Uma segunda parte como há muito não se via permitiu-nos ganhar pela segunda vez em quatro dias por 3-0, desta feita ao Beira-Mar. Foi das melhores exibições do Benfica nesta época e, se chegámos ao intervalo sem conseguir marcar golos, isso foi culpa exclusiva do Alê, o guarda-redes adversário. A malapata do Beira-Mar (duas vitórias em dois jogos para o campeonato na Nova Catedral) parecia querer continuar, mas felizmente os golos surgiram no segundo tempo e mais uma vez acabámos o jogo com água na boca, já que merecíamos ter ganho por mais (olha que luxo!).
Com a lesão do Léo, a entrada do Miguelito foi a única alteração na equipa que defrontou o Celtic. Desde o início percebeu-se que o Beira-Mar vinha à Luz jogar para o 0-0. Foram inoperantes durante os 90’ e a prova disso é a nossa posse de bola ter chegado aos 70% (!) na primeira parte, e 65% na segunda. Com o autocarro estacionado em frente à baliza, pareceu-me inútil jogar todo o primeiro tempo com quatro defesas e dois trincos (se bem que o Katsouranis fizesse a posição de interior-direito do losango, eu sei). Não entrámos tão rápido como nos jogos anteriores, mas tivemos ocasiões para chegar ao intervalo com o jogo ganho. O Luisão teve inúmeras oportunidades para criar desequilíbrios no ataque, já que progredia com a bola e não tinha ninguém para marcar, mas incompreensivelmente chegava ao meio-campo e passava-a a um colega. Com o Karyaka, Karagounis e Paulo Jorge no banco, adivinhavam-se alterações para a segunda parte, até porque o Petit continuava a exibir o seu abaixamento de forma e o Katsouranis, por muito que tente, não é tão incisivo no ataque como qualquer daqueles três jogadores.
No entanto, ao contrário do esperado até porque o Karyaka esteve a aquecer ao intervalo, voltámos com a mesma equipa para o segundo tempo. E, a posteriori, pode dizer-se que ainda bem! Numa daquelas situações que tornam o futebol um desporto imprevisível e que nos apaixona a todos, foram os dois trincos a marcar dois golos em três minutos (52’ e 55’) que dissiparam as dúvidas sobre quem ia vencer a partida. O primeiro golo, marcado pelo Katsouranis de cabeça, resultou da quarta (!) assistência do Nélson em três jogos, e o segundo foi na sequência de um dos nossos inúmeros carrosséis atacantes que permitiu ao Petit entrar na área e rematar cruzado para o lado contrário do guarda-redes. Foi o jogador que deveria ter saído ao intervalo (parece que esteve em dúvida para o jogo por inferioridade física) a marcar o golo que nos deu a tranquilidade. Assim pôde sair calmamente cinco minutos depois (entrou o Karagounis) e receber uma enorme ovação do público. A partir daqui, com o jogo ganho e vindo de um desafio europeu, poder-se-ia pensar que tínhamos fechado a loja. Nada mais errado! Continuámos, ainda com mais veemência, a ser um autêntico rolo-compressor, que esmagou completamente o Beira-Mar e o empurrou para a sua baliza. Da forma como corríamos, parecia que o resultado ainda era 0-0! Foi isto que mais gostei no jogo. As oportunidades sucederam-se (o Miccoli rematou seis vezes e o Nuno Gomes quatro), mas acabou por ser um jogador dos aveirenses a marcar o terceiro golo aos 75’. Foi na sequência de um canto depois de uma finta incrível do Miccoli junto à linha lateral (rodopiou sobre si próprio com a bola colada ao pé e o defesa ainda agora deve estar para saber o que aconteceu), em que a bola é colocada no Luisão que, isolado na área e descaído sobre a direita, fez um passe para o meio e o defesa antecipou-se ao italiano. Esperava-se mais golos até final, mas a pontaria não se manteve afinada (o Karyaka desta vez ficou em branco… :-).
A equipa esteve toda bem, tanto a defender como a atacar. O Beira-Mar só criou dois lances de verdadeiro perigo: num contra-ataque no final da primeira parte e num livre já com 2-0, em que o Quim fez uma grande defesa. Julgo que tivemos muito mérito nisto, já que não os deixávamos respirar quando tinham a bola. Mesmo assim a nível individual destacaram-se o Simão (cada vez mais à vontade no seu papel de “10” que deambula sobre toda a frente de ataque), os dois avançados (que mesmo não tendo marcado golos apesar dos imensos remates, foram muito importantes nos espaços que criaram para os médios) e o Nélson (que continua na sua senda de assistente). O Nuno Assis fez uma primeira parte fraca, mas na segunda esteve muito bem e revela um pulmão impressionante (corria sempre atrás dos aveirenses mesmo com 3-0). O Katsouranis lá facturou mais um e é dos melhores marcadores do Benfica. Os centrais tiveram regulares e o Miguelito libertou-se mais na segunda parte. Confirma-se como um bom substituto do Léo. Os substitutos (Karagounis, Karyaka e Mantorras) inseriram-se bem na dinâmica da equipa, mas o angolano falhou um golo feito já em tempo de descontos.
O campeonato vai parar outra vez por causa da selecção (que seca!), mas na próxima jornada vamos a Braga. É uma deslocação muito complicada, mas se mantivermos este nível de jogo será muito difícil não sermos bem sucedidos. As primeiras partidas da época assustaram qualquer benfiquista que se preze e vamos ver se este nível exibicional, e de resultados, é para continuar, mas há que fazer justiça ao Fernando Santos. Não se trata de passar de besta a bestial, mas há quanto tempo não manifestávamos nós o killer instinct que faz com que se procure sempre marcar mais golos mesmo com o resultado favorável? Qualquer semelhança com o tempo do Trapattoni em que marcávamos um golito e depois era tudo a defender para não sofrer nenhum é pura coincidência (conte-se os jogos em que ganhámos por mais de um golo de diferença). Claro que este plantel é infinitamente superior ao de há dois anos, mas acho que nesta atitude se nota o dedo do actual treinador. O futebol está a ser mais agradável agora, mas esperemos é que o resultado final seja semelhante…
P.S. - Um dos momentos do jogo foi o segundo amarelo ao Buba. Foi a primeira vez que vi o estádio da Luz a bater palmas e gritar o nome de um jogador adversário. Não só marca três golos aos lagartos, como ainda se faz expulsar contra nós! Para o ano deve estar contratado… :-)
P.S. 2 – Para além de ter sido a primeira vitória frente ao Beira-Mar para o campeonato na Nova Catedral, este jogo também me permitiu conhecer pessoalmente mais uma grande benfiquista. Igualmente por isso fica na história.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarO Nélson vai em 6 assistências em 5 jogos: Leiria (para o golo do Nuno Gomes), Amadora (penalty sobre ele que deu o segundo golo), Porto (para o golo do Nuno Gomes), Celtic (autogolo do Caldwell e golo do Karyaka) e Beira Mar (golo do Katsouranis). Pelo meio houve o jogo em Glasgow, em que ele ficou 'em branco' (porque simplesmente não jogou, dado que os escoceses 'são muito fortes no jogo aéreo) :)
ResponderEliminarNeste momento anda-me a saber muito bem ver o Benfica jogar 'à Benfica'. É mesmo seca vir a selecção interromper isto.
Penso que está tudo dito: o Benfica está a jogar um futebol de ataque perto do espectacular, uma grande dinâmica que no seu auge (considerando que impossível manter o mesmo ritmo durante os 90 mins, pelo que é sempre necessário dosear o esforço) comprova que "a melhor defesa é o ataque", pois o Benfica, ao contrário de anos anteriores, praticamente não dá espaço ao adversário para desenvolver o seu jogo.
ResponderEliminarGostei muito que o Petit tivesse marcado ontem, sobretudo depois da discussão sobre o seu lugar na equipa caso o Karagounis recupere a titularidade (para não falar do Rui Costa). Para além de ter sido um excelente golo, a sensação que dá é que mesmo sendo ele o único trinco neste esquema táctico, o Petit até está mais solto ofensivamente (e curiosamente, até era o Katsouranis, que supostamente "cobre" as subidas do Petit, que estava ao seu lado também pronto para rematar).
Daqui a duas semanas vamos ter um verdadeiro teste à capacidade do Benfica. Uma vitória em Braga é daquelas vitórias que dão campeonatos... Pena é termos de esperar 2 semanas... Espero é que esta pausa não afecte o ritmo da equipa, assim como espero que não haja lesões...
As paragens do campeonato ocorrem sempre ou quase sempre que o Benfica está a trilhar pelo melhor caminho.
ResponderEliminarSempre tive esperança que o F.Santos conseguisse impôr o seu estilo, daí que tenha achado infundadas e injustas as criticas que mandaram para cima dele há algum tempo atrás. E reparem que falta ali um senhor jogador que, quando estiver pronto para entrar na equipa, vai ser a maior dor de cabeça dos ultimos anos, pois o Benfica agora está a jogar muito bem e qq alteração pode alterar a dinâmica de jogo. Falo, claro está, do Rui Costa. Mas com ele pronto a entrar, julgo que só poderemos melhorar mais.
Isto td não é por acaso, o Benfica tem vindo a jogar bem desde Leiria. São já vários jogos a um nível muito idêntico. E com a atitude própria do Benfica de antigamente, ou seja, dono e senhor do jogo e mesmo a ganhar não se retrai e procura sempre mais um golo. Dá gosto ver este Benfica. Não é como o ano passado que tinhamos um fio de jogo calculista, dando a iniciativa de jogo ao adversário e, muito de vez em qd, lá aparecia uma exibição muito boa.
Um pormenor de comparação em relação ao ano passado, em termos de pontuação: estamos com mais pontos no campeonato e com os mesmos pontos na champions (e aqui a grd diferença é que o man utd está mt melhor classificado).
Bem, tenho que dar a mão à palmatória: tinhas razão, o problema do Benfica estava muito mais no lateral direito do que no ponta de lança. Abraço.
ResponderEliminarTelescópio: "(...)o problema do Benfica estava muito mais no lateral direito(...)"
ResponderEliminarE continua a estar... Sem o Nélson, não temos ninguém para o substituir naquilo que ele faz melhor. O Alcides pode ocupar a posição, mas ocupar é mesmo o termo, pq de resto, não podemos esperar mais dele. É mesmo o único sector onde não há um substituto à altura.
Quando é para fazer História, conta comigo...
ResponderEliminar;)
Bem.....a área do beira mar parecia bagdad...
ResponderEliminar