O Presidente Rui Costa irá fazer o balanço da época hoje à noite e, aparentemente, prepara-se para anunciar a pior decisão do seu mandato e aquela que o irá marcar indelevelmente: a continuidade do Roger Schmidt. Estou perfeitamente à vontade para falar de um assunto como este, porque a vantagem de já andar nisto dos blogs há mais de duas décadas é que já acertei no passado (contra todas as probabilidades e a opinião da maioria dos benfiquistas), como também (felizmente!) já errei clamorosamente. No entanto, neste caso, temo bem que não vá errar e, se o fizer, será com ENORME alegria que virei aqui no final da próxima época fazer o mea culpa.
Posto isto, vamos às razões pelas quais a continuidade do actual treinador será um erro colossal:
1) Ao contrário de 2013, a equipa esteve longe de jogar bom futebol, ser a melhor do ano e comandar o campeonato quase até ao fim. Também não chegou a uma final europeia, cometendo a proeza de ser eliminada pelo 9º classificado do campeonato francês, depois de uma miserável e vergonhosa exibição na 2ª mão. E também não chegou a uma final da Taça de Portugal.
2) Não se nota evolução nenhuma (bem pelo contrário!) no desempenho da equipa em relação ao ano passado. Sendo mais claro: é evidente que regredimos. Sim, ficámos sem dois titulares que não tiveram substitutos à altura (Grimaldo e Gonçalo Ramos), mas na globalidade o plantel tinha mais opções do que no ano passado. Se não houve tanta rotação, foi porque o treinador não quis. (Por exemplo, pagámos 1M€ a mais para o Rollheiser vir já em Janeiro. Para quê...?!)
3) O Roger Schmidt não tem plano B. E mesmo o A, sem Grimaldo e Gonçalo Ramos, deixou de funcionar como no ano passado. Basta só pegar nos jogos contra os adversários directos e ver como levámos banhos tácticos na maior parte deles:
a) Na Supertaça, sem ponta-de-lança, poderíamos ter chegado ao intervalo com o troféu perdido. Isso só não aconteceu graças à aselhice do pior CRAC dos últimos 40 anos.
b) Na Luz, frente ao CRAC, vimo-nos e desejámo-nos para derrotá-los por 1-0, apesar de termos jogado 70’(!) em superioridade numérica. (Escrevi na altura: “se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados”. Parecia que estava a adivinhar a 2ª volta...).
c) Frente à lagartada na Luz, estávamos a levar um banho de bola, até acontecer aquele milagre na compensação, mas duvido que ele tivesse sucedido se eles não estivessem também com 10 jogadores...
d) Em Mordor, cometemos a enorme façanha de conseguir levar 5 do pior CRAC nos últimos 40 anos... Sem comentários.
4) O nosso treinador achou que seria boa ideia jogar na mesma semana no WC (para a Taça) e em Mordor com o... João Mário no meio-campo! E o Florentino no banco. Porque, claro, contra equipa menores e em jogos fáceis, não era preciso ter o único jogador do plantel que corre atrás dos adversários e não os deixa respirar até recuperar a bola, certo...?! (Sim, o João Neves também faz um pouco isso, mas não é a mesma coisa, além de que é um desperdício não o ter mais à frente).
5) Jogámos 120’ em Marselha e fazemos... duas substituições (eles fizeram as seis, como é óbvio). A terceira foi no final da 1ª parte do prolongamento e quase pode ser considerada de recurso. A isto, junta-se a rábula das substituições aos 88’, repetidas n vezes ao longo da época, para tentar mudar os acontecimentos. Ou as também inúmeras vezes em que as coisas não correram bem e não se esgotámos as substituições. E isto tudo, repito, com um plantel melhor do que no ano passado.
6) O Arthur Cabral está longe de ser um Gonçalo Ramos, teve um início tenebroso no Benfica, mas, quando começou a marcar golos com regularidade, o Roger Schmidt achou que era boa ideia ir a Guimarães, num dia de temporal, jogar com o Rafa e Di María na frente, e ele no banco... Quando o meteu na 2ª parte, salvou-nos da derrota, mas nunca mais recuperou aquele momentum. Ora, se há uma regra básica de bom-senso no futebol, é que não se tira da equipa um avançado que está numa senda positiva a marcar golos...
7) A campanha europeia foi uma vergonha e desonrou o prestígio do clube. Na da Champions, é melhor até nem falar, dado que nos safámos do último lugar com um golo de calcanhar na compensação do último jogo. Na Liga Europa, tínhamos uma oportunidade de ouro para chegar pelo menos até às meias-finais, mas deitámo-la pela janela daquele modo vergonhoso em Marselha.
8) É só ver o histórico do Roger Schmidt como treinador. Nunca conseguiu terminar a terceira época num clube. Das duas vezes que a iniciou (Leverkusen e Beijing Guan) foi despedido durante o decorrer da mesma. Tem tudo para ser diferente desta vez, sem dúvida...!
9) Um treinador do Benfica não pode levar 5 na casa de um rival e dizer no fim que não tem de pedir desculpa aos adeptos. Um treinador do Benfica não pode dizer aos adeptos para ficarem em casa e não irem aos jogos (por muito acéfalos que sejam alguns deles). Um treinador do Benfica não pode chegar ao fim de uma época em que só ganhou a Supertaça, foi eliminado da Taça da Liga pelo Estoril, fez a campanha europeia que fez, terminou a 10 pontos do 1º lugar no campeonato e dizer que... foi uma boa época! Isto é não perceber nada do que é o Benfica. Eventualmente, tudo isto também é culpa da comunicação (ou falta dela) do clube, mas para quem já cá está há dois anos, esperar-se-ia que já tivesse percebido um pouco melhor o que é o clube.
10) Termino com um exemplo singelo, que poderá ser considerado menor, mas bastante representativo na minha opinião da razão pela qual o Roger Schmidt não deveria continuar no Benfica. É principalmente por causa de decisões totalmente incompreensíveis e eivadas de falta de lógica como esta: Benfica – Vizela, jogo no meio da eliminatória europeia com o Toulouse, em que tínhamos ganho 2-1 na 1ª mão (portanto, não estava obviamente decidida); sete meses de época já decorridos; 5-0 ao intervalo; Rollheiser e Prestianni no banco; para a 2ª parte, sai Rafa e entra... Di María! Duas palavras: POR-QUÊ?!?!
Em conclusão: o ideal é ter um treinador que veja mais à frente, que perceba as coisas ainda antes de elas acontecerem, que consiga tirar coelhos da cartola que a maioria das pessoas (porque não está “lá dentro” e não “trabalha todos os dias com os jogadores”) não vê logo, que consiga encontrar estratégias diferentes perante adversários diferentes, mas eu até nem vou por aí. Acho que o mínimo dos mínimos é ter um treinador que veja o que todos vêem. E infelizmente temos um tipo de treinador que é o total oposto disso: é o único a não ver o que todos vêem! Junte-se a isso ao facto de ter uma grande parte dos adeptos contra ele e estão criadas as condições para uma temporada que só muito dificilmente não correrá terrivelmente mal, caso ele infelizmente continue. OXALÁ me engane!
a) Na Supertaça, sem ponta-de-lança, poderíamos ter chegado ao intervalo com o troféu perdido. Isso só não aconteceu graças à aselhice do pior CRAC dos últimos 40 anos.
b) Na Luz, frente ao CRAC, vimo-nos e desejámo-nos para derrotá-los por 1-0, apesar de termos jogado 70’(!) em superioridade numérica. (Escrevi na altura: “se fosse ao contrário (expulsão nossa aos 20’), teríamos sido completamente atropelados”. Parecia que estava a adivinhar a 2ª volta...).
c) Frente à lagartada na Luz, estávamos a levar um banho de bola, até acontecer aquele milagre na compensação, mas duvido que ele tivesse sucedido se eles não estivessem também com 10 jogadores...
d) Em Mordor, cometemos a enorme façanha de conseguir levar 5 do pior CRAC nos últimos 40 anos... Sem comentários.