Tal como era expectável, fomos de vela nos quartos-de-final
do Euro 2024 na passada 6ª feira, ao perder com a França. No entanto, não deixa
de ser irónico que isso tenha acontecido no nosso melhor jogo neste torneio e
que o desfecho seja até um pouco injusto mediante o que se viu em campo.
Naquela que terá sido a mais bem conseguida prestação de
sempre frente aos franceses, enfermámos do mal que perpassou por este Euro:
entrar em campo com 10 jogadores. Estivemos três jogos consecutivos sem marcar
um único golo, dois deles com prolongamento (330 minutos), e o Roberto Martínez
insistiu sempre não só na titularidade, como na presença em campo do Cristiano Ronaldo
durante praticamente todo o tempo. Junte-se a isto um Bruno Fernandes muito
apagado e um Bernardo Silva não tão vistoso como no Manchester City, e temos as
principais razões para a nossa incapacidade de concretização. O Rafael Leão foi
o único a conseguir criar perigo de forma regular, com as suas arrancadas pela
esquerda, e o Vitinha um esteio a meio-campo. Com estas duas boas exibições, comentei
lá em casa que não haveria substituições o jogo todo, porque não haveria
jogadores para sair (aqueles estava a jogar bem e os outros eram intocáveis...).
Afinal, enganei-me e o Bruno Fernandes saiu aos 74’ para entrar o Francisco Conceição,
juntamente com o João Cancelo, que deu o lugar ao Nélson Semedo. Melhorámos um
pouco com esta nova ala direita, mas, lá está, meter a bola na baliza é que era
o cabo dos trabalhos...
No prolongamento, as coisas não se alteraram, com ambas as
equipas a serem cautelosas a maior parte do tempo e acabámos novamente nos
penalties, onde os franceses foram muitíssimo eficazes e o João Félix,
entretanto entrado, acertou no poste, no único penalty que falhámos. Desta vez,
o Diogo Costa não foi herói e viemos recambiados para casa.
Foi um Europeu q.b., em que cumprimos os mínimos de chegar
aos quartos-de-final, mas longe do brilhantismo que este conjunto de jogadores nos
fazia antecipar. Decisões precisam de ser tomadas, mas duvido que haja coragem
para tal. Mesmo que o grande desígnio deste Euro não tenha sido cumprido (falo
naturalmente de o Cristiano Ronaldo ser o único a marcar em seis Europeus), quase
de certeza que ilações não serão tiradas a este respeito. Não irá haver coragem
para lhe dizer “muito obrigado, mas se calhar aos 39 anos já chega, não...?” e
assim continuaremos a jogar para os seus recordes na qualificação para o Mundial
2026. A não ser que ele próprio colocasse um fim ao seu percurso na selecção,
mas eu não sou assim tão ingénuo para acreditar no Pai Natal...
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