Ponto prévio:
Da mesma maneira que um pessoa burra não
passa a inteligente só porque está vestida com uma camisola do Benfica,
quem é bom enquanto está no Benfica não deixa de o ser só porque saiu do
Benfica. Vá ele para onde for.
O que eu mais temia, tal como exprimi no outro post,
aconteceu: Jorge Jesus não vai ser o nosso treinador para a próxima
época. Espero estar redondamente enganado, mas temo que tenhamos
cometido um erro histórico. Antes de qualquer outra coisa, na hora da
saída, é mais do que justo deixar-lhe aqui o meu mais profundo
agradecimento por todas as conquistas destes seis anos e pelo futebol
magnífico que fomos apresentando.
Eu estou particularmente
à vontade para dizer isto, porque no início tive sérias dúvidas acerca
da sua competência e mesmo durante o seu percurso houve uma série de
coisas que não me agradaram nada (uma, duas, três, quatro, cinco e, principalmente, seis).
MAS, e este MAS é essencial, o homem ganhou títulos! E, se não se
quiser valorizar o facto de ele ter aprendido imenso nestes seis anos e
se ver a evolução da equipa (o que me fez defender a sua continuidade
em 2013
mesmo depois do que aconteceu no Jamor), isto é que deveria contar para
se tomar a decisão de renovar com ele. Porque isto é que é essencial:
enriquecer o palmarés. Seja com que jogadores for, é isto que nos
interessa. Tenha o treinador o feitio que tiver, seja bem ou mal
educado, isso não fica para a história. O que fica são as conquistas. E
essas existiram em barda, especialmente nas últimas duas épocas.
O
presidente diz que tem uma “ideia clara” para o Benfica: “um treinador
sem medo de apostar nos nossos miúdos, que seja capaz de fazer projecto
integrado dos escalões de formação até ao futebol profissional”. Eu acho
isto óptimo em tese, mas já agora convinha que garantisse títulos.
Porque eu escolho na hora um título com 11 estrangeiros na equipa em vez
de vitórias morais com 11 portugueses. Aliás, esta história da
“formação” tem muito que se lhe diga: os próprios lagartos, nos
últimos 33 anos, só ganharam o campeonato quando não “apostaram na
formação”. Portanto, só foram campeões duas vezes. Obviamente. Como
justificação para não manter o Jesus, é muito fraca.
Por
outro lado, acusa-se o Jesus de não partilhar os títulos com a
“estrutura”. Em primeiro lugar, queria pedir encarecidamente o favor de
não utilizarem esta palavra, porque eu começo logo a hiperventilar.
Durante anos, ouvimos dizer que o CRAC ganhava campeonatos por causa da
“estrutura” e todos nós sabemos o que isso significava. Aí sim, é que a
“estrutura” ganhava jogos e campeonatos, com ajudas alimentares
que só os acéfalos ignoram. Portanto, por favor, utilizem lá outra
palavra que essa tem a conotação que tem. Além de que não me parece que
tenha sido a “estrutura” a inventar um Fábio Coentrão a defesa-esquerdo,
um Enzo Pérez e um Pizzi a médio-centro, um Jardel a central de
eleição, etc. (a lista é muito grande e todos nós a conhecemos).
Voltando ao tema, as taças não estão no museu? Não são propriedade do
Benfica? Não se fica com um treinador porque ele não fala de nós? De
novo, uma justificação muito pobrezinha para uma não-renovação.
O
que me parece de todo inexplicável é esta evidência: como é que não se
renova com um homem que ganhou três campeonatos em seis anos, foi
bicampeão (coisa que não nos acontecia há 31 anos), ganhou seis dos
últimos sete troféus nacionais e nos levou duas finais europeias
seguidas (não íamos a nenhuma há 24 anos e a duas consecutivas há 53
anos!)?! É preciso estar mesmo a olhar para o acessório para não ver o
cerne da questão. Alguém de bom senso acredita que o Jesus não é o
melhor treinador português a seguir ao Mourinho? Não é suposto termos os
melhores no nosso clube? Como é que o Benfica se dá ao luxo de
prescindir de alguém assim?!
A partir do momento em que o
Benfica não manifesta um desejo expresso de renovar com ele, é natural
que o Jesus se tenha virado para outras paragens. Por isso, não tomo
esta ida para a lagartada como uma “traição”. Não, não é, porque o desinteresse inicial partiu (inacreditavelmente) de nós.
E
o que me custa mais neste processo todo é que deixámos sair o treinador
que mais bem colocado estava para nos dar o 35. Sim, porque o 34 é todo
mérito dele (o que fez nesta época a famosa “estrutura” foi retirar-lhe
seis titulares, mais o André Gomes e o Cardozo, e compensá-lo com dois
craques trintões e um Talisca que só durou meio ano…). E o 35 para a
próxima época é fundamental, porque um tricampeonato nosso significaria a
implosão de Mordor. A “estrutura” deles não aguentaria um terceiro ano
de seca connosco a sermos campeões. E é uma pena que não se tenha dado o
devido valor a isto e lhes acabemos por oferecer um balão de oxigénio,
que já nem eles esperavam ter. Repito: é isto que me custa mais nesta
história toda.
Pouco me interessa neste momento se o Jesus vai resultar ou não na lagartada. Enquanto lá estiver um presidente que faz mosh
à equipa de hóquei em patins, estamos relativamente seguros. Com a sede
de protagonismo que ambos têm, vai ser inevitável o choque de
personalidades. No entanto, já estou mais preocupado com a performance do CRAC. E na tal estocada final que lhes poderíamos dar na próxima temporada.
Independentemente
das razões aduzidas pelo próprio, o que mais transparece nesta decisão é
o Luís Filipe Vieira a querer provar que consegue ganhar sem o Jorge
Jesus. Porque o futebol é mesmo a única modalidade campeã do Benfica em
que o treinador não vai continuar. E uma coisa destas é muito difícil de
explicar e mais ainda de entender. No fundo, tudo se resume a uma
questão de ego. Qualquer argumento utilizado esbarra logo na evidência
de que o homem foi (bi)campeão. E quem é campeão tem sempre razão. Mesmo
que utilize o Ola John em vez do Gonçalo Guedes.
Para bem de todos nós, nada me daria mais prazer do que vir aqui no final da próxima época fazer o meu mea culpa e elogiar esta decisão temerária do nosso presidente. Seria muito bom sinal.
P.S.
– Muito, MUITO feia a rábula de fazer desaparecer o Jesus da estrutura
em 3D dos bicampeões na loja do Benfica (ganhámos este campeonato sem
treinador, é…?). Reescrever a história é estalinista e só deveria ser
apanágio de outro clube mais a norte. Lamentável! (Parece que voltámos
ao tempo dos apagões e das regas…) Também vir a público fazer-se
declarações sobre a idoneidade do Jorge Jesus é algo que os responsáveis
do Benfica se deveriam abster de fazer. Ou não tivessem trabalhado com
ele durante seis anos. Já o conheciam, não? Independentemente do que
aconteça no futuro, Jorge Jesus já está na história do Benfica como o
mais titulado treinador português que passou pelo clube e, por
conseguinte, um dos melhores de sempre. Saibamos respeitar isso. (Mesmo
que ele no futuro hipoteticamente não o faça.)
P.P.S. –
Também eu tenho reservas MUITO sérias em relação ao Rui Vitória (nunca
achei que o futebol do V. Guimarães fosse assim grande coisa). Por mim,
por todas as razões (experiência de clube grande e de Champions, vencedor de títulos mesmo com um presidente desestabilizador e resposta proporcional aos lagartos) mas PRINCIPALMENTE porque é melhor treinador, iria buscar o Marco Silva. De caras.
* Publicado em simultâneo com a Tertúlia Benfiquista.
Relativamente ao futebol do Rui Vitória não ser grande coisa pergunto-te: E o futebol do jj no braga e no belém e no próprio guimarães??? Pois... Quando jj foi pró Benfica todos ficamos surpreendidos. Porque não dar o benefício da dúvida, ou por outra, porque não acreditar que com os nossos jogadores é impossível jogar mal? Se a escolha for o Rui Vitória, GRANDE RUI VITÓRIA!!
ResponderEliminarQuem não não se sente, não é filho de boa gente.
ResponderEliminarAntes desse senhor, O BENFICA, já era o melhor clube portugês e um dos maiores do Mundo, e, ele antes de ser treinador do Glorioso, era um treinador terceiro mundista.
O Benfica vai continuar a ser o melhor clube português, quanto a ele, adiante se verá.
Eu amo o BENFICA, não amo quem se serve do BENFICA.
BENFICA SEMPRE
Concordo com tudo.
ResponderEliminarO Jesus agora vai valorizar os jogadores do sporting. Não faz sentido o bicampeão desinvestir, e os outros fazerem o contrário. O sporting chegou à conclusão que com a formação não vai lá. Perante o desinvestimento, só resta perguntar para onde foi o dinheiro das vendas das últimas 6 épocas e para que serve o contrato com a emirates?
Ao que parece, o Vieira andou a falar com o Rui Vitória, ainda o JJ tinha contrato e a contratar jogadores ao Rio Ave e ao Nacional, sem o aval do JJ. Queriam tanto a continuidade do JJ, que ele e o Mendes, o quiseram meter num avião.
ah bom, o texto era teu... brilhante. já o tinha dito no tertúlia.
ResponderEliminarRukka: O U. Leiria, o Belenenses e o Braga do JJ jogavam bastante mais à bola do que o V. Guimarães do Rui Vitória. É que nem tem comparação.
ResponderEliminarBenfiquistas tenham calma.
ResponderEliminarHá mais de 100 anos o Zporting para nos enfrentar no 1º dérbi, roubou-nos 8 jogadores, e, lá conseguiu ganhar por 2-1, à nossa segunda equipa.
E depois...................
Não fiquem dependentes de quaisquer treinadores, pois eles vão e outros se seguirão, que serão LEVADOS pelo GLORIOSO para novas CONQUISTAS.
Acreditem, (como diz o provérbio chinês), o SLB comprou a CANA(o SEIXAL com todas as infraestruturas), o Zbording comprou o peixe (quase no fim do prazo de validade)
BENFICA SEMPRE