Tal como tinha prometido, e antes que eu feche para obras durante um mês com o Mundial de futebol, cá vai
o post sobre o rescaldo da
temporada que agora findou. Pode resumir-se numa única palavra: desilusão!
Depois de um tetra inédito, e quando tínhamos oportunidade de igualar o único
recorde relevante do futebol português que ainda não nos pertence, achámos que
conseguíamos ganhar o penta “sem mãos e sem pés” e acabámos naturalmente “sem dentes”
como na anedota da bicicleta. Mais: tivemos a pior prestação de uma equipa
portuguesa e de uma equipa vinda do pote 1 na Champions (seis jogos, seis derrotas, 1-14 golos!), a nossa pior
participação de sempre na Taça da Liga (pela 1ª vez, desde que há fase de
grupos, não chegámos às meias-finais, e não conseguimos sequer ganhar um jogo!)
e fomos precocemente eliminados nos oitavos-de-final da Taça de Portugal em
Vila do Conde. Ou seja, chegámos a Janeiro só a disputar o campeonato. Tínhamos
de o ganhar para tornar esta época positiva. Não aconteceu. Logo, foi péssima!
Fazendo uma retrospectiva da temporada, é fácil ver que as coisas
começaram mal logo na pré-época com derrotas humilhantes frente ao Young Boys e nova participação
lamentável na Emirates Cup. Dir-me-ão: “claro que
sim, só que no passado também fizemos péssimas pré-temporadas e depois fomos
campeões”. Certo, porém... tínhamos um plantel melhor! Na altura dessas
derrotas, estávamos um pouco apreensivos, mas com esta experiência passada
muitos de nós pensámos que seria repetível. E a temporada oficial até começou bem
com a vitória na Supertaça frente ao V. Guimarães e uma 1ª jornada com uma
muito agradável exibição e triunfo contra o Braga. Todavia, a partir da 4ª
jornada, com o empate em Vila do Conde, as coisas começaram a
descambar em termos exibicionais e de resultados. Estamos a falar do início do
Setembro e, nas provas todas, isto durou até... Janeiro! Não colmatámos
devidamente as saídas do Ederson, Nélson Semedo e Mitroglou (só o Rúben Dias
fez esquecer o Lindelof), havia jogadores-chave da época passada em muito má
forma (o caso mais evidente foi o do Pizzi) e o Rui Vitória insistiu demasiado
em evidentes erros de casting
(Filipe Augusto acima de todos os outros, bem entendido). Como disse, este
marasmo em termos globais durou até ao início de 2018, mas no campeonato as
coisas começaram a melhorar a partir da vitória em Guimarães a 5 de Novembro, quando o
Rui Vitória apostou na titularidade do Krovinovic e na mudança de sistema para
4-3-3, com o Jonas a ponta-de-lança. Fomos começando a ganhar jogos mais
confortavelmente e isso deu confiança à equipa, que infelizmente não se
reflectiu nas outras três provas.
O ano de 2018 começou com o inglório empate na Luz frente à lagartada
e depois tivemos a nossa melhor fase que durou até à vitória em Santa Maria da Feira a 19 de Março.
Sobrevivemos à lesão do Krovinovic frente ao Chaves a 21 de Janeiro, ainda
empatámos no Restelo na jornada seguinte, mas
depois o Zivkovic substituiu bem o colega croata e o nível exibicional
manteve-se. No entanto, a pausa das selecções no final de Março fez-nos muito
mal. As exibições caíram a pique e a lesão do Jonas na fase crucial da época
foi a machadada final. Mesmo assim, vimo-nos numa posição privilegiada a seis jornadas do fim, com a derrota do
CRAC em Belém que nos empurrou para o 1º lugar e a vantagem de os receber na
Luz. Porém, a 2ª parte desse jogo vai ficar por muito tempo na
nossa memória, quando simplesmente deixámos
de jogar e esperámos ansiosamente pelo final da partida. Já se sabe o que
acontece quando se joga para empatar e ganhou quem jogou para ganhar. Depois da
inconcebível derrota em casa com o Tondela, ficámos obrigados a marcar um golo e não
perder no WC sob pena de deixarmos de depender
de nós para manter o importantíssimo (do ponto de vista financeiro) 2º lugar.
Apesar de termos feito uma boa exibição, não conseguimos marcar e restou-nos
esperar pela ajuda do Marítimo na última jornada. Que veio (a lagartada raramente nos desilude!), permitindo-nos assim a ida à
3ª pré-eliminatória da Champions.
Serve isto para considerar esta uma boa época? Nem por sombras!
A grande questão é: deve ou não manter-se o Rui Vitória? Pelo que
aconteceu esta época, a resposta será claramente não! Um único título e piores prestações de sempre em duas das outras competições parecem-me uma razão mais que justificada para não continuar. Por todo o percurso de
três anos, ainda assim tenho dúvidas. O meu problema com o Rui Vitória é que se
nota uma quebra de produção da equipa de ano para ano, sem que ele tenha conseguido
dar a volta. Eu sei que a equipa tem sido progressivamente desfalcada dos
melhores jogadores e isso não é culpa dele. No entanto, caber-lhe-ia a ele
chamar a atenção dos responsáveis que, com um Bruno Varela a titular, as coisas
seriam muito difíceis, que o André Almeida é bom que faça a carreira toda no
Benfica, mas como 12º jogador, que o Gabriel Barbosa não tinha as
características do Mitroglou, e que, por muito que ele se chame Jonas, não
podemos estar tão dependentes de um jogador de 33 anos (não esqueçamos que, no
tetra, o Gonçalo Guedes fez-nos esquecê-lo durante a primeira parte da época).
E também lhe cabia a ele ter mexido com mais sagacidade na equipa em jogos
importantes: a entrada do Seferovic naquelas condições em Vila do Conde para a Taça de Portugal
foi uma enorme estupidez, assim como a substituição do Rafa e posterior entrada
do Samaris na fatídica recepção ao CRAC. E isto só para dar dois
exemplos.
Por mim, e dado que o Marco Silva está livre, apostaria nele,
principalmente porque, em mais do que um clube, se notou uma enorme melhoria
com a entrada dele. No entanto, já sabemos que o Luís Filipe Vieira quase de
certeza que manterá o Rui Vitória. Resta-nos desejar a aposta na continuidade
esteja certa, mas é bom que comecemos com o pé direito, porque muito do que
será a nossa temporada ficará definido logo no início com as eliminatórias de
apuramento para a Champions.
E se falharmos o acesso à fase de grupos da Champions, ainda será de manter o professor RV?
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