Conseguimos ontem uma vitória muito importante no Mónaco
(3-2) na 5ª jornada da fase de liga da Champions.
Depois de dois desaires consecutivos, era fundamental somar pontos neste jogo e
na recepção ao Bolonha antes de irmos defrontar o Barcelona e a Juventus. Foi
um triunfo saboroso, até pela reviravolta nos minutos finais, mas convém
descermos à terra e termos noção de que tivemos muita sorte no modo como ele
foi obtido.
Com a equipa-tipo de volta, não entrámos nada bem e sofremos
o 0-1 logo aos 13’ pelo Seghir num lance em que fomos apanhados em contrapé num
contra-ataque rápido. A precisar de pontuar, tomámos as rédeas da partida e
começámos a limpar a má imagem deixada em Munique. No entanto, na frente revelámos
falta de inspiração, nomeadamente pelo Pavlidis, que parece dar sempre um toque
a mais na bola, quando seria necessário ter mais espontaneidade de remate. Mas
foi do Di María a melhor oportunidade até ao intervalo, quando o atraso de um
defesa o deixou isolado frente ao guarda-redes Majecki, mas permitiu a defesa
deste com o pé. Falhanço incrível! Na sequência desse canto, foi o Otamendi a
antecipar-se de cabeça a um defesa e ao Majeck, mas a bola caprichosamente
passou por cima da barra. Ou seja, deveríamos ter ido para o intervalo a ganhar
e fomos a perder. Porém, há que salientar a enorme sorte que tivemos com o Sr. Rade
Obrenovic, o árbitro esloveno. Esteve mal ao mostrar o amarelo ao Florentino
logo aos 5’, mas depois poupou inacreditavelmente o segundo amarelo a este e,
principalmente, ao Carreras, que entretanto também tinha visto um (que até
poderia ter sido vermelho directo, fosse o VAR mais rigoroso...). Como sintoma
do desnorte que teve, ainda encharcou três jogadores do Mónaco com amarelos por
causa dos protestos, um dos quais revelar-se-ia fundamental no desfecho da
partida. Muito pouca classe, a deste árbitro, neste caso a nosso favor (também temos
direito a ser beneficiados nas provas europeias de vez em quando... Sim, porque
eu lembro-me muito bem disto e disto, por exemplo...).
O Bruno Lage, apesar de o Florentino e o Carreras estarem bastante
condicionados, arriscou e não mexeu na equipa ao intervalo. Logo no reatamento,
tivemos mais uma dose de estrelinha,
quando o Otamendi é mal batido pelo poderio físico do suíço Embolo, que depois
atirou com estrondo ao poste do Trubin. Teria certamente sido xeque-mate no jogo,
caso a bola tivesse entrado... Não entrou na nossa baliza, entrou na adversária
aos 48’, noutro atraso muito mal calculado, desta feita pelo defesa-esquerdo Caio
Henrique, que coincidiu com uma saída igualmente péssima do guarda-redes, que não
conseguiu acertar na bola e permitiu que o Pavlidis fizesse um dos golos mais fáceis
da sua carreira, logo para estreia a marcar na Champions. O mérito do grego foi ter percebido de imediato que o
atraso iria acontecer e ter corrido logo na direcção do guarda-redes. O jogo
estava um bocado partido e houve mais um golo para cada lado, anulado pelo VAR
por fora-de-jogo em ambos os casos. Se o dos franceses foi logo evidente na
jogada corrida, o nosso enganou-me bem, porque festejei quando o Bah meteu a
bola na baliza na sequência de uma assistência do Di María, mas este estava com
o rabo(!) fora-de-jogo. A olho nu parece estar em linha e é só lerem o que tenho
escrito aqui ao longo dos tempos para perceberem que acho uma estupidez
anularem-se golos por menos de 10 cm (como deve ter sido o caso). Parece em
linha à primeira vista, dá-se a vantagem à equipa que ataca, como se fazia
antigamente. Entre os dois golos anulados, o Pavlidis teve uma óptima cabeçada
depois de um centro do Aktürkoğlu, que proporcionou uma excelente defesa do
guarda-redes.
À passagem da hora de jogo, deu-se o acontecimento que desequilibrou
a partida com o segundo amarelo (justo) mostrado ao central Singo, por atingir
o Pavlidis na cabeça com o braço numa disputa aérea. Ora, este tinha sido um
dos jogadores que tinha visto o amarelo nos protestos da 1ª parte. A jogar com mais
um, o Bruno Lage arriscou e tirou o Florentino para colocar o Amdouni, para além
de ter trocado os pontas-de-lança (Pavlidis pelo Cabral). Se, na teoria, isto
parecia bem dado que estávamos em superioridade numérica, na prática foi um desastre,
porque o Mónaco, mesmo com dez, tomou conta do meio-campo, porque deixámos de
ter alguém para correr atrás dos adversários e recuperar bolas. Espero que o
Lage tenha percebido isto de vez, até porque tinha o Leandro Barreiro no banco
e, se queria poupar (e bem) o Florentino original de um possível segundo amarelo,
tinha um clone do Florentino no banco. Também já aqui escrevi que não gosto nada
de ver o Aursnes a seis, porque não é o tipo de jogador de andar atrás dos
adversários, e como o Kökçü também não tem espírito nenhum defensivo,
estendemos uma autêntica passadeira ao Mónaco. De tal forma, que fizeram o 2-1
praticamente a seguir às nossas substituições, num lance em que o marcador do
golo, Magassa, surgiu completamente sozinho(!) já dentro da nossa área, depois
de um centro atrasado na esquerda, que ainda desviou no Carreras, para rematar
rasteiro sem hipóteses para o Trubin. Sem um Florentino em campo, ninguém foi
marcar aquela zona central da área... Acusámos (e de que maneira!) o golo e durante
20’ até parecia que eram os franceses a jogarem com mais um, tal o à-vontade
com que manobravam no nosso meio-campo. O Benfica parecia completamente perdido
e sem capacidade de reacção. Eu estava a ver isto muito negro e a não querer acreditar
que iríamos conseguir perder um desafio
a jogar contra dez...!
No entanto, o facto de termos um génio no plantel tem as
suas vantagens. Aos 84’, o Di María tira um autêntico coelho da cartola com um cruzamento perfeito do lado esquerdo para
a área para o Arthur Cabral entrar de rompante de cabeça e restabelecer a igualdade.
Grande golo! A cabeçada foi tão poderosa que o brasileiro até ficou um pouco abananado depois dela, também por ter
disputado a bola com um defesa e ter tido a coragem de efectuar um remate de
cabeça com aquela potência. A seguir a este golo, o Lage lá colocou o Leandro
Barreiro no lugar do Aursnes e o Mónaco morreu
de vez aí. A dois minutos do final, o Di María voltou a repetir a gracinha do centro teleguiado, desta feita
da direita, e foi o até então muito apagado Amdouni a cabecear sem hipóteses
para o guarda-redes. Como já vi por aí escrito, o Di María quase que obrigou os avançados a meterem a bola na
baliza com aqueles dois centros magníficos! Até final, ainda deu para o Amdouni
falhar o 4-2 isolado perante o guarda-redes, imitando o Di María na 1ª parte...
Em termos de destaques individuais, obviamente que o Di María
tem de ter o maior de todos, com as duas assistências que permitiram a vitória.
O Tomás Araújo esteve muito bem na defesa, muitas vezes compensando tanto o
Bah, como o Otamendi, quando eram batidos. Tanto o Florentino como o Carreras
deverão ter MUITO mais cuidado no futuro depois de verem amarelos, porque tiveram
ambos muita sorte em não terem sido expulsos. O Bah teve algumas dificuldades
defensivas na 1ª parte, mas subiu claramente de produção na 2ª. É sempre bom
para a sua confiança quando são os substitutos a marcar golos e o Amdouni, em
particular, deve ter o melhor rácio de golos marcados/minutos em campo, enquanto
o Arthur Cabral deve este importantíssimo golo ao facto de o Lage o ter mantido
em campo, depois dos quatro falhanços inacreditáveis frente ao E. Amadora, porque
ainda lhe permitiu marcar dois e restabelecer a sua confiança.
Foi uma vitória essencial e especial pelo modo como ocorreu.
Mas, repito, temos de ter noção das circunstâncias que levaram a este desfecho
e não repetir os erros que cometemos, nomeadamente a nível disciplinar e, em relação
ao Lage, na leitura que faz do nosso jogo sem um trinco de raiz. Se nas provas
nacionais, perante adversários mais fracos, ainda se pode admitir, a este nível
de Champions espero que tenha sido a última vez que tenhamos jogado sem o Florentino
ou Leandro Barreiro naquela posição.
Mais uma vez ficou provado que não é por se ter mais avançados, ou mais jogadores ofensivos, em campo que se fica mais ofensivo é que depois temos muita gente boa com a bola e que sabe o que fazer com ela, mas depois não temos bola para eles serem bons porque não temos que a recupere.
ResponderEliminarAchar que o nosso central vindo da formação fez um bom jogo não cola com a realidade principalmente porque ele teve um erro clamoroso que resultou no primeiro sofrido num lance em que ele abandonou a posição dele criando um buraco enorme que deixou a equipa completamente descompensada e como se isso não fosse suficiente o jogador que ele foi marcar, e que marcou mal, teve todo o tempo para ir marcar precisamente no buraco por ele deixado em aberto até porque recuperou a passo, e supostamente ele que é um jogador rapidíssimo, olhe se não fosse.
Para mim o maior problema do nosso ponta de lança titular não é a falta de espontaneidade no remate mas sim o estar constantemente em fora de jogo não aqueles milimétricos mas aqueles, quase todos, em que esta completamente acampado estragando até a maioria das vezes boas jogadas dos outros.