Goleámos no sábado o E. Amadora por 7-0 na Luz e
qualificámo-nos para os oitavos-de-final da Taça de Portugal. Mas este jogo vai
ficar lembrado para todo o sempre pelo hat-trick
nos primeiros 18’ de jogo de um jogador absolutamente genial que tivemos o
privilégio de ter querido regressar ao Benfica na parte final da sua carreira.
O que o Di María fez neste jogo não há muitos jogadores na história do futebol
que tenham conseguido fazer. Qualquer um dos três golos que marcou é muito bom,
mas claro que o segundo, um pontapé-de-bicicleta que deixou meio estádio com as
mãos na cabeça, entra no rol dos melhores golos de sempre que tivemos a fortuna
de ver no nosso estádio. Quando me perguntam “mas tu não falhas mesmo um jogo
do Benfica na Luz?”, não, falho, porque se por acaso não tivesse visto uma obra-prima
como aquela ao vivo, não me perdoaria para todos o sempre!
Quero acreditar que não foi só por estar a defrontar uma
equipa da I Liga que o Bruno Lage não fez assim uma rotação tão grande na
equipa. Espero que a lição do Pevidém e depois do Feyenoord tenha servido para
alguma coisa, porque a equipa titular não teve andamento para os holandeses, dado
que quase ninguém tinha jogado na Taça no fim-de-semana anterior (isto e a
rábula do nevoeiro na Choupana na semana antes da anterior pausa para as
selecções). As maiores novidades no onze foram o Samuel Soares e o Arthur
Cabral, dado que o António Silva e o Beste são mais utilizados. Não poderíamos
ter entrado melhor, com o Di María a começar o seu show aos 2’ na sua jogada
típica de puxar a bola para o pé esquerdo estando na direita e disparando sem
hipóteses para o guarda-redes Meixedo. Pouco depois, aos 5’, aconteceu o
momento do jogo, com o Di María a tirar um adversário do caminho passando-lhe a
bola por cima, e depois fazendo um pontapé de bicicleta A B S O L U T A M E N T
E fabuloso! Costumo correr os meus companheiros de bancada a high fives a cada golo, mas neste só deu
para ficar com as mãos na cabeça em total estado de incredulidade! Que
perfeição absoluta! Por mim, o jogo poderia acabar logo ali aos 5’, porque
depois daquilo era impossível melhorar! Para completar uma exibição memorável,
aos 18’ o génio argentino fez o 3-0, de pé direito, num lance que seria
invalidado se houvesse VAR, porque o Di María estava fora-de-jogo na recuperação
de bola do Bah. O E. Amadora ficou naturalmente um pouco abananado depois
disto, mas mesmo assim ainda conseguiu colocar o Samuel Soares à prova por duas
vezes, com magníficas defesas. Se o Di María se destacou pela positiva, o
Arthur Cabral teve um jogo agridoce. Até aos intervalo, falhou dois golos
certos, em que só tinha de encostar, depois de cruzamentos na direita. Um
deles, porque resolveu dar de calcanhar em vez de fazer um remate simples...!
Ao intervalo, o E. Amadora fez algumas substituições e
surgiu mais afoito na 2ª parte. Nós também trocámos o apagado Beste pelo Aktürkoğlu.
Mas foi novamente o Samuel Soares a destacar-se numa saída corajosa e muito boa
aos pés de um adversário, depois de um cruzamento, que evitou um golo certo. Do
nosso lado, à incredulidade pelo que fez o Di María nos primeiros 45’, juntou-se
a incredulidade pelo que fez o Arthur Cabral no jogo todo. Se os falhanços na
1ª parte foram incríveis, os da 2ª conseguiram ser piores! Por duas vezes,
esteve completamente sozinho à frente do guarda-redes e nem sequer acertou na
baliza! Então, o quarto falhanço parecia que era para os Apanhados...! O Di María lá teve de entrar novamente em acção, num
lance começado curiosamente pelo Arthur Cabral, e assistiu o Aktürkoğlu aos 59’
para o 4-0. O Bruno Lage começou a rodar a equipa e o Amdouni também molhou a sopa perto do final aos 81’,
num lance muito parecido ao quarto falhanço do Arthur Cabral, mostrando-lhe
como se faz. A assistência do Kökçü, que também tinha entrado, foi também
fabulosa. Já tínhamos esgotámos as substituições ao 15’ do fim, mas o Bruno
Lage fez muito bem em não tirar o Arthur Cabral que, apesar dos quatro(!) golos
certos falhados, continuava a pedir a bola e a não se esconder do jogo.
Comentei com os meus colegas de bancada que o jogo só acabaria quando o Arthur
Cabral marcasse. Entretanto, a habitual mini-debandada de pessoas que acham que
os jogos só têm 80’ já tinha começado... Estando na altura 5-0, eu bem as
avisei no gozo que iriam perder o sétimo golo... Mas assim aconteceu! Depois de
tanto falhanço, acrescido de um remate que o guarda-redes defendeu para canto,
o Arthur Cabral lá marcou finalmente e que golão foi! Outro pontapé de
bicicleta, depois de uma insistência do entretanto entrado Schjelderup aos 86’.
O estádio e os colegas festejaram muito um golo que parecia que estava
enguiçado. Em cima dos 90’, ainda deu para ele bisar, fazendo o 7-0 final, numa
recarga a um remate do Florentino. O Sr. André Narciso devia estar com pressa
para chegar a casa, porque não deu nem mais um segundo de compensação.
Individualmente, é óbvio que o destaque vai inteirinho para
o Di María. Três golos e uma assistência falam por si. O Samuel Soares foi um
dos que aproveitaram bem a oportunidade, ao efectuar três defesas muito boas.
Também não desgostei do Rollheiser no lugar do Kökçü, embora sejam obviamente
jogadores diferentes. Ao invés, o Aursnes terá feito dos piores 45’ pelo
Benfica na 1ª parte, com imensos passes falhados, mas depois subiu de produção
na 2ª. Quanto ao Arthur Cabral, foi a primeira vez que vi um ponta-de-lança do
Benfica falhar quatro(!) golos feitos. Ou seja, se tivesse feito o que lhe
competia, seria hoje notícia em todo o mundo por ter marcado seis golos! Só que
não! De positivo acerca dele, o facto que já referi de não se ter ido abaixo
com tanto falhanço e ter continuado activo no jogo. Teve a recompensa no final.
Mas se o jogo não estivesse já resolvido, de certeza que não teria ouvido as
palmas que ouviu...
Teremos nesta 4ª feira um desafio crucial na ida ao Mónaco
para a Champions. Os franceses estão
a fazer um óptimo campeonato, actualmente no 2º lugar, e não vai ser nada
fácil. Mas não podemos de todo perder, caso contrário a qualificação para os play-off começa a ficar tremida.
P.S. – A provas nacionais pararam para a conclusão da Liga
das Nações. Portugal goleou a Polónia por 5-1 em casa e depois empatou na
Croácia (1-1), ficando em 1º lugar no grupo e indo defrontar agora a Dinamarca
nos quartos-de-final desta competição. Nestas duas partidas, parece
confirmar-se a tendência de que Portugal do Roberto Martínez só joga a alto
nível em meia-parte de cada jogo. Frente aos polacos, a 1ª parte foi pavorosa e
na 2ª marcámos cinco golos, com o Rafael Leão a inaugurar o marcador de cabeça,
um bis do Cristiano Ronaldo
(incluindo um de bicicleta), outro do Bruno Fernandes e o último do Pedro Neto.
Na Croácia, foi ao contrário: a 1ª parte foi muito melhor do que a 2ª. O golo
foi autoria do João Félix, num domínio delicioso depois de uma abertura
igualmente magistral do Vitinha, e tivemos outras oportunidades para fechar o
jogo, mas sofremos depois do intervalo e o empate acabou por ser merecido.
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