar à bola e isso acaba por contagiar as bancadas. Iremos daqui a pouco jogar no inferno do Estrela Vermelha em Belgrado e será uma boa prova para aferir da aparente melhoria exibicional da equipa.
 
P.S. 1 – Acho muito bem as acções de apaziguamento dos adeptos que o Bruno Lage e o Benfica andam a fazer. Neste jogo, depositando uma coroa de flores no sector dos No Name, em homenagem aos três elementos que morreram há 30 anos numa viagem a Split. Para além disso, em praticamente todas as declarações que o Bruno Lage fez até agora, houve sempre uma palavra para as bancadas. É que não há equipa nenhuma do mundo que consiga ganhar, tendo os seus adeptos contra ela. É uma questão muito simples de perceber e que infelizmente não o foi num passado recente.

P.S. 2  – As provas nacionais pararam duas semanas por causa da Liga das Nações. Portugal jogou duas vezes no Estádio da Luz e obteve o mesmo resultado contra a Croácia e Escócia: 2-1. Contra os croatas, o resultado foi feito ainda na 1ª parte e foi um jogo menos problemático do que contra os escoceses, em que fomos para o intervalo a perder e só conseguimos o golo da vitória aos 88' através do Cristiano Ronaldo (que também marcou no primeiro jogo). As exibições forma na sendo do Europeu, ou seja, ainda nada convincentes. O Roberto Martínez parece que nunca consegue que a equipa renda mais do que o somatório individual dos jogadores.

quinta-feira, setembro 05, 2024

Bruno Lage ou o prego no caixão

Mais logo deverá ser oficialmente anunciado o nome de Bruno Lage como o próximo treinador do Benfica. Armei-me em Zandinga no final de Maio e, infelizmente, quatro meses depois a realidade veio dar-me razão. Mas também convenhamos que não era muito difícil acertar naquele vaticínio. Toda a gente antecipou aquele desfecho logo na altura... menos o presidente do Benfica. Pois, bem, o nome que o Rui Costa escolheu agora foi aquele que na anterior passagem pelo Benfica em 2020, terminou-a com um registo de duas vitórias em 13 jogos(!) e cinco jogos seguidos sem ganhar na Luz, coisa que não acontecia desde ... 1931! Portanto (e muito prazer me daria, lá para Maio, vir aqui fazer o mea culpa e dizer que estava redondamente enganado), esta contratação possivelmente vai representar o triste fim do percurso do Rui Costa como presidente do Benfica, porque ou muito me engano ou teremos mais uma época completamente falhada e que se irá arrastar penosamente até final. E para o ano haverá eleições, onde duvido muito que isto seja perdoado.
 
Não, eu não tenho memória curta. Estarei eternamente agradecido ao Bruno Lage pelo milagre de 2018/19. Como estou eternamente agradecido ao Jorge Jesus pelos três campeonatos que ganhou. Ou ao Rui Vitória pelo tri e pelo tetra. Mas não os quero agora de volta ao Benfica. Tal como não queria o Bruno Lage. Acho que é um erro enorme, por estas razões:
 
1) Porque, se é verdade que aconteceu o tal milagre em 2018/19, aconteceu uma verdadeira hecatombe em 2019/20. Será que toda a gente já se esqueceu disto? É que não são só os registos que referi no parágrafo inicial. É o facto de termos dado cabo de sete pontos de vantagem à 3ª jornada da 2ª volta, em apenas quatro jornadas (três aqui, outros três aqui e dois aqui). É o facto de, quando voltámos da pandemia, termos tido oportunidade de passar novamente para a liderança isolada e não o termos conseguido, porque não ganhámos em casa ao... Tondela!
 
2) Escrevi o seguinte no seu penúltimo jogo pelo Benfica, na derrota em casa contra o Santa Clara: “Claramente a mensagem do Bruno Lage deixou de passar e ele não consegue dar a volta à situação”. OK, o seu percurso depois de sair do Benfica poderia desmentir-me e ter dados provas da indiscutível valia como treinador, mas o que temos? Um 10º lugar pelo Wolverhampton em 2021/22 e o despedimento no início de Outubro da época seguinte, depois de uma vitória em 15 jogos(!) para a Premier League (contabilizando ainda a temporada anterior, claro). Três meses no Botafogo em 2023, em que encontrou a equipa no 1º lugar com 13 pontos de vantagem sobre o 2º classificado, mas só teve cinco vitórias em 16 jogos e deixou-se com a vantagem reduzida para sete pontos (vira a perder o campeonato). Teve assim tanto sucesso nos clubes em que treinou depois de sair do Glorioso para justificar o seu regresso agora ao Benfica...?!
 
3) Porque, da mesma maneira que não se ligou nenhuma ao histórico do Schmidt (foi despedido dos dois clubes em que começou uma terceira época a meio desta), agora também não se está a dar atenção ao facto de que os regressos de treinadores vitoriosos poucas vezes tem resultado na história do Benfica (a tal história do “nunca voltes a um lugar onde foste feliz”...) e temos o Jesus como o último exemplo (o enorme Eriksson foi um caso à parte, mas mesmo a sua saída no final do quinto ano, em 1991/92, era inevitável e não foi muito chorada na altura).
 
Não, infelizmente, não espero nada bom desta contratação. Obviamente que não tenho nada contra o Bruno Lage enquanto pessoa (antes pelo contrário), mas ainda não ultrapassei o trauma da parte final da sua passagem pelo Benfica. E acho que ele não deu provas nenhumas posteriores que me levem a superar isso.
 
Por outro lado, em relação ao Rui Costa, tenho de dizer que é um dos dois únicos jogadores do Benfica dos quais tenho uma camisola personalizada (o outro é o grande Nuno Gomes), adquirida aquando do seu regresso ao Benfica. Admirava-o profundamente enquanto jogador e essa admiração será sempre imutável. Mas o seu percurso enquanto presidente está a deixar muito a desejar e em queda vertiginosa de popularidade. O final do seu mandato tem uma grande probabilidade de ser muito agonizante.
 
P.S. – Em relação a treinadores, eu teria optado de caras pelo Leonardo Jardim, que está livre, já foi campeão em três países e ganhou uma competição continental. Quanto a quem achava que o inenarrável Sérgio Conceição seria (sequer) um nome a considerar, deixo-vos uma sugestão: vão estudar a história do clube, para perceberem o que é o ser do Benfica! Caso, mesmo assim, achem que era uma hipótese... eh pá, mudem de clube, porque vocês claramente não percebem NADA sobre os valores que se devem ter para representar o Benfica!

* Publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.

segunda-feira, setembro 02, 2024

Fim de linha

Empatámos na passada 6ª feira em Moreira de Cónegos (1-1), no último jogo de Roger Schmidt enquanto treinador do Benfica. Com a vitória da lagartada frente ao CRAC (2-0) no sábado, estamos agora a cinco pontos do 1º lugar, com apenas quatro jornadas decorridas. Não era fácil um pior início de temporada, mas nada que não fosse já antecipável na malfadada hora em que o Rui Costa decidiu manter o Roger Schmidt no banco do Benfica. Claro que, depois destas quatro jornadas, dos resultados e do futebol(?) apresentado, o alemão jamais poderia resistir e foi despedido no sábado. Perdeu-se demasiado tempo e provavelmente outro campeonato.

Sobre a saída do treinador e a contratação de um novo, haverá um texto à parte, mas em relação a este jogo também não há muito para dizer de diferente ao que já foi dito e redito no passado: exibição paupérrima do Benfica, a revelar os mesmos defeitos de há séculos (afunilamento do jogo, ausência de acelerações, menor agressividade que o adversário, poucas oportunidades de golo), o que obviamente não é de espantar, dado que o treinador é (era) o mesmo. O Di María entrou no onze e foram dele as melhores jogadas na 1ª parte, mas mesmo assim sem uma clara situação de golo. Quanto ao Moreirense, marcou na nossa baliza, mas o golo foi posteriormente anulado pelo VAR por pisão sobre o Leandro Barreiro no início da jogada.

Na 2ª parte, entrou logo o Renato Sanches, que esteve uns bons furos acima de frente ao E. Amadora, mas continuámos a não conseguir produzir grande jogo ofensivo. O Pavlidis teve um bom remate defendido pelo guarda-redes Kewin, o Di María viu um defesa a safar quase sobre a linha, porém foi o Moreirense a abrir o marcador aos 84’ pelo Ofori, num remate que desviou no António Silva e traiu o Trubin. Tínhamos permitido menos veleidades atacantes ao Moreirense do que no primeiro tempo, pelo que este golo foi um castigo um pouco pesado, mas resultou de um erro clamoroso do Carreras na saída de bola no nosso meio-campo. No último minuto da compensação, o Leandro Barrreiro é pisado na grande-área, num lance em que o Moreirense protestou sobre uma eventual mão na bola do Marcos Leonardo, e o mesmo Marcos Leonardo empatou o jogo, mas já era impossível resgatar a vitória.

Destaque individuais é escusado fazer, mas deixo só esta nota de completo desnorte do Benfica actual: quem marcou o penalty na compensação foi um jogador, cuja saída para a Arábia estava iminente, e que se confirmou no dia seguinte. Jogador, esse, que já tinha falhado um penalty decisivo na meia-final da Taça da Liga no ano passado. Por acaso, foi golo, mas foi nitidamente brincar com o fogo.

Foi um fim de linha muito triste para o Roger Schmidt, mas o que me preocupa mais foi esta incapacidade de ver o óbvio que o Rui Costa revelou. Resta-nos aguardar pelo nome do novo treinador e esperar que consiga ainda fazer alguma coisa desta temporada. Mas não tenho esperanças nenhumas nisso, especialmente se for o nome mais forte de que se fala...

terça-feira, agosto 27, 2024

Sven-Göran Eriksson (1948-2024)

Faleceu ontem o primeiro treinador de que me lembro no Benfica e o melhor de todos eles. Portanto, ontem também partiu um bocado do Benfica que eu aprendi a amar. A dimensão da revolução que ele trouxe ao nosso clube só alguns anos mais tarde é que percebi verdadeiramente, porque com seis anos tudo aquilo que os Bentos, Humbertos Coelhos, Nenés, Carlos Manueis, Chalanas, Manniches, Diamantinos, Josés Luíses, Strombergs, Filipovics, Pietras, Velosos, Álvaros, Shéus, Alves e tantos outros faziam parecia a coisa mais natural do mundo. Jogar bem, dar espectáculo e ganhar. Aquelas épocas de 1982/83 e 1983/84 foram o meu primeiro Benfica e o melhor de todos. E havia um maestro que fazia com que o todo de toda aquela gente fosse (ainda bem) maior do que a soma das (valiosas) partes. A seguir a dois títulos de campeão foi tentar a sua sorte em Itália, mas deixou um vazio que todos sabíamos que teria de voltar a ser preenchido mais cedo ou mais tarde.

O seu regresso em 1989 não foi tão vitorioso nas três épocas que se seguiram, mas trouxe igualmente grandes memórias, como a última ida a uma final da Taça dos Campeões Europeus, depois da meia-final épica com o Marselha em 1989/90, e o título no ano seguinte, com o célebre jogo do César Brito num Mordor em pleno auge.

Para além de um enormíssimo treinador, foi alguém com um conjunto de qualidades que gosto de ver sempre associadas a quem representa o Benfica: cortesia, humildade, simpatia, educação e respeito pelos adversários e pelo jogo em si. A maneira como nesta última fase anunciou a sua doença é muito reveladora da sua grandeza. Em boa hora, conseguimos aplaudi-lo em Abril na Luz numa das inúmeras justíssimas homenagens que lhe foram feitas pela Europa.

Descanse em paz, Mister, e muito obrigado por tudo!

segunda-feira, agosto 26, 2024

Medíocre

Vencemos no passado sábado o E. Amadora por 1-0 na Luz e mantivemo-nos a três pontos de ambos os rivais, que se defrontarão na próxima jornada. Quando o Kökçü inaugurou o marcador aos 19’, esperava-se que isso tranquilizasse a equipa e a embalasse para uma exibição mais condigna com o plantel que demos. Pura ilusão, já que o (pouco) nível apresentado frente ao Casa Pia se manteve nesta partida.

A entrada do Kökçü para o lugar do João Mário foi a mudança mais significativa na equipa, já que a troca do lesionado Beste pelo Carreras e do António Silva pelo Otamendi foram mais posicionais. Tirando o golo e a sua jogada, a 1ª parte voltou a ser uma pasmaceira quase total. O mesmo Kökçü já tinha atirado por cima, quando estava em boa posição, num lance anterior, mas a lesão muscular do Aursnes, que o levou a ser substituído pelo Tiago Gouveia aos 32’, foi o facto mais saliente da etapa inicial. Vamos ver quanto tempo iremos ficar sem ele... Ainda metemos uma bola na baliza pelo Pavlidis em cima do intervalo, mas o grego fez falta sobre o guarda-redes. Entretanto, o Sr. Hélder Malheiro tentou por tudo desconcentrar os nossos jogadores, com amarelos muitíssimo duvidosos e cheguei a temer que não chegássemos ao final com 11.

Na 2ª parte, criámos mais oportunidades, mas o Pavlidis não estava em noite inspirada. Por volta dos 70’, aconteceu outro momento alto do jogo, com a entrada do Renato Sanches em campo, mas o nosso regressado jogador mostrou que ainda está longe de poder ser titular, por causa dos (baixos) índices físicos que apresenta. O Di María também entrou, mas não foi tão decisivo quanto costuma ser. O valeu foi que o E. Amadora é uma equipa muito fraca e praticamente não criou perigo. Outra nota negativa vai para a lesão no ombro do Tiago Gouveia, que o deve atirar para fora dos relvados por um período possivelmente longo.

Em termos individuais, destaque para o Kökçü pelo golo e pelo que mostrou enquanto teve pernas. A diferença para com o João Mário é abissal. O Carreras na esquerda vai solidificando a posição, aproveitando a lesão do Beste. O Pavlidis demonstra que tem muito valor, mas se as bolas não lhe chegam em condições não consegue fazer milagres. A dupla de meio-campo enferma do mal de serem dois trincos, mas o Sr. Schmidt continua a não querer perceber que é uma parvoíce jogar com os dois em jogos contra equipas como o E. Amadora, que são a maioria do campeonato português.

Cada ida à Luz está a ser um suplício. Já sabemos que vamos sofrer e nos exasperar, mas, enquanto este treinador lá continuar, resta-nos saber viver com isso. O que é mais preocupante no Sr. Schmidt é que ele parece não ver tudo o que os outros vêem. Só isso explica algumas decisões e hesitações, especialmente na hora de fazer trocas na equipa. Vir dizer no final deste jogo e no frente ao Casa Pia que “jogámos bem” é de alguém que decididamente não vê os mesmos jogos do que nós...

Iremos a Moreira de Cónegos para a semana, antes da pausa para as selecções, e devíamos aproveitar o embate entre os outros dois rivais no WC para encurtar distâncias. Mas, pelo modo como estamos a jogar, não prevejo nada bom a sair dessa partida, até porque o Moreirense tem sido um dos destaques desta fase inicial da Liga.

segunda-feira, agosto 19, 2024

Enganador

Conseguimos a primeira vitória no campeonato no passado sábado, ao derrotar o Casa Pia por 3-0. Quem só saiba o resultado, ficará certamente com uma ideia errada do que se passou na partida, porque foi um jogo bastante difícil, muito por culpa própria nossa. E da nossa exasperante lentidão, em especial na 1ª parte.

Tivemos uns três minutos iniciai fortíssimos...! O Prestianni atirou ao lado na sequência de uma interessante combinação ofensiva, mas até ao intervalo foi o marasmo quase total. O que não é de espantar quando se joga com dois trincos (Florentino e Barreiro) e dois médios-centro como alas (João Mário e Aursnes). O miúdo (Prestianni) só tem 18 anos e não pode arcar sempre com as despesas de acelerar o nosso jogo e o Pavlidis não consegue fazer milagres se a bola não lhe chega de todo. Um remate de fora da área do João Mário foi o único momento em que pusemos à prova o guardião contrário. Pouco, muitíssimo pouco.

Como estava evidentemente tudo a correr bem na 1ª parte, o Roger Schmidt não fez substituições a seguir ao intervalo...! Sem comentários! Curiosamente, excepto eventualmente para o Sr. Schmidt, as coisas mantiveram-se iguais na 2ª parte. Futebol lento, previsível, sem acelerações, nem rasgos, tudo muito afunilado, enfim, aquele filme que estamos fartos de ver desde a época passada... Até que à passagem dos 65’, o Sr. Schmidt lembrou-se finalmente de que existe um banco de suplentes e de que até temos lá jogadores de alguma valia e que custaram bom dinheiro, que, talvez, até possam ser úteis para desbloquear jogos... Fez três substituições de uma assentada (Marcos Leonardo, Kökçü e Tiago Gouveia para os lugares de Prestianni – inacreditável a sua saída... – João Mário e Leandro Barreiro) e o resultado viu-se logo cinco minutos depois. Aos 70’, cruzamento da esquerda do Tiago Gouveia e cabeçada inapelável do Pavlidis sem hipóteses para o guarda-redes Patrick Sequeira. Pouco depois, o Casa Pia teve uma enorme oportunidade, mas a cabeçada do Nuno Moreira saiu por cima, quando o Trubin andava aos papéis num cruzamento para a área. Aos 80’, acabámos com as dúvidas, com o 2-0 pelo Tiago Gouveia, que espero que tenha percebido que não deve rematar como se estivesse a jogar râguebi... (Neste mesmo jogo, teve outro lance destes). O Marcos Leonardo ainda falhou uns quantos golos quase feitos, mas lá acabámos por fazer o 3-0 pelo Aursnes num remate cruzado do lado direito, depois de uma assistência portentosa do Kökçü em cima dos 90’.

Em termos individuais, palavra para o Tiago Gouveia que, com uma assistência e um golo foi o homem do jogo. O Carreras, que substituiu o lesionado Beste ainda na 1ª parte, também foi dos que mais tentaram levar a equipa para a frente e o Pavlidis concretizou a única oportunidade que teve. O Prestianni estava a ser dos melhores quando incompreensivelmente saiu, mas o Marcos Leonardo (finalização à parte) mexeu com o nosso ataque.

Iremos ter a jornada seguinte também em casa, no próximo sábado, mas espero que o Sr. Schmidt tenha percebido de vez o que a equipa não pode fazer: não pode ter dois trincos em campo neste tipo de jogos e não pode jogar sem alas. É algo muito simples, que está à vista de todos. Menos dele aparentemente.

domingo, agosto 11, 2024

Mais do mesmo

Tal como na época transacta, iniciámos o campeonato com uma derrota, desta feita em Famalicão por 0-2. A pré-temporada até não correu mal, com a equipa a parecer querer regressar a 2022/23, nomeadamente na pressão alta e com um ponta-de-lança que assegura golos, mas aconteceu tudo ao contrário hoje.

E porquê? Nem o Roger Schmidt conseguiu explicar no final do jogo. O que é muito preocupante, diga-se de passsagem. O Famalicão mostrou sempre mais vontade do que nós em ganhar o jogo, o que é manifestamente incompreensível. Sofremos um golo bastante cedo (12’) pelo Sorriso, depois de um lance em que fomos completamente comidos, com um contra-ataque e uma bola nas costas do Beste, que isolou o avançado famalicense. A partir daqui, e até ao intervalo, mostrámos muito pouco, com zero oportunidades de golo. O Prestianni estava bem vigiado, o João Mário é uma inexistência na ala direita, o Aursnes esteve muito discreto na esquerda e o Pavlidis não teve uma bola a chegar-lhe em condições. Assim, é difícil haver milagres.

Na 2ª parte, entrou o Kökçü para o lugar do Prestianni, melhorámos um bocado, mas por volta da hora de jogo entraram o Carreras e o Marcos Leonardo para os lugares do Florentino e Beste, e voltámos a piorar. A machadada final da nossa exibição foi a saída do Leandro Barreiro para a entrada do Di María aos 72’, porque ficámos pura e simplesmente sem meio-campo, dado que o João Mário e o Kökçü não defendem. O Famalicão, que tinha estado muito discreto até então, voltou a subir no terreno e fez o 2-0 em cima dos 90’ pelo Zaydou, que já nos tinha marcado na derrota no ano passado. Tremendamente previsível.

Não vou destacar ninguém individualmente, já que a exibição da equipa foi paupérrima. É muito preocupante que o Roger Schmidt continue a promover lugares-cativo na equipa (João Mário acima de tudo, nem um amarelo o impediu de jogar os 90’), que os jogadores não saibam onde vão jogar aquando das substituições (o Kökçü passou por três posições diferentes em 45’...!) e que a equipa continue a (não) reagir quando as coisas lhe começam a correr mal. Para além disto tudo, preparamo-nos para deixar sair o David Neres, quando só iremos ter o Di María por mais esta época. O brasileiro desbloqueou-nos muitos jogos no passado, porque é um verdadeiro abre-latas e temos muito poucos jogadores assim no plantel. Será um enorme erro se a transferência se concretizar.

Começamos o campeonato já com três pontos de desvantagem para os rivais. Era o pior que nos poderia ter acontecido, principalmente à luz do que foi a temporada passada. Mas, se mantivemos o mesmo treinador, estaríamos mesmo à espera que as coisas fossem diferentes...?!

sábado, julho 13, 2024

Benfica FM | Temporada 1994/95

Na passada 5ª feira, reuni-me novamente com os meus amigos Nuno Picado e Bakero do Benfica FM para fazermos mais uma temporada do Glorioso. Infelizmente, a temporada não foi assim tão gloriosa e deu inclusive azo a aceso debate ao longo do episódio sobre se seria ou não o início do Vietname do Benfica, mas a maioria (ou seja, o Bakero e eu) esteve de acordo que é. Do lado positivo, foi a época em que o grande Michel Preud'homme veio para a Luz e em que também tivemos o privilégio de ver outra grande figura do futebol mundial, o Caniggia, com o manto sagrado. Mas quem mais sobressaiu acabou por ser o Edilson (que só esteve esta temporada) e o enorme Isaías.

terça-feira, julho 09, 2024

Portugal – 0 – França – 0 (3-5 pen.)

Tal como era expectável, fomos de vela nos quartos-de-final do Euro 2024 na passada 6ª feira, ao perder com a França. No entanto, não deixa de ser irónico que isso tenha acontecido no nosso melhor jogo neste torneio e que o desfecho seja até um pouco injusto mediante o que se viu em campo.

Naquela que terá sido a mais bem conseguida prestação de sempre frente aos franceses, enfermámos do mal que perpassou por este Euro: entrar em campo com 10 jogadores. Estivemos três jogos consecutivos sem marcar um único golo, dois deles com prolongamento (330 minutos), e o Roberto Martínez insistiu sempre não só na titularidade, como na presença em campo do Cristiano Ronaldo durante praticamente todo o tempo. Junte-se a isto um Bruno Fernandes muito apagado e um Bernardo Silva não tão vistoso como no Manchester City, e temos as principais razões para a nossa incapacidade de concretização. O Rafael Leão foi o único a conseguir criar perigo de forma regular, com as suas arrancadas pela esquerda, e o Vitinha um esteio a meio-campo. Com estas duas boas exibições, comentei lá em casa que não haveria substituições o jogo todo, porque não haveria jogadores para sair (aqueles estava a jogar bem e os outros eram intocáveis...). Afinal, enganei-me e o Bruno Fernandes saiu aos 74’ para entrar o Francisco Conceição, juntamente com o João Cancelo, que deu o lugar ao Nélson Semedo. Melhorámos um pouco com esta nova ala direita, mas, lá está, meter a bola na baliza é que era o cabo dos trabalhos...

No prolongamento, as coisas não se alteraram, com ambas as equipas a serem cautelosas a maior parte do tempo e acabámos novamente nos penalties, onde os franceses foram muitíssimo eficazes e o João Félix, entretanto entrado, acertou no poste, no único penalty que falhámos. Desta vez, o Diogo Costa não foi herói e viemos recambiados para casa.

Foi um Europeu q.b., em que cumprimos os mínimos de chegar aos quartos-de-final, mas longe do brilhantismo que este conjunto de jogadores nos fazia antecipar. Decisões precisam de ser tomadas, mas duvido que haja coragem para tal. Mesmo que o grande desígnio deste Euro não tenha sido cumprido (falo naturalmente de o Cristiano Ronaldo ser o único a marcar em seis Europeus), quase de certeza que ilações não serão tiradas a este respeito. Não irá haver coragem para lhe dizer “muito obrigado, mas se calhar aos 39 anos já chega, não...?” e assim continuaremos a jogar para os seus recordes na qualificação para o Mundial 2026. A não ser que ele próprio colocasse um fim ao seu percurso na selecção, mas eu não sou assim tão ingénuo para acreditar no Pai Natal...

sexta-feira, julho 05, 2024

Portugal – 0 – Eslovénia – 0 (3-0 pen.)

Na passada 2ª feira, estivemos à beira de uma enorme vergonha nos oitavos-de-final do Euro 2024: sermos eliminados pela poderosíssima Eslovénia! O Diogo Costa tornou-se um herói nacional, porque defendeu três penalties no desempate, já depois de ter defendido com o pé o remate de um adversário isolado, em cima dos 120’, por um erro clamoroso do Pepe. Ou seja, se vamos defrontar hoje a França nos quartos, muito lhe devemos.

O Roberto Martínez esteve bem ao voltar ao 4-3-3, a selecção até nem entrou mal no jogo, mas foi-se perdendo ao longo do tempo. E aí, parece que o espírito do Roger Schmidt se abateu sobre o seleccionador. Não só não fez todas as substituições que se exigiam, perante o descalabro físico de alguns jogadores, como ainda por cima, quando as fez, tirou quem até estava a ser dos melhores e a criar perigo (Rafael Leão e, principalmente, Vitinha). Já se sabe que o Cristiano Ronaldo é inamovível enquanto não se atingir o grande objectivo da selecção nacional neste Europeu (ele tornar-se o primeiro, e muito provavelmente único, jogador da história do futebol a marcar em seis Europeus) e teve uma enorme oportunidade de o fazer nesta partida, mas o Oblak defendeu um penalty seu aos 105’. Aliás, as lágrimas do C. Ronaldo no intervalo do prolongamento eram obviamente por causa disto e não pela perspectiva de poder não conquistar o título europeu (objectivo naturalmente secundário em relação ao outro). Que ele tenha esse desígnio até se pode aceitar, mas que o seleccionador caucione isto não o tirando de campo, quando deixa de responder em termos físicos (o que é mais que natural para alguém que tem já 39 anos...), é que já não se percebe. Como não se percebe que o Bruno Fernandes e Bernardo Silva, em sub-rendimento neste jogo, também não tenham saído. É que toda a gente viu que a selecção não foi pressionante como deveria ter sido, especialmente no prolongamento, caso tivesse sangue fresco na equipa. E com a qualidade de quem está no banco, é incompreensível que esse refrescamento da equipa não tenha acontecido.

Enfim, iremos defrontar os franceses hoje à noite e, perante o que temos visto, será preciso um milagre para passarmos. Como também era preciso um milagre em 2016. Pode ser que a história se repita.

domingo, junho 30, 2024

Geórgia – 2 – Portugal – 0

Na passada 4ª feira, aconteceu um descalabro à selecção nacional e, pior ainda, ao nosso António Silva, já que foi ele o responsável directo pelos dois golos da Geórgia. Tentando ver as coisas pelo lado positivo, se havia jogo para falhar no Europeu, era este, dado que já estávamos qualificados para os oitavos-de-final e em 1º lugar do grupo.
 
O Roberto Martínez, tal como se previa, rodou praticamente a equipa toda, menos o guarda-redes Diogo Costa e, claro, o Cristiano Ronaldo, que ainda não tinha marcado no Europeu e já se sabe que os seus recordes pessoais estão sempre à frente de tudo... Inclusive da racionalidade que seria colocar um jogador de 39 anos a descansar num jogo que não decidia nada... Logo aos 2’, o António Silva fez um passe sem olhar no meio-campo adversário, que deu azo a um contra-ataque bem finalizado pelo Kvaratskhelia. Tínhamos o jogo todo pela frente para dar a volta, mas manifestámos sempre uma lentidão exasperante nas trocas de bola (à semelhança do encontro frente à Rep. Checa, mas ainda para pior) e raramente conseguimos criar perigo.
 
Na 2ª parte, aos 57’, o António Silva teve uma acção muito imprudente que resultou num penalty, que o Mikautadze concretizou para o 0-2. O Roberto Martínez lá foi fazendo substituições, mas nada resultou na prática. A selecção nunca se encontrou e nenhum dos não-habituais titulares aproveitou verdadeiramente a oportunidade.
 
Iremos amanhã defrontar a Eslovénia do Oblak nos oitavos-de-final e espera-se que esta táctica dos três centrais seja abandonada de vez. Parece-me que os jogos frente à Rep. Checa e Geórgia foram esclarecedores para isso. A derrota na 4ª feira serviu para arrefecer um pouco os ânimos, o que até poderá jogar a nosso favor. Pode ser que esta descida à terra nos permita melhorar a concentração competitiva e não tomar nada como garantido.